quinta-feira, abril 20, 2006

Feriadão 3


calma, calma meu povo... não ia fazer isso, mas já que vocês insistiram, quem sou eu para negar.

Feriadão III

Depois de amanhã é novamente feriado. 2006 está sendo assim, completamente diferente de 2005, quando todos os feriados caíram de sábado ou domingo. Tinha feriado que caia até em feriado, daí não dava para aproveitar.
Já neste ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, 2006, os feriados se sucedem, se acumulam, tem feriado para comemorar o feriado. Daí vai ter a Copa, depois as eleições, no meio desses mais um montão de feriado, depois natal... enfim: esse ano vai dar para relaxar um montão.

- Asderbaldo, vamos economizar nesse feriado e ficar em casa? Afinal de contas, gastamos muito na Páscoa.
- Gastamos muito não... devagar com o andor. Estava tudo dentro dos conformes, eu não contava era com as diárias da tua mãe e da tua tia... (sussurrando) nem com as oito dúzias de caipirinha que a véia pinguça tomou por dia..
- Como?
- Nada... estava apenas lembrando como o feriado foi "a-g-r-a-d-á-v-e-l".
- Cínico.
- De forma alguma, foi apenas, mais uma surpresa.
- Bem, já que você gostou tanto, estive pensando...
- Cuidado, você não está acostumada a fazer isso...
- Grosso..
- Fala.
- Eu tava pensando que..
- Nossa duas vezes no mesmo dia. Cuidado heim, pode viciar.
- Você vai deixar eu falar ou vai ficar interrompendo toda hora?
- Desculpa benzão, pode falar.
- Eu estava pens... eu achei que, já que a gente não vai viajar nesse feriado, podia aproveitar e dar uma passeada aqui por São Paulo mesmo. Sei lá, conhecer uns lugares, restaurantes diferentes, aproveitar um pouco a noite, quem sabe... só nós dois.
- As crianças você faz o que? Afoga no tanque?
- Não, pensei em deixá-las com a mamãe.
- Tadinhas.
- Asderbaldo!
- Ops
- Fala sério? O que você acha?
- Por mim, excelente.... (sussurrando) e para as crianças, nada que um pouco de terapia não resolva depois...
- Como?
- Nada, apenas pensando alto.

Aqui, caro leitor, no sincero desejo de poupá-lo de mais uma crônica dessa saga feriadística, permita-me adiantar o tempo. Imagine estar na sexta-feira próxima, já feriado, algo por volta das 5 da tarde.
Consegui?
Ótimo, muito obrigado. Voltemos, pois à residência de nosso estimado Asderbaldo.

- Amor...
- Oi Asderbaldo.
- Estava pensando, sabe... são já cinco horas, A gente podia já colocar aquele nosso "planinho" em prática. Crianças na vovózinha... Você de vestidinho.... Cineminha... Jantarzinho... Esticadiiiiinha...
- Nossa! Que romântico!
- Você não viu nada. E aí, vamos nessa?
- Mãe, a vó chegou!!!!
- O que? Como assim a vó chegou?
- É pai, o porteiro acabou de ligar. A vó Adélia está subindo.
- Mas.... como... a gente não ia levar .....
- Ah, querido, na casa da mamãe as crianças iam ficar meio sem jeito... daí, eu achei melhor falar para ela vir para cá.
- Mas amor. A gente não vai voltar, assim, meio tarde pra tua mamãe ir embora?
- Ah, fica frio, você fala que eu não penso, mas eu pensei sim, em tudinho. Ela já trouxe roupa e vai dormir aqui.
- Pai, aproveita que vocês vão sair e me daixa na casa do Guto?
- Que Guto menina?
- O Guto... amigo meu, a gente vai no cinema, depois come alguma coisa e vai pra alguma balada. Ele mora pertinho, só me deixa lá.
- Ah, pai, aproveita e me deixa na casa co Vinny. Aliás, eu bem que podia dormir lá né. Amanhã não tem escola... a gente fica jogando video-game no quarto dele...a mãe dele faz um cachorro-quente divino. Posso pai?
- Oi filhinha linda da mamãe! Coração! Molequinho...... Fala seu inútil.
- Oi vó.
- Oi vovó.
- Oi mãe.
- Dna Adélia, é sempre um prazer revê-la.
- Falso. Hipócrita. O que foi que você viu nesse traste heim minha filha... Tinha tanto moço que queria casar com você. Se tivesse me ouvido hoje era a Sra. Alencar de Vistosa, casa com um advogado chiquérrimo...
- Aquele engomadinho meio enviadado?
- Pura inveja, seu jornaleiro.
- Jornalista, minha senhora, jornalista e com muito orgulho.
- Que jornalista? Nunca te vi em nenhum reclame da televisão?
- Sou jornalista de imprensa escrita, minha senhora e quem faz anúncio em tv é publicitário... anúncio, viu, propaganda, não reclame....
- Podem parar vocês dois. Se é para ficarem brigando a noite toda, não quero mais é nada.
- Como brigar a noite toda? A gente vai sair e a véi...tua mãe, fica aqui com as crianças.
- Comigo não, pai, eu vou sair com o Guto.
- Eu vou na casa do Vinny.
- Sozinha nessa apartamento minúsculo eu não fico.
- É verdade, benzão. Não convidamos a mamãe para deixá-la sozinha, tadinha.
- Dancei.
- Eu sabia. Leva as crianças e volta que eu vou fazer um jantarzinho especial para nós três. Que delícia.
- Não tem pressa de voltar não, viu ô traste...
- Mãe, também não provoca, né.
- Eu? Imagina!

Sai. Leva a menina na casa do Guto e anota que precisa conversar com ela depois sobre a mini blusa, sobre aquele beijo que ele deu nele e você nunca viu ninguém dar antes de cinco anos de casado, sobre a mão boba dele dentro das costas da blusa dela e sobre aquela coisa prateada que você viu espetada na sobrancelha dele. Leva o menino na casa do Vinny e anota que precisa começar a levá-lo na escola e ter mais amizade com a mãe dos amiguinhos dele que vem buscar os coleguinhas de mini saia, blusinha regata com um decote profundo e deixam uma sensação melada no ar ao falar: obrigada... deixa que eu cuido deeele.
Volta pra casa, rezando. Mas acreditando que tudo vai dar certo.

- Môr, cheguei.
- Oi querido estamos na cozinha.
(pensa) Pelo menos, o jantar estão fazendo.
- Senta aqui, amor, pega um pedaço de pizza de escarola. Tá uma delícia.
- Pizza? Mas você não ia fazer um jantar?
- Ela não é tua empregada não viu...
- Mamãe! Ah, pensei que uma pizza ia ser mais rápido e a gente ia poder ficar mais tempo juntinhos.
- Viu o que dá quanto você pensa?
- Como?
- E tinha que ser de escarola? Eu odeio escarola.... e que massa fina é essa?
- É como a mamãe gosta, né mamy?
- Bem e a outra pizza é sabor do que?
- Que outra pizza? Tem a outra metade dessa que é sabor califórnia
- Aquela com um monte de frutas em calda?
- Tá uma delícia.
- Eu odeio massa fina...

Vai para a sala.

- Ô gente... pra que é que a mesa da sala está arrumada se vocês estão comendo na cozinha?
- Ô ignorante... você não quer jogar tranca com as cartas direto no vidro da mesa, né?
- Mas como jogar tranca? Estamos em três...
Interfone
- Alô? Ah sim, pode subir.
- Quem é?
- A Tia Rosina e a Tia Petúnia. Chamei elas pra jogar tranca com a gente.
- Mas amor, com elas, dá cinco. Como é que você quer jogar tranca em cinco.
- É que você é tão obtuso para jogar, que deixamos você para a segunda rodada.
- Como é?
- Amor, assim tem mais gente, fica mais gostoso. Você entra na segunda rodada, no time que estiver ganhando. Prometo.

Apenas esqueceram de avisar que a primeira rodada ia até 10 mil pontos.
Eu fui para o quarto, assisti televisão até a uma hora da manhã, quando fui acordado.
- Mor, vai pra cama.
- Cama? Como assim eu estou na minha cama.
- É que a mamãe não agüenta dormir no sofá cama da sala. É muito duro. Deixa ela ficar aqui, vai.
- Mas ela pode ficar na cama das crianças...
- Nem dá, a Tia Rosina tá na cama do Jr. e a Tia Petúnia na outra.