quinta-feira, abril 20, 2006

Este feriado


Esse feriado - diferente do anterior - promete.
Vou ficar em casa, tomar vinho, me sentir esquecido... que maravilha.
Vou colocar na vitrola o disco do Pavarotti e ouvir ele cantar

Partirono le rondini dal mio paese freddo e senza sole,
cercando primavere di viole, nidi d'amore e di felicita.
La mia piccola rondine parti
senza lasciarmi un bacio,
senza un addio parti.

Non ti scordar di me:
la vita mia legata e a te.
Io t'amo sempre piu,
nel sogno mio rimani tu.

Non ti scordar di me:
la vita mia legata e a te.
C'e sempre un nido nel mio cor per te.
Non ti scordar di me!

Ah esse feriado vai ser diferente. Quero que o mundo se exploda. Não vou pegar o jornal na porta do apartamento, na hora do telejornal vou desligar a TV. Vou assistir o Show de Calouros do Raul Gil - que canal será que ele está agora?, o Viola Minha Viola e se nada disso me fizer dar risada, passo na locadora e pego um filme do Cantinflas.

Não tem escolha: esse feriado vai ser diferente. Quero... ou melhor não quero. Não quero saber de futebol, de política ou de religião. Não quero saber de eleição, de conta pra pagar, de nada que me faça perder mais do que três minutos de atenção.

Não interessa, esse feriado vai ser diferente. Quero colocar o sono em dia, a vida de molho. Quero abraço, ser mimado, ter café na cama, almoço pronto e lanche de tarde. Sem preocupar com isso faz bem, isso faz mal... tudo vai fazer bem e o que não fizer, isso não faz mal.

Eta feriadão que vai ser diferente. Vou comer polenta frita, costelinha e pipoca, quindim, manjar branco e curau. Vou usar camiseta furada, calça de moleton manchada, meia e, caso porventura precise sair de casa - o que quero deixar extremamente claro que não pretendo e vou lutar bravamente para que não aconteça - vai ser de chinelão.

Vai ser um feriadão para ficar na história. Aquela história que acontece todos os dias mas que nenhum livro registra, nenhum jornalista cobre, ninguém amanhã se lembra. Aliás vai ser exatamente isso: um feriado para se pensar somente amanhã o que vou fazer hoje e como já vou ter feito, já foi.... legal.

Na segunda volto a ser gente. Esses dias vou ser o que me der na telha de ser. Se quiser ser, pq a probabilidade de não querer ser absolutamente nada é muito, muito grande.

Na segunda vejo o que sobrou e se não tiver sobrado nada vai ser sinal que não faltou nada, que posso começar a vida do zero, que tudo bem, que tudo absolutamente bem.

Na segunda conto como foi. Mas se não contar vai ser pq não vou lembrar ou pq, ainda melhor, não vai nada para contar. Vai ser, total e simplesmente, um feriadão. Exatamente como eu queria que tivesse sido.