terça-feira, janeiro 10, 2006

O sumiço das agendas de papel - 2

Sou obrigado a admitir que não era minha intenção fazer a continuação da crônica de ontem. Contudo, diante da enorme, estupenda e rechonchuda repercussão, não vejo escolha a não ser.... bem, vamos ao texto e deixa de explicações!
Um bom amigo uma vez me disse que, por mais que a tecnologia evolua, uma coisa que jamais será possível substituir é o prazer de ter um livro em mãos. A sensação de pegar no papel e folhear, correr as páginas, ouvir o barulhinho do farfalhar das folhas, o cheiro único e característico que somente o papel sabe e pode fazer.
E o jornal? E o sujar as mãos com o jornal? Existe sujeira mais bem vinda? Sujeira que tem como fruto o conhecimento.
Ah, não gosta do jornal? Prefere revista? Tudo bem, revista pode não sujar as mãos, mas dá o mesmo resultado em termos de evolução.
Tudo isso por mais que seja obrigado a reconhecer que o computador veio para somar, para auxiliar, para agilizar, para facilitar muita coisa... ah, o prazer que é proporcionado pelo papel, isso nenhum computador jamais vai dar.
Antes que os ecologistas saiam em passeata pelas avenidas da cidade, exigindo minha crucificação e conseqüente apedrejamento em praça pública por estar incitando a humanidade ao corte de árvores para fabricação de papel, permitam-me lembrar que alguns dos mais bem sucedidos, reconhecidos e efetivos programas de responsabilidade sócio-ambiental são empreendidos por empresas fabricantes de papel e celulose - basta se informar para confirmar essa verdade.
Várias vezes, em vários textos, incitei o povo à leitura. Firmo e reafirmo que uma sociedade somente poderá se considerar desenvolvida quando a leitura for um hábito tão corrente, tão corriqueiro e tão natural como o almoço ou o jantar. - como, a sra.não almoça? bem, olha, é o seguinte.... pô problema da madame tá legal... deu pra entender, não deu? ótimo.
Outro dia mesmo entrei em uma livraria (boa pergunta, aliás, qual foi a última vez que vc entrou em uma livraria? que levou as crianças para brincar numa livraria?) e vendo uma ou duas obras, comentei com a proprietária que eu era autor e perguntei se ela tinha o Frei Bolinha (o que? vc ainda não leu Frei Bolinha, companheiro de São Francisco - uma história de boa vontade? Que absurdo... que coisa....).
Bem, a resposta da moça foi que ela não tinha. Felizmente havia vendido todos, mas o que mais me chamou a atenção foi o comentário dela que tinha, ela mesma, adquirido um, lido (felizmente gostado) e feito o que deve ser feito com todo livro: passado a frente.
Diante minha cara de estupefato, a gentil senhora argumentou que livro tem sentimento, tem alma, gosta de variar os leitores, por isso depois que ela leu, a melhor coisa que pode fazer foi dar a uma amiga que poderia, tal qual ela, entender e aproveitar a mensagem.
Legal né?
Tudo o que me sobrou foi dar-lhe um sincero muito obrigo e ir para casa, ver quantos e quais livros poderia fazer voar o mundo... infelizmente acho que não sou tão evoluído assim, pois não foram muitos que consegui me desfazer... ainda chego lá.

Bem, daí vcs perguntam o que é que tudo isso tem a ver com a questão das agendas de papel. Explico: toda essa apologia ao papel, imortal, apaixonante e único papel, foi em homenagem a meu amigo Wilberto Luiz Lima Jr, que afirmou categoricamente que as agendas de papel não vão morrer não, tem sim muito uso e para me deixar contente da vida me mandou algumas fabricadas com papel de sua empresa....
Wilberto, tal qual faz hoje, com certeza e total certeza, continue a produzir papel, de forma responsável, profissional, correta. Seja para agendas (me mantenha no teu mailing heim, amigo), cadernos, livros ou para o que for, mas não deixe morrer jamais o caso de amor eterno que o ser humano tem para com o papel.