sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Prazeres


A melhor definição que encontrei de prazer foi que é o exercício harmonioso das atividades vitais.
Afinal de contas a gente pode (e deve) ter prazer com muitas coisas na vida, mas são aquelas básicas, frívolas, pequenas até que nos dão maior prazer - até mesmo pq, conforme dizia um professor, se não conseguimos fazer essas, de que adianta lutar pelas grandes.
Muita gente acha que o prazer está na superação, no algo a mais, mas - conforme a definição inicial - nada dá mais prazer do que a simples e pura execução de uma ação natural.
Alguns se esforçam no prazer proporcionado pela fama, pela fortuna, pela visibilidade. Mas até esses, garanto, nada são comparados aos prazeres da realização sumária.
Sei, devem estar pensando que catso de realização simples, sumária, ínfima é essa que tanto me refiro: comer, beber, respirar e fazer xixi.
Sinto muito todos os que esperavam algo mais profundo, mais abrangente, mais espiritual, mas digo e admito: o maior prazer da vida é fazer xixi, ainda mais se estivermos no elevador.
Não sei como, mas parece que a vontade de fazer xixi (como senhora, preferes urinar... pois digo-te que o estimado ali do canto quer que diga tirar água do joelho, portanto, a fim de não agradar mesmo, continuarei me referindo ao ato como fazer xixi), retomo
Parece que a vontade de fazer xixi aumenta quanto mais próximo estamos do local apropriado para tal ato. Bate a vontade, você no carro. Farol fecha. O carro da frente decide conversar com o pedinte. Comprar balinha. O farol abre. O moleque não tem troco e oferece uma outra bala como troco à nota de 50 - quem é o imbecil que paga balinha em farol com nota de 50. Você buzina. A vontade aperta. O farol fecha. O cara do carro da frente faz um gesto pelo espelho. O moleque passa do lado do seu carro com cara de poucos amigos. Você responde ao gesto, mas daí se desconcentra e a vontade de xixi aumenta. O faro abre.
Para na porta do prédio. A vontade é incontrolável. Não vai dar para segurar. Mais um pouquinho dá. Aperta o botão do controle remoto. A porta começa a subir. Para no meio. Aperta o botão, a porta começa a descer. Aperta o botão. A porta para. Botão. Nada. A vontade aperta. Botão. A porta continua a descer. Botão. Vontade. Para a porta. Vontade. Botão. A porta sobe. Para... não a porta, você, para de apertar esse botão.
Entra o carro. Baliza mal feita na vaga. Peraí........... ah, foi quase.... quase não deu pra segurar. Mas deu. Desce do carro, larga a porra da mala aí mesmo. Fecha a porta do carro. Corre para o elevador... não, para não corre que dá mais vontade. Vai andando. Calma. Na mala estava a chave do elevador.
Volta para o carro abre a porta do carro pega a mala fecha a porta do carro vai anda para o elevador assim meio rapidinho mesmo parece corrida de rebolamento.....Não, não ri que é pior. Concentra. Mantra. Tem algum mantra que ajuda.
ô imbecil... se não apertar o botão do elevador ele não adivinha que você tá parado aí. Aperta o botão. Mas pq tem tanto botão na nossa vida é botão pra porta, botão para o elevador, botão da camisa... ô cara isso é hora de filosofar.. que lástima.
Chega. Cheega. Chegaaaaaaaaaaa. Chega logo por favor.
Chegou. Abre a porta. Abre a porta, vai vai vai.... não...........
"Aderbal, meu amigo... sabia que era justamente com você que eu queria falar. Sabe a última ata de reunião do conselho de melhorias aqui do condomínio. Aquele ítem sobre a instalação de banheiros no térreo. Sabe que a idéia não é má? Imagina alguém chegando apertado e ter que esperar o elevador"
Será que esse imbecil não sabe falar sem dar tapinha no ombro.
"Aderbal, você tá meio... sei lá, meio roxo... se contorcendo... Aderbal espera aonde você vai,... Aderbal..."
Corre, corre mesmo, corre feito um alucinado. Para atrás do carro. Que carro? Qualquer carro, menos o seu e preferencialmente do cara que estava no elevador.
Abre a braguilha (o zíper) e vai. mostra pq tu é macho Aderbal.
Isso, meus caros, isso é sim um prazer
isso tudo pq é um prazer escrever para vocês.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Viva o Carnaval

Outro dia escrevi que esse ano não ia existir. Continuo achando, mas sou obrigado a assumir que, diante de tudo o que já aconteceu, que vai ser um não existir com pepipo pra caramba pra
gente resolver.
Meu amigo e guru Mário Persona escreveu hoje que finalmente, na próxima semana, o ano vai começar. (como Mário, não foi você? Ah, tudo bem... também isso não tem a menor importância).E o pior é sou obrigado a concordar com ele (puro modo de dizer, já que concordar com um cara como o Persona é sempre uma demonstração de inteligência e bom senso): perceberam que está
no ar um "que" de tristeza? Acabaram as férias.
Acho que é por isso que existe o Carnaval, o espírito de Carnaval, a alegria do Carnaval, o vale tudo do Carnaval, o "ninguém é de ninguém" - mas, ô gente, com responsabilidade heim!, quero todo
mundo aqui trabalhando na quarta-feira (de tarde) e inteiro).
Mas, vocês já repararam como é que São Paulo fica no Carnaval... que maravilha, ou melhor, que maravilha ainda maior?
É divino, pouca gente, dá para andar de bicicleta, ir ao cinema, ir a vários cinemas assistir todos os filmes em cartaz, ir ao teatro, ao museu, às exposições, aos restaurantes. Gente, sabe o que é
chegar no Famiglia Mancini, domingo, lá pelas uma e meia, duas horas da tarde e não ter fila, chegar, sentar, comer e se esbaldar. É a glória.
Carnaval é o único feriado em que efetivamente é possível, cabível e verdadeiro o fato da gente descansar. Nos outros vamos viajar, curtir campo, praia, hotéis, pousadas, camping... mas carnaval é
para curtir a cama, o sofá, a varanda, a geladeira - seja sincero: a quanto tempo você não assalta sua geladeira? mas assaltar com gosto, legal....
Nos outros feriados a gente descansa a cabeça. Pode até voltar com o corpo esbagaçado de tanta coisa que fizemos, mas a cabeça tá boa. No Carnaval voltamos com cabeça, corpo e membros em
dia.
Por isso é que adoro Carnaval (calma Gláu, não desmaia... Thais acode a menina aí; Zagallo, segura ela). Adoro tudo o que o Carnaval proporciona a todos, pq somente assim consigo ter para
mim toda essa paz e sossego.


quarta-feira, fevereiro 22, 2006

A ordem dos fatores altera o produto


Na matemática básica (se é que alguma coisa da matemática é básica – pelo menos para mim a maior invenção do ser humano foi, depois do guarda-chuva, a calculadora) a ordem dos fatores não altera o produto (3 + 2 é o mesmo que 2 + 3; 9 x 6 é o mesmo que 6 x 9). A mesma lógica.
Contudo, quando se trata de Comunicação, a coisa não é bem assim. Uma coisa é a informação que enviamos a nossos ouvintes e uma outra coisa, completa e imensamente diferente, é a informação que nossos ouvintes recebem.
Na matemática pouco importa o que você vá fazer com aquele número. Se somar 75 com 89 vai dar 164 - o mesmo 164 que dá se somar 89 com 75 (pelo menos é o que minha calculadora acaba de constatar). Bananas, dólares, cebolas, minhocas, clipes, tachinhas, bolinhas de gude... seja o que for que você tiver, vai ter 164.
Na comunicação talvez até importe o fato de você ter 164 de alguma coisa, mas também vai ser importante o que é essa coisa. Assim como vai ser importante se no começo de toda a história você tinha 75 ou se tinha 89, pois irá determinar o esforço que houve para alcançar o resultado. E mais: 164 dessa coisa que você conseguiu é o suficiente para seu intento? será que não vai precisar de mais?
Ou seja na comunicação importa o conteúdo.
E mais tudo, absolutamente tudo, na comunicação vai depender do momento, do estado de espírito, do valor. A informação tem maior ou menor impacto, maior ou menor desenrolar de acordo com o significado que a coisa que está sendo comunicada (também chamada de mensagem) tiver para quem está dizendo (o tal do emissor), para quem está ouvindo (vulgo receptor) e, pasmem, como estiver sendo transmitida (o famoso meio). Sem esquecer que também está sendo aguardado algum tipo de reação (o tão aclamado feedback).
É por isso que digo, afirmo e confirmo: em comunicação a ordem dos fatores altera sim o produto.
Mas pq tudo isso?
Sei lá, apenas para dizer que é bom que a gente, profissionais de comunicação, façamos cada vez mais valer nossa expertise, nosso profissionalismo e mostremos cada vez mais o que quanto vale nosso trabalho.
Se algum dia os matemáticos descobrirem que pode até ser que 30 + 20 dá o mesmo que 20 +30, porém conforme a ordem vai fazer toda a diferença do mundo e - algum dia - pode até dar resultado diferente..... a gente dança.

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Informação


A liberdade de imprensa é um dos maiores bens da sociedade.

Diferentemente do preconizado e praticado por muitos em Brasília, as empresas precisam se conscientizar que não há como sobreviver sem estabelecer para com os veículos de comunicação e seus profissionais uma relação de respeito, profissionalismo, confiança e parceria.

Não existem mais porta-vozes, o que existe são profissionais que conseguem, no momento da entrevista abrir oportunidades inestimáveis de posicionamento junto à sociedade e aos formadores de opinião.

Construir essa relação sob os pilares da transparência, agilidade, respeito e responsabilidade é o que determina o sucesso de uma vida empresarial, atualmente muito, intimamente mesmo relacionada com o sucesso das estratégicas de comunicação.

Mesmo nos eventos mais negativos, nos quais a empresa poderia ser alvo de críticas pesadas, é preciso que seja formado um "colchão" institucional positivo que "amortece" essas críticas, fazendo com que sempre seja escutado o "outro lado", que sempre se tenha a palavra da empresa em explicações e posicionamentos necessários, de forma a que sempre a imagem e o valor da marca estejam preservados ou minimamente impactados.

Esse trabalho está intimamente relacionado a três fatores:
- encarar a Imprensa como trade, ou seja, meio para informar à sociedade. Esse posicionamento é tido como extremo respeito à força da Imprensa e seus profissionais, inclusive colaborando para que o Jornalismo cumpra sua função de formação da sociedade através da informação;
- monitorar as citações na Imprensa, que reconhece a eficiência desse monitoramento e acautela-se buscando sempre cumprir seu papel e não simplesmente criticar a empresa – que 100% das vezes está atenta;
- agradecer a Imprensa, valorizar seu papel, seus profissionais.

É dessa forma que a relação se fortalece e ganham os dois lados com informação, credibilidade e volume de assuntos.

É dessa forma que sai ganhando a sociedade, com jornais, telejornais, radiojornais, revistas e sites com melhor conteúdo, que valem a pena ser lidos e constroem um futuro melhor.

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Relógios


Desisti de andar de relógio há muito tempo. Pura besteira e perda de tempo.Uso relógio hoje em dia apenas para duas coisas: acordar e saber se o jogo do Corinthians já começou - o que é uma bobagem, pois a tv tem timer e posso programar... boa idéia.
Usarei, a partir de segunda o relógio somente para acordar.Impossível negar que o relógio de pulso foi uma grande invenção, mas também impossível deixar de concondar que apenas nos tornou mais escravos de uma situação para a qual nada podemos fazer: o dia teve, tem e sempre terá 24 horas.Ou sejam o der para fazer nesse tempo, deu. O que não der, sinto, mas não vai dar.Somente isso já seria uma excelente desculpa para dar ao chefe, mas ele sempre vai olhar com aquela cara de "problema teu, afinal de contas, o que é que você faz da meia-noite às seis".

Pensando bem, relógio é uma coisa irritante.Não consigo esquecer de um relógio que tinha na casa de um tio, que foi parar lá em casa quando este bateu as botas. O treco era feio, esquisito, madeira escura, mas como tinha um mostrador enorme, acabou sendo utilizada pois dava para ver as horas do outro lado da rua.Um belo dia eu fiquei encafifado do pq ele tinha dois orifícios de corda - ah, além de monstruoso tinha que dar corda no bicho pelo menos duas vezes por semana, enfim um impiastro completo.
Daí, nesse dia, pequei a chave, introduzi no orifício que não era o da corda e virei. Nada, absolutamente nada. Pensei que a porcaria estivesse quebrada... velho o suficiente para quebrar era.Esqueci, sei lá... fui cuidar da vida.E aí, exatamente às 3h49 da madrugada, o treco dá o ar de sua graça e vim a descobrir que o dito cujo orifício era o da corda do carrilhão. Todo mundo dormindo e o brutamontes TOOMMMMMMM, TOOMMMMM, TOOMMMMMM, TOOOOOOOOMMMM. Meu caro, foi um tal de vó caindo da cama, cachorro latindo, minha irmã (ainda bebê) abrindo o berreiro, mãe xingando e eu, claro, enfiando a cabeça no travesseiro rindo pra ......, tá bom, não vou mentir, morrendo de medo do que era aquele barulho no meio da noite.

Por isso e por outras coisas não uso relógio. Que horas são? Não sei, não importa, meu tempo sou eu que faço e aproveito... queria que tivesse mais.

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Esperança


Para todos aqueles que achavam que toda esperança havia sido perdido, que não valia mais a pena e que a vaca havia definitivamente ido para o brejo, uma luz se acendo no final do túnel.
Claro que, em se tratando de assuntos do coração, nunca é bom contar com o ovo na cloaca da galinha. Mas acho mesmo que, com a torcida de todos, não tem como dar errado.

Aliás, uma das boas coisas que existem nessa nossa passagem pela Terra é a esperança. Já imaginaram o que seria da vida sem esperança... coisa chata, sem graça.
A coisa ia começar a dar errado e, sem esperança, iríamos desistir logo, sem saber se o fato de insistirmos poderia ser melhor.

Sem esperança iria vencer o desistir e isso é coisa para os fracos, covardes, para quem não é facultado o prazer de olhar por cima do obstáculo e ver que, do outro lado do muro, tem toda uma felicidade para a gente aproveitar.

Sem a esperança qual a diferença entre o perseverar, o acreditar e o esmorecer e baixar a cabeça? Nenhuma.

Com esperança vale a pena acordar de manhã e enfrentar o dia. Aliás, com esperança o dia não vai ser enfrentado, vai ser aproveitado, curtido, envolvido, desenvolvido, revolvido, enfim: vivido.

Com esperança vamos ser pessoas melhores, preocupadas com o que fazemos hoje e vamos fazer amanhã, primeiro pq acreditamos que haverá amanhã.
... e antes que me esqueça: a boa nova que motiva tanta esperança, é que já foi noticiado, falta apenas a confirmação (para a qual tenho esperança, muita esperança) que a Barbie está voltando a ser namorada do Ken.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Interruptores


Da série dilemas da humanidade, apresentamos: qual é mesmo o interruptor?

Pode ser na sua casa, na da sua mãe, da sogra; no seu escritório, no salão de festas, enfim aonde quer que seja, você jamais irá acertar qual o interruptor que acenderá a luz que pretende acender.

Por mais tempo que você freqüente aquele ambiente, não adianta, se tiver mais de um botão na parede, você irá primeiro acionar o errado. Daí, olhar com aquela cara de absolutamente imbecil para a lâmpada que, invariavelmente, não acendeu.
Daí, com aquela expressão de, ah é a outra, apertar o botão correto.

Mas alguns detalhes precisam ser colocados. Vejam só, todo mundo está absolutamente careca de saber que a velocidade da luz é algo rápido (não tenho a menor idéia qual seja e também não vou ficar procurando para vocês, mas acreditem, a bicha é rápida). Portanto se você acionou o interruptor e a luz deseja não acendeu, que adianta ficar olhando para ela esperando que, por algum milagre, a energia liberada pelo raio do interruptor tenha ido primeiro ao banheiro, tirar água do joelho ou ver se estava chovendo ou dar um beijinho nas crianças ou acabar de passar um e-mail ou sei lá o que, para então ir até a lâmpada.

Meu caro, se não acendeu, esquece, você apertou o interruptor errado.

Tem até aquela vez que você aperta o interruptor, a luz não acende, mas ilumina-se a outra sala e você fica ali, embasbacado, esperando que a lâmpada desejada também brilhe....... não brilhou.

Também, vamos ser sinceros: pra que é que os engenheiros colocam todos os interruptores no mesmo lugar? Não dá para, no mínimo colocar uma indicação: luz principal sala, luz do canto, luz do outro canto, luz dali, aquela luz ali, luzinha fraquinha sobre o móvel, abajur no canto esquerdo, abajur no canto direito, abajur sobre a mesa.
Ia ser tão mais fácil!

Afora o fato de que, depois de uns três ou quatro tapas (tapa sim, pq o primeiro é um leve toque, o segundo um aperto, o terceiro um cutucão e a partir daí, tome porrada no interruptor) finalmente você acerta a lâmpada.
Daí, vai sentar, abraçar a esposa, tomar a cervejinha, jogar conversa fora até a visita ir embora. Então levanta, leva as sobras para a cozinha e vai apagar a luz.
O primeiro é um leve toque.
O segundo um aperto.
O terceiro um cutucão e a partir daí.........

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Crônicas

Escrever é um sentimento, mais que uma ação.Escrever é um sentido, tal qual a fala, visão ou audição.Escrever é um dom, igual à paixão.Escrever é um martírio que nem sempre é terminado no ponto final.
Escrever poesias é não se preocupar, fora a rima, fora o tom, fora o ritmo, fora a emoção, fora..... tá legal, é difícil paca escrever poesia, tem que ter o dom.Escrever romance é não se preocupar, fora a continuidade, fora a lógica, fora o espírito... escrever romance é para que sabe.Por isso, apesar de já ter escrito poesia e romance, prefiro as crônicas.
Para ser croniqueiro (como? ah, sim cronista, perdão... mas isso não sou não, sou mesmo croniqueiro) não é preciso muito (perdão Sabino, Lara, Braga, Vieira, Pessoa, Manfra, Wagner...): basta ter olhos para ver o mundo.Escrever crônica é saber pescar no mar do cotidiano. Até para quem se atreve (como eu) o maior desafio é encontrar o tema. Mas uma coisa sou obrigado a admitir: o que não nos falta é tema, motivo, desculpa para rabiscar o papel (como senhora? não é papel? é tela de micro? sim, ok, mas desculpe, sou das antigas e para mim essa coisa de computar não passa de uma máquina de escrever que fez o favor de encerrar o martírio do corretivo, substituído com vantagens pela tecla Delete).
Uma crônica é aquele texto que você escreve solto, gostoso, que ao final se não gostar deleta numa boa e escreve outro (claro que, assim como tudo na vida, depois se arrepende, percebe que o primeira estava melhor, mas agora é tarde....).
Uma crônica é gostosa de ler. Se não for, não é crônica, é texto qualquer. Crônica não tem concorrente, não precisa ter. Se perder a crônica de hoje não tem a menor importância, apesar de que ela é tão gostosa de ler que acaba fazendo falta.Crônica não vai mudar a sua vida, mas vai fazer um bem danado para torná-la melhor.
É isso que espero que minhas crônicas sejam.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Falar


Deus nos deu dois ouvidos e uma só boca por alguma razão.
Minha vó dizia que era para ouvirmos mais e falarmos menos. Teoria altamente contestada por uma prima que fazia dos ouvidos um canal de comunicação entre os dois lados de sua cabeça (absolutamente nada mais) e da boca um farto e abundante instrumento de uso contínuo - infelizmente o canal este mesmo canal formado pelo vácuo entre suas orelhas, servia como um vale que interrompia o fluxo entre a boca e o cérebro, ocasionando uma invariável expressão de besteiras intermináveis e inaproveitáveis.

Sem contradizer minha avó - igualmente sem apoiar a prima - sou obrigado a expressar minha predileção pelo falar.

Falar é um exercício que, os médicos podem me confirmar, envolve uma série de músculos e órgãos, dentre estes um dos mais desenvolvidos do corpo humano: a língua (vide o exemplo de Genne Simmons, integrante do Kiss ou Mick Jagger, dos Rolling Stones).

Contudo, mais do que os instrumentos relacionados à fala propriamente dita, o falar demanda a ação de outros processos corporais, entre os quais é possível destacar o cérebro e o coração.

Quantas vezes você tentou falar alguma coisa para uma pessoa, mas alguma coisa dentro de sua cachola o fez ficar quieto? Quantas vezes você já disse que falou certa coisa sem pensar? Ou pensou que tinha dito alguma coisa? - bem nesse último, o caso já é de internação, mas tem tratamento de choque para isso.

Tem gente que fala que é uma maravilha, com conteúdo, com mensagem, com adequação. Percebe-se que nasceu para falar - precisa ver se aplica o que fala...

Mas, alguém aí duvida que falar depende de uma ação do coração?
Se, não creio, mas ainda existir alguém, me responda: qual órgão utilizamos, quando chegamos perto de alguém e dizemos, bem sinceramente, bem profundamente: Eu te Amo!

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Olhar

Saber olhar é uma das coisas mais importantes da vida.
Olhar as pessoas, as cenas
Olhar o tempo passar
Olhar para si mesmo

A dificuldade de olhar é entender
Compreender o que aquilo que está sendo visto interfere na nossa vida
Até mesmo compreender se vale a pena ou não interferir

Mas olhar por olhar é também é maravilhoso
Olhar para ver que um monte de coisas existe simplesmente para ser vista
Para agradar aos olhos e despertar alguma sensação lá dentro
Uma sensação que somente pode ser acordada com a visão

Mas e quem não vê?
Quem não pode ver?
Ah, mesmo esses vislumbram as cores da existência
Sendo que para esses, o vermelho pode não significar nada enquanto palavra
Mas com certeza tem todo um significado quando ouvido, tocado, sentido

Algumas pessoas dizem mais pela visão do que pela fala
Como dizem, os olhos são espelhos d'alma,
Vitrines da existência
Em teus olhos vislumbro minha própria vida
Refletida em caminhos
Demonstrada em piscadas
Sentidas em lágrimas

Tem vezes que os olhos parecem sorrir, dependendo do que estão vendo.
Pq chorar eles já fazem, independente do que estão vendo
Nisso são escravos do coração, da mente, do corpo

Mas enquanto isso eu fico aqui, vendo o tempo passar
Vendo as crianças brincarem
Vendo tua beleza radiar

terça-feira, fevereiro 07, 2006

Começar de novo


Uma das melhores frases que ouvi nesse interstício textual (amigos, perdão pela semana ausente - tive um pequeno porém sensível problema de saúde, mas retorno inteiro e pronto para novos desafios {ou como disse ao meu chefe: a partir de agora terás o melhor profissional de todos os tempos, após a lavagem intestinal fiz todas as cagadas que iria fazer neste ano.... - quem já fez, entende})..... retomando:

Uma das melhores frases que ouvi nos últimos dias foi a de um amigo, durante um evento, que disse que "já que não é possível mudar o começo, vamos investir para acertar agora".
Talvez seja uma nova maneira de dizer que não importam os meios, mas sim o que interessa é atingir o objetivo final.
Ou contrariando Copertain (não o inventor do bronzeador, mas o Barão, o das olimpíadas), sim o importante é competir... contanto que a vitória seja nossa.

Quando estudei marketing, uma das primeiras matérias era Gestão de Mudança e, admito, uma das mais interessantes.
Mudar é um processo extremamente complicado. Nunca fácil.
Se a mudança aparentar ser fácil, pode esperar que vem coisa por aí.
Mudar não é simples, nem mesmo quando se muda de casa - quem já mudou, transportou móveis, sabe o que falo - como é que as coisas cabiam naquele apartamentozinho antigo e agora, nessa semi-mansão, não cabe nada.
É a famosa lei que diz que quanto mais espaço houver, mais as coisas se expandem e não cabem.

Retomando a mudança do começo, tem coisa que começa torta. E como pau que nasce torto, morre torto...
Daí bate a vontade de recomeçar, de parar tudo e começar de novo. Mas como absolutamente ninguém garante que a gente consiga começar da forma certa, o melhor é mudar no meio.
Aí entra a outra face da mudança: a coragem.

Sério, não é todo mundo que tem coragem para assumir que precisa mudar. Que o melhor é mudar.
Tem um toque de assumir que é falível. O que é completamente diferente de ser fracassável - o que também somos, mas não precisamos ficar espalhando por aí.
Parar, respirar e assumir que é melhor parar de fazer assim e começar a fazer assado, meus caros leitores, é um ato de extrema coragem e que nem sempre é tomado no momento certo.

Por falar em momento, outro fato complicadíssimo é acertar o timing da mudança.
Não deixe para mudar amanhã o que deveria ter sido mudado ontem. Quem sabe, como dizia o poeta, faz na hora, não espera acontecer.
Se formos ficar pensando que é preciso acontecer isso para mudar aquilo, nunca mudamos.

Portanto, faça o que for preciso fazer.
Não dá para agradar a todo mundo, mas tenha absoluta certeza que é muito melhor ser criticado pelo resultado inadequado, do que massacrado pela covardia de não ter feito.
Mas se der para ser elogiado pelo sucesso, opte por isso.
Sempre