terça-feira, julho 11, 2006

Floyd....

Morreu Syd Barrett, um dos fundadores da banda de rock progressivo Pink Floyd.
Um homem de 60 anos, que passou os últimos destes completamente recluso devido a problemas mentais e ao consumo de drogas.
Pq então, perguntarão, a citação?
Mesmo o Pink Floyd nunca foi unanimidade. Ora adorado, ora odiado, o grupo teve momentos de brilhantismo musical e momentos de verdadeiros lixos. Fez aquele que é considerado um dos melhores álbuns de todos os tempos (Dark Side of The Moon) e outros que mesmo os mais aficcionados colecionadores não se arriscam a comprar. Perdeu integrantes. Tentou voltar. Não voltou. Fez alguns shows com 100% de músicas antigas que lotaram. Fez uma aparição recente decepcionante. Ou seja, em todos os critérios técnicos: um grupo na média.
Mas vale sim a citação, nem que seja por dois motivos.
O primeiro é para lamentar que ainda hoje, talvez pior do que jamais tenha estado, o problema das drogas existe, é real, não dá para ignorar e mata.
Na época em que Barret e o Pink Floyd começaram, as drogas por eles usadas eram de um tipo. As de hoje não tem tipo. As drogas de hoje são o subproduto da reciclagem do refugo do descarte da sobra do material que é rejeitado para a fabricação da droga.
Na década de 60 e 70, quem caia na imensa besteira de experimentar drogas, tinha um produto. Quem hoje, faz a insanidade de chegar perto de drogas, tem uma falta de respeito acima de tudo por si mesmo.
As drogas de Barret fritavam o cérebro. As drogas de hoje fritam a alma. Um drogado sem alma, não tem nem pq ser citado, quanto mais lembrado.
Falar de drogas é chocante, é marcante, é doído. Mesmo para quem tem a felicidade de não ter esse problema nem em sua vida, nem em sua família, mas que nem por isso pode se dar ao luxo de achar que o problema não existe.
Costumam falar que não se deve discutir política, futebol, religião... e não se discute a questão das drogas pq não tem o que discutir, não se sabe discutir.
Drogas levaram grandes nomes da humanidade. E levaram, levam e estão levando muitos nomes que não formaram, não estão formando e nunca formarão grandes conjuntos como o Pink Floyd.
Será que somente dessa forma é que vamos entender que um dia não mais teremos músicas, esporte, cultura, vida? Será que vamos ter que ficar lamentando as mortes? Será que assim é mais fácil do que tentar a vida?
O Pink Floyd (e este é o segundo motivo) para mim foi e é um grande conjunto, de grandes músicas, de grandes performances. Rock progressivo tem a capacidade de elevar, de inspirar.
Ah, você tem a mesma sensação com música clássica, com jazz, com blues, com chorinho... sem problema, o importante é ter a sensação, a inspiração, a vontade e a possibilidade de estar vivo e escutar a música que mais você gosta.
Viver com drogas é preferir ter um minuto de prazer induzido, do que uma lembrança de prazer desenvolvido.
Mas, não adianta falar... é preciso viver para acreditar.
E se você não experimentar drogas e ao longo dos anos chegar à conclusão de que eu estava errado... bem, parabéns: pelo menos você vai estar vivo para poder concluir.

O mais novo DVD do Pink Floyd é o registro do show Pulse (para quem gosta, simplesmente indescritível). Pulse, de pulsar, de estar vivo, de ter energia para pulsar e movimentar o mundo com a força de seu pulso.
Pulsem.. não deixem, jamais o pulso parar.


"Remember when you were young?
You shone like the sun.
Shine on, you crazy diamond"