domingo, junho 24, 2007

Lealdade

A vida da gente é feita de momentos. Momentos são feitos de segundos. A soma dos segundos faz o dia. A soma dos momentos... bem, essa faz a nossa história.
Vez em quando a gente pensa no que vale a pena dizer, no que vale a pena fazer... enfim, quais os momentos que valem a pena serem colocados na nossa história. Um dia, vamos ter que contar para nossos netos alguma coisa e se hoje já temos problemas para lembrar das coisas, é bom termos momentos que valham a pena ser lembrados para dizer aos pequenos quem fomos, o que fizemos, a que viemos e o que deixamos.
Alguns irão dizer que fizeram isso ou fizeram aquilo e, se tiverem sorte de ter netos tão curiosos como somos nós mesmos, eles irão perguntar porque fizemos tudo isso.
Aí.... bem, aí teremos somente duas opções. Muitos, infelizmente, irão baixar as cabeças e dizer que foi pq mandaram que fosse feito dessa forma e, resignados, esses obedeceram.
Felizmente, alguns poucos, terão o orgulho de olhar para as crianças e dizer que tudo o que foi feito talvez não tenha tido o êxito desejado, contudo tudo, absolutamente tudo, foi feito com um sentimento de lealdade para com aquilo que acreditamos e para com todos aqueles que nos eram e ainda são caros.
Pois para nós, para os quais a carapuça do segundo exemplo serve com perfeição, a conseqüência da escolha é clara, é nítida, mas assim também o é nosso futuro, nossa consciência, nosso amor próprio, nossa esperança de dar as mãos e seguir em frente. Aos outros, que fiquem.

quarta-feira, maio 09, 2007

Carta do novo planeta

Alguns dias depois do bombástico anúncio de que Plutão não seria mais um planeta, recebi e publiquei uma carta de desagravo do povo de lá. Inspirado, meu amigo, Mário Persona, aproveitou seu blog para uma excelente crônica a respeito.
Bem, agora que acaba de ser anunciada a descoberta de um novo planeta, carinhosamente batizado de Gliese 581c – nome que será brevemente fartamente utilizado nos rebentos nativos na Ilha de Vera Cruz, o Persona me passou a perna e fez antes a crônica dele em forma de carta... pois bem, Mário... aí vai a minha.

Após ler a missiva recebida pelo Mário Persona, do emerentísimo Zig Zoing, um dos mais notáveis habitantes de Gliese 581c, planeta recentemente descoberto e que já está sendo considerado a “Nova Terra” devido às características de morabilidade – ah, permitam-me deixar claro, morabilidade é possibilidade de morar, habitar, viver nele... questões de morabilidade relativas à moral... bem, vamos deixar para lá, pois a simples alusão à Terra não é lá uma boa referência... – fui buscar, nas agências de turismo, informações sobre pacotes turísticos ao novo globo.
Não achei – o que leva a crer que vou ter que passar novamente as férias neste planeta... fazer o que.
Pensei então, aproveitando o contato do Mário Persona, em escrever para o Sr. Zoing (será que na “Terra Nova”, a forma de tratamento é senhor?) pedindo referências e dicas.
“Estimado Sr. Zoing,
Tendo lido sua carta ao colega e amigo Mário Persona, tomo a liberdade de escrever-lhe solicitando sua atenção no envio de dicas para que, em breve, possa gozar minhas férias em vosso planeta.
As agências de viagem e turismo terráqueas ainda não dispõe de panfletos ou informações consolidadas sobre Gliese 581c, contudo devido às ultimas observações telescópicas, me parece que se trata de um local extremamente agradável para relaxar e aproveitar a companhia de familiares e amigos.
Atenciosamente”
Pois qual não foi minha surpresa que não somente o e-mail da crônica do Persona estava correto, mas quase que imediatamente ao envio da mensagem, o cordial Zig Zoing, respondeu.
“Prezado Sérgio;
Em primeiro lugar, muito obrigado por seu interesse em visitar nosso planeta. Em verdade, creio que seria necessário agradecer o fato de nos ter considerado um planeta – parece-me que recentemente vocês estão rigidamente criteriosos em relação à essa questão.
Lamento o fato de que as operadoras de turismo de Puf Puf CO2kk ainda não estejam com planos para trazer sua espécie até aqui. Tenha certeza que nossas autoridades diplomáticas já foram informadas e que, muito em breve, será possível anunciar novidades.
Ah, permita que explique-me: Puf Puf CO2kk é a forma como é conhecida vosso planeta aqui. Ou era até recentemente quando, descobertos, descobrimos que vocês se auto-denominam Terra e se consideram tão parecidos conosco que nos tratam por Nova Terra.
Na verdade, quando descobrimos seu planeta, há 7 trilhões de anos-luz, demos a ele um nome que, em má tradução – tendo em vista que os dicionários Puf Puf CO2kk – Gliese 581cc, Gliese 581cc – Puf Puf CO2kk – incluindo expressões idiomáticas, está em revisão e ainda não disponível para aquisição) era algo como “Esperança”. As primeiras missões enviadas – mesmo sem as dicas turísticas que ora me solicita – até confirmavam que era um bom nome.
Contudo, mais recentemente, as novas incursões nos levaram a alterar o nome de referência. Não conheço bem a história, mas sei que os que retornaram somente conseguiram contar algo entre acessos de tosse. Segundo eles, suas máquinas de fazer “puff – puff” estão muito avançadas, daí a referência ao nome: em verdade uma homenagem ao seu desenvolvimento.
Espero poder escrever-te com novidades em breve.
Atenciosamente”

Não sei pq, mas fiquei preocupado.

quinta-feira, março 22, 2007

Dia Mundial da Água - um dia para ser todos os dias

Toda vez que é preciso instituir uma data para comemorar alguma coisa significa que a importância daquele assunto ainda não está inteiramente consolidada pela sociedade. Por isso, vale a pena separar no calendário uma data para lembrar a todos que é preciso ainda muita conscientização, mobilização e mudança de atitudes em relação ao que está sendo comemorado. É exatamente isso que acontece no Dia Mundial da Água, comemorado internacionalmente todo 22 de março.
Nesse dia tudo que é relacionado a água ganha páginas nos jornais, minutos em rádio, especiais nas televisões, eventos, palestras, debates, aulas especiais, manifestações, acusações e tudo o mais que um tema com essa importância merece.
Nesse dia se toma um banho mais curto, se varre a calçada, se limpa o prato antes de lavar, se fecha a torneira enquanto se escovam os dentes, se conserta a torneira pingando e tudo o mais que pode ser feito por um tema com essa magnitude.
Nesse dia a gente fica indignado com a ocupação das áreas de manancial, incomoda o papel de bala jogado na rua, lamenta o pneu lançado no córrego, revolta a sujeira do rio e tudo o mais que nos lembre a importância desse tema.
E tudo isso é muito bom. O único problema é que isso tudo é feito nesse dia e no dia seguinte a rotina toma conta novamente de nossas vidas. O banho volta a ter meia hora, a torneira fica aberta, a mangueira lava a calçada, o campeonato de futebol é o tema mais importante dos jornais, a receita de bolo ganha espaço na tv, o papel de bala é jogado pela janela do carro e o rio sujo está lá da mesma forma. Da água que foi tão glorificada em um dia, sobra a lembrança da conta que precisa ser paga no final do mês.Por isso é sim muito importante comemorar e lembrar do 22 de março, do Dia Mundial da Água. Um dia que, assim como todos os outros, tem apenas 24 horas, mas que se não tivermos consciência do que realmente significa pode terminar muito antes disso.

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Das férias 3

E vira pra cá, vira prá lá... pelo menos até onde eu entendia o que a Kahuna Teresa dizia.Chegou uma hora que achei melhor desistir de tentar compreender e ir no instinto... Afinal de contas para quantos lados eu poderia virar deitado na maca?
Pois bem. Cheguei ao final do que seria uma relaxante massagem mais estressado do que havia começado. Tudo o que eu queria era sair dali.A Kahuna Teresa então voltou a me cobrir com o lençol gigantesco e disse, dessa vez com a voz um tiquinho mais alta para que eu entendesse.- Agora, vou tirar o lençol e quando acabar o senhor pode se levantar.
Bem, pensei, se ela não tivesse dito esperava que eu fizesse o que? Saísse de lá levando o lençol?Mas uma surpresa ainda restava: ela simplesmente não tirou o lençol: foi puxando o maledeto devagarinho devagarinho, segurando na parte de baixo - nos meus pés - e fazendo ele deslizar suave e irritantemente sobre meu corpo.
Alguém aí já sofreu tortura chinesa? Tailandesa? Qualquer "esa"? Pois bem, foi horrível... Image um lençol fazendo ondinhas por sobre seu corpo, fazendo cócegas, trimiliques, arrepios e todos os tiques que podem - e foram causados - por esse escorregar... Triplique e você terá idéia da metade da sensação que vivi.
Findado o martírio, levantei e a Kahuna:- Precisa por o chinelinho de palha...
Pôxa, acabei de lembrar... preciso voltar ao hotel para pegar a sandália que deixei ao sair correndo do spa....

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Das férias 2

O primeiro ato da Kahuna Tereza foi colocar um lençol sobre meu corpo. Plenamente dentro das normas e regras da massagem terapêutica normal.
- Xi, ficou pequeno...
Sem saber o que ela queria como resposta, limitei-me a um sorriso amarelo.
- Vou pegar outro.
Ela volta com um lençol tamanho EXGG-L e lança-o sobre mim.
Imediatamente após tudo estar plena e quase hermeticamente fechado, ela puxa o lençol para descobrir metade do meu corpo para iniciar a massagem.
- Uai, se era para descobrir... pq não ficou com o lençol pequeno mesmo... - mas apenas pensei: não tive coragem de verbalizar tendo em vista que ela começava a me apertar os calcanhares.
- Agora o senhor relaxa e vai ..... a .... enquanto eu faço a .....
- Como é que é?
- Shhhhhhhhhhhhhh, fale baixo... o senhor precisa relaxar enquanto..... eu..... na sua...
- O que?
- Shhhhhh.
- Mas é que eu não estou escutando o que...
- Shhhhh
O maledeta que parecia uma rolha de poço medieval (e apertava com a força de uma tenaz) começou a murmurar algumas coisas que, segundo ela, eram para me relaxar.
Agora, vem cá, fala sério: tem alguma coisa que irrita mais do que uma pessoa balbuciando frases que você não entende e, o que é pior, enquanto fal alguma coisa na minha sei lá o que?
- O senhor .... agora.
- Minha filha, eu não tô escutando... quer que eu faça o que?
- O senhor se vi.. agora
Efetivamente tinhamos um problema de comunicação estabelecido.
Por dois segundos pelo menos dezenove coisas que começavam com "vi" e que eu poderia fazer naquela hora passaram pela minha cabeça.
Apostei em uma.
- Virar?
- Por favor.
Ah, se eu tivesse tanto sorte assim na Mega Sena acumulada...
continua.

terça-feira, janeiro 09, 2007

Das férias 1

Uma das férias.
Uma bela tarde, depois de cinco dias com dois jogos de vôlei e três de biribol por período, finalmente o joelho deu o ar se sua graça. Ou melhor traduzindo, a dor de minha agonia.
Sorte que no belíssimo hotel em que eu me hospedava havia o serviço de massagem relaxante ou estimulante - conforme a necessidade da clientela. No meu, apesar de precisar da tal estimulante, o dia estava mais para a relaxante.
Hora marcada e lá vou eu para o spa (chiquérrimo não acham). Me atende uma proeminente atendente que, com a voz suave como uma uva, pede que eu vá até a sala ao lado e aguarde a Teresa.
Eu, crente que a dita Teresa seria uma daquelas massagistas que a gente só encontra em hotel e que daria, de uma vez por todas, solução ao meu joelho, recebo uma Kahuna (igual à 99,7% dos leitores desta coluna, eu também nunca fui ao Havaí, mas já vi em filmes aqueles sacerdotes que insistem em usar uma tanguinha de folhas cobrindo parte da saliente barriga. Usem a imaginação e vocês vão lembrar de algum kahuna... 1,38 de altura e 138kg de peso... imaginaram... pois bem, tinha uma na minha frente).
E o pior: ela segurava um chinelinho de palha, que tentava - em vão - imitar uma Havaianas (detalhe, eu morro de aflição no meio dos dedos e por mais que não deformem, não soltem as tiras e não confiram chulé: eu não uso Havaianas).
Contudo, todavia, entretanto... diante da Kahuna de braços esticados com aquela coisa na mão dizendo com toda suavidade do mundo: Coloca isso aí! Não tive outra escolha a não ser colocar a dita nos pés.
Bem, pensei, é só para me levar até a sala da massagem.
Mas, antes disso, ela me esticou um roupão e mandou colocar.
- Tem?
- Coloca.
Pus e ela me levou até a sala da frente. Literalmente 1,64 passo distante da sala em que estava e disse.
- Tira o roupão!
- Mas eu acabei de...

De roupão tirado, deitei na confortável cama/maca (que coincidentemente tem as mesmas letras apenas mudando a ordem.... crônica também é cultura gramatical!) e a Kahuna me cobriu com um lençol, me jogou um treco pesado sobre os olhos e disse para aguardar.
Felizmente a Kahuna não era a Teresa.

Começa uma musiquinha suave, relaxante,,,, lembrando água caindo e escuto passos leves entrando no ambiente, fechando a porta e dizendo com uma voz angelical.
- Seu nome é Asderbaldo, não é?
- Sim e, pelo que ouvi, o seu é Teresa.
- Exatamente, vamos começar?
- Claro!

Sorrateiramente, dei uma puxadinha na venda para ver a forma angelical da Teresa e o que vi...ai, a Kahuna estalando os dedos
continua

segunda-feira, janeiro 08, 2007

O mercado de estimulantes.... quem diria: brochou!

Se estivéssemos conversando há alguns anos... uns 30 anos, hoje seria o dia da redação "Minhas Férias".
Daí eu iria contar sobre as viagens, os amigos, as brincadeiras, as aventuras, o que vi e o que fiz.
Como hoje é hoje mesmo, não tem como, a redação vira crônica e o dia acaba sendo tão inspirador quanto as férias e, por isso, vou contar tudo o que aconteceu nesse fim de ano ao longo do ano - aliás, bem lembrado, para quem não vi, não falei ou esqueci: que 2007 seja um ano fantástico; permita-me desejar que você seja, em todos os sentidos, feliz.
Até ia falar de algumas coisas legais e engraçadas que aconteceram, contudo uma manchete da Gazeta Mercantil acabou roubando a inspiração. Diz o periódico: Mercado de impotência cresce menos.
Ou seja, o mercado que é para "fazer crescer", está flácido... está, digamos, apresentando dificuldades para mostrar a mesma rigidez de anos anteriores.
As empresas, na excelente e séria matéria, mostram seus números e seus planos, mas o que se pode ver é que, efetivamente, o geral está em queda. A culpa é atribuída à impossibilidade de haver uma comunicação massiva dos produtos - tá vendo, é como sempre disse, comunicação é tudo, é vital, é fundamental... quem não se comunica, literalmente, brocha.
Uma outra possível interpretação é de que o brasileiro está precisando menos do incentivo farmacêutico para o bom desempenho de suas funções - diferente do restante do mercado latino-americano que, segundo o texto, consome cada vez mais o dito estimulante.
O pessoal aí da primeira fila retruca dizendo que o que houve foi uma maior conscientização do consumidor. Segundo a senhora de saia bordô, hoje somente compra quem realmente precisa e não mais os curiosos ou os que pretendem "turbinar" o ato.
Particularmente, me solidarizo com os maridos das senhoras que usam saia bordô: vocês realmente precisam de algum estímulo extra...