sexta-feira, outubro 06, 2006

Fim de Semana

Não sei se vcs estavam sentindo falta, mas nós estávamos e, desta forma....
A Confraria dos Cronistas Crônicos orgulhosamente apresenta: Fim de Semana


Fim de Semana - Sérgio Lapastina

Tchau, até segunda.
Como assim, até segunda? Você não vem amanhã?
Amanhã? Ficou maluco homem de Deus, amanhã é sábado!

Peraí, se amanhã é sábado, quer dizer que hoje é... hoje é sexta-feira!
Bem, depois dessa maravilhosa e genial descoberta, a melhor coisa que tenho a fazer é continuar a escrever na esperança de tirar a impressão de que este escriba é um completo imbecil. Afinal de contas, desde a hora que acordei, o dia todo, durante todo o dia, fiz um montão de coisas sabendo que hoje era sexta-feira e agora, só pq, o Jorge veio dar até logo, caiu a ficha que a semana acabou.
Se bem que "acabar a semana" é um conceito extremamente relativo: quer dizer, tão somente que não vou (muito provavelmente) ter que vir até o escritório para atender aos telefonemas do chefe e das redações - eles vão ligar no meu celular ou lá em casa.
Mas, sempre vale a pena. Engraçado que isso me lembrou o dia em que eu, o Serjão e o Cosmos, completamente inconformados com o tanto que tínhamos que trabalhar (começo de carreira é assim, depois piora... mas a gente acostuma) inventamos um novo calendário: semana de 9 dias, com 6 úteis e 3 de descanso, sendo que se trabalhava 3 dias, descansava 1, trabalhava mais 3 e descansava 2. A teoria é que todo mundo agüenta legal 3 dias de trabalho, que a gente começa a ratear no quarto e está completamente esgotado no quinto. Sendo assim, 3 dias de labuta e um pequeno descanso, mais 3 dias de pegar no pesado e um belo descanso...O que acharam? Juro que na época tinha uma lógica incrível...Pensando bem, até que ainda tem, mas como não sabíamos para quem mandar a proposta - dilema que, admito, ainda não foi resolvido - decidimos esquecer a idéia.
Ah, lembrei, o outro problema também foi que até chegamos a achar um nome para o sexto dia útil: sétima-feira (genial, fala a verdade), mas faltou inspiração (ou cerveja) para o nome do dia de descanso no meio da semana. Depois de muita filosofia e argumentação, decidimos deixar o calendário como está e pedir outra rodada.
Mas, já que amanhã é sábado é hora de começar a aproveitar. Dormir até mais tarde... não, isso não vai dar. A criançada não tem esse discernimento e logo cedinho já está de pé (dizem que isso muda quando tiverem seus 16 anos... daí não é que acordam cedinho, às 6 ou 7 horas... vão chegar nessa hora em casa e como você vai estar acordado esperando ou foi a sua vez de ir buscar a turma na balada, não mudou absolutamente nada).
Vou assistir aquele filme que todo mundo já viu, menos eu... assim que tirar a saboneteira do banheiro que quebrou, que instalar o varal na área de serviço e levar a bicicleta para trocar o pneu.
Vou almoçar na Taverna di Salerno.... se tiver sorte e a votação entre McDonald's e Burger King acabar empatada e o desempate for meu....
De noite vou sentar na sala, abrir uma garrafa de vinho e....Como assim tem que levar a Juliana na casa da amiga?
Mas sempre tem o domingo... ah o domingo, dia que começa e termina da mesma forma: com o fantástico. Começa com o fantástico som da moto do namorado da filha do vizinho acordando metade do bairro (ainda mato esse capatosto) e termina com o Fantástico, o da Rede Globo - que se perguntarem na segunda se vc viu, claro que nega (assim como todo mundo), mas cinco segundos depois admite que viu só um pouquinho, coisa de relance, mas conta detalhadamente todos os quadros e matérias... não se preocupe, vc é normal.
Mas, espera um pouco... eu disse "se perguntarem na segunda"? Isso quer dizer que já acabou o final de semana? Não acredito, não vi o filme, não tomei o vinho, não comi na Taverna... e já estou de volta no escritório... bem, tudo bem, antes assim,.,....
Pensa bem... não foi tão ruim,.... o chefe nem ligou!


Fim de Semana - Carlos Manfredini

Ando meio confuso.
Quando é que ele começa? E quando termina?
Bom o de vocês eu não sei, mas lá em casa o fim de semana pode começar na sexta feira de noite, no sábado ou no domingo, ou simplesmente não existir efetivamente, o que até é comum.
Depende de como a semana se desenrolou, ou melhor, se enrolou.
Sim, pois eu e a patroa – ela fica invocada quando a chamo desse modo, mas afinal de contas é ela quem manda mesmo – além dos afazeres normais, nos dedicamos a refinada arte de educadores, onde o mais re-afinado de fato é o minguado salário.
Ela fazendo-o em período integral e eu somente (?) à noite, todas as noites, depois de cumprir o expediente na companhia.
Tenho um primo que costuma comentar que nós os professores temos a maior moleza, pois não trabalhamos, só "damos" aula.
Fico com vontade de explicar que além de "dar" aulas, precisamos planejá-las, prepará-las, pesquisar, nos atualizar, elaborar lista de exercícios, criar apresentações pirotécnicas no Power Point para manter a atenção da turma, desenvolver atividades em grupo para que a aula não se torne "maçante", preparar provas e o pior, depois devemos corrigi-las, tentando entender o que o prezado aluno quis dizer na sua ilegível e incompreensível resposta que, muita vez, não guarda nenhuma relação com a pergunta formulada.
Isso quando não nos deparamos com coisas bem piores escritas ali.
Sem falar dos famigerados diários de classe que devem ser rigorosa e pontualmente preenchidos com anotações das faltas, ocorrências, datas, conteúdos ministrados e etc.
Pior ainda é quando somos convocados para trabalhar no sábado ou para colaborar, "voluntariamente", nas indefectíveis festinhas das escolas, programadas a cada efeméride ou nas datas comemorativas – se a instituição for religiosa a coisa "pega".
Embora muitos não imaginem e por mais incrível que isso pareça, os professores, como a maioria dos mortais, têm família, se alimentam, necessitam dormir, mesmo que umas poucas horas, precisam ir ao supermercado, ao dentista, ao médico – alguns fazem até terapia – ao barbeiro, à feira, ao mecânico – pois normalmente e não por opção, seus carros são de modelos antigos.
Agora, experimenta o docente faltar numa aulazinha sequer para ver o rolo que os discentes, indecentemente armam ou, ainda, a própria diretoria.
Mesmo que todos os alunos fossem faltar naquele dia, não admitem nossa falta.
Querem-nos lá, sempre prontos para o martírio em nome do conhecimento, do saber, mesmo quando ele não pode ser transmitido pela ausência da audiência.
Feito este pequeno intróito, passo a tratar do título em epígrafe.
Se tudo correu bem no trabalho e com as aulas, podemos enfim nos dedicar à família e às outras tarefas domésticas, sempre relegadas a segundo ou terceiro planos durante o decorrer da semana.
Contudo, quando a sexta feira se aproxima fico, ingenuamente, me imaginando desfrutando alguns momentos de descanso, os quais cumpro rigorosamente, Tão logo chego em casa e sento na sala para relaxar uns minutos, em seguida pego exausto no sono.
O sábado voa com a execução de todos os afazeres que sobraram para esse dia e confesso que ao concluí-los não resta energia nem para "pegar" um cineminha.
Melhor "chamar" uma pizza e ficar em casa mesmo, longe das filas dos shoppings, dos restaurantes e dos congestionamentos típicos da Paulicéia.
Um conhecido do interior me falou assim: - Tenho inveja de vocês da capital que têm tudo fácil, cômodo, ao alcance da mão, teatros, museus, shows. Veja, nós de Piracicaba tivemos que vir de ônibus (leito e com ar condicionado que os apanhou em casa e deixou-os, em segurança, exatamente na porta do teatro Abril) para assistir o espetáculo e teremos que ir todos juntos jantar no restaurante que a agência de turismo reservou (jantar dançante no Terraço Itália, coitadinhos).
O sujeito pode até se dar ao luxo de "tomar umas a mais" passando dos limites, pois não terá de dirigir de volta e o motorista certamente vai ajudá-lo a descer do coletivo e vai levá-lo até a porta da sua residência na cidade interiorana.
Melhor deixar para lá (ema, ema, ema...) e voltar ao assunto principal!
Domingo dá para acordar um bocadinho mais tarde e tomar café tranqüilamente com a esposa, já que nos demais dias apenas temos tempo para engolir o desjejum, entre um bom dia e um até a noite.
Ainda de pijama, aproveito para tentar iniciar a leitura daquele romance que comprei faz três meses, mas que não pude abrir devido ao período de provas e posterior recuperação. Procuro saborear com calma o CD com os solos de cello que, para não profaná-lo, me recusei ouvir no carro, entre um deslocamento e outro – quanto tempo gasto inutilmente no trânsito insuportável de todas as horas.
Bem, depois, tudo dando certo, escrevo um pouco, até a Lú me chamar para irmos à feira buscar algumas frutas frescas – a alimentação saudável e adequada é pré-requisito para a saúde não falhar. Mestre doente, ninguém acredita ou aceita, vão dizer que estamos "dando um nó".
O almoço tardio decorre sem maiores novidades e após lavar a louça e arrumar a cozinha vamos ver um pouco de TV, tirando antes as teias de aranha que por desuso se acumularam sobre ela.
Já notaram que irritante e sem graça é a programação nesse dia?
Zapeio um pouco e desligo o aparelho injuriado por ter gasto tanto dinheiro numa tela tão grande e na assinatura do cabo que não passa nada de bom.
Repentinamente, lembro que esqueci de molhar as plantas que vão ter de resistir sozinhas a mais uma semana e passo o crepúsculo fazendo isso e ajeitando os vasos, enquanto a Lú repassa os itens da reunião que fará com sua equipe de professores na segunda.
Ouço, vindo da casa do vizinho o prefixo do Fantástico e caio na real.
Lá se foi mais um final de semana.
Quem sabe no próximo consigamos ir passear um pouco.
Ou, pelo menos, saiamos fora dessa rotina que qualquer hora vai me deixar maluco.
Você duvida?
Há, há, há, há, há!



Fim de Semana - Wagner Mekaru

Aqui no Brasil dizem que sexta é o dia nacional da cerveja, fazendo referência a celebração da chegada do tão aguardado final de semana, regado a uma das bebidas mais consumidas no país.
Véspera de feriado também não é diferente. A expectativa cresce conforme chega o momento de descansar e, não é que sejamos um povo que não gosta de trabalhar, pelo contrário, até porque o trabalho faz parte da constituição da identidade do indivíduo.
Acredito que a questão gire em torno do trabalho em relação ao tempo e a forma como o primeiro é organizado, mas isso é assunto para outro dia.
O termômetro de um final de semana pode ser como "começa" a sexta, se há uma boa balada, ou alguma ocasião especial.
Qualquer dia da semana podemos fazer o que fazemos nos finais de semana, o que difere é que a "ocupação do tempo" é mais flexível.
Sábado é dia de namoro, dia de compras no Shopping, comemorações de aniversário (muita gente não gosta de comemorar na data quando cai em dia útil, temendo grandes ausências), também é dia de faxina em casa e arrumações de um modo geral. É um dia que tem cara de dia "útil" (aliás que palavra mal empregada), mas nascido para o descanso.
Diz uma música do Lulu Santos que todo mundo espera um pouco mais de um sábado a noite, pode ser, pois é o dia em que há o pico da adrenalina, consumo desenfreado de álcool e outros genéricos alteradores de humor, onde os gatos são pardos, mas podem ser de outras cores também, o vestido dá lugar a mini-saia e quem não tiver a cabeça no lugar perde-se facilmente.
Sábado parece ser um dia em que uma certa energia represada durante a semana encontra vazão.
Já o domingo tem sua característica peculiar, tem cara de dia molenga, de sorvete de massa em dia de Sol, é um dia para as crianças brincarem no parque, de almoço com a família, churrasco, futebol pela manhã, dia de missa, a tarde até um cinema.
Era um dia marcado pela inventividade da TV, de Silvio Santos o dia todo, de Trapalhões (que particularmente depois da morte do Zacharias e do Muçum perdeu totalmente a graça) e de Fantástico no fim da noite.
Aliás a famosa musiquinha da revista eletrônica assusta e incomoda muita gente até hoje, já que anuncia que o final de semana está acabando e o dia que chega é de enxada. Não é um dia ruim, é um dia como um dia qualquer, não dá pra viver somente aos finais de semana, afinal é esperar demais para poder sentir a Vida é um pouco penoso. E quando o trabalho se torna um fardo está na hora de repensar algumas coisas.
Neste ponto sempre cabe a reflexão do que estamos fazendo com o tempo que nos foi dado, se somos escravos ou se conseguimos viver bem, senão atingindo, pelo menos trabalhando de maneira prazerosa em busca da felicidade.
Final de semana é ponto de descanso, de arejar a cabeça, trocar o sapato pelo tênis ou chinelo, é o período que fecha o ciclo de sete dias reservado para renovação de energia. É o período reservado para soltar as amarras do balão e deixar ele circular entre as nuvens e montanhas, pairar sobre belas paisagens e nesse panorama, avistar os alqueires do terreno da vida que precisam de melhores cuidados.
Relaxamento, diversão, descontração, desconectar-se, dar risadas, etc.
Bom final de semana!