quarta-feira, março 08, 2006

Um anjo cuidando do Jornalismo


Do essencial Jornalistas & Cia de meu amigo Eduardo Ribeiro:
"A despedida da centenária Elsie Dubugras
Aos cem anos de idade, numa singela homenagem, Elsie Dubrugas compareceu à 1ª edição do Prêmio Comunique-se, em 2004, recebendo dos quase 800 convidados uma verdadeira aclamação. Elsie, esquecendo a idade que tinha, continuava trabalhando normalmente, como diretora da revista Planeta, função que ocupou praticamente até às vésperas de morrer, na última 5ª.feira (2/3). Quiseram o destino e as coincidências da vida, que ela morresse no dia de seu aniversário, ou seja, no dia em que estava completando 102 anos de vida. E partiu em decorrência de problemas respiratórios.
Jornalista temporã, começou a militar na imprensa já na maturidade e só na Planeta estava há mais de 30 anos.
Escrevia principalmente sobre parapsicologia, espiritualismo e religião. Em homenagem que fez na edição que está nas bancas, a revista IstoÉ lembra uma passagem que ela teve com o médium Chico Xavier, de quem era amiga.
Ao ouvir dele a afirmação de que o "Brasil era o coração do mundo e a pátria do evangelho", ela retrucou: "Pare com essas bobagens, Chico. O Brasil é um país como outro qualquer e cheio de problemas".

Tive a honra de estar presente naquela noite, em 2004, e vi como Dna. Elsie entrou em um palco, ladeada (vejam bem, ladeada, não amparada) por seu neto e sob um verdadeiro mar de aplausos. Centenas de jornalistas presentes naquela noite, profissionais renomados, graduados, famosos, caras conhecidas, todos aplaudindo um exemplo de vida, de empenho, um dos últimos exemplos do verdadeiro jornalismo... aquele feito por amor às palavras... palavras que levam informação... informação que proporciona formação... formação que cria pessoas melhores... pessoas que se relacionam e que acreditam umas nas outras... foi por isso que Dna. Elsie era jornalista... é por isso que sou jornalista, claro que não como foi Elsie Dubrugas... mas é nisso que acredito.

Quando Luiz Pelegrini, editor da Planeta, esteve aqui na Sabesp, em palestra para a equipe de Comunicação, falou de tudo: um pouquinho de jornalismo, muito de vida, muito de experiências, muito de Dna. Elsie. Em suas palavras, mais do que carinho: admiração, gratidão

Quando uma arte, como o Jornalismo, perde um expoente, como perdemos Elsie Dubrugas, ficamos pensando várias coisas, muitas bobagens, mas prefiro imaginar que cabe agora, a mim e aos outros que sobraram (vamos e venhamos, perto de Dna. Elsie, de Vlado, de José Hamilton Ribeiro, vivo, heim, esse muito bem vivo e aprontando, somos sobras), fazer o Jornalismo sobreviver, quem sabe renascer, novamente ser a linha de frente das conquistas da sociedade, das vitórias, da paixão, da credibilidade.

Hoje, apesar de triste, renovo meus votos ao Jornalismo, meu compromisso com a verdade, minha paixão pela palavra, minhas desculpas à família pela falta de horário, meu orgulho pelo papel pintado, pela voz, pela imagem, minha reverência pela informação, minha dependência do conhecimento e minha informidade constante... sem a qual nada adiantaria, nada valeria.

Vamos em frente Jornalistas, nas redações, nas assessorias de imprensa. Vamos em frente, pq agora temos mais um anjo a nos inspirar - e de inspiração, admitamos, esse anjo entende.