segunda-feira, janeiro 23, 2006

O que que era mesmo?


Sabe aquela coisa que você escuta, meio sem querer, meio de rabo de ouvido (é o mesmo que ver de rabo de olho, entedeu?), mas te chama a atenção e você, em pleno desespero, tenta entender o que está acontecendo, prestar atenção mas já é tarde; o comercial acabou, a piada passou... dá aquela sensação de incompletude (essa existe, gente, até procurei no pai dos burros) que não passa e fica te incomodando, coçando, tirando o sono...
Tem gente que consegue relaxar: "ah, que pena não escutei tudo; deixa prá lá". Mas tem uns (io incluso), que move mundos e fundos até descobrir o que que era aquilo.
Se for comercial de tv, a tarefa é até fácil. Basta sentar e esperar o próximo intervalo comercial que não tem erro, a propaganda (ou o reclame) passa de novo. Claro que a empreitada será mais ou menos traumática dependendo do canal e do programa que estiver sendo transmitido. Você pode ver um daqueles maravilhosos filmes de John Wayne ou a exuberante Sophia Loren ou então verificar se ainda se lembra de todas as falas de Lassie contra os Marcianos Mancos, Viagem ao Centro da Terra dos Zumbis Barrigudos ou O Ataque dos Tatus Tarados.
Se o rabicho de informação que você pegou for de alguma conversa entre parentes e amigos, também é tarefa fácil: basta perguntar que eles repetem. A não ser claro, que a conversa seja entre sua sogra e sua cunhada, daí meu caro, esquece, você nunca mais vai saber o que era. Seja pq elas também não tem a menor idéia do que é que estão falando (muito provável) ou pq vão te interrogar de todas as formas: "pq você quer saber? não tem vergonha em ficar escutando a conversa dos outros? bem que falei pra você, Lourdinha, essa cara não presta, fica aí com essa cara de santo do pau oco, só pra depois ficar nos criticando pelas costas. E o que foi que fizemos para ele? nada! absolutamente nada! Damos do bom e do melhor... snif.... ai Lourdinha, você tinha... snif... tudo para ter ficado com o Robertinho... e foi casar com esse traste..".
Se foi no escritório, também não é difícil. Basta se aproximar do colega, enquanto ele toma um cafezinho e puxar conversa. Se bem que é sempre bom tomar alguma precaução com o tipo do colega que pode estranhar o fato de você nunca ter conversado com ele e de repente...: "sabia... eu sabia que tinha algo de estranho... você nunca foi com a minha cara... desde aquela apresentação em que propus a expansão da empresa para o mercado de fitas de máquina de escrever e você foi contra... que é que tá querendo agora? provavelmente deve estar com algum projeto na gaveta e quer comprar... pois saiba que meu voto é contra, nem que besteira que é, mas sou contra... viu gente, sou contra, cooooontraaaaa".
É meu caro, em suma, em verdade vos digo, o bom mesmo é estar 100% do tempo atento ao que acontece, ao que dizem e a tudo. Caso não consiga ou faz que nem os outros e relaxa ou então reserva vaga no hospício ---