quinta-feira, junho 22, 2006

A cor da abóbora

Uma das empresas para as quais tenho maior admiração é a Embrapa. Por algumas vezes tive o prazer de mediar apresentações de representantes desta empresa que é uma referência internacional de profissionalismo e resultados.

Sem a menor intenção de ser puxa-saco, sou obrigado a reconhecer que se não somos o proclamado "celeiro do mundo" que deveríamos e poderíamos ser, não é por culpa da Embrapa e se temos uma mesa farta e variada é sim muito em decorrência de seu trabalho.

Afora o fato de que os caras lá são criativos pra caramba.

Não me lembro se já contei - muito provavelmente sim, mas enquanto a Embrapa não desenvolve um salame que resolva isso.... - mas uma vez estava mediando uma apresentação da área de comunicação da Embrapa e, ao final, mostraram algumas das invenções que estavam já saindo do forno. Uma delas, a melancia sem sementes.

Finda a apresentação, usei a prerrogativa de mediador para realizar uma intervenção e disse que tinha em mãos um manifesto da Associação Brasileira de Cuspe de Semente de Melancia, solicitando a imediata paralisação da referida pesquisa que colocava em risco a existência da classe e o sucesso da 79o Olimpíada Internacional de Cuspe de Caroço de Melancia, na qual o Brasil era campeão invicto nas modalidades Distância, Precisão e Impacto.

Ou seja, ninguém no mundo cuspia uma semente de melancia tão longe, tão certinho e com tanta potência como o brasileiro.

Caso a Embrapa se recusasse a acatar o manifesto, uma comissão da referida Associação, ali presente, iria realizar a etapa classificatória das categorias Precisão e Impacto ali mesmo, em pleno plenário.

E não é que hoje, em pleno dia de jogo da Seleção Brasileira (a de futebol, não de Cuspe), abro o jornal e vejo estampada uma manchete colocando que a Embrapa mais uma vez inova o mercado hortifrutigranjeiro nacional com o lançamento da abóbora brasileirinha - uma variedade que se apresenta perfeitamente dividida entre o verde e o amarelo.

Novamente - apesar de ser obrigado a tirar o chapéu para a empresa - sou obrigado a manifestar-me. Se agora a abóbora é verde e amarela, como é que devemos chamara a cor de abóbora?

Abóbora, a cor, até hoje era aquela cor que tendia ao laranja, a cor, com leves pitadas de vermelho a fim de ficar mais intenso.

Com a invenção da Embrapa, seremos obrigados a trocar todas as referências de cores que temos. O abóbora será, talvez, uma variação do verde, com nuances de amarelo? Será um amarelo, com toques de verde? Será um laranja com tons de verde e pitadas de amarelo?

E se a Embrapa anunciar, em breve, a laranja, a cor, azul e branca - completando o espectro de cores do pendão nacional?

O abóbora, a cor, será não mais um laranja, a cor, com vermelho; mas sim um verde amarelado ou um amarelo esverdeado, com tons de branco azulado ou de azul esbranquiçado? O vermelho dança, então?

A abóbora, a fruta, não mais sendo abóbora, a cor, não poderá mais ser confundida com laranja, a cor, desde que a laranja, a fruta, não mude de cor. Se laranja, a fruta, mudar de cor, laranja, a cor, deverá também mudar. Ou então a Embrapa também pode mudar a laranja, a fruta, para as mesmas cores da abóbora, idem, para que abóbora, a cor, e laranja, idem, sejam novamente semelhantes em si.

Mas, pensando bem, não é a abóbora, a fruta, que tem a cor é parecida com laranja, idem, é a moranga. Vejam bem, não o morango, que é vermelho - a cor que dava, anteriormente, pitacos no abóbora, a cor.

Desta forma, em sendo a moranga abóbora, semelhante a laranja, a abóbora não é abóbora, mas sim outra cor qualquer que está sendo substituída pelo verde e amarelo da Embrapa.

Agora sim, com tudo devidamente esclarecido... vou ver o jogo.... Deus do céu,,.. quanta abobrinha.

Abobrinha, aliás, que já é verde, tal qual agora é a abóbora que era abóbora,... não, abóbora era a moranga....xiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii