segunda-feira, julho 31, 2006

Vida de apresentador

Todo profissional que organiza ou participa de um debate, realiza uma apresentação ou uma palestra aguarda com sofreguidão um momento em especial: a hora das perguntas.
Na verdade tem tudo para ser a melhor parte de todo o evento. Depois que você se descabelou para preparar a apresentação, se degladiou com a área técnica do local da apresentação pela versão do programa, pela forma de leitura do cd ou do pen drive, pq na máquina do auditório não tinha instalada a fonte (o tipo de letra) que você utilizou - e olha que vc fez tudo na mais comum que existe, que se horrorizou ao ver toda sua apresentação destruída pela forma que o projetor projetava - o amarelo virou algo entre o verde abacate e o marrom desistiria, o azul lembrava vagamente o lilás avermelhado... bem, depois de tudo isso "brilhantemente superado pela sua performance na apresentação", o mediador finalmente abre para as perguntas.
Todo mundo que faz apresentação tem alguma técnica para ver se agradou ou não - um amigo, uma vez, me disse para escolher um âncora na audiência, alguém que notoriamente você esteja agradando e sempre que possível voltar a apresentação para essa pessoa. Na impossibilidade de levar a mãe a todas, a gente acaba escolhendo um pobre coitado qualquer - vira e mexe dá certo.
Quando o evento é daqueles que as perguntas são enviadas antecipadamente, por escrito e lidas pelo mediados, você acaba ficando mais preso. Na verdade, ao não saber quem escreveu, você acaba respondendo de forma geral. Dificilmente o questionante fala alguma coisa.
Mas sempre tem aquele evento em que as pergunta serão feitas ao final, com a equipe de apoio levando o microfone até o questionador. É nessas horas que a porca torce o rabo.
Primeira alternativa: você tem muita sorte e alguém que gostou do que você falou pede a palavra e solicita alguma complementação sobre um ponto qualquer da apresentação. É o melhor dos mundos, afinal de contas te levantam a bola e você tem tudo para marcar mais um gol, a platéia - um grupo magnífico de primeiro nível, só tem a ganhar.
Segunda alternativa: você tem alguma sorte e quem pede a palavra questiona um ponto qualquer da apresentação, com uma pergunta inteligente, uma situação lógica. É igualmente muito bom, você até elogia a pergunta, coloca mais alguma coisa mas deixa claro que cada situação é única e que, para aquela platéia -- um grupo seleto de profissionais da área, não existem fórmulas mágicas e prontas para nada.
Terceira alternativa: você consegue se esquivar, pois quem pede a palavra faz uma colocação específica sobre um ponto específico de sua apresentação. Tendo em vista que a situação é específica, você solta para a platéia - provavelmente todos mandados para ver a apresentação, pagos pela empresa - a velha desculpa de que não vivenciou os detalhes que levaram à consolidação da situação e não pode traçar com precisão um parecer, mas de forma geral.... e daí enrola.
Quarta alternativa: você é encostado na parede pela pessoa que pediu para criticar especificamente um detalhe de sua apresentação. É nessas horas que o resto da platéia - na verdade um bando de abutres loucos para se fartar em seu cadáver - olha para você, na esperança de ver um bate boca. Você diz que respeita a posição do nobre ouvinte, mas que não gostaria de ali, entrar em polêmicas, que o fato poderia ser resolvido a posteriori, por outros canais.
Quinta alternativa: ninguém faz pergunta. É o pior dos mundos. Você até tenta pensar que agradou tanto que esgotou o assunto, mas não tem como... a platéia - aquele bando de ignorantes abestalhados - na verdade não sabem o que te perguntar: foi um fiasco.
Sexta alternativa: depois de intermináveis trinta segundos - que mais parecem trinta horas, alguém levanta a mão: você foi salvo. Ledo engano. O cara começa sua "pergunta" com a frase: na verdade não é uma pergunta, mas uma colocação..... Dançou. O infeliz percebeu que ninguém ia perguntar nada e aproveitou o espaço aberto (na verdade, microfone aberto) para contar como foi sua vida, para te avacalhar inteiro - e você, não perguntado, não tem como responder.
é... vida de palestrante não é fácil....

sexta-feira, julho 28, 2006

Um pedido do Ozias


Não costumo atender a pedidos de crônicas - puro medo de não corresponder às expectativas do solicitante. Mas hoje vou ser obrigado a atender ao pedido de um grande amigo... nem tanto pelo tema da crônica, mas pelo amigo.

N'outro dia, saindo aqui do serviço, o Ozias me chamou e perguntou se não iria escrever alguma coisa sobre a perda de Raul Cortez e de Gianfrancesco Guarnieri - dois dos mais completos profissionais em suas áreas.
Na verdade, na semana em que todos ficamos culturalmente mais pobres com a ida deles, estava redigindo a odisséia do sofá (que é 15% de verdade... ou menos) e até pensei em fazer uma pausa na saga para uma merecida homenagem aos dois.
Sem dúvida, Raul Cortez era um dos maiores atores que tínhamos. Integrante de um seletíssimo grupo de artistas que conseguem interpretar com o mesmo brilhantismo toda a sorte de papéis. De reis a mendigos, de palhaços a aristocratas, de gente comum a loucos de pedra... Raul tirava de letra. O Brasil pode até ter atualmente uma safra de novos nomes, garotos que prometem e tem capacidade para brilhar nos palcos e na tela... mas um novo Cortez... acho que vai ser difícil encontrar - espero estar errado.
Já Guarnieri era diferente. Não era ator, não era escritor, não era produtor, não era diretor, não era nada disso. O italiano era tudo isso, um pouco de cada coisa e esse pouco o fazia completo e muito, muito bom em tudo isso. Era uma delícia ver Guarnieri atuando - principalmente se a comédia era muito engraçada ou se o drama exigia mais envolvimento emocional; era uma delícia ler Guarnieri ou saber que ele estava por detrás de alguma produção. Guarnieri engrandecia e o sangue italiano que corria em suas veias, sem sobra de dúvidas engrandeceu a arte e o prazer de ter as raízes na terra d'amore.

Mas, na verdade, quando o Ozias me cobrou o texto, o que me veio à mente foi fazer um texto tão somente pq o Ozias merece ter esse e qualquer outro pedido atendido.
Sabe quando um cara é chamado de pau-pra-toda-obra? Pois é, esse é o Ozias.
Sabe quando alguém com quem é sempre bom estar perto, pois sempre tem um sorriso no rosto, um toque amigo, um abraço sincero e um brilho no olhar? Pois é, esse é o Ozias.
Sabe alguém que move mundos e fundos para atender a um pedido teu e quando não dá, parece que quem ficou sem a coisa foi ele? Pois é, é o Ozias.
Sabe alguém que parece nunca trazer problemas e nunca levar problemas, pois se os problemas existem, existe também uma solução e vamos encontrá-la, juntos e comemorar depois de tudo resolvido? Pois é, esse é o Ozias.
Não sei quantos Ozias existem nesse mundo afora, sei que fico contente em conhecer esse Ozias e poder, mesmo que seja dessa pequena forma, fazer por ele e para ele, um pouco do muito que ele faz por todos.

Veja se, do seu lado, também não tem um Ozias e atente para que, em algum momento, qualquer momento, você tenha a oportunidade de atender um pedido dele. Vai ver como vale a pena.

quinta-feira, julho 27, 2006

Novas mídias


Em termos de mídia já vi de tudo.

Há muito tempo aprendi a não dizer essa frase, pois cada vez que alguém tenta... invariavelmente, se dá mal. Muito mal.

Será que alguém já imaginou usar comida para fazer propaganda?
Com certeza já. Com absoluta certeza.
Mas, será que todos os tipos de comida?

Pois bem, um que eu ainda não havia visto, acabei de ver.
A rede de televisão norte-americana CBS encontrou uma inusitada e criativa forma de divulgar as novas temporadas de alguns de seus seriados: ovos.
Isso mesmo, ovos de galinha.
Algum gênio da comunicação (ou provavelmente a copeira da emissora - o que dá exatamente no mesmo... talvez com alguma vantagem para as copeiras) viu que, a fim de cumprir uma legislação, alguém tinha que imprimir nos ovos a data de validade daquele produto (felizmente só ia a informação "consumir até x/x", já imaginou se tivessem que colocar toda a composição, procedência... coitada da galinha.. ia ter que botar um ovo do tamanho de uma melancia).
Pois bem, o tal gênio imaginou que se alguém imprimia aquilo no ovo, também poderia ser impresso mais alguma coisa (desde que, obviamente respeitadas as dimensões do objeto em questão).
Daí foi fácil. Bastou procurar a empresa que fazia o serviço, fechar a parceria e colocar em 35 milhões de ovos, o anúncio das novas temporadas dos seriados.
Simplesmente fantástico... simples, direto e nos dá a única oportunidade de quebrar a propaganda na parede (coisa que temos vontade de fazer com muitos dos comerciais, outdoors, jingles, anúncios e outros que nos irritam, mas que se destruirmos o meio pelo qual são veiculados, o prejuízo será muito grande).
Além do que, o fato acaba de redefinir o que se antigamente chamava de "propaganda podre".
Agora também poderemos estampar fotos da sogra... fotos do aniversariante e dar-lhe ovadas personalizadas... recados para a ex-mulher (toma, estou devolvendo tuas fotos...)....

terça-feira, julho 25, 2006

É preciso dar mais atenção aos recados

Olá Steven
Será que tenho sua atenção agora?
Eu sei sobre ela, seu sujo, imoral, infiel e mal dotado.
Tudo está gravado.
De sua (logo ex) esposa, Emily.

p.s. Eu paguei este cartaz com os fundos de NOSSA conta corrente


O texto acima foi transcrito (traduzido, claro) de um out-door colado em Nova Iorque.
Não se sabe se é uma peça publicitária (os famosos teasers, que jogam uma mensagem apenas para chamar a atenção para uma campanha que será iniciada em seguida - quando bem feita é um sucesso, quando não, uma tragédia) ou realmente a mensagem da pobre Emily ao seu (futuro ex) marido, o Steven.
Apesar de tudo levar a crer que seja uma peça publicitária, vale uma rápida pensata: será que você está dando a atenção necessária a quem quer te falar alguma coisa?
Pelo que se deduz da mensagem da Emily, além de completamente descuidado, pois permitiu que toda a "pulada de cerca" fosse filmada, o tal Steven é "fragilizado sexualmente devido à parca extensão de seu órgão" e, acima de tudo, completamente desligado.
Pô, se a mulher teve que limpar a conta corrente para colar um out-door para chamar a atenção...
Se dizem que nos menores frascos estão os melhores perfumes, talvez nos menores atos estejam as maiores mensagens.
Contudo, diferentemente dos melhores perfumes que - até onde sei - não são vendidos em galões ou garrafões, os atos para se chamar a atenção podem ser gigantescos, efetivamente chamativos.... do tamanho e do custo de um out-door.
Pior é que se pensarmos que uma mensagem nessa mídia fica 15 dias estampada, por uma quinzena o tal Steven terá que conviver com sua pequenez (seja do referido órgão, seja moral) publicada.
Desta forma, caros leitores, algumas dicas: não pulem a cerca, se forem pular não se deixem gravar, se forem pular não deixem dinheiro em suas contas para pagar grandes despesas ou, o que é a melhor das dicas, sempre dêem atenção às suas esposas, companheiras, parceiras... às mulheres em geral.
Se o Steven tivesse prestado mais atenção à Emily, além de ainda ter dinheiro, moral e um mínimo de dignidade, poderia até ainda ter uma companheira - coisa com a qual, nós homens, simplesmente não sabemos viver sem - sem o resto a gente até se vira, mas sem uma mulher que amamos e que nos ame... não somos ninguém.

segunda-feira, julho 24, 2006

A odisséia do sofá - 6

Sei que todos pensaram que eu iria acabar essa novela na semana passada - eu pensei, mas sabe como é a criatividade... quando o fato fala mais alto...
Bem, mas hoje termino... talvez.

Sei é que o sofá acabou subindo. O jogo todo. Um de cada vez. As poltronas pelas escadas e os maiores pelas escadas. Todos, felizmente passaram intactos por toda a experiência e foram colocados na minha sala.
Já não dá para dizer o mesmo da sala. Mas, vejamos pelo lado bom da coisa, aquele vaso eu já não ia mais mesmo com a cara dele, no canto da parede (ou sendo mais sincero, nos cantos das paredes) nada que uma massa corrida não resolve e o pé da mesa de jantar qualquer carpinteiro recoloca.
Mas tudo isso não importa. Importa é que lá estavam eles. Lindos. Novinhos, brilhantes e confortáveis, prontos para receber meu corpo estirado sobre seus ....
- Dá pra levantar Asderbaldo!
- Que?
- Querido, o sofá novinho e você se deita? Quer, por favor, ser mais cuidadoso?
- Desculpa... é que... tudo bem, vai.
- Ai amor, não é lindo?
- Realmente. Olha que demorou, mas valeu a pena. A sala ficou um show.

Tanto show que minha amada esposa não esperou e convidou a minha sogra e suas irmãs para ver. Tudo bem, era noite de festa. A reforma estava oficialmente acabada e eu podia aproveitar o retorno de meu lar.
Tudo o que eu queria era tomar um banho, um refrescante banho para lavara até a alma e começar uma nova vida.
Não lembro bem qual foi a música que cantei no banheiro. Muito provavelmente alguma italiana, sei lá, não importa. Importa que estava tudo em ordem.
Estava.

Foi simples sair do banho, colocar uma roupa confortável e ir para a sala aproveitar meu jogo novo de sof.............
- É... boa noite... turma.

Minha sala parecia um estádio de futebol em dia de final de campeonato. Juro que tinha parente que eu não conhecia e minha mulher jura até hoje que é do meu lado da família - para mim era bicão, mas.......
Sei que tive que ir comprar pizzas e refrigerantes e passei a noite sentado em um dos banquinhos da cozinha da vizinha, gentilmente emprestados para a ocasião - claro que em troca de um convite para participar da apresentação do sofá à família: ela e seu marido que, convenientemente, estava recebendo um primo distante para o final de semana.

O final da saga, caros leitores, poderei contar n'outro dia; em um dia talvez que possa passar a todos o como é bom sentar no meu sofá novo, pq hoje somente posso afirmar, com total e absoluta certeza que o banquinho da cozinha da vizinha é duro como pedra.

sexta-feira, julho 21, 2006

A odisséia do sofá - 5


Sim, podem acreditar: teve um dia que os sofás chegaram.
A promessa da loja era de que, após a data do fechamento do pedido, de 30 a 40 dias, o produto estaria entregue. Dois meses e meio depois, a moça da central de atendimento ficou muito nervosa comigo pela cobrança.
- Senhor, 40 dias é o prazo para compras de produtos da linha "standard". O seu pedido é da linha "special" que tem prazo de 50 dias.
- Olha, eu não tenho a menor idéia do que você esteja falando. Sei que comprei um sofá e me disseram que iam entregar e até agora nada.
- O senhor não precisa ser agressivo, pois estamos aqui para lhe atender.
- Eu não estou sendo agressivo, minha filha e eu gostaria muito de ser realmente atendido.
- Pois não. Qual a sua queixa?
- Como?
- Qual a sua queixa, senhor?
- Minha filha, eu comprei um sofá e vocês não entregaram... eu te disse isso umas três vezes e você quer saber qual a minha queixa?
- Senhor, já lhe foi explicado que os produtos da linha "special" tem prazo de entrega de 50 dias e..
- Mas se passaram mais de dois meses... mais de 70 dias!
- Nesse caso o senhor tem que verificar diretamente na loja.
- E todo esse tempo que passei no telefone? Serviu pra que?
- Para que o senhor recebesse a orientação adequada à sua questão. Mais alguma dúvida, senhor?

Não sei se foi essa ligação ou alguma intervenção divina, mas cinco dias depois o interfone toca.
- Por favor, o senhor Astervaldo?
- Como?
- O senhor Astervaldo, por favor.
- É Asderbaldo. Quem é?
- Aqui é da portaria. Há uma entrega para o apartamento do senhor Asdergaldo.
- Quem está falando?
- Aqui é Lupércio, o porteiro.
- Onde está o Carmelo?
- O Carmelo está de férias. É o senhor Asdergaldo.
- Asderbaldo. Asderbaldo. As-der-bal-do
- Sim... é uma entrega para o senhor.
- O que é?
- Uma entrega de sofás.
- Nossa, milagre.
- Como senhor?
- Nada, deixa pra lá. Pode mandar subir.
- Não senhor, não posso.
- Como?
- Não é permitida entrega aos sábados, senhor.
- Ô Lucrécio...
- Lupércio, senhor.
- Que seja. Faz mais de dois meses que estou aguardando a entrega desse sofá e agora você me diz que não vai deixar subir.
- Não posso senhor.

Mais de duas horas depois, sob ameaças de encaminhar o dito Lupércio para a fila da reencarnação e metade do prédio na varanda olhando para o barraco que acontecia lá em baixo, promessas de que seriam lavradas multas e mais multas... o sofá acabou subindo.
Como metade dos espectadores aplaudia e a outra metade vaiava, até hoje não soube se agradei ou não.

conto o resto na semana.... que essa história ainda vai longe

A odisséia do sofá - 4


E chega o grande momento. Você finalmente escolheu a loja, o modelo, o tecido. Você vai fechar a compra do sofá.
Sei que a maioria dos leitores está emocionada com o fato, tenham absoluta certeza que muito mais fiquei eu ao preencher os cheques.
Após a verdadeira batalha campal que foi a decisão de todos os itens anteriores, depois que tudo estava certo, como por milagre, todos os envolvidos, menos eu e um homem que se identificou como gerente de plantão da loja, sumiram. Provavelmente algum buraco negro se abriu ou algum portal para outro universo, não sei. O que sei é que na hora que o vendedor ouviu a frase: ok, ficamos com esse... esse abriu um sorriso, fez um sinal para o tal gerente de plantão e sumiu.
Com ele, minha esposa e toda sua comitiva feminina. Tudo pq estava na hora de pagar o sofá. Finalmente havia descoberto o real motivo de minha presença no processo.

O tal gerente de plantão, com olhar de um buldogue insensivelmente raivoso...
Sim, minha senhora eu sei que raiva é uma sensação e que é humanamente impossível fazer cara de raiva de forma insensível. Tanto sei que a primeira coisa que fiz foi qualificar aquele ser como buldogue, obviamente sem nenhuma ofensa ao cão.
Sabe como é um olhar que, mesmo não transmitindo absolutamente nenhuma expressão te dá um calafrio na nuca? Uma boca reta, rigorosamente contrastante com o sorriso do vendedor. Pois é. era algo assim que estava na minha frente. A figura mais alegremente parecida que veio à minha memória foi o mordomo da Família Adams, o Tropeço.
Continuo.

O tal gerente, que apenas pelo gesto do vendedor sabia que mais um trouxa havia caído em sua lábia - no caso: eu - parece que estava acompanhando todo o processo por alguma câmera escondida. Ele sabia exatamente tudo o que eu tinha comprado (ah, eu ter comprado é pura força de expressão... que eu estava ali para pagar, expressa melhor meu ato). Sua voz, uma verdadeira lança de gelo, fez-se ouvir
- O senhor gostaria de parcelar o pagamento?

Na verdade eu gostaria de dar o fora dali o mais rapidamente possível. Nessa hora a gente sempre pensa que pode dar uma de esperto, que pode tirar uma vantagem: ledo engano. Tudo o que conseguimos é tirar mais uma folha do talão de cheques.
- Não sei. Se você fizer um bom desconto, posso até pensar em pagar à vista.

Crente que minha jogada tinha sido um golpe de mestre...
- O preço fornecido pelo vendedor, representa o custo do produto à vista. Nossa loja, em respeito ao cliente, oferece o parcelamento em três vezes sem juros. Acima dessa quantidade, se o senhor puder dispor de uma entrada, aceitamos o parcelamento em até 10 vezes.

O restante do discurso foi uma verdadeira aula de matemática financeira. Percentuais, cálculos exponenciais, tive a nítida impressão que ele até fez uma conta de raiz quadrada de cabeça, mas prefiro não afirmar com tanta ênfase... vai que ele tinha uma calculadora embutida no dente...

Sei que, ao final ele tinha me provado, com todas as letras, que o preço a vista em três vezes era mais caro que o preço a prazo em cinco vezes com juros.
Se bem que não sei o que foi pior: ele ter me provado ou eu ter acreditado...
Mas, ainda me restava uma carta na manga.
- Ok, entendi (mentira da grossa), mas gostaria de insistir. Se eu fizer o pagamento à vista, não seria possível me dar um desconto maior? Afinal de contas, você pode ver que nossa compra foi substancial e ainda temos outros produtos que podem entrar na lista e, conforme for, a gente pode voltar e... sabe, não é?

O gerente de plantão, sem expressar a mínima alteração em seu olhar ou respiração, fez uma pausa de alguns segundos. Tempo o suficiente para eu achar que tinha ganho o jogo e respondeu.
- Vejo que o senhor é um negociador.

Ah, há... tinha ganho o dia.
- Chego mesmo a acreditar que estaria disposto a emitir o pagamento à vista, se lhe fosse dado um desconto.

Quem é que mexe com o papai aqui? Quem?
- Contudo, a consulta realizada no banco em que o senhor mantém conta, demonstra a impossibilidade de que venha a arcar com esta quantia de forma imediata. Portanto, creio que o melhor seja fecharmos o pagamento em 5 parcelas, com a taxa de juros já explicitada.

..........
- Em nome de quem emitimos as notas promissórias?
- Asderbaldo.....
Ia emendar um seu criado, mas a voz embargou. Apenas tive forças para lhe dar os documentos necessários para o assassin... preenchimento das notas.

Notas preenchidas, cheques preenchidos, alma despedaçada, minha esposa volta - com a comitiva, devidamente acompanhada pelo risonho vendedor.

- Posso saber aonde a madame estava?
- Mamãe queria ver uns modelos de cortinas e...
- Custava ter ficado aqui e me ajudado a negociar o preço?
- Como te ajudar? Você sempre fala que eu sou mão aberta, que não sirvo para fazer compras, que todo mundo me engambela... ia fazer o que aqui? Deu algum problema?
- Não, problema nenhum. Podemos ir pra casa?
- Ai, Asderbaldo, como você está azedo!

Azedo.... eu não sabia o que era estar azedo... até o dia em que finalmente, entregaram o sofá.

quarta-feira, julho 19, 2006

A odisséia do sofá - 3


Lá pela quarta ou quinta loja dessa rua em que vocês entram - por favor, atentem ao detalhe de ser a quarta ou quinta loja dessa rua, pq nas oito anteriores foram algo em torno de doze ou treze lojas em cada, mas continuando...
Lá pela quarta ou quinta loja que entramos, percebi uma coisa interessante. Ou eu já conhecia todos os modelos de sofás que existiam na face da Terra ou estava andando em círculos e já tinha entrado naquela loja. Contudo, por mais que a dor nos meus pés denunciassem que a probabilidade de ter dado a volta no planeta era razoável, optei pela primeira escolha.
Verdade, chega uma hora que não adianta mais olhar, pesquisar, perguntar, vira tudo absolutamente igual. Parece que todas as lojas fizeram um pacto e dividiram três ou quatro modelos, duas ou três formas, uns dez tipos de tecido com sete ou oito cores diferentes para cada uma e pronto: o babaca do cliente acha que está vendo coisas diferentes, mas na verdade é tudo a mesma coisa.
- Asderbaldo, essa é a maior besteira que você já falou em sua vida. Como é que você pode achar que esse modelo de chenille tem qualquer relação com aquele de couro?
- Couro só se for do lombo de marmota. Aquilo não é couro nem aqui nem na China, é uma imitação e muito da barata.
- Você que não dá valor para a tecnologia. Lembra que o vendedor da outra loja nos explicou que este tecido é uma trama desenvolvida para ser exatamente como o couro? Sente o toque...
- Qual outra loja? Já entramos em tantas que nem mais sei do que é que estamos falando...
- Você está é de má vontade.
- Se estivesse de má vontade, tinha ficado na décima quinta loja...
- Exagerado... vem cá... sente o toque desse tecido.
- Posso só passar a mão ou tenho que sentir o toque?

Ah, outro detalhe importantíssimo, praticamente fundamental, sem o qual não haveria como dar continuidade ao programa de desenvolvimento de pesquisas científicas da humanidade. Sentir o toque é completamente diferente de passar a mão.
Passar a mão é um ato mais brusco, sem nenhuma sensibilidade. Sentir o toque é algo que envolve emoção, que deveria até mesmo ser feito sob meia luz, com trilha sonora instrumental, regado a um bom vinho, com perfume de gardênias...
- Asderbaldo, é pra sentir o toque, não para esbofetear o coitado do sofá. Assim ó.... acaricia o tecido... o que você sente?
- Uma dor nas canelas que tá ....

Ainda quando você sente o toque do tecido no sofá de exposição, é uma coisa já estranha, mas tudo bem. Pior é quando tem que sentir o toque no mostruário de tecidos e ter que imaginar como é que aquele quadrado de 30x30 cm vai ficar em um sofá inteiro.

Outra coisa que até hoje, mesmo depois da maratona, não consegui entender é se você deve ou não sentar no sofá que está na loja. Nas primeiras achava que tinha que sentar, tinha que sentir se o sofá era confortável. Para ser sincero, teve até vendedor que incentivou a sentada
Em outras lojas, bastava ameaçar sentar que o vendedor olhava com cara feia. Daí você fica naquela posição ridícula, meio joelho arqueado, traseiro meio empinado, tronco meio tombado, uma mão em um braço do sofá e a outra no ar, olhar de "que catso será que é pra fazer agora" e, ao final, ou acaba sentando mesmo e que se dane o que o vendedor está pensando (você não vai mesmo comprar mais nada naquela loja), ou inventa uma frase completamente estapafúrdia e arruma a postura (algo do tipo, hummm interessante a padronagem do piso desta loja) ou a tal de lei da gravidade fala mais alto e você vê que não vai agüentar o peso da barriga nos joelhos já cansados e tenta se reerguer, igualmente não conseguindo, pensa que é melhor acabar de sentar, mas já está fora da zona sentante do sofá e pega meia-bunda no cantinho do sofá e o restante da dita cuja em pleno ar, levando o restante do corpo ao chão. Seja como for, uma situação absurdamente desastrosa, até mesmo pq a mão que não estava apoiada no braço do sofá busca algo para segurar e a única coisa que acha é o braço do vendedor que, magricela, acaba indo parar no seu colo.

Ou seja, não dá para saber se senta ou não. O que não adianta nada, pq tanta gente já sentou naquele sofá que a espuma já está amaciada. Se você, inadvertidamente, decidir pela compra do mesmo, o que chega na sua casa vai ser um de espuma nova. Daí, vem a pergunta, cadê aquela maciez, aquele aconchego.... Calma, daqui há dois ou três anos, a espuma amacia....

terça-feira, julho 18, 2006

A odisséia do sofá - 2

E não adianta reclamar, a compra de um jogo de sofás é sim um verdadeiro processo.
Bem, não.....na verdade não é, pq se fosse um processo tal e qual está descrito em algum lugar que um processo deve ser teria começo, meio e fim. Para comprar sofá tem um começo turbulento, um meio, outro meio, mais um meio, meio, meio, meio, meio, meio......... e o fim que é bom nunca chega - nem quando chega o sofá.
O começo do processo deveria ser a decisão da necessidade da compra do sofá. Certo? Errado. Pois veja bem o seu e diga, com toda sinceridade: vc precisa de um novo sofá?
Aposto que 90% dos leitores disse que sim, o que é plenamente normal. Todo mundo precisa de um novo sofá. Seja pq realmente precisa ou pq precisa acalmar a esposa.
E, além disso, vamos ser sinceros: tem coisa mais gostosa do que aquele seu sofá velhinho, que já tem o formato do seu corpo nele de tanto que você fica deitado, que só você sabe aonde tem a mola solta e portanto deita de lado pra não machucar.... Meu amigo, sofá velho é uma das coisas mais feias e irritantes que existem. Camiseta velha é uma delícia. Panela velha é que faz comida boa. Jogo da velha é uma maravilha, mesmo quando vc perde. Mas, sofá velho... não tem como gostar.
Daí, quando finalmente te convencem que precisa colocar dinheiro em um sofá novo, começou o processo - que muito bem, nesse caso, poderia ser chamado de tortura que ia dar na mesma.
A primeira coisa que a mulher faz é querer ir a uma loja para "ver os modelos". Uma desculpa esfarrapada, completamente mentirosa e que tem a única intenção de te fazer ver uma nova mesa de cozinha que ela está querendo e está em dúvida se você vai gostar.
Mas... e o sofá? Olha, o sofá ela já escolheu muito antes de te avisar que você ia gastar a fortuna que vai gastar para trocar o dito cujo. Nunca se engane, está tudo já devidamente escolhido, planejado e, com quase absoluta certeza, com a participação decisiva da sua sogra, sua cunhada e sua irmã - que se bandeou pro lado dela faz tempo, caso você não tenha percebido ainda.
Na loja - depois que ela te mostrou a mesa da cozinha, o pichichê (não sabe o que é isso? procura no dicionário que eu tenho que escrever o resto da crônica e não tenho tempo para ficar explicando) e mais um monte de móveis - finalmente chega no sofá e ela logo diz que o sonho da vida dela é um modelo chaise-long.
A sua cara de abestalhado diz tudo. Na dúvida entre passar por ignorante para a vendedora da loja ou matar a cunhada, você tenta fazer um olhar pensativo e responde: Mas, amor, tem certeza que este modelo combina com nossa sala?
Aí meu caro, você acaba de dançar. O tal chaise-long é aquele sofá que tem um lado mais cumprido com a desculpa de você se deitar com mais qualidade. Na verdade serve total e simplesmente para incomodar e atrapalhar a passagem. Ah, e é muito, muito mais caro.
Mas como você já fez a pergunta imbecil, a vendedora acha que você tem dinheiro e começa a te empurrar os mais caros modelos que tem na loja. Daí, para desconvencer o raio da vendedora que você na verdade não tinha a menor idéia do que era aquela birosca e não quer um chaise nem long nem curt (sic), vai ser uma briga...
A questão do tamanho do sofá também é motivo para outro debate que não deixa nada a dever ao segundo turno da eleição para síndico do seu prédio: baixaria pura.
Você tem certeza absoluta que aquela lancha que sua esposa está olhando não cabe na sua sala.
- Você que não tem imaginação, Asderbaldo. Se a gente colocar um pouco de ladinho, assim ó... fica simplesmente bárbaro.
Bárbaro vai ser você ficar passando de ladinho toda vez que quiser chegar na janela da sua sala, pq o raio do sofá gigantesco está de ladinho.
- A poltrona pode ser colocada debaixo do abajur, o que você acha?
- Que abajur?
- Ah... não te contei que tive a idéia de colocar um abajur na sala?
- Aonde?
- Na mesinha do canto...
- Que mesinha de canto?
- Ah... não te contei que tive a idéia de colocar uma mesinha no canto que fica do lado da janela?
- Canto direito ou canto esquerdo?
- Ai, Asderbaldo, como você é detalhista....

e, não esqueçam... tudo isso pq você ainda está na primeira loja...

segunda-feira, julho 17, 2006

A odisséia do sofá - 1

Lembram daquela vez que pedi encarecidamente que tomassem uma boa dose de calmantes antes de se atreverem a ir comprar duchas e chuveiros? Pois bem, acreditem, mas achar um chuveiro decente pode até vir a ser uma experiência calma e tranqüilizantes se comparada ao processo de compra de um jogo de sofás.
Duas palavras na frase acima servem perfeitamente para a situação: processo e jogo. Primeiro a segunda... já que a zona está feita mesmo...
A correta expressão é jogo de sofás. O vendedor até tem uma explicação lógica - o problema é que cada vendedor de cada loja tem a sua explicação lógica, o que torna a explicação anterior completamente ilógica, inútil e você um completo imbecil por ter acreditado nela.
Se fala jogo de sofás pq você nunca compra um só. Compra o conjunto ou o jogo. Tem lógica... não tem? Pois não, não tem ou melhor, se tem, tem apenas até a próxima loja que fica a exatos 48 centímetros da que você acaba de sair.
Nesta nova se fala jogo de sofás pq o que você está realmente comprando é uma quantidade "x" de módulos. Desta forma, a combinação da quantidade de módulos é que forma o sofá e por se tratar de uma combinação aleatória, se compara a um jogo. Você pode combinar 3 módulos, 4 ou 2 e até mesmo deixar um módulo isolado, apenas finalizando-o com braços.
Uai? Mais aí não é mais sofá... é poltrona, não é? Melhor ir para a próxima loja.
Jogo de sofás, meu caro, desta vez, se refere à infinita possibilidade de combinação dos modelos disponíveis com seu ambiente. Como é que o vendedor conhecia o meu ambiente jamais vou saber... outra loja.
Bem, nessa o termo jogo só poderia ser aplicado ao fato do vendedor estar muito mais interessado no joguinho do computador do que no atendimento ao cliente - no caso eu - que acabara de entrar em seu estabelecimento. Vamos a outra.
Na verdade não existe uma explicação lógica conhecida para a expressão jogo de sofás. É algo assim como folclore popular, sabe como é... tipo saci, cuca, mula sem cabeça, caipora, curupira, sereia, boto.... Melhor ir pra outra loja.
Jogo é uma sinônimo de estratégias que levam à conquista de um novo patamar, de um estágio superior. Jogo é um conjunto de disposições, tal qual vai ser a disposição dos sofás em sua sala. Um jogo de cores, formas, um desafio para ocupar espaços e para alcançar um novo patamar de conforto e qualidade em sua vida. O importante não é o jogo de sofás: é você vencer esse jogo e nós, claro estamos aqui para lhe ajudar. Apavorado, corri para outra loja.

Bem, em resumo. Após um dia inteiro andando em uma porção de lojas - na verdade absolutamente todas iguais (tipo criança, sabem como é, muda o nome, o endereço, mas no fundo são todas iguais) - acabei com o pé moído e sem absolutamente entender pq é que falam jogo de sofás.
Minha vontade era comprar em um caminhão de estava parado numa praça, caçamba aberta e lá dentro tudo quanto era tipo de sofá e, com certeza, muito mais baratos que os que vi na loja... mas achei melhor não arriscar.

Amanhã conto pq o termo processo. E olha que ainda nem cheguei na discussão pelo tecido....

quinta-feira, julho 13, 2006

Comunicação não é salvação da lavoura... é a plantação


Há algum tempo escrevi sobre uma respeito de pessoas que acham que a comunicação resolve tudo; pessoas que acham mais fácil rotular como que tal problema fosse da comunicação, quando na verdade ele é um problema de comunicação.
Diferenças? Todas. Afinal de contas, a comunicação - por melhor que seja, por mais abrangente que seja, não resolve todos os problemas.
O que, para ser extremamente sincero, é até bom. Se formos pensar, tem coisas nessa vida que é até bom a gente não saber fazer. Já imaginaram que coisa chata seria saber fazer de tudo...

Por exemplo, uma coisa que comunicação não resolve é falta de informação. Informação é a matéria-prima da comunicação; é sobre a informação e a partir dela que o processo de comunicação se desenvolver.
Não tem informação, não chega informação: não tem comunicação. Afinal de contas, vamos comunicar o que, cara pálida?

Já li análises de muitas pesquisas de clima, pesquisas de necessidades, estudos disso e daquilo. Todas apontam, invariavelmente, mais de dois problemas. Se vocês encontrarem alguma avaliação que aponte apenas um problema, joguem fora: está errada.
Toda pesquisa aponta sempre a questão da falta de comunicação e a insatisfação com a questão salarial como problemas e, a partir daí, alguns outros, quaisquer outros - provavelmente os problemas reais. Esses dois são o que chamamos de problemas standard, básico... como a roda está para o automóvel, a batina para o padre, o osso para o cachorro... deu pra entender?

Nunca ninguém estará satisfeito com o que ganha. Não importa se é salário mínimo ou milhão, o valor não faz a menor diferença. Pergunte: você está satisfeito com sua remuneração? Se alguém falar sim, estou; interna, pede pra sentar e chama a carrocinha, sei lá... normal não é.
Solução para isso - não para a loucura de achar que ganha bem, para essa não tem, mas para ganhar mais tem algumas: ganhar no loteria, casar com viúva rica, ser o único herdeiro de um tio com campos de petróleo na Arábia ou - como eu, que não tenho a menor chance de acertar mais do que dois números na Mega Sena, já sou casado e meu único tio na categoria "a falecer" tem mais conta pendurada na padaria que salame - resta a opção de trabalhar.

Para a comunicação, coisa que também ninguém nunca está satisfeito, também não adianta esperar milagre. Se não tiver informação, se não tiver contato e vontade, esquece. Não vai ser o fato de entupir seus colegas com boletins, jornais, e-mails ou seja o que for que vai fazer ninguém se sentir mais informado.
Até mesmo ao contrário: quando tem muita revista antiga na mesa o melhor a fazer é dar um tapa e jogar fora.
Como dizia meu velho professor: se o jornal de ontem só serve para embrulhar peixe na feira, imagina a revista da semana passada.
E outra coisa: se fosse realmente importante, tenha absoluta certeza que você já saberia.

A informação tem o incrível poder de se auto-propagar, queira você, goste você ou não. Aí sim é que pode e deve entrar o profissional de comunicação, que se não fosse formado em jornalismo, relações públicas, propaganda, marketing ou afins, seria peão de rodeio; pois tem que laçar a notícia, domá-la e fazê-la andar nos trilhos desejados.
Isso é comunicação.

Como, vc quer saber como é que se faz isso?
Bem, até te conto, mas primeiro me diz os números que vão dar no próximo sorteio da Mega Sena e como é que um peão de rodeio fica 8 segundo montado em um touro bravo, que te explico. Topa?

quarta-feira, julho 12, 2006

Regularam o saneamento


Com absoluta certeza pouca gente sabe, mas o Brasil deu hoje um grande passo.
Foi aprovado no Senado o texto do marco regulatório para o setor de saneamento. O Projeto de Lei do Senado 219/06, que estabelece as diretrizes a área segue para apreciação na Câmara dos Deputados.

A grande pergunta que você pode estar se fazendo é: e eu com isso?

Pois saiba que concordo 100% com você. O que é que eu, você, sua tia, o seu Armando da padaria, o seu Clodoaldo da barraca de tomate na feira de sexta, o Xico que conserta tvs de todas as marcas "incrusive as importada e essas nova bem fininha", o Lázaro que cuida da portaria do prédio da frente, o que que é que todo mundo tem a ver com isso?

Saneamento é coisa chata, serviço público e, como todo serviço público, eu quero é que funcione e pronto.
O que eu quero é abrir a torneira e dela sair água. Como é que isso acontece? Sei lá. Não sei, não quero saber e ainda reclamo da conta alta.
Quero é tomar meu banho, gostoso, relaxante, quentinho. E ai da empresa que manda água se eu chegar em casa e não tiver água... reclamo mesmo.
Ah, e também quero água conforme o que a dona Norma me ensinou na escola: um produto incolor, inodoro, insípido, in... ah, sei lá, tinha mais uns "ins" algumas coisas. Quero tudo isso, viu?

Saneamento é cano enterrado e tudo que está debaixo da terra a gente não tem que preocupar. É como diz o ditado: o que os olhos não vêem o coração não sente.... a não ser quando deixa buraco na rua e meu carro passa por cima. Daí, xingo mesmo...

E tem também a parte do esgoto. Pra falar a verdade, não tenho a menor idéia exatamente o que é acontece com isso, nunca me preocupei. Sei que vou no banheiro quando tomo muita cerveja, faço meu xixi; logo de manhã e de noite, faço meu.... é... o número 2... sabe... e dou a descarga.
O que acontece com tudo aquilo eu não sei e não quero saber. Melhor que nem me contem.

Ah, a empresa de saneamento não é também responsável pela limpeza dos rios? Olha, se for, eu acabo de descobrir para onde vai o meu xixi e o meu número 2, pq ô riozinho sujo heim....

Pra falar a verdade esses políticos ficam perdendo tempo com marco regulatório para o saneamento pra que? Vão regular o que, a torneira aqui de casa? Com certeza a conta vai aumentar...

Um tempo atrás, sei lá quando foi, acho que 2003 ou 2004, todo mundo falava que ia ter racionamento, que ia faltar água, que não estava chovendo. Sei lá... por via das dúvidas acabei diminuindo o tempo do banho, fechei a torneira enquanto escovo os dentes e não lavo mais a calçada na frente de casa.
Se ajudou, não sei, mas sei que não teve o tal racionamento e como pararam de falar disso, acho que o risco passou.

E vem esse cronista dizer que teve marco regulatório... que será isso? Sei que quero é ter água na minha torneira, continuar a dar a descarga e... bem, dar a descarga... entendem? Precisa de regulação pra isso?

Bem, se fizeram pode até ser que precise. O povo é esquisito mesmo. Tem vezes que parece carro velho: só pega empurrando na ladeira. Se não cobrassem multa, ninguém usava cinto de segurança. Tinham é que colocar uma multa, daquelas pesadas, bem doídas no bolso pra quem joga papel na rua.
Onde já se viu coisa igual. Isso eu não faço não.
Outro dia um colega da firma estava acompanhando uns executivos da Europa e me pediu para ir com ele até o aeroporto. Meu amigo, deu vergonha ao passar pelas ruas da cidade.
Era só lixo, papel, bituca de cigarro. Acredita que o carro da frente jogou uma lata de refrigerante? E olha que a gente estava na marginal? Se bate no pneu e fura...
Ainda bem que a lata quicou na pista e foi parar no rio. Como o trânsito parou logo em seguida, deu pra ficar vendo a lata boiar no rio.
Meu amigo, o que tem de lixo no rio... Pior é que acho que tudo aquilo não deve vir pelas redes do esgoto não, não cabe. É tudo gente sem educação que joga coisa nas ruas e vai parar lá no rio.
Quando o trânsito andou passamos por uma estação de tratamento de esgotos. Coisa enorme, deve ter custado uma fortuna. Será que meu xixi e o co... o número 2, vão parar é lá? Sei lá...

Agora, se na minha casa tem água e.... sabe que, pensando bem, faz um tempão que não falta água. Não... na verdade faltou no mês passado, mas pelo que li nos jornais era uma manutenção, iam limpara o reservatório. Ainda bem que limpam, vão lá deixar minha água suja que vão ver o que é bom pra tosse.
Mas, será que regulando o saneamento as coisas vão melhorar. Tomara que a conta baixe, isso sim...
Se bem que outro dia, no mercado, minha filha pediu pra comprar um copo de água e sabe quanto tiveram a coragem de cobrar: um real por um copinho de água. Um real.
Pode não parecer nada, mas por pouco mais de vinte reais a empresa que abastece aqui a cidade me entrega 10 mil litros... e nesse preço, segundo eles, já está a parte do esgoto.

Bem, não sei pra que é que vai servir essa tal de regulação. Sei que tenho lido nos jornais que tem um montão de brasileiro que não tem água em casa, que ainda fica doente pela contaminação com esgoto, que um monte de empresas tem deixado as regiões mais secas causando desemprego, que as praias ficam mais sujas se não tiver saneamento... olha, ainda não entendi muito bem, mas espero que regulado todos possam ter em suas casas o saneamento que eu tenho aqui na minha e que, claro, o meu melhore.

Querem saber a verdade? Colocar uma torneira em um buraco da parede e dela sair água é uma verdadeira mágica. Dar descarga e meu xixi ir embora, muito provavelmente para aquela estação de tratamento é outra grande mágica.
Esse pessoal que trabalha no saneamento deve ser gente boa pra caramba... verdadeiro heróis.
Não sei se eles vão ler esse texto, mas se alguém aí conhecer alguém que trabalha em uma empresa de saneamento, faz o favor de passar pra eles os meus parabéns pelo serviço; meu muito obrigado por tudo que fazem por mim, minha família e toda minha cidade, todos os dias; e que essa tal de regulação possa ser boa pra eles, que possa dar melhores condições de trabalho pra todos e melhores condições de vida pra todos nós brasileiros.

Amém.

terça-feira, julho 11, 2006

Floyd....

Morreu Syd Barrett, um dos fundadores da banda de rock progressivo Pink Floyd.
Um homem de 60 anos, que passou os últimos destes completamente recluso devido a problemas mentais e ao consumo de drogas.
Pq então, perguntarão, a citação?
Mesmo o Pink Floyd nunca foi unanimidade. Ora adorado, ora odiado, o grupo teve momentos de brilhantismo musical e momentos de verdadeiros lixos. Fez aquele que é considerado um dos melhores álbuns de todos os tempos (Dark Side of The Moon) e outros que mesmo os mais aficcionados colecionadores não se arriscam a comprar. Perdeu integrantes. Tentou voltar. Não voltou. Fez alguns shows com 100% de músicas antigas que lotaram. Fez uma aparição recente decepcionante. Ou seja, em todos os critérios técnicos: um grupo na média.
Mas vale sim a citação, nem que seja por dois motivos.
O primeiro é para lamentar que ainda hoje, talvez pior do que jamais tenha estado, o problema das drogas existe, é real, não dá para ignorar e mata.
Na época em que Barret e o Pink Floyd começaram, as drogas por eles usadas eram de um tipo. As de hoje não tem tipo. As drogas de hoje são o subproduto da reciclagem do refugo do descarte da sobra do material que é rejeitado para a fabricação da droga.
Na década de 60 e 70, quem caia na imensa besteira de experimentar drogas, tinha um produto. Quem hoje, faz a insanidade de chegar perto de drogas, tem uma falta de respeito acima de tudo por si mesmo.
As drogas de Barret fritavam o cérebro. As drogas de hoje fritam a alma. Um drogado sem alma, não tem nem pq ser citado, quanto mais lembrado.
Falar de drogas é chocante, é marcante, é doído. Mesmo para quem tem a felicidade de não ter esse problema nem em sua vida, nem em sua família, mas que nem por isso pode se dar ao luxo de achar que o problema não existe.
Costumam falar que não se deve discutir política, futebol, religião... e não se discute a questão das drogas pq não tem o que discutir, não se sabe discutir.
Drogas levaram grandes nomes da humanidade. E levaram, levam e estão levando muitos nomes que não formaram, não estão formando e nunca formarão grandes conjuntos como o Pink Floyd.
Será que somente dessa forma é que vamos entender que um dia não mais teremos músicas, esporte, cultura, vida? Será que vamos ter que ficar lamentando as mortes? Será que assim é mais fácil do que tentar a vida?
O Pink Floyd (e este é o segundo motivo) para mim foi e é um grande conjunto, de grandes músicas, de grandes performances. Rock progressivo tem a capacidade de elevar, de inspirar.
Ah, você tem a mesma sensação com música clássica, com jazz, com blues, com chorinho... sem problema, o importante é ter a sensação, a inspiração, a vontade e a possibilidade de estar vivo e escutar a música que mais você gosta.
Viver com drogas é preferir ter um minuto de prazer induzido, do que uma lembrança de prazer desenvolvido.
Mas, não adianta falar... é preciso viver para acreditar.
E se você não experimentar drogas e ao longo dos anos chegar à conclusão de que eu estava errado... bem, parabéns: pelo menos você vai estar vivo para poder concluir.

O mais novo DVD do Pink Floyd é o registro do show Pulse (para quem gosta, simplesmente indescritível). Pulse, de pulsar, de estar vivo, de ter energia para pulsar e movimentar o mundo com a força de seu pulso.
Pulsem.. não deixem, jamais o pulso parar.


"Remember when you were young?
You shone like the sun.
Shine on, you crazy diamond"

segunda-feira, julho 10, 2006

Marradas

Tem coisas que você acha que é impossível, que quando te contam você tem plena certeza que é brincadeira - até mesmo pq sempre quem te conta é aquele amigo que é o maior tirador de sarro da paróquia.... para ele qualquer coisa existe, qualquer fato por menor que seja acaba virando um dramalhão e, sendo assim, a chance de ser 50% mentira e 50% exagero é muito grande.

Mas, qual não é sua surpresa ao ver - aqui o fator tempo não conta, pode ser no dia seguinte ou um ano depois - o fato que o raio do teu amigo contou e você de forma alguma acreditou se transformar na mais pura verdade. Pior, sempre foi a mais pura verdade e daí... bem, daí, mais do que ter que engolir a descrença é ter que agüentar o amigo te jogando na cara que você precisa escutá-lo mais, que ele é sábio, que isso, que aquilo...

Pois é, assim é vida: algumas coisas a gente simplesmente não acredita... nem vendo.

A de hoje foi até que legal. Muito mais que o tetracampeonato da minha querida Itália, o comentário do dia foi a marrada do Zidane no zagueiro da azzurra.

Sim amigos, marrada. Termo normalmente utilizado para designar a batalha entre animais cornígeros (uau... hoje está demais.. cornígero, com cornos, chifres... capisce?) que investem uns contra os outros na disputa de territórios ou pela melhor fêmea. Provavelmente o vencedor da disputa fica com os cornos tão doídos que passa a noite dormindo, enquanto a fêmea vai procurar diversão entre os que não ficaram marrando e daí surgiu o termo cornudo - com dor de cornos....
Após o interlúdio cultural, retomamos a retórica cronística do dia.

Como dia, o comentário do dia foi a verdadeira marrada do Zidane (até o jogo corporal ele fez). O que será que o italiano disse? Disse-o em italiano ou em francês? Se pudéssemos dar notas de 0.0 a 10 em gravidade/seriedade, eu daria 9,5.
Pô, o cara jogou sim a Copa do Mundo pros quintos, mas não desceu o braço. Se fosse uma coisa 10 em gravidade teria acabado ali mesmo, saído no tapa. Como foi só a marrada, foi sério, mas não cabalmente grave.

Mas novamente tergiverso.
Agora, bem no final do dia, me contaram que estava rolando na internet um jogo que refazia a cena do jogo. Um bando de italianos vinha e você, no papel do marrudo Zidane controlado pelo mouse, vai descendo cabeçada neles.
Sim eu sei e concordo: de extremo mau gosto. Contudo, de uma criatividade ímpar.
Sim eu sei e concordo: coisa de quem não tem o que fazer. Contudo, de uma.... ah, sei lá, é de uma sacanagem muito legal.

Admito que demorei a acreditar quando me contaram e, mesmo vendo o site não foi fácil crer que tinham feito isso - que já tinham feito isso.
Ô povo... por essas e outras que a gente não perde a esperança.

sexta-feira, julho 07, 2006

Prestar atenção


- Mamãe, eu já falei para a senhora que a culpa não é do Asderbaldo..

- Claro que não é... Mamãe... Mãe, deixa eu falar...

- Também não é assim. Não é que ele só reclama... é que ele tem um gosto muito particular...

- Mamãe!

- Xi, mãe.. ele chegou. Depois ligo pra terminar a conversa. Tchau.

- Claro, mãe. Tchau.

- Mãe! Para com isso.

- Outro.


- Amor é você?
- Olha... depois dessa semana de cão... nem sei mais... acho que um dia fui...
- Tadinho do meu Asderbaldinho... tá cansadinho, tá?
- Já te disse que odeio quando você me chama de Asderbaldinho. Já não chega ter esse nome maledeto ainda você coloca no diminutivo.
- Ah, que é isso. Eu acho teu nome maravilhoso. É... é... é hiper original.
- Originalíssimo. De uma criatividade ímpar!
- Ai, mas eu sempre faço você se sentir bem com ele...
- Ninguém consegue se sentir bem com um nome como esse... mas deixa pra lá. Tô morto e faminto.
- Pois saiba, meu amor, que eu até imaginei que você iria chegar com fome e preparei um jantarzão só pra nós dois.
- Tua mãe vem aqui!
- Quê?
- Tua mãe? Tua tia? Quem vem jantar em casa?
- Ninguém oras, somos só eu e você. Pq?
- Sei lá... você está estranha... até fazendo jantar...
- Bobinho... eu faço tudo pelo meu Asderbaldozinho.
- Dá pra parar de me chamar assim. E as crianças?
- Sexta-feira santa.
- Quê?
- Sexta, meu amor, sexta. Já saíram com os amigos.
- Então... eu e você... jantar feito...ah, claro, você estourou o cartão de crédito.
- Asderbaldo!
- Desculpa... é que quando a esmola é muita...
- Bobão. Vai... vai tomar um banho enquanto eu coloco o macarrão na mesa.
- Macarrão? Deus do céu... se tua mãe não aparecer, ganhei na loteria.
- Dá para deixar minha mãe em paz?
- Se ela me deixasse...
- Tchau. Já pro banho.


- Uau... que mesa linda.
- Obrigado amor.
- Dois pratos... dois copos... e não é que é só para nós mesmo?
- Você nunca acredita em mim...
- Agora... o macarrão!
- Um.... tagliarinni... que delícia..
- E o molho...
- O molho encorpado, saboroso e da cor do pecado.
- Pecado? Molho branco tem cor de pecado?
- Molho branco?
- Que foi?
- Não... é... nada. Deve estar uma delícia...
- Que foi Asderbaldo?
- Posso ser sincero com você? Sabe, eu até gosto de molho branco, gosto mesmo, o teu molho branco é uma delícia. Mas, molho que eu gosto mesmo é molho vermelho.
- Como assim? Mas você sempre disse que gostava de molho branco?
- E gosto. Juro. Mas é que toda vez você faz molho branco e eu prefiro molho vermelho. Você já me viu em algum restaurante pedir algum macarrão com molho branco?
- Não sei, nunca reparei.
- Pios é...

Bem, minha gente, encurtando a história. O Asderbaldo acabou pegando uma lata de molho de tomate e, junto com seu amor, preparou um molho rose, comeram o macarrão e, naquela noite... bem, naquela noite, acho melhor deixar o nosso casal em paz.
Tudo isso foi pra dizer que sempre é bom a gente parar e pensar que pode ser que estejamos fazendo alguma coisa com a melhor das boas vontades, crente que o nosso cliente, nosso parceiro, nosso alvo está contente da vida quando, na verdade, bem no fundo, ele até está satisfeito, mas não está completo.
Se a gente conseguir perceber isso - em tempo de não estragar a noite - vamos ser melhores pessoas, melhores profissionais.
Se, de um lado, você faz alguma coisa crente que seu "outro lado" está contente e satisfeito, de vez em quando dá uma perguntadinha e lembre-se, não se ofenda com a resposta.
Se, do outro lado, você recebe alguma coisa que está nota 7 ou 8, procure alguma forma de contar que quer a nota 10, pois sabe que seu "outro lado" pode lhe dar.
Nunca esqueçam que uma nota 8, repetida várias vezes, vira 6.... vira 5... vira 3 e a gente, no final, acaba repetindo de ano. E mesmo se não repetir, pode passar, mas vai ser um "aluno mediano", quando temos todas as condições de ser o melhor da classe.

quinta-feira, julho 06, 2006

Segredos da Coca


Notícia do sempre útil Blue Bus dá conta de que, nos Estados Unidos, três pessoas foram presas ao tentar vender, pela bagatela de um milhão e meio de dólares, o segredo da fórmula da Cola-Cola para sua maior concorrente, a Pepsi Cola.
Segundo as apurações policiais, o esquema que envolvia ao menos um funcionário da Cola teve inicio em maio e foi desfraldado pela própria Pepsi, que avisou à concorrente que havia sido procurada por uma pessoa que oferecia informações detalhadas e confidenciais sobre os produtos da Coca.
Acionado, o FBI colocou agentes disfarçados que deram continuidade às negociações com o trio de meliantes e, no momento adequado, efetuou a prisão sob acusação de fraude, roubo e venda de segredos industriais.

Em primeiríssimo lugar, aplausos à postura da Pepsi. Concordo 100% com a empresa que se tivesse aceitado a proposta - por mais tentadora que fosse - estaria sendo tão culpada quanto os praticantes do crime.
Afora o fato que, por mais garantia que fossem oferecidas, impossível ter certeza de que realmente lhe seriam passados os segredos da fórmula da Coca.
Ainda mais por um valor tão ínfimo. Um milhão e meio de dólares por aqueles que é considerado um dos maiores mistérios da humanidade? É uma pechincha e quando a esmola é muita, o santo desconfia.

Em seguida, vamos ser sinceros: apesar de ter grandes amigos que trabalham nas duas empresas, sou obrigado a dizer que prefiro consumir o produto da Coca. Tenho até tentado reduzir a ingestão do refrigerante - o que deve estar causando verdadeiras trovoadas no repouso de mamã - figura que, em vida, tinha Deus no céu e a Coca na Terra - lembram aquele comercial que o cara levantava no meio da noite para ver se tinha refrigerante suficiente para o dia seguinte, mesmo tendo a garagem lotada do produto, pois é,... foi inspirado na minha mãe. Um dia, juro pela alma da própria, ela ligou pedindo que a acompanhasse ao mercado para comprar Coca sendo que tinha em estoque somente - somente! - 10 garrafas das de 2 litros... vai entender.

Já cheguei mesmo a ler, em algum lugar que a Coca tem mil e uma utilizadades... não todas comprovadas, mas extremamente prováveis.

Agora, penso cá com meus botões: vale a pena saber a fórmula da Coca? Na verdade, pode até ser que a coisa nem seja assim tão estupefante, mas o segredo, o mistério, o clima formado em torno do papel (sim, dizem que está escrito, ou melhor, manuscrito, em um papel nunca digitalizado) guardado em cofres de titânio reforçado, é o que faz valer a pena, ter charme.
Dizem que a segurança em torno do pedaço de papel é maior que a planejada para a Monalisa... vai saber...

Daí, vem um babaca qualquer e por um milhão e meio de dólares quer estragar tudo isso. Que direito ele tem? Que ousadia! Que empáfia! Ora... vá plantar batatas, seu pústula. Tomara que apodreça na cadeia...

Que direito tem esse imbecil de tentar tornar a vida das pessoas sem graça?
Só falta agora vir alguém e contar como é cabeça de bacalhau!

Se os grandes mistérios da humanidade começarem a ser desvendados, que graça vai ter viver?
E a aventura? E o desafio? E o perigo?
Por favor, deixem os mistérios em paz e nos dêem, ao menos, uma razão para continuarmos a buscar o melhor da vida.

quarta-feira, julho 05, 2006

Lançamentos geniais que nunca vão acontecer


Na linha dos grandes lançamentos, a Apple acaba de querer colocar no mercado o iTurn, um toca discos. Isso mesmo, um aparelho para tocar discos de vinil, os bolachões.

Na verdade o produto não existe, mas foi um dos premiados no concurso que a empresa norte americana realizou entre seus usuários para elencar quais os produtos Apple que não existem, mas que, se reais, teria a preferência do público consumidor. O concurso, chamado de 'Apple Imagination', tem como slogan algo que, traduzido, fica mais ou menos algo do tipo: Não existe, mas, se fosse realidade eu ia querer ter um.

Apesar de inovador, inusitado e completamente genial, o iTurn, ganhou apenas menção honrosa. Segundo especialistas, uma enorme injustiça, tendo em vista que o vencedor foi algo chamado iVault, que representa uma central de entretenimento capaz de reunir música, fotos, programas de TV e filmes em um só aparelho, sem fios e com controle remoto de qualquer lugar onde o usuário esteja.

Digo injusto, concordando com os especialistas, pois mais cedo ou mais tarde, essa central multimídia vai existir e se tornar um aparelho comum para a sociedade. Agora, imaginar que uma das maiores promotoras de tecnologia do mundo, vá lançar um toca discos, só na fantasia do criador. E, realmente, se existisse um da marca Apple, seria uma excelente opção de compra.

Primeiro é preciso aplaudir a iniciativa da Apple. Até pode ser que outras empresas tenham ações semelhantes - juro que desconheço - mas soltar um concurso entre usuários fãs da marca, para imaginarem produtos que não existem, mas que se existissem teriam a preferência do mercado, é coisa de gênio.

Quem melhor do que o usuário, cliente, consumidor, chame como vc quiser, pode dizer à uma empresa que produto quer que ela lance, que produtos gostaria de ter daquela marca. Com absoluta certeza devem chegar idéias maravilhosas - claro, um monte de tranqueira - mas se para cada mil porcarias, vier uma sacada de mestre... a iniciativa é válida, lucrativa, tudo de bom.

Na verdade, é algo que até a gente pode copiar. Vc já imaginou que outro você seus "clientes" gostariam que existisse?

terça-feira, julho 04, 2006

Camiseta Relógio

Há algum tempo escrevi sobre o lançamento de uma camiseta com leds (aquelas luzinhas vermelhas) no decote. Na mesma linha, acaba de ser lançada a camiseta relógio.
E, detalhe, o relógio é digital.
A peça, que até onde pudemos apurar, somente está disponível na cor preta, tem no peito um mostrador - feito igualmente de leds, ou seja, disponível somente em vermelho - que exibe as horas locais.
O acerto do horário já vem de fábrica, sendo que a peça não dispõe de dispositivos de ajuste ou cronômetro ou outra facilidade característica dos relógios de pulso ou mesa.
Fontes que não quiseram se identificar, adiantaram que, ainda neste ano, além de novas cores, a peça poderá contar com novos mostradores e controles, inclusive de luminosidade.
Além do relógio, a camiseta poderá ter faculdade de mostrar, aos observantes a data correta.
Os fabricantes disseram que ainda não é possível incluir a temperatura na camiseta, pois em todos os testes realizados, a temperatura corporal influenciou na exposição.
Especialistas já anunciam que, tendo em vista os lançamentos dos últimos anos, as próximas coleções de moda terão alta interferência da tecnologia.
Outras peças, igualmente, já preparam-se para introduzir a tecnologia de demonstração de informações, sendo que um fabricante de jeans - cujo nome foi pedido para ser mantido em sigilo - disse que terá, em breve, parceria com uma editora para transmissão de notícias - o problema ainda está na conexão.
Para os profissionais da informação, surge uma nova mídia a ser explorada. Na pior das hipóteses, as modelos são interessantes....

segunda-feira, julho 03, 2006

Final de Copa - Pq acabou?


Ahá.... vocês pensaram que eu tinha esquecido... pois é, esqueci mesmo. Na verdade, não foi esquecimento, foi pura falta de tempo. Perdão.

Ahá... vocês pensaram que eu ia falar da desclassificação da seleção brasileira na Copa do Mundo. Pois acertaram, até tinha outro assunto, mas não dá: vou ter que falar sobre isso.


Algumas coisas a gente só vê e sente em período de Copa do Mundo. Não, não é de quatro em quatro anos, mas somente quando um povo inteiro está concentrado em um sentimento: a união. Pena que, nesse caso, não tenha sido correspondido, mas pensem, valeu a pena.

Quantas vezes, nesses últimos dias, você se sentiu participante de um País, de uma Nação. Quantas outras oportunidades você tinha tido para estar com sua família, amigos, companheiros, desconhecidos e gritar feliz da vida a alegria de ser nascido nessa terra?

E só pq fomos eliminados, tudo acabou. O que mudou? Sua família não é mais sua família? Seus amigos? Seus companheiros? Ah, o desconhecido voltou a ser desconhecido e, desta forma, você não mais se importa com ele.
Até, para falar a verdade, essa terrinha é uma droga, quem dera tivesse nascido em Portugal - sim, pq hj em dia todo mundo é fã de Portugal, do Felipão... Nada contra ele, tudo a favor, espero que ele fique em segundo na Copa do Mundo - perdendo apenas para minha eternamente gloriosa Itália.

O Brasil foi eliminado da Copa e tudo voltou a ser como antes. Que nada, está tudo pior, uma droga, pq é que eu fui acreditar todos esses dias que as coisas iam melhorar?

Sabem pq? Pq por esses dias, todos nós tivemos a capacidade de dar as mãos e esquecer as diferenças; tivemos a capacidade incrível de acreditar que juntos poderíamos superar as barreiras e construir uma nova estrela - que se não veio no uniforme da seleção, pq não pode vir em nosso céu?

Só uma coisa realmente me deixou fulo da vida nos dias de Copa. Não sei se todos ficaram sabendo, mas acho que foi no jogo das oitavas de final, aquele que ganhamos de Gana; um grupo de manifestantes desfilou pelado em plena Avenida Paulista.
O protesto, óbvio, era contra a concentração de atenções do povo brasileiro no futebol. Enquanto muitos ainda tinham fome, muitos sentiam frio, muitos estavam desempregados, muitos não tinham onde morar, muitos eram esquecidos, o País inteiro estava unido na frente da tela da tv vendo um jogo de futebol. O país inteiro, menos um grupo de pelados na Av. Paulista.

Apenas dois comentários:
- será que os Pelados da Paulista não entenderam que tinham que se revoltar não contra a Copa ou contra o futebol, mas sim contra o fim daquele sentimento assim que a Copa acabasse. Vamos todos voltar a gritar juntos, a ficar irmanados, a favor do futebol claro, mas também contra a fome, a pobreza e usar a mesma força, a mesma emoção, a mesma raça para que todos possam torcer juntos não somente na próxima Copa, mas todos os dias. Que tal?

- pq será que todo mundo que faz protesto pelado é pelancudo e gordo, peludo e feio, cheia de celulite e com os peitos caídos? Será que não tem como, da próxima vez que forem juntar um grupo para sair pelado na Av. Paulista, podem chamar algumas pessoas medianamente bonitas? Nem precisa ser modelo fotográfica, basta ser interessante para se olhar. Pq, sinceramente, toda vez que alguém decide sair pelado é para chocar a sociedade, mas não com o ato, sim pelo susto.