sexta-feira, junho 23, 2006

Valeu Mug


Algumas na vida da gente fazer esse tempo, normalmente compreendido pelo intervalo entre o dia do nascimento e o dia da morte, valer a pena.
Uma delas é o reconhecimento, a valorização que temos, não por um trabalho, por um momento ou por uma obra - que, claro, também são importantes, mas nada se comparam aos momentos em que o nosso caráter é reconhecido.
Hoje, prezados e estimados leitores, a crônica vai ser uma daquelas que eu não tenho a menor idéia se foi assim mesmo que aconteceu - o que não tem a menor importância. Vale a imaginação, vale o coração de cada um.
Talvez, pela primeira vez durante todo esse tempo, vá utilizar como personagem um amigo e dizer exatamente o nome dele. O nome real, sem Asderbaldo, sem tramóias, mas usar o real e verdadeiro nome pelo qual a pessoa é conhecida, reconhecida e valorizada. Afinal se quero valorizar - ainda mais - o momento, não tenho pq não escrever o nome de Mauro Mug.
Mug é daqueles jornalistas que não existem mais, apesar dele ainda existir.
Mug esteve por mais de 40 anos escrevendo nas páginas do Estadão que, em uma reestruturação, colocou de lado. Os critérios de tal reestruturação não sei e jamais criticaria, mas conhecendo o Mug como conheço diria que alguns dos itens foi a faxina etária, etílica e espacial.
Mug está com sessenta e poucos, mas escreve como um garoto. Texto fluído, fácil, completo, interessante. Coisa que - tirando o meu (hehehehe) é difícil de ver hoje em dia.
Juro que não sei se Mug ainda está tomando todas, mas é um companheiro fantástico para quem gosta de entornar um copo.
Até mesmo pq, a gente que adora virar a garrafa precisa de um gordinho amigo para nos amparar.
Ser assessor de imprensa sem ter o Mug no Estadão para "encher o saco" vai perder muito da graça da profissão. Ele é daqueles que praticava o jornalismo stricto sensu.... que não tenho a menor idéia de qual seja, mas ele honrava (e honra, pois está vivinho da silva e logo logo vai estar enchendo o saco da gente em algum outro lugar... ) o "x" colocado na folha do vestibular.
Não sei qual o Mtb do Mug, mas deve ser com poucos dígitos, até mesmo pq foi ele que batalhou sempre para que o Jornalismo fosse melhor, mais informativo, mais prestador de serviço, mais gostoso para quem escreve, para quem publica e para quem lê.
Ah, o fato que ia contar era que Mug, em seu último dia de Estadão, no último momento, quando desligou o computador pela última vez, quando botou a cadeira pra trás e virou-se para ir embora, deu a deixa para que toda (repito: toda) (enfatizo: toda) (realço: absolutamente toda) a redação de O Estado de S. Paulo, de pé, perfilada, prostrada, emocionada, o aplaudisse.
Somente quem um dia entrou na redação do Estadão consegue imaginar o que estou falando e consegue imaginar o momento. Para quem não sabe, imagine você parado no meio do gramado de um Maracanã lotado, de pé, te aplaudindo e gritando em uníssono seu nome. Vai chegar perto....
A saída de Mug do Estadão tira da pauta diária do jornalismo um ícone, uma alegria, um parceiro da sociedade que se preocupava com ela, com seu bem estar e com o futuro.
Pena que não pude estar ali, de pé, aplaudindo o amigo e o parceiro Mauro Mug. Mas faço agora, de público e me sinto extremamente honrado por ter sido um dos assessores de imprensa para os quais ele ligou não para se despedir, pq isso não será feito, mas para agradecer a parceria.
Quem agradece, Mug, sou eu, somos nós, pois são jornalistas de redação como você que fazem com que nós, jornalistas de assessorias, tenhamos certeza de que somos todos jornalistas, que vivemos da palavra e da informação por ela transmitida, que temos a maior das missões que é fazer as pessoas melhores cidadãos e dos cidadãos melhores pessoas a cada página lida, a cada notícias ouvida, a cada segundo visto, a cada informação transmitida.
Possa o Jornalismo ter sempre seus Mugs, seus Estadões e que possamos nós aplaudir a cada linha escrita.
Valeu Mug.
Clap - Clap - Clap - Clap - Clap - Clap - Clap