quarta-feira, janeiro 18, 2006

A invasão da robozada


Definitivamente dessa onda, estou fora.

Deu no sempre atual e necessário Blue Bus:
"O Ministério da Informação e Comunicação da Coréia do Sul espera lançar robôs domésticos em outubro deste ano. Serão capazes de realizar tarefas como limpar, tomar conta da casa, ler para as crianças ou pedir pizza pela internet. O Governo sul-coreano já tinha anunciado há alguns meses planos para ter em 5 anos robôs policiais e robôs soldados".

Depois da onda de robôs imitando animais de estimação (desde o tamagoshi, lembram,.... que coisa irritante era aquela, meu Deus!! Será que ainda tem gente que tem aquilo? Não duvido... decididamente não duvido) e outros bonecos, o que querem fazer agora é acabar de vez com duas das coisas mais gostosas que o ser humano sabe fazer: ler e pedir pizza.

A única empregada robô que lembro e até gostava era aquela dos Jetsons (como é que era o nome dela mesmo? que seja...). Mas nem ela, em toda suas 1001 utilidades, tirava o prazer da leitura daquelas crianças. Efetivamente também não me lembro se ela pedia pizza... acho que as redondas saiam de dentro dela...

Há tempos que defendo que a leitura é a única saída para a mediocridade da humanidade. Já disse e repito, quem não sabe ler não sabe escrever, falar, pensar... não sabe viver.
Agora imaginem que as pessoas nem mais vão precisar saber ler: deixa para o robô que vai ler o jornal pela manhã e a gente ainda pode escolher se quer que ele nos dite o conteúdo completo, um resumo detalhado, um resumo básico ou somente a coluna social.

Daí sai o novo livro daquele autor fantástico que consegue, via suas palavras, atiçar a imaginação, criar cenários, construir pessoas e situações, movimentar as sensações e despertar as emoções. Para que lê-lo se basta comprar o livro, dar para a roboa (que na verdade não pode ser assim tão boa, se não além de ler e pedir pizza vai também dar mais problemas lá em casa....) que vai saboreá-lo e depois só te contar se foi ou não o mordomo que matou a velha senhora para ficar com a fortuna que ela tinha escondida atrás da lareira.

Mas inadmissível, completamente inaceitável, impensável, inimaginável, um estupro à dignidade humana é outorgar a um ser metálico, frio, sem sabor, o ato semi-divino de pedir pizzas.
Jamais o enlatado vai saber, mesmo que tenha sido para isso programado, ressaltar a maravilha da massa um tantinho mais grossa que o normal, mas não grossa demais; com o recheio até a medida exata da borda que permita pegá-la com a mão e comê-la aos pedaços; pedir a substituição ou inclusão de algum ingrediente que somente você sabe que combina melhor do que a receita original da pizzaria...

Daqui a pouco, além da robozada alardeada na notícia, também vão inventar robô para ler tarot, bater um rango na padoca pela gente, tomar sol na praia pela gente, tomar cerveja pela gente, ir no churrasco pela gente, ir no cinema pela gente... é precisa ver se, depois de tudo isso, vai ainda precisar ter a gente.