quarta-feira, maio 10, 2006

Campanha contra chiclete na sola do sapato e nos fundos das calças

Do sempre mais que útil Blue Bus: Uma campanha na Inglaterra vai pedir que os consumidores descartem suas gomas de mascar nas latas de lixo. Vai usar 12 mil abrigos de ônibus, quiosques de telefones públicos e outdoors. As peça vão exibir frases como 'Em nome das suas solas de sapato e dos fundos das suas calças, obrigado por jogar sua goma de mascar na lixeira'. A iniciativa é do Chewing Gum Action Group, criado pelo Governo em 2003 para lidar com o problema crescente das gomas de mascar jogadas em locais públicos.Decidida e integralmente apoio a campanha. Nem tanto pelo fato de nunca ter suportado goma de mascar, o famoso e popular chiclete - nem quando, um tanto tardiamente, fazia o estilo anos 60 e muito menos quando, no tempo certo, adorava colecionar figurinhas. Não sei pq mas as que vinham nos chicletes da minha época nunca eram, no meu entender, colecionáveis.Agora, que não tem coisa mais irritante do que pisar num chiclete jogado na rua, isso não tem. Claro, a não ser, sentar num chiclete que algum completo imbecil deixou grudado na cadeira. Mas tem diferença, o primeiro é falta de educação, cidadania, bom senso e tudo o mais. O segundo é pura sacanagem.No caso do chiclete na sola do sapato o maior problema é tirar o dito cujo de lá. Não tem como: você vai passar pelo menos algumas horas raspando a sola na grama, no cimento, aonde quiser raspar: aquela coisa não sai.Sem contar a cena absolutamente ridícula de uma pessoa ficar raspando o sapato na calçada. Se for homem fica 100% absurdo. Se for mulher, com sapato de salto, fica 101%.E é o tipo de coisa que nós, cavalheiros que somos, não temos a mínima idéia se devemos ou não oferecer ajuda.- A senhora está precisando de auxílio?Corre-se o risco de levar uma bolsada no meio da cara, pois a madame já está tão fula da vida (nossa, fula da vida.... fazia tempo que não ouvia isso!!!) que vai querer descontar no primeiro que aparecer na frente. No caso, você mesmo.Se a pessoa que pisar no chiclete estiver, então, de tênis, aí meu caro, esquece. Nunca mais vai tirar a meleca das reentrâncias da sola do tênis. Daí você se lembra que pagou xcentos e tantos reais por aquele tênis (repararam como tênis é caro? um verdadeiro absurdo, eles encham o pisante de traquitanas, o deixam cada vez mais feio e cobram os olhos da cara por um produto que vai durar exatamente até sair o modelo novo daqui a seis meses e tua filha te encher os pacovás (hoje você está do arco da velha....) para comprar) e algum cretino lançou o chiclete na rua e você, se sentindo mais cretino ainda, pisou.Outro dia fui acompanhar a palestra de um amigo em uma faculdade - lugar onde colocar chiclete na cadeira não deixa de ser um ato de extrema sacanagem, mas afinal de contas você está lá para aprender o que é a vida... Auditório lotado de alunos que aproveitaram para matar aula, o professor anuncia e agradece a presença do fulano de tal que sobe ao palco por uma escadinha melindrosa - como toda boa escadinha de acesso a palcos é, parece que fazem de propósito para a gente cair.Na subida da escada ele foi acompanhado por uma consistente gargalhada por boa parte dos alunos presentes: um vistoso, gosmento, brilhante e róseo chiclete (se bem que pelo tamanho da gororoba o sacana que o deixou na cadeira deve ter colocado pelo menos uns três ou quatro) destacava-se nos fundilhos de suas calças - com o capricho de um fiapo que balangava ao seu rebolar, denunciando que a colagem havia sido feita recentemente.Ele nem tenta entender - aluno de faculdade, principalmente faculdade de comunicação, a gente não entende, nem tenta - continua impávido o caminho e para sua completa desgraça pega o microfone e anuncia que prefere não usar o púlpito que tinha à disposição e que salvaria sua já maculada honra. Daí que ele fica andando de um lado para outro do palco, com o fiozinho de chiclete balançando das partes traseiras de sua calça. Eu, bom amigo, até tentei avisá-lo discretamente algumas vezes, mas ele não me dava a devida atenção.Quem percebeu o chiclete foi o professor e, para sua completa desgraça (na verdade, suas completas desgraças, do professor e do meu amigo) decidiu intervir. Como havia descido do palco, retornou e meu amigo, tomado pelo espanto do professor readentrando ao seu espaço baixou o microfone e olhou-o com cara de espanto. O professor não teve dúvidas, chegou perto de seu ouvido e sussurrou-lhe alguma coisa. Provavelmente alguma trova do século XIV ou um trecho do Evangelho segundo Jezebedeão, nunca soube.O que vi foi meu amigo levar a mão aos fundos das calças exatamente sobre a gosma chicleteira que dividiu-se em mais uma dúzia de fios, alguns ainda balangantes de sua parte traseira, outros de sua mão.Não se conformando ele repetiu o ato, apenas conseguindo produzir mais fiapos.Completamente perdido, já tendo completamente esquecido o que estava falando, ele não teve outra saída, disse ao microfone: - Vocês ainda tem muito a aprender sobre sacanagem!Largou o microfone no púlpito, cumprimentou o professor com um efusivo aperto de mãos, desceu e foi-se.Detalhe: o tal aperto de mãos foi sim, como todos estão desconfiando, com a mão enchicletada. Ele havia dado a sua "aula".