sexta-feira, abril 28, 2006

Era uma vez, uma árvore

Quando comprei meu apartamento uma das coisas que mais me chamou a atenção foi a vista, justamente da janela do meu quarto (a mesma das janelas da cozinha, os dois ambientes mais agradáveis de qualquer apartamento, digamos de passagem): uma enorme árvore.
Sei lá se era uma mangueira, uma seringueira, um baobá, sei lá, não fazia a menor importância. O que importava era que ela estava lá e era, literalmente enorme.
Ficava cravada no meio de uma serralheria artesanal que não causava barulho algum. Na verdade o que causava barulho era a árvore.
Qualquer vento, nem precisava ser um furacão, bastava uma brisa mais densa, mexia suas milhares de centenas de folhas e provocava um barulhinho agradável, relaxante até. Quantas vezes até confundi com chuva e quando abri a janela era simplesmente o farfalhar da árvore. Fantástico.
Outro detalhe extremamente positivo é que tem um colégio bem próximo ao apartamento. Mês sim, mês não tem um evento de sábado - dia inteiro - no colégio com rock e sabem o que dava para ouvir? Absolutamente nada, a árvore funcionava como um escudo acústico.
Querem mais? Pois tem. Imaginem, de leve, sem se esforçar muito, a quantidade de passarinhos que freqüentava a árvore. Tinha um pouco de tudo, mas especialmente um Bem-te-vi que devia ter aprendido a cantar com o Pavarotti. Coisa de acordar a gente pela manhã, inacreditável - afora que pontualíssimo: 6h45, nem um minuto a mais, nem a menos.
Daí, um belo dia, há algumas semanas, em uma daquelas tempestades monstruosas que assolaram São Paulo no mês de março, dois dos galhos da árvore não agüentaram o peso e cederam. Parecia que estava caindo o mundo, barulho de madeira rachando, caindo no teto de metal da serralheria, coisa quebrando, enfim, o caos. E, para ajudar, tudo de noite, o susto foi tremendo.
Dia seguinte, pela manhã, a visão da janela era, se olhado reto, a árvore, meio mais magrela pela falta de dois galhos, se olhado para baixo, a destruição total da pobre da serralheria.
Homens correndo para lá, bombeiros para cá (felizmente não machucou ninguém, foi de noite né), na mesma tarde começo a ouvir o barulho de uma serra elétrica. Estavam tirando a árvore.
Dei uma reclamada, mas os bombeiros (e até que me provem o contrário, nesses dá para confiar) alegaram que a base da árvore estava rachada, comprometida e não tinha como, se não cortassem ela iria acabar de cair, causando mais destruição, colocando em risco até o muro do prédio e algumas casas.
Quinze dias depois acabaram de tirar os galhos da árvore. Deixaram um toco grosso que devem tirar mais para frente.
A serralheria fechou as portas, prejuízo total.
Agora olho da minha janela do quarto e vejo algumas coisas. Vejo o teto de uma pequena empresa reconstruído de forma amadora e imagino alguns serralheiros desempregados.
Vejo uma escola que sei que qualquer sábado desses vai fazer um show de rock e me incomodar pra valer.
Vejo um toco do que um dia foi uma vida.
E tem algumas coisas que não ouço.
Não ouço o farfalhar do vento.
Não ouço mais o Bem-te-vi.
Não ouço mais o sopro da vida do que um dia foi uma grande árvore.
Como a nossa vida, o dia a dia da nossa vida, faz com que a gente não preste muita atenção nas pequenas coisas que acontecem ao nosso redor, nunca havia reparado na força daquela árvore que não existe mais.
Também não havia reparado quando a cortaram. Mas reparei hoje de manhã, quando abri a janela e vi, daquele toco feio, maltratado, judiado, mas com toda certeza ainda forte, um ramo de verde dizendo que sabe que não vai vingar, que vão mais cedo o mais tarde cortá-lo, mas que ele está ali, que não desistiu e que não vai desistir, que é para eu me lembrar dele e da árvore que um dia ele foi, dele e do barulhinho das folhas que um dia ele proporcionou, dele e do canto do bem-te-vi que um dia pousou em seus galhos e cantou, que a contra a força da natureza nada pode ser feito, seja ela usada para derrubar os galhos de uma grande árvore, seja para fazer renascer um pequeno ramo verde, brilhante ao sol e que quando for arrancado de lá, vai permanecer imortal nas palavras desta crônica.

quinta-feira, abril 27, 2006

Celular pré-pago

Em um encontro outro dia, com um dos profissionais que mais admiro, um Grão-Mestre da Sabedoria Vivida, que explicita, sem vergonha e com toda verdade, seu conhecimento adquirido batendo perna por esse mundo afora, finalmente consegui entender o que é o celular pré-pago.
Normalmente (se é que algo nessa vida pode ser chamado de normal), quanto mais se compra de um determinado produto, mais barato fica o preço unitário. Igualmente se aufere algum desconto para pagamentos antecipados. No celular pré-pago é diferente.
No celular normal (???) você faz suas ligações e ao final do mês recebe uma conta onde está explicitado quantos minutos você ficou com esse aparelho dos infernos na orelha (obviamente obrigando também que outra pessoa ficasse da mesma forma - a não ser, claro, que vc seja como eu e tenha o hábito de usar a desculpa do celular que tocou para sair de algum lugar chato. Sabem como é, palestras econômico-financeiras, jantar da prima solteira, bingo do condomínio, curso de pintura em porcelana, churrasco do cunhado... todas essas atividades verdadeiramente essenciais para a sobrevivência da raça humana no planeta e nas quais subitamente você estremece, solta um "nossa esqueci que deixei o celular no vibratório", pega o aparelho, coloca na orelha e fala "alô.... claro, olá senhor ministro, como está? sim, claro que posso falar, apenas um minuto", daí cobre o aparelho com a mão para ninguém ver que está até mesmo desligado, pede licença e sai do local "alô, sim ministro, desculpe,..... imagina.... claro que posso ir, imediatamente", coisas assim).
Mas voltando que isso não foi um parênteses, mas uma outra crônica enxertada... ô Sérgio, que coisa...
Enfim: a conta do celular diz quantos minutos de serviços foram usados, o quanto você irá pagar por isso e dá uma idéia da bronca que tua mulher vai levar assim que você chegar em casa, afinal de contas quantas vezes você já não falou pra ela que celular é para emergência, não para ficar discutindo receita de empanado com a mãe - se pelo menos ela fizesse o raio do empanado depois.....
O legal de toda história é que nunca ninguém usou a quantidade de minutos que está expressa na conta. A operadora está sempre cobrando a mais, com total e absoluta certeza. Ladrões, sem vergonha! Agora, como você não tem a menor condição de provar que jamais ficaria 15 minutos conversando com o Joaquim do telefone que está escrito na conta e vc ligou para ver de quem era (nem sequer lembra de ter ligado para o Joaquim nesses dias. Aliás, não conhece nenhum Joaquim!!!)
- intervalo para comentário:essa é uma das práticas mais absurdas que conheço e olha que conheço um monte de gente que faz. Basta aparecer na conta um número esquisito que a primeira coisa a fazer é ligar para ele. Daí atende um cara e você gasta pelo menos cinco minutos para explicar que não sabe quem ele é, nem ele sabe quem você é, mas o número apareceu na sua fatura e você precisava checar, que a empresa de telefonia é um absurdo, que dessa forma não dá, que alguém precisaria fazer alguma coisa, que..,. o que? claro que vc concorda, aliás pelo menos a gente é corinthiano né? claro que vi o jogo ontem, técnico burro, devia ter mexido no time logo no começo, mudado a marcação, é essa empresa de telefonia está roubando a gente na cara dura e o governo não faz nada, nessas horas que o povo tem que se unir, é como disse a professora da sua filha na escola, as pessoas tem o dever de cobrar seus direitos..... como a professora da sua filha também disse, coincidência não.... que escola minha filha estuda?... olha só na mesma da sua né... como chama a sua filha?.... você é o pai da Biazinha.... ah, então tá explicado, foi minha filha que ligou para sua usando meu celular... claro... agora tá tudo explicado... valeu heim, obrigado, boa noite e desculpa o incômodo.Daí, chega o mês que vem e você não lembra de quem é esse número escrito na sua conta e liga para ele.....
- fim do intervalo do comentário
Mas para acabar com tudo isso inventaram o celular pré-pago que é, nada mais nada menos, que uma forma de te cobrar adiantado por um serviço que você tem um prazo para usar, caso contrário perde a grana.
Afora o fato que, pelo fato de você estar pagando adiantado, eles estão te cobrando MAIS CARO do que se primeiro você usasse e depois pagasse.
Agora, como ao final do mês você não recebe a conta, não tem a menor idéia se ficou meia hora ou dois minutos falando, acha que é melhor, mais prático, é vantagem. Aonde, cara pálida?
Ah, mas se esquecer de pagar a conta eles cortam a linha.... Sim, e se você não colocar mais créditos também fica sem poder usar e pior, se não usar os raios dos créditos no prazo, eles expiram e você perde o dinheiro já pago. Que vantagem Maria leva? (não sei pq essa expressão, mas minha vó usava e caiu bem aqui, então...)
E como tudo isso é perfeitamente entendido pelo grande povo, todo mundo prefere o tal do celular pré-pago.
Daí a Dna Maria chega no supermercado mas não compra tudo o que precisa pq não tem dinheiro, pq tá caro. Daí para na fila do caixa e liga, do celular pré-pago pra tia e fica reclamando que naquele supermercado não compra mais: não é ela que vai pagar mais caro.
Daí você não vai pagar uma fortuna de celular todos os meses para sua filha adolescente. Daí dá para ela um celular pré-pago e acha que, com você no controle dos créditos, ela anda na linha. Daí você chega em casa cansado, ela vem, te abraça, te enche de beijos e fala pra por mais créditos no celular que já acabaram.
É, tem muita lógica,.... ô se tem.....

quinta-feira, abril 20, 2006

Este feriado


Esse feriado - diferente do anterior - promete.
Vou ficar em casa, tomar vinho, me sentir esquecido... que maravilha.
Vou colocar na vitrola o disco do Pavarotti e ouvir ele cantar

Partirono le rondini dal mio paese freddo e senza sole,
cercando primavere di viole, nidi d'amore e di felicita.
La mia piccola rondine parti
senza lasciarmi un bacio,
senza un addio parti.

Non ti scordar di me:
la vita mia legata e a te.
Io t'amo sempre piu,
nel sogno mio rimani tu.

Non ti scordar di me:
la vita mia legata e a te.
C'e sempre un nido nel mio cor per te.
Non ti scordar di me!

Ah esse feriado vai ser diferente. Quero que o mundo se exploda. Não vou pegar o jornal na porta do apartamento, na hora do telejornal vou desligar a TV. Vou assistir o Show de Calouros do Raul Gil - que canal será que ele está agora?, o Viola Minha Viola e se nada disso me fizer dar risada, passo na locadora e pego um filme do Cantinflas.

Não tem escolha: esse feriado vai ser diferente. Quero... ou melhor não quero. Não quero saber de futebol, de política ou de religião. Não quero saber de eleição, de conta pra pagar, de nada que me faça perder mais do que três minutos de atenção.

Não interessa, esse feriado vai ser diferente. Quero colocar o sono em dia, a vida de molho. Quero abraço, ser mimado, ter café na cama, almoço pronto e lanche de tarde. Sem preocupar com isso faz bem, isso faz mal... tudo vai fazer bem e o que não fizer, isso não faz mal.

Eta feriadão que vai ser diferente. Vou comer polenta frita, costelinha e pipoca, quindim, manjar branco e curau. Vou usar camiseta furada, calça de moleton manchada, meia e, caso porventura precise sair de casa - o que quero deixar extremamente claro que não pretendo e vou lutar bravamente para que não aconteça - vai ser de chinelão.

Vai ser um feriadão para ficar na história. Aquela história que acontece todos os dias mas que nenhum livro registra, nenhum jornalista cobre, ninguém amanhã se lembra. Aliás vai ser exatamente isso: um feriado para se pensar somente amanhã o que vou fazer hoje e como já vou ter feito, já foi.... legal.

Na segunda volto a ser gente. Esses dias vou ser o que me der na telha de ser. Se quiser ser, pq a probabilidade de não querer ser absolutamente nada é muito, muito grande.

Na segunda vejo o que sobrou e se não tiver sobrado nada vai ser sinal que não faltou nada, que posso começar a vida do zero, que tudo bem, que tudo absolutamente bem.

Na segunda conto como foi. Mas se não contar vai ser pq não vou lembrar ou pq, ainda melhor, não vai nada para contar. Vai ser, total e simplesmente, um feriadão. Exatamente como eu queria que tivesse sido.

Feriadão 3


calma, calma meu povo... não ia fazer isso, mas já que vocês insistiram, quem sou eu para negar.

Feriadão III

Depois de amanhã é novamente feriado. 2006 está sendo assim, completamente diferente de 2005, quando todos os feriados caíram de sábado ou domingo. Tinha feriado que caia até em feriado, daí não dava para aproveitar.
Já neste ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, 2006, os feriados se sucedem, se acumulam, tem feriado para comemorar o feriado. Daí vai ter a Copa, depois as eleições, no meio desses mais um montão de feriado, depois natal... enfim: esse ano vai dar para relaxar um montão.

- Asderbaldo, vamos economizar nesse feriado e ficar em casa? Afinal de contas, gastamos muito na Páscoa.
- Gastamos muito não... devagar com o andor. Estava tudo dentro dos conformes, eu não contava era com as diárias da tua mãe e da tua tia... (sussurrando) nem com as oito dúzias de caipirinha que a véia pinguça tomou por dia..
- Como?
- Nada... estava apenas lembrando como o feriado foi "a-g-r-a-d-á-v-e-l".
- Cínico.
- De forma alguma, foi apenas, mais uma surpresa.
- Bem, já que você gostou tanto, estive pensando...
- Cuidado, você não está acostumada a fazer isso...
- Grosso..
- Fala.
- Eu tava pensando que..
- Nossa duas vezes no mesmo dia. Cuidado heim, pode viciar.
- Você vai deixar eu falar ou vai ficar interrompendo toda hora?
- Desculpa benzão, pode falar.
- Eu estava pens... eu achei que, já que a gente não vai viajar nesse feriado, podia aproveitar e dar uma passeada aqui por São Paulo mesmo. Sei lá, conhecer uns lugares, restaurantes diferentes, aproveitar um pouco a noite, quem sabe... só nós dois.
- As crianças você faz o que? Afoga no tanque?
- Não, pensei em deixá-las com a mamãe.
- Tadinhas.
- Asderbaldo!
- Ops
- Fala sério? O que você acha?
- Por mim, excelente.... (sussurrando) e para as crianças, nada que um pouco de terapia não resolva depois...
- Como?
- Nada, apenas pensando alto.

Aqui, caro leitor, no sincero desejo de poupá-lo de mais uma crônica dessa saga feriadística, permita-me adiantar o tempo. Imagine estar na sexta-feira próxima, já feriado, algo por volta das 5 da tarde.
Consegui?
Ótimo, muito obrigado. Voltemos, pois à residência de nosso estimado Asderbaldo.

- Amor...
- Oi Asderbaldo.
- Estava pensando, sabe... são já cinco horas, A gente podia já colocar aquele nosso "planinho" em prática. Crianças na vovózinha... Você de vestidinho.... Cineminha... Jantarzinho... Esticadiiiiinha...
- Nossa! Que romântico!
- Você não viu nada. E aí, vamos nessa?
- Mãe, a vó chegou!!!!
- O que? Como assim a vó chegou?
- É pai, o porteiro acabou de ligar. A vó Adélia está subindo.
- Mas.... como... a gente não ia levar .....
- Ah, querido, na casa da mamãe as crianças iam ficar meio sem jeito... daí, eu achei melhor falar para ela vir para cá.
- Mas amor. A gente não vai voltar, assim, meio tarde pra tua mamãe ir embora?
- Ah, fica frio, você fala que eu não penso, mas eu pensei sim, em tudinho. Ela já trouxe roupa e vai dormir aqui.
- Pai, aproveita que vocês vão sair e me daixa na casa do Guto?
- Que Guto menina?
- O Guto... amigo meu, a gente vai no cinema, depois come alguma coisa e vai pra alguma balada. Ele mora pertinho, só me deixa lá.
- Ah, pai, aproveita e me deixa na casa co Vinny. Aliás, eu bem que podia dormir lá né. Amanhã não tem escola... a gente fica jogando video-game no quarto dele...a mãe dele faz um cachorro-quente divino. Posso pai?
- Oi filhinha linda da mamãe! Coração! Molequinho...... Fala seu inútil.
- Oi vó.
- Oi vovó.
- Oi mãe.
- Dna Adélia, é sempre um prazer revê-la.
- Falso. Hipócrita. O que foi que você viu nesse traste heim minha filha... Tinha tanto moço que queria casar com você. Se tivesse me ouvido hoje era a Sra. Alencar de Vistosa, casa com um advogado chiquérrimo...
- Aquele engomadinho meio enviadado?
- Pura inveja, seu jornaleiro.
- Jornalista, minha senhora, jornalista e com muito orgulho.
- Que jornalista? Nunca te vi em nenhum reclame da televisão?
- Sou jornalista de imprensa escrita, minha senhora e quem faz anúncio em tv é publicitário... anúncio, viu, propaganda, não reclame....
- Podem parar vocês dois. Se é para ficarem brigando a noite toda, não quero mais é nada.
- Como brigar a noite toda? A gente vai sair e a véi...tua mãe, fica aqui com as crianças.
- Comigo não, pai, eu vou sair com o Guto.
- Eu vou na casa do Vinny.
- Sozinha nessa apartamento minúsculo eu não fico.
- É verdade, benzão. Não convidamos a mamãe para deixá-la sozinha, tadinha.
- Dancei.
- Eu sabia. Leva as crianças e volta que eu vou fazer um jantarzinho especial para nós três. Que delícia.
- Não tem pressa de voltar não, viu ô traste...
- Mãe, também não provoca, né.
- Eu? Imagina!

Sai. Leva a menina na casa do Guto e anota que precisa conversar com ela depois sobre a mini blusa, sobre aquele beijo que ele deu nele e você nunca viu ninguém dar antes de cinco anos de casado, sobre a mão boba dele dentro das costas da blusa dela e sobre aquela coisa prateada que você viu espetada na sobrancelha dele. Leva o menino na casa do Vinny e anota que precisa começar a levá-lo na escola e ter mais amizade com a mãe dos amiguinhos dele que vem buscar os coleguinhas de mini saia, blusinha regata com um decote profundo e deixam uma sensação melada no ar ao falar: obrigada... deixa que eu cuido deeele.
Volta pra casa, rezando. Mas acreditando que tudo vai dar certo.

- Môr, cheguei.
- Oi querido estamos na cozinha.
(pensa) Pelo menos, o jantar estão fazendo.
- Senta aqui, amor, pega um pedaço de pizza de escarola. Tá uma delícia.
- Pizza? Mas você não ia fazer um jantar?
- Ela não é tua empregada não viu...
- Mamãe! Ah, pensei que uma pizza ia ser mais rápido e a gente ia poder ficar mais tempo juntinhos.
- Viu o que dá quanto você pensa?
- Como?
- E tinha que ser de escarola? Eu odeio escarola.... e que massa fina é essa?
- É como a mamãe gosta, né mamy?
- Bem e a outra pizza é sabor do que?
- Que outra pizza? Tem a outra metade dessa que é sabor califórnia
- Aquela com um monte de frutas em calda?
- Tá uma delícia.
- Eu odeio massa fina...

Vai para a sala.

- Ô gente... pra que é que a mesa da sala está arrumada se vocês estão comendo na cozinha?
- Ô ignorante... você não quer jogar tranca com as cartas direto no vidro da mesa, né?
- Mas como jogar tranca? Estamos em três...
Interfone
- Alô? Ah sim, pode subir.
- Quem é?
- A Tia Rosina e a Tia Petúnia. Chamei elas pra jogar tranca com a gente.
- Mas amor, com elas, dá cinco. Como é que você quer jogar tranca em cinco.
- É que você é tão obtuso para jogar, que deixamos você para a segunda rodada.
- Como é?
- Amor, assim tem mais gente, fica mais gostoso. Você entra na segunda rodada, no time que estiver ganhando. Prometo.

Apenas esqueceram de avisar que a primeira rodada ia até 10 mil pontos.
Eu fui para o quarto, assisti televisão até a uma hora da manhã, quando fui acordado.
- Mor, vai pra cama.
- Cama? Como assim eu estou na minha cama.
- É que a mamãe não agüenta dormir no sofá cama da sala. É muito duro. Deixa ela ficar aqui, vai.
- Mas ela pode ficar na cama das crianças...
- Nem dá, a Tia Rosina tá na cama do Jr. e a Tia Petúnia na outra.

terça-feira, abril 18, 2006

Feriadão - a continuação

e atendendo a milhares de pedidos....

Feriadão II


Mas o melhor mesmo é quando a estrada termina.
Horas a fio, sentado em um banco que, quando você comprou o carro, parecia extremamente confortável. Você até mesmo se lembra do capatosto do vendedor, na agência:
- Meu amigo, esse banco deveria ser considerado a oitava maravilha do mundo. Conforto é coisa do passado, ele é outro patamar. Senta aí, pode sentar, veja por vc mesmo.

Na hora alguma coisa dizia para você não confiar em alguém que te olha meio de ladinho e diz, com um sorrisinho no canto da boca: Senta aí. Mas, fazer o que, você não ouve mesmo essa sua consciência. Agora fica aí, todo torto, todo dolorido, apertado. Bem feito.

Mas a estrada acabou. Cinco horas e meia de puro suplício e puns da Tia Rosina depois, acaba a estrada. Você faz a última curva... o detalhe é que esta última curva está absurdamente vazia, livre, você desconta toda a raiva no acelerador e faz a maledeta à toda velocidade permitida na estrada: 120 km por hora.... bem na frente de um carro da CET, que estava ali justamente para lembrar aos mais afoitinhos que aquele ponto já é considerado trecho urbano e que passou de 90, dançou.

Mas a estrada acabou, a curva foi feita... dane-se a multa: você caiu na Marginal e agora é só mais...
- Asderbaldo, meu Deus, olha como está parada a Marginal!
- Se tivesse pegado o Rodoanel...
- E não tinha levado multa...
- Pai, a Tia Rosina soltou outro pum.....

Mas tem saída. Corta para a pista local, dá seta, bota o braço pra fora, xinga o motorista do caminhão, corta a Kombi, fecha a moto... pronto deu para sair da Marginal. Agora é só passar a ponte e já está pertinho de casa.
- Benzão, vamos levar a mamãe até a casa dela não é?

Pensa bem, melhor levar a mamãe dela e a tia até a casa delas do que ficar com elas na tua casa.

- Claro amor. Dez minutinhos chegamos lá.
- Ô inútil, passa na farmácia antes que preciso comprar Luftal.

Pega a direita, vai em frente. Vira a esquerda. Para na farmácia.
- Nessa não, eu tenho o cartão da outra que dá prêmio, vamos naquela.
- Mas Dona Adélia, só tem essa lá na Zona Leste. A senhora pede por telefone e eles entregam...
- Eu falei que tenho cartão que dá desconto.
- Eu pago pra senhora. Pódêxá, eu pago, sem problema.
- Mas você num tem prêmio. Eu tô quase conseguindo a sanduichêra.
- Dna Adélia, eu não vou até a Zona Leste somente para a senhora somar mais meio ponto no cartão para ganhar uma sanduicheIra, tenha dó.
- Amor, mas a mamãe tá somando esses pontos a tanto tempo.
- Eu compro, amanhã logo cedinho, eu vou no supermercado e compro uma sanduicheIra novinha pra ela.
- Mas daí os pontos vão somar para o termômetro digital.
- Pai, a Tia Rosina tá soltando mais pum.

Quinze minutos depois... depois de mais uma hora e meia, uma farmácia (obviamente na Zona Leste, na qual eu paguei o Luftal - dois na verdade, um foi pra Tia Rosina - o Rinosoro, um Ercotron, um Naramig, uma Narcaricina, outros sete que não consigo pronunciar sem gaguejar, comprei o termômetro digital e os pontos foram somados para o massageador elétrico), uma padaria (na qual eu paguei meia dúzia de pães dos mais torradinhos - claro que tive que ir e voltar três vezes para achar os mais moreninhos, um pão doce com pouco creme, duas broazinhas de milho e um pastel de Santa Clara), uma banca de jornal (na qual eu paguei duas revistas de palavras cruzadas e uma daquelas de romance Ofélia) e um posto de gasolina (esse foi para mim mesmo), deixo a Dona Adélia em casa, a Tia Rosina na rua de baixo, na casa dela e consigo ir para meu lar.

Chegamos. A abertura da porta da garagem parece a dos portões do paraíso, quase choro.
Paro o carro na vaga.
- Olha, todo mundo ajuda com as malas. Cada um pega a sua e o bando de sacolinhas das compras.... se todo mundo ajudar, fazemos uma viagem só até o apartamento e...
- Asderbaldo, querido, as crianças já desceram. Você está, de novo, falando para o banco traseiro.

Cinco viagens de elevador depois, consigo entra no banheiro e relaxar debaixo de uma ducha quente. Meus pés parecem explodir. Meu joelho já nem mais está doendo, amorteceu. O banho é relaxante. Fecho a ducha, abro um pouco a porta do box, estico a mão... cadê a toalha?

Uma das cenas mais absurdas da nossa vida é sair do box, todo pingando e não ter uma toalha para se enxugar. Abro a porta só um pouquinho.
- Amor? Benzão?
Nada
Escuto sua voz, na sala. Falo um pouco mais alto.
- Querida, não tem toalha no banheiro. Você pode me trazer uma?
- Agora não dá Asderbaldo, estou com a mamãe no telefone, contando da viagem.
- Como contando da viagem? Ela estava com a gente.
- Ah, querido, essas coisas você não entende.
- Como?
- Ah, ela disse que não é para você esquecer de comprar a sanduicheira dela amanhã logo cedinho. Como mamãe?
- ?
- Ah, claro.... não, problema nenhum imagina... ele vai
- ????
- De forma alguma... não é não... não fala isso mamãe, ele adora a senhora
-????????????????????????????????????????????/
- Falo agora, quer ver. Amor?
- Oi....
- A mamãe esqueceu uma sacolinha no carro. Você leva pra ela agora não leva.
(sussurrando)
- Você tá louca, ela mora do outro lado da cidade.;.. que é que pode ter de tão importante nessa sacola que ela não pode ficar uma noite sem?
- Ele falou que leva. Tá vendo? E a senhora chamando ele de inútil o tempo todo. Tadinho.... Não tô defendendo não, ele é lindinho sim.
- Que é que tem na sacola?
- Ele tá indo mamãe. Boa noite.
- Dá pra falar o que é que tem nessa birosca que é tão importante?
- Asderbaldo, você tá pelado e pingando no tapete? Endoideceu homem?
- Fala agora: o que é que tem na sacolinha da tua mãe.
- Querido são os remedinhos dela. Graças a Deus ela não está precisando de nenhum urgentemente, mas e se precisar? Você sabe como é mamãe... precavida. Não tem nada de mais, um Luftal e..
- Mas eu parei na farmácia e comprei um desses novinhos pra ela!!!!!
- Mas se tem um aberto, ela não vai abrir um novinho né, que coisa Asderbaldo!

- Xi, mana, não vai na sala
- Pq?
- Num sei o que aconteceu, mas o papai tá sentado pelado no chão da sala chorando e arrancando os cabelos.

segunda-feira, abril 17, 2006

Feriadão


Fazia um bom tempo que eu não pegava uma estrada num feriadão. Explicando, vira e mexe tô botando o pé na estrada, adoro viajar, conhecer lugares e tem cada lugar maravilhoso para se curtir bem pertinho de São Paulo - se vc não estiver em SP, aproveite e conheça tá? ou então veja se perto de sua cidade também não tem alguma outra com atrativos interessantes e só pq é pertinho vc acaba desprezando...

Dessa vez fui para Águas de Lindóia, no chamado Circuito das Águas - que compreende, além da já citada, Lindóia (não, não é a mesma) e Serra Negra (até deve ter mais alguma, mas são essas que contam de verdade).

Águas de Lindóia deve ser uma das cidades mais antigas do interior paulista. Sem encher a todos com dados históricos (que também não tenho) é o tipo do lugar que, se vc perguntar para seu avô ou para o Seu Nicanor da avícola, com absoluta certeza eles já estiveram lá.
A grande vantagem é que como quase todo mundo já foi um dia, quando criança para Águas de Lindóia, acabou se acostumando à cidade, fazendo amizades e hoje, em plena época da Internet, a cidade fica atulhada de jovens em suas praças.
Resultado, a economia se movimenta, o comércio cresce, as atividades sociais e esportivas entram na programação da cidade e a vida continua - ao contrário de muitas cidades que parecem ter simplesmente parado no tempo.

Daí chegamos todos em Águas de Lindóia. Feriadão em família, conversar com as crianças sobre o dia-a-dia, programar algumas atividades com a esposa, conhecer gente nova, descansar o corpo, renovar o espírito, recarregar as baterias. E tudo corre exatamente assim exatamente.... exatamente, ao contrário.

Estaciona o carro em frente ao hotel.
- Pai?
- Oi filha?
- Posso ir com os monitores?
- Claro, enquanto a gente faz o check-in pode ir conhecendo os monitores. Deixa o celular ligado que...
- Asderbaldo?
- Sim amor?
- Você está falando com o banco traseiro do carro. Sua filha já desceu há uns cinco minutos.

Daquela hora, que deveria ser algo em torno de 3 da tarde. Revejo minha filha quando ela entra no quarto, 1 e meia da manhã, vai pro banheiro, coloca o pijama, desmaia na cama. No dia seguinte, acordo com o barulho do chuveiro: é ela tomando banho, já sai do banheiro arrumada, manda um beijo que deve ter acertado a corrente do lustre e a rotina se repete.

Já com o filho, menor, a coisa é completamente diferente. Ele não passa das 10 da noite para ser entregue no quarto pelos monitores (à exceção do sábado, que teve show de marionetes e depois um tipo de caça ao tesouro que o fez chegar as 11 e meia). Ah, muda também a parte da manhã, ele pula na cama assim que a irmã sai do quarto, aos berros, pedindo para colocar rapidinho o shorts, o tênis e descer para ir com os monitores.

Mas sobra a linda, adorada e carinhosa esposa. Companheira fiel dos momentos em que o casal está pronto a conversar, renovar os votos de amor eterno e..
- Asderbaldo.
- Sim, querida.
- Deixa essa cara de besta por causa daquela bruaquinha que tá de biquíni do outro lado da piscina. Ela podia ser sua filha, Asderbaldo.
- Que menina? Onde?
- Ah, agora se fez de besta.
- Querida, eu juro, estava olhando ao léo, a esmo, liberando a mente para poder conversar com você...
- Que conversar o que, Asderbaldo, faz o seguinte me deixa quieta que vou tomar sol agora. Preciso aproveitar que as crianças ainda não estão aqui..,.
- Aqui? Elas só voltam a noite pro quarto!
- Elas estão se relacionamento com gente da idade delas. Você queria o que? Que ficassem aí vendo o pai ficar babando a filha dos outros?
- Que babando? Pirou?
- Ah, chega Asderbaldo...

E vira de costas na espreguiçadeira.

Bem... nos sobra... melhor, me sobra o bar. Sempre, nesses hotéis, tem um bar com outros homens que além de ficar um olhando a filha do outro de biquíni, conversam sobre assuntos interessantíssimos, pode até sair um negócio, vai saber...

- Olá, por favor, amigo... me vê uma cerv... oi, garçom... por favor... uma cer
- Um minuto, ok?
- Claro. Olá, tudo bem, sou Asderbaldo, estou com minha família e.,,....
- Olá, com licença, vou levar a caipirinha para minha sogra.

Coitado. Além de tudo, ainda tem que agüentar a sogra. Eu, pelo menos, não dá para conversar com minha filha, nem com meu filho, minha mulher só quer ficar tomando sol, o garçom me ignora, mas não tenho que agüentar o raio da..

- Asderbaldo, seu inútil, sabia que ia te encontrar no bar. Você não presta pra nada mesmo, fica aí enchendo a cara.
- Dona Adélia? O que é que a senhor tá fazendo aqui?
- Ora, liguei para sua casa, vocês não atenderam, daí liguei para o celular da minha filha e ela disse que vocês estavam aqui em Lindóia..
- Águas, Águas de Lindóia.
- É tudo a mesma coisa. Quando eu vinha aqui com o Gaspar, era só Lindóia.
- Não, Dna Adélia, o seu Gaspar, pelo que me lembro gostava de ficar em Serra Negra e vocês vinham até aqui para fazer compras...
- E o que é que um inútil, bêbado como você sabe do meu falecido Gaspar; que Deus o tenha... Ô Gaspar, veja o que nossa filha arrumou...

Bem, enquanto fico invejando o Seu Gaspar, que na verdade acabou pedindo demissão do cargo de esposo da véia (tenho certeza que foi isso, só pode ser), acabo meu feriado levando caipirinha de pinga, amendoim e toalhas para a Dna Adélia e a Tia Rosina, que veio junto para não deixar a meger... sogrinha, viajar sozinha.

Ah, apenas para não esquecer: de Águas de Lindóia à São Paulo é algo em torno de 1 hora e meia, 2 no máximo. Mas, obviamente, no retorno do feriadão, levamos algo em torno de 5 horas, eu, benzinho, filha, filho, Dna Adélia e Tia Rosina que, como foram de ônibus, tive que ser gentil e trazê-las de volta.

- A pista do lado tá andando mais, Asderbaldo.
- Asderbaldo, você está acima do limite de velocidade.
- Ô paiê, a Tia Rosina soltou um pum...
- Fica mais longe do carro da frente, Asderbaldo, pra que grudar tanto?
- Querido, tem certeza que não esqueceu nada no armário do quarto?
- Asderbaldo, olha ali, para no Rancho da Pamonha.
- Seu inútil, você passou a entrada do Rancho da Pamonha
- Mas, Dna Adélia, a senhora falou muito em cima, não dava pra simplesmente brecar.
- Paiê... a Tia Rosina soltou um pum...
- É sempre assim, basta eu pedir alguma coisa que vc nega. Que foi que eu fiz pra ele, minha filha?
- Querido, não dá para pegar um retorno?
- Retorno, mas a gente vai perder pelo menos mais uma hora..
- Paiê... a Tia Rosina soltou um pum...

quinta-feira, abril 13, 2006

Páscoa... uma rezadinha não custa

Algumas coisas me ensinaram que não devem ser discutidas, acabam sempre em briga.
Futebol, política, mulher, culinária e religião encabeçam a lista - ou seja, tudo o que é gostoso de discutir, dá briga, debate, opõe opiniões e faz valer o sentido maior do termo discussão, não dá para discutir... que sem graça.
Mas, aproveitando que temos uns dias em que a ordem é encher a pança de bacalhau, ovo de chocolate, tudo regada a um bom vinho, o importante é acreditar - nem que seja acreditar que estaremos todos aqui na segunda-feira, para recomeçar.
Boa Páscoa a todos e fiquem com algumas orações, umas oficiais, outras criadas, mas que servem para alguma reflexão.


Acredita - do Ministro da Escritura Diária de Vossos Computadores, Irmão Sérgio Lapastina

Senhor, permita que eu acredita em minhas mãos
Que elas sejam instrumentos de construção, nunca de destruição
Pai, permita que eu acredite em meus olhos
Que eles sejam a luz do caminho da verdade, nunca da falsidade
Amigo, permita que eu acredite em minha voz
Que ela seja a inspiração do progresso, nunca da desistência

Senhor, permita que seja possível acreditar no presente,
E com este, construir o futuro
Pai, permita que seja possível acreditar no futuro
E com este, moldar uma nova vida
Amigo, permita que seja possível acreditar na vida
E com esta, viver o dia do presente

Senhor, permita que eu tenha força, decisão e sabedoria
Pai, permita que eu tenha carinho, amparo e amizade
Amigo, permita que eu tenha luz, paz e vida

E que eu acredite que seja instrumento de tudo isso para o resto dos homens.

Ele - do Pároco da Igreja Primeira do Crédito Voluntário ao Futuro Incerto, Monsenhor Carlos Manfredini

Mestre amigo que está sempre comigo
Mestre amado nem sempre é seguido
Mestre dos sábios, tão incompreendido.

Dessas suas mãos emana só o bem
Desses seus olhos que vêem mais além
Dessa sua aura que sempre envolve alguém
Desse seu ser donde o amor provém.

Recebemos força e ajuda para a lida
Recebemos o amparo que nos dá guarida
Recebemos a fonte o caminho a vida
Recebemos a calma na hora da partida.

Mesmo sendo tão fracos desvalidos
Mesmo sabendo estar comprometidos
Mesmo sentindo-nos pequenos e perdidos.

A tua voz na mente escutamos
A tua luz é o que almejamos
A tua paz é o que nós buscamos.

Amigo e mestre sabedoria e amor
Cuida de nos se enfrentamos dor
Suporta-nos na luta e durante a prova.

Pedimos mais meigo Nazareno
Que ante o mal jamais nos entreguemos
Que pelo erro não sucumbamos mais
Jesus Divino acolhe-nos na paz.


Pedimos-Te - de São Francisco de Assis

Grande Artífice da verdade!...
aqui estamos nesta casa do teu coração, como sermos penitentes em busca da perfeição, e queremos encontrar os meios, que nos fogem da razão.
Pedimos - Te a paz, Senhor, mas que ela não nos venha com a feição da preguiça.
Pedimos - Te a luz, mas não permitas, Senhor, que ela nos leve a cruzar os braços nos confortos das claridades.
Pedimos - Te, Senhor, a que nos ajude a perdoar, sem nos afastar daqueles que, por vezes, nos ofenderam.
Pedimos - Te, Grande Força do Universo, Amor, mas muito amor, sem que ele exija algo de alguém.
Pedimos - Te, Senhor, que nos de o pão de cada dia, sem que este pão nos leve ao egoísmo, e que possamos reparti-lo com os que tem fome.
Pedimos - Te, Senhor, consolação, porém, que nos ajudes também a consolar os tristes e os desesperados, todos os dias.
Pedimos - Te, meu Deus, Deus nosso, que a saúde se instale em nós, mas que não nos esqueçamos de ajudar os enfermos.
Pedimos - Te, Senhor, o teto, mas, ajuda-nos a abrir as nossas portas aos desabrigados.
Pedimos - Te a Tua companhia permanente, todavia, ajuda-nos a acompanhar os deserdados, os órfãos, os atormentados, os viciados, os criminosos, os famintos da Tua Luz, porque sabemos que, sem este convívio, de nada nos valer pedir-Te o que almejamos.
Jesus, abençoa a nossa razão e clareia o nossos sentimentos, no afã de sentirmos a luz da Verdade e multiplicá-la pela presença dos nossos exemplos.
Maria Santíssima, seja a nossa luz para que o Amor brilhe dentro de nós como o Sol da vida.
Abençoa nós todos, os nossos familiares, a humanidade inteira, os pássaros, os peixes, os animais e a Terra em que vivemos.

SENHOR - de São Francisco de Assis
Senhor dos Céus e da Terra! Abençoai nosso ideal, aqui e além,
dai-nos o poder de entender a Vossa bondade, para que seja cumprido a lei.
Dispensai o nosso ódio, para que haja alegria.
Dispensai o medo, para que surja a coragem.
Dispensai a inércia, para que nasça o trabalho.
Consenti, Senhor, que o Vosso nome não fique em vão nos nossos caminhos, nas nossas atitudes e no nosso amor para Convosco, para com o próximo.
Ajudai-nos a aumentar a nossa fé, para que possamos doar esperanças,
fazei-nos que nossa caridade de avolume, para que possamos doar paz,
ajudai-nos a multiplicar a nossa fraternidade, para que possamos doar amor.
E que, ao sairmos daqui, sejamos interligados pela luz, onde brilham as estrelas, ainda que distantes umas das outras.
Que se faça a Vossa vontade e não a nossa!

BENDITA SEJA - de São Francisco de Assis
Benditas sejam as dificuldades que nos agridem e fazem pensar.
Benditas sejam as horas que gastamos em função do bem eterno.
Bendito seja quem nos maltrata à primeira vista e nos ajuda a melhorar.
Bendito seja quem não nos conhece e não acredita em nós.
Bendito seja quem nos compara com vagabundos e indolentes.
Bendito seja quem nos expulsa, como párias ou fanáticos.
Bendito seja a mão que nos nega o cumprimento.
Bendito seja quem quer nos esquecer, impaciente.
Bendito seja quem nos nega o pão de cada dia.
Bendito seja quem nos ataca por ignorância e covardia.
Bendito seja quem nos experimenta no correr do tempo.
Bendito seja quem nos faz chorar nos caminhos.
Bendito seja quem não agrada no momento.
Bendito seja quem exige de nós a perfeição.
Benditos sejam os que nos maltratam o coração porque, verdadeiramente, são estes, meus filhos, os nosso vigilantes e os que nos ajudam a seguir o Cristo com maior segurança, pois Deus, através deles, nos ajuda na auto educação, de maneira que fiquem abertas todas as portas para o Amor Universal.

terça-feira, abril 11, 2006

Torradeira Meteorológica

Da série: como foi que pude viver até hoje sem saber que isso existia?
Deu no essencial Blue Bus que existe uma torradeira... pausa


Acreditem se quiser, ainda existem torradeiras. Sim, exatamente aquele aparelhos que, ao
terem introduzido em suas cavidades (normalmente duas) fatias de pão (de forma,
principalmente, mas pode ser francês ou qualquer outro), aquece-as de tal forma que as
deixa com textura enrijecida, propícia ao recebimento de manteigas ou outras substâncias
de gosto apurado, queijos e outros artifícios derretíveis, de forma a obrigarem ao
expressamento (sic) de um "hummmmmm" quando degustadas.Agora que acabei com todo o prazer de se comer uma torrada, retomo a crônica.

Aliás, vocês concordam que absolutamente tudo na vida que recebe uma explicação técnica
perde totalmente a graça? Incrível né... mas deixa eu retomar a crônica ou fico aqui até
amanhã... fim da pausa

... existe uma torradeira, como dizia, que solta as torradas (ah vá, Lapastina, jura por Deus?
... sem graça!) com a previsão do tempo.Isso mesmo, senhoras e senhoras. Basta colocar as fatias de pão de forma (aí tem que ser essa variedade, outra não dá certo) que a torrada sai com a imagaem de uma nuvem com gotinhas se for chover, um solzinho se o tempo ficar claro e quente, ou seja, é o terror dos
meteorologistas - dizem, inclusive que olhar a torrada dá mais certo que muito boletim que
anda por aí nos jornais.

Meteorologia é uma ciência complicada, como toda ciência que depende de qualquer tipo de
previsão. Você pode ter o mais avançado computador, com a mais avançada tecnologia que,
não adianta, previsão é coisa feita para não dar certo. Se der é sorte, pura sorte.

Daí, com a torradeira, dá até para ver a cena. Logo de manhã, família sentana na mesa do
café da manhã, coisa bem estereotipada, pai lendo jornal, mãe esperando a torrada sair da
torradeira (não.... pensei que era do freezer...), filho, filha, cachorro e, lá fora, sol de rachar.

- Ô filhão, não esquece o casaco que, apesar do sol, aqui no jornal tá dizendo que vai dar
uma esfriadinha e chover logo depois do almoço.

- Tá louco, Aderbaldo, hoje vai fazer sol o dia todo, deixa o menino com a bermuda mesmo.
- Como é que você sabe que vai fazer sol, ô entendida, eu tô com o jornal aqui e tá dizendo
que vai esfriar e chover?

- Aderbado, acabou de sair a torrada e ela tem um solzinho, um solzinho, entendeu? E sol, é
sol, não é chuva.

- Cumé que é? Você quer dizer que a tua torrada entende mais do tempo que o meu jornal?
- Não é a torrada cabeção, é a torradeira. A torrada é simplesmente a expressão do
conhecimento da torradeira...

- Conhecimento da torradeira? Pirou de vez...
- Olha aqui Aderbaldo, você pode parar de implicar com tudo que eu compro...
- Compra com o meu dinheiro né?
- .. que eu compro para o nosso bem, Aderbaldo. Essa torradeira não errou nenhuma
previsão até hoje.

- Mas....mas... você comprou essa joça anteontem e ela só deu torrada com essa
queimadura que você insiste em dizer que é um sol..

- E daí, ela errou por acaso? Comprei anteontem e ela disse que ia fazer sol naquele dia.
Você mesmo, seu ingrato, chegou em casa suando em bicas dizendo que não estava
aguentando o calor. Ontem, de novo ela imprimiu...

- Imprimiu? Agora virou uma laser, uma jato de tinta?
- Não fica tirando sarro. O que você não quer admitir é que ontem ela imprimiu um solzinho
e o que aconteceu? De novo o sr. Aderbaldo chegou em casa que mais parecia um gambá
pingante.

- Não estou dizendo isso. Disse apenas que o jornal de hoje, o jornal entendeu, disse que
vai chover e que devido ao calorão que já tá fazendo logo cedo é bem provável que acontece
isso... mais nada.

- Mais nada? O que você está fazendo é duvidar da tecnologia de ponta da minha torradeira.
Seu ingrato.

- Tecnologia de ponta dessa caixa de sapato?
- Olha, já tá ofendendo..

- Tininha?
- Fala mano?
- Já comeu?
- Já.
- Então vem, vamos para a escola de bicicleta que isso aí num termina hoje.

Ah, na verdade, a tal torradeira parece ter um cabo que, ligado à Internet, recebe
informações de uma central meteorológica que altera o comando da queimação do pão. Ou
seja, parece que - ao contrário do que a turba armada que já se prosta à frente da redação
deste cronista imagina - não há magia negra envolvida. A confirmar.

- Você é um incrédulo Aderbaldo..
- Mas você tá querendo que eu acredite mais numa torradeira que no jornal...
- Meu mundo acabou.....
- Cabe você na torradeira?

segunda-feira, abril 10, 2006

A maior dúvida da Copa do Mundo

Para quem acha que a Copa do Mundo ainda não começou, sinto dizer que, independente das eliminatórias, ela já está gerando uma série de dúvidas na população.Me lembro de copas antigas quando, ainda criança, pegava várias tabelinhas e ia fazendo suposições.... que nada, verdadeiros estudos probabilísticos e estatísticos de cada seleção, cada jogo, cada chave, se esse vencer esse jogo com a aquele empatando aquele... enfim, era uma verdadeira aula de futurologia aplicada. Ah, claro, mas invariavelmente completamente inútil pois sempre tinha uma seleção zebra que insistia em passar para a segunda fase, eliminando uma das favoritas ao títudo e, claro, essa mesma seleção que encantou o mundo na primeira fase - me fazendo colocar todas as fichas na sua vitório no jogo, razoavelmente fácil, contra uma equipe mediana da Ásia - parecia que nunca tinha visto uma bola antes na vida e levava uma lavada histórica.Em suma, eu nunca acertei nada... ainda bem que virei jornalista e não matemático.Mas a questão aqui é outra: lembro que as copas do passado, quando a gente quer rever basta ir até qualquer banca de jornal e comprar o DVD - principalmente nessa época, os lançamento são vários e para todos os gostos.O problema é que, em uma época de total interatividade e acessibilidade, fica a pergunta: como é que você vai gravar a Copa do Mundo: em fita ou em DVD?O vídeo-cassete é praticamente uma coisa morta. Diversas empresas já anunciaram que pararam de fabricar o aparelho e já não é tão fácil assim encontrar as fitas. Em compensação, aparelho de DVD que grava ainda está muito caro para uso doméstico e a própria mídia, o disco de DVD-R igualmente muito dispendioso - o regravável então, indicado para aquele Zâmbia X Biolorússia que vai terminar 0 a 0, em um jogo duro, muito duro, duríssimo de assistir, esse disco (DVD-RW) ainda é proibitivo e não indicado para tal fim.Tudo bem que se o Brasil também perder logo de cara, os disquinhos vão ser ótimos porta-copos, mas nem vamos pensar nessa hipótese.... não por enquanto...Enfim, em um século de mídias digitais, de brasileiro no espaço, de realidade virtual, de avanços nunca antes imaginados pela ciência ou pela magia, o ser humano não sabe se como é que vai gravar os jogos da copa do mundo. Pergunto-me se haverá esperança para a humanidade após essa questão...Creio que na próxima copa..,peraí, 2006... mais quatro.. é 7,8,...9..ah, em 2010, essa terrível dúvida seja completamente dirimida e tenhamos todos a mídia definitiva para gravações de excelente qualidade em todas as nossas residências. Muito bom, pq se inventarem uma copa do outro lado do mundo os jogos vão ser em plena madrugada e eu, por mais que goste de futebol, me recuso a levantar as três e meia da manhã de uma quarta-feira para ver Brasil x Cazaquistão ou Uruguai x Sérvia e Montenegro ou Burundi x Porto Rico.,... credo, essa foi caprichada.Mas também, para quem não quiser ter a dúvida, não quiser sair limpando cabeçote de vídeo-cassete ou comprando DVD-RW, basta esperar novembro ou dezembro que com absoluta certeza em todas as bancas de jornal haverá o DVC "O Melhor da Copa 2006", com todos os lances, gols, comentários, câmeras exclusivas, entrevistas e os bastidores dos jogos... tudo aquilo que vc queria ver durante o jogo, mas as emissoras guardaram para a edição em DVD - que é paga, né....Isso se o Brasil não for campeão, pq se for, essa mesma edição - ampliada - já estará disponível em setembro, sem dúvida.