sexta-feira, agosto 25, 2006

Carta de Plutão à Terra


Lobji, Port Chjuxwlo.
Logbratrio Pliotrinujnkl Lopas Kjhgftos Coliori fre....

Klu?
Swghts?
Mjerta!

.... e agora?
Custava ter avisado antes? Olha o mico que tô pagando em rede interplanetária...
Tá bom... eu sei... eu sei....
Mulares.. ô racinha...

Hum..

Terráqueos, nossas saudações.
Sou Lopas, represente do povo de Coliori, o mundo que em sua língua nativa é chamado de Plutão.
Por meio desta vídeo-mensagem, gostaria de exprimir o descontentamento de meu povo mediante a decisão, recentemente anunciada, de não mais considerarem Plutão um planeta.
Durante milênios os coliorianos, mantiveram-se reclusos em um planeta que, para vossos padrões, é considerado inóspito e desprovido de vida.
Durante anos, fomos considerados o último planeta do assim denominado Sistema Solar e, com o único e claro objetivo de manter vossa sanidade, optamos por não vos contrariar.
Os coliorianos são um povo pacífico, que conta com um globo pequeno para suprir suas necessidades e que conseguiu desenvolver, ao longo de árduos períodos de tempo, formas de prover suas necessidades básicas e investiu fortemente no relacionamento com povos de outros planetas para que fosse possível progredir e prover desenvolvimento.
A base da relação de Coliori sempre foi pacífica e, por meio da paz - um conceito de paz razoavelmente diferente do conceito vigente em seu planeta - conseguimos encontrar a sobrevivência com dignidade - igualmente, com um conceito diferente do vosso.
Contudo, apesar dos inúmeros esforços, a curiosidade dos habitantes da massa planetária Raior, chamada de Gaya por todas as raças menos a vossa, que insiste em chamar seu mundo de Terra; uma curiosidade aliada a uma completa e totalmente inexplicável empáfia, nos leva a tomar um atitude inédita.
Esperamos que essa ação, expressa nessa mensagem, seja o suficiente para lhes conceder a conscientização e a conseqüente revisão de vosso conceito sobre Coliori.
Suportar as absurdas acusações de que nosso planeta não tem vida já nos é extremamente custoso. Se bem que, se o que entenderes por vida seja isso que praticais em vosso planeta, creio até que deveríamos agradecer.
Mas observar a falsa certeza com que falam às massas que são o único planeta que tem "capacidade de vida"... ora, quem pensam que são? o que entendem? ou melhor, o que compreendem da vida, de viver, se estar vivos? Seu conceito de morte é simplesmente... para usar uma expressão de seu parco vocabulário, de morrer!
Falar que o Plutão era o último planeta do Sistema Solar era algo que somente trazia alento aos habitantes dos demais globos situados depois de Plutão: pelo menos eles, sendo desconhecidos, não correm o risco de serem importunados por vocês.
Se bem que vossa irresponsabilidade já é tanto que, não bastando destruir vosso próprio planeta, lançam ao espaço uma quantidade inominável de lixo que, em sua ignorância, desconhecem o trabalho que dá a muitos povos para coletá-lo. Imaginem que não há muitos ciclos.... klu? mopçs lbgjow?... dias, não há muitos dias, se não fosse um de nossos sistemas de controle, teria colidido com nosso planeta.
E, por falar em planeta, como se nada disso fosse suficiente, agora vocês chegam ao cúmulo de não mais nos considerar um planeta. Somos o que, então? Uma poeira cósmica? Uma rocha largada no espaço? Um, como é que disseram, planeta-anão?
Oras, anã é vossa existência, vossa imaginação, vossa capacidade de viver, vossa riqueza, esta sim, uma riqueza anã, vil e tola.
Falta, por algum acaso, o que fazer em vossa Terra para que ficais se preocupando com quem, no Universo, é ou não é planeta?
Terminaram de prover comida a vossos famintos?
Já desenvolveram formas de cessar a degradação de sua subsistência ou optaram, enfim, pela existência degradante que sempre tiveram... Minto, aliás, houve época em que até chegamos a acreditar que vocês poderiam ser um povo forte.
Verdade. Vocês tiveram épocas maravilhosas. Chegaram mesmo a ser considerados uma das esperanças do Universo... mas quanto mais esperança lhes era concedida, menor era sua compreensão, mais limitada vossa visão ficava.
Parece que foi ontem que lhes foi enviada a mensagem da esperança. Uma mensagem simples, direta, clara e.... olha, sei que prometi a todos os daqui que não ia dizer isso, mas como é que vocês conseguiram ser tão tacanhas?
Uma mensagem tão cheia de sentido: Sê Um.
Me digam, onde é que vocês conseguiram se confundir? Uma mensagem dirigida a todo o povo de um planeta pedindo que todos fossem o que na realidade são, um.
Mas não, vocês, os que eram a esperança do universo tiveram que entender errado e ao invés de todos serem um, cada um foi um por si.
Pô, e agora, depois de tudo, decidem olhar para nós e, entre um e outro charuto,
- O que você acha, Dr.?
- Não sei, restam-me dúvidas, Sir.
- Imagine, Monsier, a evidência é claríssima.
- Achas mesmo?
- Deveras? De forma alguma é um planeta.
- Verdade, concordo. No máximo, um planetóide.
- Nem isso... muito menos, um anão.
- Sou obrigado a concordar. Decretemos, pois.
- Decretemos.
- Decretemos.
Quem são vocês para decretarem algo em relação a outro planeta? Nem de vosso jardim conseguem cuidar e vem querer ditar regras para o universo.
Bem, alongo-me mais do que o desejado. O que queria dizer foi dito.
Nem que seja para o bem de vossas próprias crianças que, já saturadas de terem que comprar Atlas Geográficos que, nem bem saem das gráficas já estão desatualizados, pois um de vossos países se partiu em dois (ou em vinte e nove) outros, a capital de outra país não é mais ou, como no caso daquela região que chamam de Oriente Médio, um país é simplesmente devastado por outro. Daí, o que acontece? Toca as crianças terem que reaprender Geografia e comprar Atlas novos - sinceramente isso cheira a lobby das editoras de mapas...
Agora, não satisfeitos, querem mudar a configuração estelar. Volta todo mundo para as escolas (bem, não vou comentar vossas escolas...) para reaprender que o Sistema Solar, que tinha nove planetas, agora tem oito planetas e um planeta-anão.
E quando descobrirem que tem mais, muito mais? O que vão fazer?
Volta todo mundo... Lembram quando dissemos que eram oito mais um anão? Brincadeirinha... pois é são oito planetas, sete planetas-anões, dezenove planetas-pigmeus, dois planetas-gigantes, quatro micro-planetas e esperamos a todos, novamente, no ano que vem, para a aula de atualização planetária.
E seus astrólogos? Bem, esses pobres coitados devem estar em completo pânico. Que vão fazer? Soltar um comunicado mundial:
"Devido às recentes redefinições astronômicas, solicitamos a todos os seres do planeta Terra a comparecer no cartório no qual foram registrados por ocasião de seu nascimento para a nova classificação de signo e ascendente. O prazo para comparecimento encerra-se dia 31 de dezembro, último dia deste ano que será o último, aliás, a ter dezembro. Tendo em vista que ainda não foi definido o novo calendário, todos os seres receberão um protocolo de nascimento, que deverá ser trocado pela certidão definitiva na data propícia. Alertamos que a emissão do protocolo será gratuita, contudo para a emissão da certidão definitiva será cobrado um valor ainda não definido. O não comparecimento ao cartório implicará na anulação do reconhecimento da existência do indivíduo, ficando este proibido de continuar a praticar a vida em todos os seus sentidos. Da mesma forma, serão aplicadas sanções aos que interagirem com os não-reconhecidos existencialmente. Contamos com a colaboração de todos."
Fica aqui o desejo de todos os habitantes de Coliori, por vós chamado de Plutão e de muitas outras raças, para que revejam sua decisão. Pois saibam que, se para vocês não somos um planeta, para nós, vocês não são dignos de serem chamados de seres.
Aqui falou Lopas, represente do povo de Coliori, para o povo de Raior, chamada de Gaya todas as raças menos a vossa, que insiste em chamar se denominar Terra.

Ufa.. acabou... que saco.. essa gentinha de Raior é;;;
O que? O tradutor tá ligado?
Pô, que mico intergalático... seu Mular de lkjg poljklas sadfiasd.