quinta-feira, janeiro 26, 2006

Presente: já foi passado e vai ser futuro


Existem duas coisas que fascinam o ser humano: o passado e o futuro.
Basta haver uma exposição de ossos de dinossauros, relíquias do antigo Egito, calendários Maias, cerâmica chinesa de qualquer século com letra anterior (ou menor, já que falamos de algarismos romanos) a X, foto preto e branco, enfim qualquer coisa que remeta ao passado que se formam filas para ver, tocar, fotografar, conhecer, lembrar.
Em suma, o passado interessa.
Igualmente basta se organizar uma mostra da casa do futuro, cheia de botões, portas e janelas automatizadas, leds, luzinhas, traquitanas, carros que andam sozinhos, aparelhos eletrônicos que lavam, passam e fazem xixi, enfim qualquer coisa que remeta ao futuro que se formam filas para ver, tocar, fotografar, conhecer, imaginar.
Em suma, o futuro interessa.
Agora resta a dúvida: se o que passou ou que virá chama tanto a atenção, pq o presente não é assim tão interessante?
Já ouvi muita gente dizer que não vive no passado e que pouco se importa com o futuro, que vive o momento, que aproveita o agora. Mas também já vi muitas dessas mesmas pessoas sentadas em uma mesa de bar lembrando do tempo da infância, como era melhor, como era isso ou aquilo e também, após alguns copos de cerveja, sair cantando os melhores tempos que com certeza virão.
A melhor coisa que já ouvi dizerem do presente (juro que não lembro quem disse) foi que ele simplesmente não existe. Quanto tempo dura o presente?
Mesmo que se consiga reduzir o tempo (século, ano, semestre, mês, quinzena, semana, dia, hora, minuto, segundo e assim por diante) nunca conseguiremos chegar ao exato momento do presente. E mesma que isso seja possível, no exato momento em que alguém chegar no ponto do presente, ele terá passado e já será passado.
Por isso mesmo é que, talvez, não valha a pena ficar pensando nele.
Talvez valha a pena lembrar do que fizemos ontem ou hoje mesmo pela manhã e de como era lógico fazer aquilo àquela hora.
Talvez valha a pena imaginar o que vamos fazer amanhã ou hoje mesmo logo mais a noite e de como será bom fazê-lo.
Talvez seja por isso que tem gente que não gosta do gerúndio: estou fazendo, estou pensando... é que vc já fez ou vai fazer, já pensou ou vai pensar... ainda nos resta a dúvida, apenas, se quem pensa faz ou se quem faz, pensa no que fez.
.... mas aí, já é assunto para outro dia.