quinta-feira, agosto 24, 2006

O fim do mundo


Após anos de estudos e observações metafísicas, foi possível determinar, com algum grau de exatidão, a data do fim do mundo.

Na verdade, devido a flutuações no espectro tempo-espacial, o grupo dedicado a esta importante tarefa conseguiu reunir quatro grandes grupos de probabilidades.
Desta forma, podemos ainda não afirmar categoricamente qual a data do fim do mundo, com absoluta certeza será alguma dessas opções.

Solicitamos que os mais afoitos, por obséquio, retirem-se do recinto, deixando a leitura deste texto apenas para os espiritual e gastricamente preparados à fortes emoções.

Primeiro grupo de possibilidades do fim do mundo: Sextas-feiras
Neste grupo encaixam-se todas as sextas-feiras de todas as 52 semanas do ano solar terrestre.
Chegou-se a esta brilhante conclusão, observando-se os pedidos dos executivos com algum tipo de cargo que, sabe-se lá pq cargas d'água, pedem todos os trabalho para até sexta-feira - até parece que vão ler os ditos cujos no final de semana...
O risco do mundo acabar em uma sexta-feira pode ser alongado para os dois dias subseqüentes, sendo que se o calendário chegar na segunda-feira, o perigo está adiado para a próxima sexta.
Para os mais afoitos, o estudo demonstra que por mais dolorosa que seja uma segunda-feira, as chances do mundo acabar neste dia são praticamente nulas.... pra que? desgraça pouca é bobagem.

Segundo grupo de possibilidades do fim do mundo: Dias 30
Neste grupo encaixam-se todos os dias 30 do ano, independente do dia da semana.
Já respondendo aos mais descrentes, não, se coincidir dia 30 com uma sexta-feira não aumenta a chance do mundo acabar.
A estupefante conclusão foi alcançada pois o sofrimento que todo trabalhador tem até chegar o dia 30 é imenso e, levando-se em consideração que a ordem é judiar, no dia 30 a gente recebe e aí, ao invés de poder aproveitar, o que pode acontecer é acabar o mundo.
Os dias 30 podem se estender para os dias 31, quando houver e o perigo permanece até chegar o dia primeiro. Nesse período, após o raiar do dia primeiro, o mundo não irá acabar, ao contrário o que deve acabar é seu saldo bancário com as contas e cartões de crédito.

Terceiro grupo de possibilidades do fim do mundo: Dezembros.
Encaixam-se neste grupo todos os meses de dezembro de todos os anos.
Igualmente, se o dia 30 de dezembro for uma sexta-feira, não existe tripla possibilidade do mundo acabar, mas é bom um banho de sal grosso e uma folhinha de arruda na orelha.
Os meses de dezembro são especialmente propícios ao final do mundo pois já se iniciam com uma expressão de incredulidade: O que? Já estamos em dezembro? Não acredito!
Como logo em seguida o infeliz lembra que tem que enfrentar filas enormes para comprar presente de Natal e perus para a ceia de final de ano, fica sempre a esperança que o mundo acabe antes que o limite do seu cheque especial.
Geralmente nessa época o enteado do primo de Itaramambuca vem passar as férias escolares na sua casa e a Tia Petúnia, logo no dia 2, já avisa que irá passar o Réveillon com você. Nessa hora você praticamente reza para que o estudo esteja certo e o mundo acabe.
O perigo do fim do mundo se estende até o Carnaval, quando o primo de Itaramambuca vem buscar o capeta e a Tia Petúnia deixa você voltar para sua cama. Afinal, como tudo mundo diz, o Brasil só começa a trabalhar depois do Carnaval...

Quarto grupo de possibilidades do fim do mundo: os próximos governos.
Encaixam-se nesse grupo todos os novos governos devidamente eleitos, principalmente os que prometem ser a voz do povo finalmente alçada ao poder.
O problema desse grupo é que, como toda promessa de campanha, dificilmente o mundo, conforme previsto, irá acabar e todos seremos obrigados a agüentar quatro anos de arrependimento.
O período de risco do fim do mundo nesse grupo vai até a próxima campanha, quando ouvindo os discursos, debates e entrevistas, ficamos em dúvida se realmente o mundo não acabou, já que a frase mais ouvido pelo povo nesse período é: Isso é o fim do mundo.

para Malu Tiballi, que deu a (como tudo) genial idéia, que não sei se peguei direito.. mas fiz o que foi possível