terça-feira, novembro 21, 2006

Para matar o tempo

Uma das maiores angústias da humanidade é o tempo.
Se perguntarmos para 10 pessoas como ela administra o tempo, teremos indubitavelmente 10 respostas completamente diferentes. E não adianta, utilizando o jargão dos colegas pesquisadores, aumentar a amostra da pesquisa: para quanto mais gente perguntar, maior será a variedade das respostas.
Uns dirão que são escravos do tempo, que é o relógio é que rege suas vidas e seus destinos. Dificilmente dirão que lhes falta tempo, pois se mais tempo tivessem, mais feitores lhes seriam impostos.
Outros, os que admitem que lhes falta o tempo, se perguntados se desejariam ter mais tempo, coisa do tipo 25 horas por dia, 8 dias por semana, 13 meses por ano, ficarão em dúvida na resposta. Para esses, quanto mais tempo lhes for dado, mais falta de tempo terão. Puro problema de administração.
Para outros, por sua vez, a questão maior é como passar o tempo e é justamente sobre esses que quero falar. Não tenho tempo para os outros.
Até mesmo pq, se o tempo é angústia, passar o tempo é dilema.
Como é que vc faz para passar o tempo? Primeiro: o tempo não precisa de vc para passar, ele passa querendo vc ou não. Portanto seja como for que vc faz para passar o tempo, acredite, não faz a menor diferença para o tempo.
Quantas vezes já não olhamos para o relógio (instrumento abominável) e dissemos:
- Ainda 4 horas... ô tempo que não passa.
Daí começamos a fazer alguma coisa e, em outra olhada ao dito cujo...
- O que? Já são 6 e meia? mas esse tempo voa...

Vai entender...

E tem um mercado inteirinho voltado aos que desejam matar o tempo. Matar, bem entendido, não no sentido literal da coisa, pois a não ser que você ande, corra e atue na velocidade da luz, sinto, mas quando vc decidir matar o tempo, o tempo passou...

Os mais velhos diziam, sabiamente, que o melhor remédio é o tempo. Minha avó sempre dizia: o tempo cura qualquer ferida.
Já o irmão dela dizia que o tempo não perdoa ninguém. Vira e mexe o Tio Léo soltava: no meu tempo...
Ah, outra boa dica: tempo não tem dono. Portanto a frase, no meu tempo carece totalmente de sentido.

Mas, retomando, como fazer para matar o tempo.
Isso eu não sei e não pretendo saber. O meu tempo mato como eu quero e não conto o segredo. Conto apenas que para cada segundo que mato, me faltam outros dois.
Desta forma, é melhor a gente se decidir: ou nos falta tempo ou estamos matando o tempo, o que não dá é reclamar depois.
- Ah, mais isso... tô sem tempo pra nada.
- Tudo isso? Nem que o dia tivesse 28 horas...

O melhor é fazer que nem um grande amigo e jamais, em tempo algum, nem sob tortura chinesa, perguntar que horas são.
Para ele, assim como para todos deveria ser cada coisa a seu tempo.