quarta-feira, junho 21, 2006

Inverno


Hoje eu estou feliz por algum motivo: chegou o inverno.
Para mim esta é a melhor estação do ano. O frio deixa as pessoas mais bonitas, mais próximas, mais aconchegantes, menos suadas, menos caídas.
No frio é mais gostoso dormir - ok, é horrível acordar, mas é uma delícia dormir quentinho.
No frio é mais gostoso tomar banho - ok, é horrível sair do banho, mas enquanto estamos debaixo d'água é fantástico.
No frio é mais gostoso comer de tudo o que se quer - ok, sorvete e bom demais e...... peraí, quem é que disse que não dá para tomar sorvete no frio. Eu tomo.
No frio é mais gostoso tomar um vinho - ok, uma cervejinha gelada é bom demais e ........ opa, pq é que não dá para tomar cerveja no frio. Eu tomo.
O problema não é o que dá e o que não dá para fazer no frio. O problema é saber que fim é que levou o frio.
Hoje começou o inverno e nada do bandido chegar.
Muito ao contrário, o tempo está estável, até faz um calorzinho na hora do almoço e tudo isso faz o céu ficar lindamente azul, sem nuvens e com uma baita faixa de poluição no horizonte.
Daí, obviamente, lá vem minha garganta dizer que existe, meu nariz dizer que está pendurado no meio da cara, meus pulmões quererem sair pela boca. É.. tô gripado.
E ainda tem um raio de um médico entrevistado no jornal logo de manhã que me diz que o vírus da gripe veio mais forte esse ano. E qual ano ele veio mais fraco?
E o mesmo especialista me diz que são cinco dias em que nada se pode fazer a não ser tomar um antitérmico para baixar a febre, um xaropinho para minimizar a tosse, umas pastilhas para reduzir o arranhamento da garganta e que, depois do estipulado prazo, tudo vai sarar.
Legal... tudo bem... cinco dias, sendo os dois primeiros mais rígidos e depois um ligeiro mal estar, a gente agüenta.
Ah, mas no final da entrevista ele disse que, findos os cinco dias, o vírus da gripe que se abateu sobre você (quase na verdade abatendo você) não mais lhe causa problemas. Esse vírus, especificamente esse, pq vc pode sim a qualquer momento ser abatido por outro vírus e dá-lhe mais cinco, depois outros cinco.
E assim, de cinco em cinco, você pode ficar o inverno todo gripado.
O que ele não disse é se enquanto um vírus estiver ativo outro pode também se ativar. Daí ocorre uma conjuminância viral e o abatimento é duplo?
Mas ninguém se preocupe, pq findo o inverno, vem a primavera, com as chuvas, com as flores e com a maior umidade do ar vem também outro vírus da gripe, com certeza mais forte e que deve durar mais cinco dias... Essa coisa não tem fim.
Mas não quero aqui falar das doenças (catso, imagina o dia que quiser...), quero falar dos prazeres do frio, da beleza da neve,..,... como? ah, claro aqui no Brasil não tem neve, mas pô cara, põe essa imaginação para trabalhar..... tá bom, vai, forcei a barra. Deixa a neve de lado.
Então, como dizia, quero falar dos prazeres do frio que.... sim senhora? não está frio... é.. realmente, não está. Mas a senhora sabia que tem uma certa corrente que diz que o quente e o frio são muito psicológicos?
Verdade, existem pessoas que pode estar um frio do cão que estão de camiseta. Eu, por exemplo, não consigo dormir com nada pesado me cobrindo.

- Asderbaldo, dá para parar de empurrar o edredon para cima de mim.
- .... que... como...
- Você, Asderbaldo, calorento como é, fica aí se mexendo a noite toda e empurra o edredon para cima de mim.
- E precisa me acordar por causa disso?
- E precisa me entupir de cobertor?
- Tá bom, amor, desculpa. Me dá aqui o cobertor...
- Uai? Agora tá com frio? Primeiro joga tudo em mim, agora quer de volta... vai te entender.
- Não precisa me entender, basta me dar o cobertor que eu volto a dormir e pronto.
- Ai!
- Que foi?
- Que pé gelado é esse, Asderbaldo? Parece um picolé...
- Como pé gelado? Ficou maluca, nem encostei em você.
- Sei lá, você jogou alguma coisa gelada no meu pé.
- Não foi o controle remoto da televisão.
- Gelado desse jeito?
- Sei lá, meu pé é esse aqui ó..... cadê teu pé.
- Tá aqui.
- Onde?
- Onde sempre esteve, debaixo do edredon, com uma meia de ursinho.
- Como é que você conseguiu sentir meu pé gelado debaixo do edredon e com meia de bichinho?
- Não é bichinho, é ursinho.
- Ah.... urso é vegetal.
- Grosso.
- E como é que você sentiu o pé? Fala?
- Pois então o senhor admite que essa pedra de gelo era o seu pé?
- Só quis te fazer um carinho.
- Que amor... vem cá, me aconchega que eu quero dormir.
- Justamente o que eu estava fazendo... Mas agora que a gente acordou.... heim? heim?
- Sai pra lá, Asderbaldo, com esse pé gelado...

É... adoro inverno.