quinta-feira, novembro 30, 2006

Novela reclassificada

Senhoras e senhores leitores,Abrindo um espaço de prestação de serviços nesta crônica, gostaria de informar a todos que o Ministério da Justiça, divulgou nesta quinta-feira, dia 30/11 que a novela "Cobras & Lagartos", exibida pela Rede Globo de Televisão, que teve seu último capítulo veiculado no dia 10/11 p.p. (adoro esse p.p., que significa para os com menos de 40 anos ou os não formados em secretariado executivo, taquigrafia ou ciências da enrolação, próximo passado... - aliás, venha cá... Ou muito me engano ou próximo tem uma conotação de futuro: o próximo filme, o próximo carro, o próximo, enfim, aquele que ainda não veio, que virá, que vai vir. Não concatena com passado. Próximo passado pode ser gramatical e redacionalmente correto, mas é feio pacas!)Contudo, retomo o importante e vital comunicado.
Como dizia, o Ministério da Justiça divulgou nota reclassificando a supra citada novela como imprópria para menores de 12 anos, ou seja, com exibição somente permitida para após as 20 horas."Cobras & Lagartos", que admito não ter assistido por pura impossibilidade cronológica, foi exibida no chamado horário da "novela das 7" e pelo que as moças aqui do departamento contavam, foi muito boa.
Ou seja, diante do despacho do Ministério da Justiça, todos aqueles que assistiram à novela, por favor, desassistam.Além disso, a partir do despacho, é obrigatório que, toda vez, que a dita trama for citada, a partir de agora, seja citada como "a novela outrora veiculada às 19h" - é como o Prince, que por alguns anos adotou como nome um símbolo para o qual, além de não encontrar tecla semelhante em nenhum teclado, não havia som par expressá-lo e, então era chamado de "o artista anteriormente conhecido como Prince" - jogadaça de marketing.
Será que o Ministério da Justiça está trabalhando no Depto. de Marketing da Central Globo de Produções? De prático, o dito depacho (que nem para uma macumbinha básica presta) impede (até que seja revogado) que a novela seja reprisada no horário do "Vale a Pena Ver de Novo", costumeiramente por volta das 13h ou algo assim.
Segundo fontes não oficiais, o Ministéria está pronto para divulgar a nova classificação de outros programas, todos pelo mesmo motivo - cenas de violência - tal como Mundo Animal, Daniel Boone e o jogo XV de Santa Rosa do Viterbo x Atlético Carapicuíba.

quarta-feira, novembro 29, 2006

Diversidade

Tem horas que a gente não precisa perder tempo escrevendo, pois alguém muito competente e extremamente talentoso, fez o favor de produzir uma obra simplesmente fantástica.

Esse é o exemplo do dia de hoje. Quando abri o essencial Blue Bus, vi o texto da Marise Araujo - articulista desse site, com textos que se vocês ainda não leram, não sabem o que estão perdendo.

No dia de hoje, a escritora coloca que "os talentos florescem onde se promove o respeito a diversidade".
Vejam que maravilha:

"Nao precisa ser nenhum Papa para descobrir, e dizer lá na Turquia, que está na diferença, no contraste entre culturas, a verdadeira fagulha que move o mundo. Uns, aproveitam para atear fogo e transformam a vida de muita gente num inferno. Outros, param para observar e trazer esses novos pontos de luz para o pão nosso de cada dia. Religiões à parte, o negócio é ter fé nas pessoas e nos talentos que estao por aí, pedindo para serem descobertos ou melhor, incendiados".

Continua:
"Um estudo da Transitar, empresa de outplacement das mais credíveis, acaba de chegar a seguinte conclusão - a retenção de talentos é mais fácil em lugares que promovem a diversidade entre os seus colaboradores. Sem querer, descobriram a pólvora e a combinaçao mais explosiva que existe. A de que gente combina com gente e as diferenças culturais, em vez de atrapalhar, ajudam as organizaçães a enfrentar os eventuais problemas que surgem com a globalização. "As empresas que aceitam as diferenças raciais, etárias, culturais ou políticas promovem um ambiente em que as pessoas se sentem mais à vontade, com maior abertura de espírito. Isto só vai ajudar os colaboradores a exprimirem-se melhor" - explicam.

E no último parágrafo:
"Nos dias que correm, as empresas que não quiserem perder a chance de fazer a sua própria história devem aprender, com os seus próprios colaboradores, a melhor maneira de enfrentar o mundo global que está logo ali, ao abrir da porta para um novo dia de trabalho. Talento, conhecimento, abertura para o novo. O conteúdo ao invés da forma. A diversidade cada vez mais a fazer parte dessa nova realidade. O preconceito precisa ser jogado fora. Um bom lugar? Na fogueira das vaidades".

Alguns minutos com os olhos deitados sobre esse texto são suficientes para pelo menos algumas horas de reflexão e, quem dera, muitos dias de verdades.

Isso dá uma crônica.

terça-feira, novembro 28, 2006

Marcas... uma pesquisa


O sempre útil Blue Bus traz na data de hoje uma pesquisa do igualmente fantástico Media Post revelando que marcas fortes ativam emoções positivas no cérebro

Na íntegra;
"Marcas fortes ativam uma área do cérebro envolvida com o processamento de emoções positivas e associada à auto-identificação e recompensas. É o que indicam os resultados de mais uma pesquisa que procura entender as reações dos consumidores diante da propaganda monitorando a atividade cerebral. Desta vez, o estudo foi apresentado hoje por um grupo de pesquisadores na Radiological Society of North America, em Chicago. A ativação dos cérebro por marcas fortes não estava relacionada, no entanto, à categoria de produto ou serviço dessas marcas. E o estudo diz ainda que as marcas fortes foram processadas com menos esforço. As marcas fracas, no entanto, mostraram alto grau de ativação de áreas do cerebro envolvidas com a memória e com respostas emocionais negativas".

Que o estudo das marcas, suas sensações e efeitos é efetivamente a nova e talvez uma das mais importantes facetas do universo da Comunicação, não tenho a menor dúvida.
Basta saber se os profissionais da Comunicação vão parar de fazer bobagem e perder espaço, como tem feito até hoje (jornalistas x relações públicas, publicitários x marketeiros, jornalistas x jornalistas) e "agarrar esse touro na unha e na raça.

Como já disse, entender de marcas é uma coisa tão nova, tão inovadora que dificilmente algum profissional sem que seja o de comunicação está preparado para isso.
Entender o quanto uma determinada marca influencia a vida de uma pessoa soa como uma grande bobagem... Ótimo, deixa continuar assim, pois enquanto acham que é bobagem, a gente aproveita.
Entender de marcas não é assim tão difícil. O complicado é saber como lidar com elas. Até mesmo pq não existe marca ruim, marca boa, marca positiva, marca negativa. O que existe, conforme diz a pesquisa é marca que desperta sensação boa, sensação positiva ou vontade de vomitar.
Entender de marcas é entender como e com qual intensidade toca o "sininho" dentro das mentes e corações quando se fala o nome de uma empresa / de um produto. Se tocar forte, bom sinal.... caso contrário, busca outro cliente meu caro.

Volto ao tema... até mesmo pq sou de comunicação e isso muito me interessa hoje e no futuro.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Sonho...


Conheci algumas pessoas que tinham medo de dormir por achar que, bastava fechar os olhos que iriam sonhar.
Bobagem... sonho é uma coisa excelente... quisera eu sonhar.
Na verdade dizem que todas as pessoas sonham: a diferença é que algumas lembram outras não. Eu sou das que - com raríssimas exceções - não lembro... não por deseja, mas por... ah, sei lá, talvez total incompetência em lembrar dos sonhos.

Justamente por isso, leio muito sobre o assunto, me interesso e até passei a conhecer e entender um pouco sobre análise dos sonhos. Entendo tanto que aprendi que sonho não pode ser analisado nem entendido... sonho é para ser sonhado, aproveitado, é etéreo para ser aproveitado e fim de papo.
Claro que dá para tirar algumas conclusões, alguns ensinamentos, algumas coisas... mas o melhor do sonho é não saber se ele vai ser sonhado ou não.. a surpresa.
E, vamos e venhamos, com total e absoluta sinceridade: alguém aí quer que o seu sonho vire realidade? Querem?
Então, me digam: o que é que vcs estão esperando? Acordar?

Eu sonhava que caia... agora sonho que vôo.
Sonhava que não sabia... agora, vejo que sou inteiro.
Vejo matas, sol e cores.
Não vejo pessoas, mas sim esperanças.
Não vejo rostos, mas sensações.
Não vejo momentos, aproveito instantes.
No início sonhava que ia acordar.
Hoje sonho que quero mais
Que desejo voltar
Somente para voar de novo
Para lugares novos
Ver e sentir o novo
Quero voar mais
Meu medo de cair agora virou tristeza por acordar.
Quero trazer meu sonho para a realidade
Inverter papéis
Voar acordado e sonhar que tenho limites.
Quero olhar esperanças e ver pessoas
Quero experimentar sensações e ver rostos
Quero todos os instantes a todos os momentos
Quero não precisar voltar, pq achei o meu lugar.
Quer voar comigo?
Então vem, não acorda e deixa o sonho acontecer.

sexta-feira, novembro 24, 2006

Toda vez que olho, me lembro


Hoje é dia de Confraria de Crônicas, Contos e Causos do Cotidiano - desfalcados do confrade Manfredini, mas - como dizia o velho taxista - sempre no ponto.

Toda vez que eu olho, me lembro - Sérgio Lapastina
Nunca fui de usar agenda. Verdade... tirando telefone, data de aniversário e idade, o resto sempre fui de lembrar de cabeça.
Poderia inventar um monte de desculpas, asneiras e auto-bajulações para isso, mas em verdade é que - apesar de virginiano - sempre fui desorganizado demais para organizar uma agenda. Portanto, sem escolha, ou lembrava ou lembrava, não tinha outra escolha.
Desta forma, acabei desenvolvendo (já entrando na auto-bajulação) uma forma de ajudar a memória. Como sempre fui bom (e nem ainda cheguei no ápice da auto-bajulação) visualmente ficava associando coisas aos compromissos.
Traduzindo: sempre deixava algo à vista para me lembrar que tinha que fazer alguma coisa. Daí era o seguinte: ou fazia ou a coisa fica ali e acumulava outra coisa e mais outra e eu tinha que fazer para querer voltar a dormir na minha cama algum dia.
Teve uma vez que eu até comprei uma agenda... pena que não consegui colocar alguma coisa que me lembrasse de anotar as coisas na agenda.... Na época eu pensava, que perda de tempo, se é para anotar na agenda que tenho que fazer, faço e pronto.
Prático. Eficiente e bonito.... até que pela primeira vez esqueci um compromisso.
E o que foi pior, não esqueci o compromisso propriamente dito. Sabia que tinha que fazer alguma coisa, que estava na hora de algo acontecer e não conseguia me lembrar o que era.

Sabe, tipo quando vc liga para alguém para contar alguma coisa e depois dos prolegômenos vc simplesmente não lembra pra que é que ligou para a figura... Não adianta enrolar. Esqueceu.

Daí a coisa aconteceu. Uma, duas, três vezes. Desespero total e... como?... não senhora não estou ficando velho.. por exemplo, ainda lembro que seu nome é Adélia... Amélia, claro.. é que é parecido, entende.. Adélia, Amélia... praticamente o mesmo nome... muda uma letrinha de nada...

Na verdade o que acontece é que a memória da gente vai ficando seletiva. Tem tanta coisa acontecendo o tempo todo que não dá para ficar atento e lembrando de tudo. Daí o melhor a fazer é realmente esquecer.

O melhor contudo que não esqueçamos dos amigos, dos amores, das paixões...

Talvez seja por isso que gosto muito de fotografia... pois toda vez que olho, me lembro que estive ali, me lembro que vivi aquilo e que hoje, se sou feliz, se sou tudo o que sou, é pq, posso me lembrar com orgulho que te conheci e que não quero te esquecer jamais.

Que jamais esquecerei o dia que nos conhecemos... no meio de.. de março... maio, claro. E você entrou com aquela calça jeans... saia? vc estava de saia?.. é... mas a tua blusa branca era a mais reluzent... vc jamais usaria saia com blusa branca?
Bem, mas pelo menor era você.



Era...Não era?




Toda vez que eu olho, me lembro - Wagner Y. Mekaru

Toda vez que olho para trás me lembro e percebo o quão longe estou do ponto de partida.
Um caminho que não tem volta, um chão que pede para ser pisado, distâncias que pedem para ser eliminadas.
Você sabe, há sempre choque, há sempre dor, tudo é parto e nada é fácil.
O Medo é uma sombra que sempre beira esse caminho, por mais que se corra, ele sempre está lá. Entretanto, quando a pisada se torna mais firme e a Luz vira horizonte, a sombra fica para trás.
No começo era mais difícil, eu concordo. Mas hoje o urso de pelúcia, a chupeta, aquele cobertor, a turma e o guarda chuva não tem mais sentido; você anda inclusive, a pés descalços em cima de brasa ou mesmo de cacos.
E eu olho com carinho para a estrada.
À medida que a poeira se levanta todos os flashbacks aparecem na tela do meu pensamento. Momentos alegres e tristes. Não há espaço para lamentos, todos eles compõem a sinfonia de minha vida, feita a vários movimentos.
Quando olho as fotos antigas me lembro que um dia já fui magro, já não posso abusar como os adolescentes que comem e não engordam, nem do açúcar, que nessa época queimava-se fácil. Hoje tudo se acumula e torna-se peso a arrastar pelas ruas.
As paredes a pintar me lembram que tenho onde morar.
Os pais e irmãos me lembram que tenho a quem retornar.
Nos momentos de angústia é pro alto que se volta meu olhar.
Sou sim, como você um eterno Mutante a se transformar.
E o caminho?
Caminho longo, caminho de pedras, caminho íngreme, mas as placas dizem para não parar.
Tornar-se melhor, saber aceitar as diferenças, entender que o outro também tem suas expectativas e caminha.
Quero sim me ajudar e assim ajudar o próximo. Não há beleza na miséria. Miséria maior é a miséria de espírito.
Mande embora o que está guardado no armário e você não usa mais. Aquelas roupas que já não te vestem, os sapatos apertados, isso tudo ocupa muito espaço.
Jogue fora aquele velho sentimento ruim que se alojou no peito e não tem razão de ser. Aprenda a perdoar.
Rancor, ódio, ressentimento, etc nada disso vai valer e é apenas fardo a carregar e como diz a música: "quem carrega pedra tem juízo mole..."
Sim, somos sim eternos aprendizes e a vida não cansa de nos ensinar; o problema é que às vezes cochilamos na aula e não percebemos como aquilo era importante. A ficha só cai depois, mas você ligou a cobrar.
No fim o teu olhar se volta pra estrada novamente e só há um caminho. No fundo você sabe e acredita que vai chegar. Tome um fôlego, continue a caminhar, mas quando olhar para estrada, lembre-se: você nunca está sozinho, você tem companhia nessa viagem, talvez isso te encoraje.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Um santo remédio....


O emerentíssimo Romane me envia um texto, publicado originalmente no New York Times que simplesmente dá novo e total sentido à existência.
Segundo a matéria, após anos e anos de intensos estudos, um laboratório francês sintetizou uma droga que aumenta de forma inacreditável a resistência corpórea em absolutamente todos os sentido.
A miraculosa droga não somente nos coloca mais próximos do desempenho físico e sexual do Super Homem, como também é uma verdadeira e definitiva arma contra a obesidade, diabetes e uma relação sem fim de aflições.
Sob a alcunha ainda ignorada - ou censurada no texto sob puro medo dos resultados caso consumidos por este cronista - este remédio... ou melhor este néctar abençoado usa como sua principal substância ativa um ingrediente somente encontrado no vinho tinto.
Veja lá, diz o emerentíssimo que me enviou a solução para todos os meus problemas, se apenas um ingrediente consegue fazer com que dobremos o desempenho físico, a resistência e o humor, dentre outros, imagine o que não nos fará o consumo regrado e sucessivo do vinho em si.

Pois bem, por um lado sou obrigado concordar integralmente com o amigo, pois desde os tempos de outrora, o velho Lapastina tinha por hábito verter um copo (taça não era coisa de uomo) de vinho tinto todos os dias. E segundo ele, não havia melhor remédio.

Por outro lado, ainda concordando de forma completa e irrestrita, sou obrigado a fazer uma observação: o dito laboratório não conta qual vinho utilizou... se bem que, em estando na França, qualquer "vinho da casa" faz um bem danado.

Desta forma, neste espaço, faço questão de relatar aos estimados leitores esta inovação da ciência, de enaltecer o conhecimento humano e de dar os parabéns a todos os cientistas que, tal qual estes franceses, se preocupam em proporcionar melhores condições de vida a todos... Agora, com a licença de todos, dirigir-me-ei à adega mais próxima, pois sabem como é, com esses remédios de uso contínuo é melhor não bobear...

quarta-feira, novembro 22, 2006

Lago ou Lagoa

O texto de hoje até seria outro, mas devido ao desespero demonstrado pela leitora, colega e amiga (não necessariamente nessa mesma ordem) Emília em sua dúvida, sou obrigado a abrir uma exceção e atender ao pedido.

Ela implora que este escriba - ou qualquer outro (para ver o grau do pânico da coitada) - lhe dirima a dúvida: qual a diferença entre um lago e uma lagoa.

Indo ao pai dos burros (o que a Emília certamente já deve ter ido... e se não foi pego-lhe na volta) encontramos a definição que lago é a "acumulação permanente de águas em grande extensão numa depressão de terreno fechada" e lagoa é uma "depressão de pequena profundidade, contendo água, algo como um pequeno lago".

Desta forma, uma rápida análise diria que lagoa não passa de um lago minúsculo, ínfimo, risível mesmo. Contudo, creio ser melhor nos ater ao fato de que um lago é uma acumulação permanente, enquanto lagoa é uma acumulação que não necessariamente tem as características de eternidade.
Ou seja, lagoa seca, lago não.

Muitos disseram que o lago seria a formação natural e que a lagoa seria aquela provocada pela ação do homem. Ou vice-versa.

Outros diriam e chegaram mesmo a dizer que tudo depende de quem descobriu ou batizou o local. Se homem é lago, se fêmea, lagoa. Contudo, a versão foi rapidamente colocada de lado.

Alguns, mais técnicos, levaram sua filosofia para questões mais intestinais do acidente natural (gostaram dessa heim... pensaram que eu tinha cabulado essa aula na 4a série...) e colocaram que a denominação depende da profundidade, da capacidade de armazenamento de água, da temperatura que a água armazenada apresenta, sua coloração e outros meandros químicos que fiz questão de não prestar atenção tamanha asneirice que chegou-se na discussão.

Ao final, quando tudo resumiu-se ao fato deste ser um excelente tema para a crônica do dia, duas conclusões foram consenso.
A primeira é que como absolutamente nenhum dos presentes iria, em tempo algo, ter a oportunidade de batizar um lago ou uma lagoa, pouca importância a diferença teria, pois iríamos lá chegar e a placa estaria pronta.

A segunda, mais contundente, foi que a diferença não tem a menor importância e como a própria Emília não conseguiu explicar o pq de sua dúvida, houvemos por bem encerrar a reunião.

terça-feira, novembro 21, 2006

Para matar o tempo

Uma das maiores angústias da humanidade é o tempo.
Se perguntarmos para 10 pessoas como ela administra o tempo, teremos indubitavelmente 10 respostas completamente diferentes. E não adianta, utilizando o jargão dos colegas pesquisadores, aumentar a amostra da pesquisa: para quanto mais gente perguntar, maior será a variedade das respostas.
Uns dirão que são escravos do tempo, que é o relógio é que rege suas vidas e seus destinos. Dificilmente dirão que lhes falta tempo, pois se mais tempo tivessem, mais feitores lhes seriam impostos.
Outros, os que admitem que lhes falta o tempo, se perguntados se desejariam ter mais tempo, coisa do tipo 25 horas por dia, 8 dias por semana, 13 meses por ano, ficarão em dúvida na resposta. Para esses, quanto mais tempo lhes for dado, mais falta de tempo terão. Puro problema de administração.
Para outros, por sua vez, a questão maior é como passar o tempo e é justamente sobre esses que quero falar. Não tenho tempo para os outros.
Até mesmo pq, se o tempo é angústia, passar o tempo é dilema.
Como é que vc faz para passar o tempo? Primeiro: o tempo não precisa de vc para passar, ele passa querendo vc ou não. Portanto seja como for que vc faz para passar o tempo, acredite, não faz a menor diferença para o tempo.
Quantas vezes já não olhamos para o relógio (instrumento abominável) e dissemos:
- Ainda 4 horas... ô tempo que não passa.
Daí começamos a fazer alguma coisa e, em outra olhada ao dito cujo...
- O que? Já são 6 e meia? mas esse tempo voa...

Vai entender...

E tem um mercado inteirinho voltado aos que desejam matar o tempo. Matar, bem entendido, não no sentido literal da coisa, pois a não ser que você ande, corra e atue na velocidade da luz, sinto, mas quando vc decidir matar o tempo, o tempo passou...

Os mais velhos diziam, sabiamente, que o melhor remédio é o tempo. Minha avó sempre dizia: o tempo cura qualquer ferida.
Já o irmão dela dizia que o tempo não perdoa ninguém. Vira e mexe o Tio Léo soltava: no meu tempo...
Ah, outra boa dica: tempo não tem dono. Portanto a frase, no meu tempo carece totalmente de sentido.

Mas, retomando, como fazer para matar o tempo.
Isso eu não sei e não pretendo saber. O meu tempo mato como eu quero e não conto o segredo. Conto apenas que para cada segundo que mato, me faltam outros dois.
Desta forma, é melhor a gente se decidir: ou nos falta tempo ou estamos matando o tempo, o que não dá é reclamar depois.
- Ah, mais isso... tô sem tempo pra nada.
- Tudo isso? Nem que o dia tivesse 28 horas...

O melhor é fazer que nem um grande amigo e jamais, em tempo algum, nem sob tortura chinesa, perguntar que horas são.
Para ele, assim como para todos deveria ser cada coisa a seu tempo.

Dinheiro... se eu tivesse sobrando

Hoje é dia da Confraria de Crônicas, Contos e Causos do Cotidiano... que, aparentemente vai aumentar em breve....

Dinheiro, se eu tivesse sobrando... - Sérgio Lapastina

Reclamar de falta de dinheiro é coisa de pobre... Até pq rico não reclama disso - fala a verdade, se nada mais fosse escrito depois disso vc ia morrer contente, não iria?
Então, se estamos, no texto de hoje, reclamando... é pq assumimos que somos pobres... E, vamos e venhamos, assumir que é pobre é coisa de pobre...
O pior pobre é aquele se assume pobre. O pobre de espírito.
O pior pobre é aquele que pensa pobre. O pobre de esperança: "pôxa, a mega sena está acumulada em 47 milhão, 482 mil e trezentos reais.... pra mim só os 82 mil resolvia...
Pobre... merece ganhar nada... nem os 47 milhões nem os 82 mil nem nada....
O que eu gostaria? Sinceramente?
Eu queria ganhar não esses 47 milhões, mas queria deixar acumular mais umas quatro semanas e chegar a 70 milhões e aí sim, ganhar e ganhar sozinho.
Aí sim, com dinheiro sobrando ia poder ter tranqüilidade para olhar para quem eu gosto, para quem precisa, para quem merece, para quem quer e precisa de ajuda.
Mas, perguntam ali na terceira fila, precisa ter dinheiro sobrando para ajudar ao próximo?
Depende, respondo eu. Sobrando não precisa ter, mas não pode ter faltando.
Não, prezada leitora, não estou sendo egoísta. Veja bem:
qual é a base para se promover tranqüilidade? estar tranqüilo.
qual a base para se promover a evolução? ser evoluído.
qual a base para se promover a confiança? ser confiável.
Por isso, digo e afirmo, para poder ser útil a quem precisar, é preciso que estamos utilizáveis.
Claro, ajuda não é só dinheiro, não é só financeira, mas é um pão com manteiga para quem tem fome, um copo de água para quem tem sede, um abraço para quem está triste, uma palavra para quem perdeu a esperança.
Por isso mesmo. Sim reafirmo, quero ganhar os 70 milhões ou até mais se possível. Quero ganhar para poder ofertar ganhos a quem estiver ao meu lado e estender a mão a quem precisar se erguer e apoiar quem quer subir.
Não tenho dinheiro sobrando e não sei se um dia vou ter, mas espero ter sobrando o desejo de ter, pq aí terei eternamente o que de melhor o mundo precisa, que é a crença de que é possível de que vale a pena e de que vou chegar lá.
Agora, apenas te respondendo, o que eu faria se tivesse dinheiro sobrando?
Sinceramente, não sei... acho que iria gastar um tempo, todo dia, para escrever uma crônica, para ter amigos, para dar risada, para tomar um chopp gelado, para escutar uma música, ver um filme, para beijar minha Gláucia, minha Juliana, minha Carol, meu Guilherme, brigar com a sogra, provocar a cunhada... acho que faria isso...
Quê? Mas é justamente isso que eu faço?
Então, ia fazer mais... cada vez mais, pq é isso que quero ter sobrando.... além de ganhar na mega sena.



Dinheiro, se eu tivesse sobrando... - Wagner Y. Mekaru

Sempre que se faz a pergunta: "quanto você ganha?" ou "você ganha bem?", invariavelmente a resposta vem sistemática, afirmando que ganha-se pouco/razoável ou mesmo o popular "dá pro gasto".
Raramente encontra-se alguém que admite ganhar bem ou que diga que o dinheiro sobra, talvez para evitar o "olho gordo" ou até mesmo por culpa.
O não sobrar obviamente está ligado aos gastos e necessidades que temos e quanto mais se ganha mais necessidades temos.
Mas, digamos hipoteticamente que se suas necessidades materiais cessassem , o que faria com o que sobra?
Ah, pouparia para o futuro.
Elimine isso também, seu futuro, tanto quanto o de seus familiares já foi garantido com saúde, moradia, alimentação, etc.
E aí?
Hum, ajudar o próximo? Como?
Ligaria de quinze em quinze minutos no Teleton? Daria mensalmente donativos a asilos? Distribuiria cesta básicas? Compraria leite para abrigo de menores carentes?
Legal!
Bom, mas tudo bem, isso é apenas uma hipótese, pelo menos sabemos que se você tivesse dinheiros sobrando ajudaria o próximo.
-Disfarce, não olhe agora, mas tem um menino todo mal vestido do seu lado, acho que vai te pedir dinheiro.
- Tio, tio! Falta muito pro senhor satisfazer suas necessidades? (e desapareceu numa Luz branca...)
Caramba, parece que você não está bem. Quer um pouco de água?
Enquanto vou buscar água, senta-se um senhor de cabelos grisalhos apoiado em sua bengala e começa a conversar com você. Após quinze minutos evocando a epopéia daquele senhor, você se cansa e vem me procurar, mas um som estridente metálico lhe chama a atenção; você olha para o lado e vê o rádio relógio piscando e apitando as seis e meia.
Não, não é um conto de Natal, muito embora estejamos a pouco mais de um mês dele. Também não era um filme surrealista, era apenas um sonho.
- Acorde!
Outro dia ouvi uma frase muito interessante que dizia: "assumir novos poderes implica em ter mais responsabilidades."
Então vejamos,quando passo da infância a adolescência ganho "novos poderes" com a transformação do corpo e com isso a capacidade de reprodução, logo sou responsável por isso.
Quando sou aprovado no exame para motorista recebo um documento que me habilita e me responsabiliza para conduzir veículos, já que ganhei o "poder de dirigir."
Se você é promovido na empresa está sendo reconhecido seu mérito e portanto você deve ter demonstrado que aumentou seu leque de responsabilidades. Percebeu porque te cobram tanto?
Com o dinheiro não é diferente, ganha-se mais aumentam as responsabilidades até com você mesmo, até porque a tendência é que você fique mais visado.
Para terminar a clássica pergunta: "dinheiro traz felicidade?"
Acho que não, mas certamente ajuda a viabilizar a construção da estrada pela qual iremos caminhar em busca dela.
Não está sobrando dinheiro? Tem muitos dias no seu salário? Calma que isso passa, tenha paciência porque dias melhores virão.
Hã? Ah, o que eu faria se tivesse dinheiro sobrando?
Bom, acho que iria até a venda ali da esquina e compraria um saco de pipocas para dividir com você.
Quer pipoca?


Dinheiro, se eu tivesse sobrando... - Manfredini

Conheci um senhor que morava ao lado de minha casa quando eu era garoto.
Ele era extremamente gentil, cordato, simpático, conversador e passava quase o dia todo e inclusive parte da noite, perambulando pelo bairro, ou sentado num dos bancos da praça falando com alguém, ou ainda num botequim, ao lado de sua casa, embora nunca o tenham visto bebendo.
Dê aparência bem cuidada, notava-se seu asseio pessoal bem como o de suas roupas, sempre discretas e adequadas.
Sua prosa era culta, instigante, denotando inteligência e todos o procuravam para trocar algumas idéias ou até pedir conselhos.
Também sua residência era bem cuidada, bonita, mas sem luxos ou exageros.
Segundo comentavam, ele estava aposentado, mas ninguém sabia exatamente qual havia sido sua profissão, sua ocupação e isso dava margem a toda espécie de comentários, especulações e, com o passar do tempo, criou-se uma lenda em torno dele.
Diziam ter sido um eminente juiz, outros lhe atribuíam passagem pela docência no ensino superior, onde teria obtido o grau de doutor, alguns o tinham na conta de líder sindical ilustre ou de político brilhante que, desiludido com os rumos do país, que não condiziam com sua posição ideológica, abandonara a atividade.
Atribuíam-lhe possuir bons princípios morais em decorrência da postura reservada que adotava em relação aos escândalos que vez ou outra aconteciam no bairro, aos quais nem chegava a dar atenção.
Nunca criticava nada e ninguém, nem tinha por hábito falar coisa alguma da família, resumida à esposa, pelo que sabíamos.
Não lembro se alguma vez declinou seu nome, mas todos o tratavam por "filósofo".
De vez em quando alguém surgia com alguma novidade a seu respeito:
- Soube que o "filósofo" orientou o seu Manuel na mudança do ramo de negócios e agora o "portuga" está rico!
- Ouvi a dona Marieta agradecendo ao "filósofo" pelas recomendações que passou para a filha sem juízo, parece que depois disso a "malandrinha" tomou jeito!
- Eu o vi explicando para o causídico da associação amigos do bairro como aprimorar o estatuto da entidade!
- Soube que ele deu uma "dica" ao delegado do distrito e este conseguiu resolver o caso do roubo da joalheria do Freitas.
E assim transcorriam aos dias, engordando os casos acerca do mítico e ilustre personagem.
O "seu" Antônio, proprietário do boteco, lugar onde o "filósofo" mais permanecia, acabou por se tornar intimo deste e, como seu interlocutor privilegiado, por vezes olhava desconfiado quando um dos freqüentadores surgia com mais um fato espetacular sobre nosso excêntrico amigo.
Costumava dizer:
- Vão com calma, o homem também não é nenhum santo milagroso ou profeta!
Muitos estranhavam a frase, atribuindo-a a uma possível inveja ou dor de cotovelo do taberneiro.
Os comentários menos dignificantes direcionados à ilustre figura do bairro, efetuados pelo Tonhão – apelido do dono do bar – foram se tornando mais constantes e contundentes, a tal ponto que numa tarde, um grupo ultrajado resolveu dar-lhe um ultimato:
- Ou ele explicava o motivo de suas ressalvas e críticas veladas direcionadas ao "filósofo" ou então se calasse!
Ao que prontamente ele retrucou:
- Que vida ingrata esta minha, como é triste ser um reles dono de boteco, pois nem posso fazer um simples comentário que todos já se julgam no direito de poder tirar satisfação comigo!
- Dinheiro, se eu tivesse sobrando... fechava esta porcaria de comércio e ia embora para minha cidade, para nunca mais ter que agüentar bêbado, gente enxerida, povo mal educado, pessoas de nariz "empinado" e, principalmente, os malditos "filósofos" de boca grande!

terça-feira, novembro 14, 2006

Energia da água


Devido à inúmeras questões ambientais e outras econômicas (infelizmente mais econômicas que ambientais... mas isso é tema para outra crônica), diversos aparelhos, equipamentos e coisas foram inventadas utilizando para sua movimentação e funcionamento as chamadas energias alternativas. Sol, vento e tudo o mais cuja essência contivesse partículas geradoras de energias passaram a, literalmente, movimentar o mundo.
... bem, falta o equipamento movido a bom senso... mas isso, igualmente, deixo para outro texto...

Foi minha amiga, colega de trabalho e de degustação etílica, Cláudia Silva - fanática por blogs e assimilares - que descobriu uma série de equipamentos movidos a água.
- Como sra.? O moinho do sítio do seu bisavô já era movido a água? Eu sei, madame, mas o que a Cláudia me mandou não se trata de absolutamente nenhuma moenda, mas sim de equipamento eletrônicos, daqueles que normalmente a gente colocaria uma pilha, bateria ou teria que ligar na tomada para funcionar.
Os H2O Water Power são apresentados ao mercado como a mais nova tecnologia limpa, pois dispensam completamente o uso de qualquer tipo de bateria, sendo que o usuário tem apenas que colocar periodicamente água em um recipiente específico para fazê-los funcionar.
Ah e a água é normal, torneiral, não precisa ser oxigenada, boricada, especial de forma alguma. É abrir a torneira e fazer o aparelhinho funcionar.
O apelo de marketing os coloca como os únicos e autênticos aparelhos eletrônicos ecologicamente corretos.
Na linha de produtos estão à disposição dos interessados uma calculadora de mesa, um relógio digital e uma versão deste com despertador.
A calculadora, com todas as operações necessárias para o dia-a-dia e o display tem 8 dígitos.
O relógio, seja na versão simples ou na com despertador, tem visor com números grandes e todos os ajustes necessários.
Apenas, já vou avisando, não vale botar a culpa na Sabesp por chegar atrasado no trabalho.
- Pô, chefe... faltou água no meu bairro hoje e o despertador não tocou....
Segundo informações do fabricante, a reposição de água deve ser feita a cada dois meses... portanto...

Quais serão as próximas invenções? TV? Rádio? Computador? Tudo a água? Sei lá... se tiver - um - a Cláudia me (nos) avisa e - dois - espero que não comece uma nova guerra pela água: um bem já muito disputado e pouco valorizado...
Sinceramente, levar água até as casas das pessoas é uma coisa tão complicada que, ao colocar uma torneira num buraco da parede e deste sair água deveria ser uma coisa digna de aplausos.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Propaganda no M&M


Pode não ser exatamente a última barreira da propaganda, tendo em vista que usar alimentos para promoção de marcas não é absolutamente nenhuma novidade - afora o fato de que a tal última barreira é algo que, se é que existe, somente está aí para ser quebrada...
No meu tempo eram chamados de Confeti (com "i" mesmo), mas atualmente as balinhas de chocolate com casquinha dura e colorida são chamados de confeitos M&M.
Aliás, Confeti é do tempo que a gente ia na padaria ou no supermercado e, além deste já citado que vinha em um saquinho amarelo (que era impossível de abrir sem derrubar um monte no chão), tinha também o Delicado que, por sua vez, sumiu do mercado... que será que houve?

Mas, voltando à propaganda, agora a empresa ou pessoa que quiser ter seu nome e até mesmo sua imagem gravada nos tais confeitos, basta ligar para a fábrica e encomendar o pedido.
Há cerca de um ano a Masterfoods, a fabricante do M&Ms, lançou a possibilidade de imprimir mensagens nos confeitos. Não satisfeita, ampliou a oferta.
Agora você pode ter sua marca na marca deles.... Será que aceitam encomendas de concorrentes?

Bem, para quem se interessar são 22 cores de M&Ms, disponíveis em diversos tipos de embalagens - felizmente menos aquele irritante e inabrível saquinho.
Aquilo, tenho certeza, vinha com algum tipo de explosivo na parte interna, pois era humanamente impossível rasgar aquele plástico de forma adequada e, quando finalmente se conseguia, era bom não ter ninguém por perto, pois era uma chuva de confeitos pra tudo quanto é lado.

Se você já tivesse alguma idade para perceber a situação ridícula, tudo bem. Pior é que quando se é criança e, depois de muito custo, se convence a mãe a comprar um saquinho de chocolate, a última coisa que se quer é esperar chegar em casa para abrí-lo.
Normalmente a gente abria no supermercado mesmo e, conforme já relatado, o dito cujo explodia e os ditos cujos confeitos iam todos ao chão. Aliás, todos não, sempre ficava um para tirar sarro da tua cara.
Daí a vez de explodir era da gente.
-Manhêeeeeeeeeeeeeeeee
- Ah, não vem que não tem. Eu falei para não abrir aqui, para esperar chegar em casa... Agora....
- Manhêêê.....
- Não.
- Mã....

bem.... o resto é história comum de todos...

sexta-feira, novembro 10, 2006

E não é que estava mesmo lá?


Hoje é dia de Confraria de Crônicas, Contos e Causos do Cotidiano

E não é que estava mesmo lá? - Sérgio Lapastina

Trabalhar em comunicação se assemelha a uma religião: demandam fé.
E fé é uma coisa que não se explica: ou se tem ou não tem. Ponto final.
Mas, onde é que a gente guarda a fé? Ou até melhor, aonde é que a gente deposita a fé? Sim pq fé não se produz, se usa e a gente só usa o que tem.
O mais engraçado é que esse tipo de coisa, meio imaterial, somente sensível, sem comprovação é algo que vira e mexe a gente duvida que tem, duvida que é capaz, duvida que "ainda tenha no estoque". E, para piorar, somente vai descobrir se tem ou não tem quando precisar.

Não sei se foi por necessidade ou por que foi, mas minha vida inteira tem sido um constante apostar que nesse "estoque" de fé, ainda tem um pouquinho - ou vez por outra, um tantinho.
É preciso que acreditemos em algo - a velha é boa fé, que move a religião e a comunicação. Eu sempre acreditei que tinha capacidade para acreditar que era possível, que é possível que vai ser possível.
Ou como diz meu grande amigo Décio, as coisas acabam dando certo, seja com mais ou com menos stress, dão certo.,.... tudo bem, mas para cada cem coisas com mais stress, bem que podia vir uma sem stress... ô vida...
Ou como dizia o velho caipira, ô mundão velho sem fronteira, onde minha vida caminha pelas estradas, onde meu amor reflete cada gota de chuva, onde minha esperança se vai em cada nuvem; ô mundão velho sem fronteira, sem porteira, deixa eu caminhar sem destino, apenas acreditando que um dia chego lá em casa e posso, mais uma vez, fechar os olhos e descansar.

Essa é a essência da fé, da esperança, acreditar que quando tudo está perdido, que não tem mais jeito não, a gente tira - sabe-se não de onde - um restinho de força e vence o jogo.
É nessas horas, cansados do caminho, feridos pela luta, com o corpo e a alma cansados, mas sabendo que chegamos em casa para descansar que devemos olhar para dentro de noss'alma e nos surpreender.
Surpreender pois foi justamente dali, de onde achamos que não seria possível tirar mais nada, que saiu a força para a vitória.
Foi de lá, de onde a gente pensou que estava esgotado, que floresceu a certeza de que era possível.
Foi de lá, de onde sabíamos que lá estaria, mas por um segundo, menos que isso, chegamos a duvidar.
Nesse microssegundo, em que fechamos os olhos e perguntamos de onde é que iríamos tirar as forças...
Nesse mesmo instante, em que a gente não mais acreditou é que nos foi mostrado que ainda tínhamos tudo para superar e vencer.
E hoje, tudo que nos resta é sorrir, olhar para o coração e dizer: e não que estava mesmo lá?
Sempre esteve.
Sempre estará.
Basta acreditar.




E não é que estava mesmo lá? - Carlos Manfredini

A semana que passou foi especial para muitas pessoas, em particular para os esotéricos, místicos, feiticeiros e que tais.
Dois de novembro é dedicado aos mortos, dia 1o a todos os santos e 31 de outubro foi o dia das bruxas.
Não sei se todos sabem, mas nessa última data, no município de São Paulo, comemora-se o dia do Saci.
Esse singular representante do nosso folclore é um negrinho que habita as matas, caminha pulando numa banda só, pita um cachimbo que permanece sempre aceso e porta um barrete vermelho que não lhe cai da cabeça, fonte de seus poderes, lhe conferindo inclusive a capacidade de ficar invisível.
Dizem que ele não chega a ser mau, embora pratique diversas malvadezas, todas elas destinadas mais a assustar e apoquentar a vida das pessoas, do que realmente prejudicá-las, embora isso possa acabar acontecendo.
Segundo Monteiro Lobato esse ser nasce na floresta, num local constituído de bambuzais, conhecido como "sacizeiros", donde só sairá quando completar 7 anos, vivendo até os 77.
Suas áreas de atuação preferidas são as estradas, os caminhos mais ermos que ligam povoados interioranos, fazendas e sítios, perseguindo os incautos viajantes, armando-lhes diversas ciladas.
Gosta, também, de adentrar as casas para aprontar travessuras, emitindo ruídos.
Já no pasto se delicia assuntando bois e outros animais, mas o que adora mesmo é trançar as crinas dos cavalos para depois montá-los em disparada campo afora.
Contudo, sua mania de atazanar os outros, escondendo objetos domésticos que dificilmente são encontrados é o que mais incomoda os caboclos, uma vez que em seus humildes lares, normalmente, há escassez de utensílios essenciais e qualquer um deles que desapareça faz bastante falta.
Por esse motivo, em suas crendices, a gente simples do interior desenvolveu os mais diversos rituais e práticas para poder recuperar suas coisas surrupiadas pela entidade travessa.
Minha avó paterna, embora não morando na roça, era "useira e viseira" na arte de contar histórias de "assombrações" ocorridas por aquelas bandas.
Lembro com saudades desse meu tempo de menino.
Ela, após terminar de preparar o jantar e enquanto aguardava os filhos retornarem do trabalho para dar início a refeição em família, sentava-se numa cadeirinha – sempre a mesma – eu e quem mais estivesse presente rapidamente nos acercávamos dela, pois certamente lá vinha mais um "causo", narrado com suspense e competência.
Mas, o fato que vou relatar a vocês, embora bastante interessante por envolver o personagem descrito acima e seu costume de dar sumiço em tudo, não foi ouvido de minha encanecida avozinha, este foi presenciado por mim e para sua melhor compreensão faço breve retrospectiva.
Meu falecido avô deixou como única herança um relógio patacão de algibeira e como os filhos eram muitos, embora todos adultos, nenhum deles ousava carregá-lo consigo.
Assim, o "cebolão" permanecia respeitosamente dependurado num preguinho da parede da cozinha, colocado em destaque e com orgulho acima da mesa.
Só meu tio mais velho é quem, todo dia ao chegar da fábrica, tinha permissão de dar corda na preciosidade.
Porém, em determinada oportunidade o relógio sumiu!
Imediatamente a vó da Rosinha – era assim que eu a chamava, mas a explicação do apelido fica para outra oportunidade – reuniu sua prole e indagou quem era o responsável pela grave e desagradável ocorrência, uma vez que permanecendo tal situação, esta poderia até acarretar uma possível desarmonia entre os irmãos.
Depois de longo silêncio e após alguns entreolhares veio a resposta:
- Foi o Saci!
- ...?
Mesmo um tanto incrédulos, todos resolveram aceitar a alegada explicação, partindo imediatamente para a busca do objeto desaparecido e já davam início quando alguém lembrou:
- Esperem! Estando o relógio com o "coisa-ruim" é mais fácil recuperá-lo prendendo o diabinho, quando ele surgir num redemoinho.
Explico!
Reza a lenda que é o Saci quem provoca o pé-de-vento que se move em círculos, tendo por costume esconder-se ali dentro e basta jogar uma peneira no "olho" do tufão para capturá-lo.
Depois é só colocá-lo preso dentro de uma garrafa, tirar o seu capuz e trocar pelo objeto escondido.
Prosseguindo, após longa e paciente espera, numa quente tarde de verão, repentinamente, forma-se na frente da casa o esperado "ventão" e rapidamente uma peneira é lançada.
Momentos depois, diante da expectativa geral, fomos lá levantar o crivo, a joeira, para ver o resultado da singular e bizarra caçada, mesmo ante a poeirada que, teimosamente, pairava no ar.
- ...?
- Pegou? Perguntei curioso.
- Cadê o "bichinho"? Inquiriu outro, afoito.
- Aqui debaixo parece que não tem nada!
- Nada?
- É, nem Saci, nem relógio!
Nesse momento ouvimos uns gritos do meu tio caçula, vindos lá da cozinha e nos abalamos para lá.
- Corram, venham depressa, conseguimos!
- ...?
- Vejam todos, a captura deu certo?
Nem bem entrei, antecipando-me aos demais perguntei:
- Você pegou o Saci, tio?
Ao que ele respondeu:
- O Saci não, mas ele deve ter ficado com medo de nós, olhem ali, reapareceu, olha o relógio no prego, o Saci devolveu!
- ...?
- ...?
- ...?
- ...?
- ...?
- ...?
Perplexos, olhamos para onde ele apontava, para o lugar do relógio... E NÃO É QUE ESTAVA MESMO LÁ?
- Verdade verdadeira!
Em tempo.
Mesmo não marcando mais as horas, o velho relógio do meu avô está agora comigo, resguardado e protegido da ação de todo e qualquer Saci.


E não é que estava mesmo lá? - Wagner Mekaru

O tema-título desta semana proposto pelo Lapastina me fez pensar em escrever um conto. A princípio entendi que o título "engessava" as idéias e a linha de raciocínio teria que partir para um conto.
Ao ser proposto o tema não cabem muitas perguntas, até porque esse questionamento pode "contaminar" a criação do texto.
Pois bem, repensando o processo, percebi que não havia motivo para sair da linha que meus textos estão sendo elaborados.
Quero falar na verdade obre momentos difíceis ou por dificuldades que passamos na vida e sobre como amizade, compaixão e respeito são importantes nessas horas.
A idéia de falar sobre isso me veio após conversar com uma amiga, a Tatiana, onde ela me pareceu um pouco triste e talvez desiludida, se auto questionando sobre sua vida.
Eu que não tenho vivido um momento UP também me vi em busca de algumas respostas e por coincidência (será?), peguei o Livro dos Espíritos de Kardec para ler. Confesso que apesar de não seguir essa doutrina, admito que muito das idéias contidas nela fazem sentido para mim, ajudando-me a ver algumas "pedras" sob outra perspectiva.
O Espiritismo fala muito sobre Provas e Expiações, onde esta existência se configuraria como mais uma oportunidade para a evolução do espírito, sendo que esta se daria a partir da prática do bem, entendendo-se bem como a prática de ações pautadas na lei de Deus.
Se a prática dessas ações se dá entre pessoas, penso que as pessoas que nos auxiliam em momentos ruins tem um valor inestimável, uma vez que não nos deixam cair num abismo e procuram nos incentivar a continuar a caminhar, já que sabem que a estrada é longa.
Por vezes essas pessoas também estão por baixo, e neste momento outros vem em seu auxílio e as ajudam na caminhada.
Todo caminhar se faz "sozinho", com os próprios pés, mas saber que na estrada outras pessoas partilham desse caminhar conforta e ajuda a seguir em frente.
Dizem também que em momentos de desespero deve se pedir a Deus, contudo é importante ter os pés no chão no sentido de que nada cairá do Céu se não houver trabalho em cima disso, afinal poucas coisas na vida vem sem esforço e quando vem não costumamos reconhecê-las.
Bom, o fato é que não estamos sozinhos nessa grande viagem, temos companhia desde que nascemos até o momento de irmos embora, claro que alguns passam por nossa vida com um menor nível de influência e trazem um pouco de areia, outros um pouco de pedra, poucos porém nos ajudam a carregar os tijolos, mas este sempre estão lá, como o cachorro que guarda o sono do pedinte que mora debaixo da ponte, que não tem onde cair morto, mas tem porém a companhia do Totó que pede muito pouco em troca.
Aliás, cabe aqui um parênteses para falar desses animais que nos acompanham até mesmo quando estamos por baixo.
Lembro da Eliane que trabalhou comigo relatar de um dia em que estava triste, sentada na quintal da casa dela e a cadela dela sentou-se do lado e passou a lambê-la quase que consolando-a, uma pintura bonita para ser "eternizada na parede da casa dela."
Enfim, quero concluir dizendo que por mais que o tempo seja de nuvens negras e que a bonança esteja demorando a chegar, sempre haverá alguém te esperando com um guarda-chuva, capa ou até mesmo uma toalha, porque muitas vezes é necessário se molhar.
Está duvidando? Olha que no fim você vai me dizer: e não é que estava mesmo lá?

quinta-feira, novembro 09, 2006

Seminário sobre Desafios

Escrevo a crônica de hoje (na verdade a de ontem e anteontem) diretamente do Seminário Internacional de Saneamento Básico e Desenvolvimento que a Sabesp está promovendo em São Paulo, com o sugestivo subtítulo de Desafios para este Século.
Após dois dias de palestras, troca de conhecimentos e de cartões de visita (aliás, preciso lembrar de pedir mais.... é incrível como a gente gasta cartão nesses eventos), ficou a certeza de que o nome do seminário estava corretíssimo: levar a consciência de que saneamento básico é um dos fatores que irá indicar o desenvolvimento ou não de uma sociedade neste século é um verdadeiro e total desafio.
Mesmo com todas as campanhas, com todos os esforços, com todo o investimento realizado, ainda existe uma enorme barreira a ser vencida: a conscientização.
Saneamento é ainda , para a maioria das pessoas, sejam do setor ou não, sinônimo de obras, de cano enterrado, de levar água e coletar esgotos. Para poucos é sinônimo de saúde, meio ambiente e qualidade de vida. Felizmente é possível encontrar alguns, poucos é verdade, mas alguns que entendem que saneamento é sinônimo de desenvolvimento sustentado, de progresso econômico, de tomada de decisões.
Muitos ainda duvidam que quando uma empresa está para tomar a decisão de implantar uma nova fábrica, o fato da cidade ter ou não abastecimento regular de água tratada, coleta e tratamento de esgotos é decisivo.
Poucos ainda não acreditam que o fato de ter uma empresa de qualidade reconhecida e certificada cuidado dessa questão é sim fator escolha.
Alguns sabem que não se pode optar pela empresa que melhor trabalha, mas sim pela empresa que mais tem condições de proporcionar os avanços que a sociedade necessidade, avanços não para um futuro distante, mas para um futuro que está acontecendo no próximo minuto.
O maior dos desafios para este século não estará na tecnologia, na informática ou na engenharia... áreas que se desenvolvem queira a humanidade ou não. Até ontem achava que o desafio estava na educação e na comunicação, áreas que precisam das pessoas para acontecer.
Hoje tenho absoluta certeza que o maior dos desafios está nas próprias pessoas, no desejo destas em se tornarem melhores não para as futuras gerações, mas para esta geração; melhores para si mesmas.
O maior dos desafios deste século está na compreensão do papel de cada um no que pode ser feito (no presente)(agora)(já) para que consigamos continuar a construir o dia-a-dia.
Infelizmente não temos mais tempo (apesar do tema para uma crônica que meu amigo Odair me presenteou hj pela manhã e que usarei em breve) para pensar em tempo algum que não seja a agora. E isso não é de todo ruim.
Por anos vivemos olhando como o passado era melhor.
Por algum tempo vivemos no desejo de um futuro melhor.
Por todo esse tempo esquecemos que se o presente não for excelente, o passado de nada valeu e que o futuro não terá nem como existir.
O desafio para este século é viver este século, é querer que as construções sejam edificadas de forma a nos dar abrigo para que possamos dormir a noite de hoje e acordar no dia de amanhã (que será um hoje) para viver este dia com qualidade.
Confuso? Talvez, mas somente pq estamos acostumados a querer o melhor no futuro, mas esquecemos que para isso, temos que construir o melhor hoje, que o futuro é conseqüência do desafio vencido hoje
O seminário acabou, mas esses dias foram valeram pela consciência de que é preciso vencer os desafios agora.
Esses dias foram vencidos.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Achamos o manual da máquina de costura

Há algum tempo escrevi contando como um simples presente para minha querida sogra havia se transformado em uma verdadeira batalha campal familiar pela busca do manual de instruções em português de uma máquina de costura.Diversas empresas fabricantes do referido equipamento escreveram a este cronista dizendo que "certamente" não estava me referindo a nenhum produto por elas fabricados pois todos continham o dito cujo manual no dito cujo idioma. Diversas, inclusive a fabricante do tal maquinário.Segundo esta, o manual no idioma necessário ao entendimento (afinal de contas, burro sou eu que não sei ler em russo ou em sérvio... concordo, ignorância mata) se encontrava na parte inferior da embalagem, atado ao isopor de proteção por uma fita adesiva de textura plástica, mui provavelmente na tonalidade semelhante à palha, um pouco mais escura, mas não chegando ao marrom.Rezando para que minha distinta sogra ainda tivesse o tal isopor, fui até sua residência no dia seguinte ao mail da empresa. Para minha surpresa o isopor não somente se encontrava ainda na caixa, como inteiro e em uso - traduzindo, ela guarda a máquina na caixa original e com o isopor.... tirando esta sogra já em uso, mas ainda em bom estado de conservação, alguém mais faz isso? Guardar o isopor da embalagem?.... isso ainda dá uma crônica.
Bem, e não é que para surpresa geral e de felicidade geral de todos, na parte dos fundos do isopor, tal qual descrito pela mensagem empresarial, lá estava, atado e em embalagem plástica, o manual em português - e português do Brasil, não de Angola, de Portugal ou de Cabo Verde.
Setenta e oito pedidos de desculpas depois, hoje ainda penso: pq é que raios o manual em inglês, espanhol, russo, sânscrito, tcheco, tailandês, chinês, árabe e dois idiomas que até hoje não consegui decifrar a origem (tem um estudioso aqui comigo que jura que é uma escrita Maia que conta o segredo da vida eterna, mas deve ser lido de trás para frente, de baixo para cima, do fim para o começo e com imagem refletida, trocando-se cada ponto por vírgula e cada "r" por "h", daí fica facílimo de qualquer sogra entender)... mas dizia que pq é que esse manual vem logo de cara e o em português todo amarradinho debaixo do isopor.
- É para proteger melhor...
Depois dessa resposta, expressa por integrante da família, até hoje não entendo pq minha mulher está nervosa... só pq fiz uma analogia com as perguntas do Lobo Mau, vestido de Vovozinha, à Chapeuzinho Vermelho....
Mas a todos que se preocuparam, meus agradecimentos, e afirmações de que o manual e o autor da resposta passam bem... pena que tenha quebrado o isopor.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Desculpas

Uma das coisas mais difíceis do mundo é dar uma boa desculpa para encerrar uma ligação.Tem gente efetivamente boa nisso, mas admito minha total incompetência em dar aqueles "perdidos" para encerrar uma conversa, por pior que ela esteja.Mas, para pessoas como eu, alguns gênios inventaram a "Excuse Box", uma caixinha em forma de chaveiro que armazena 10 minutos de arquivos em audio que podem ser usados como desculpa para encerrar uma conversa chata ao telefone.Ao apertar o botão o incomodado faz a caixinha emitir sons dos mais variados tipos e espécies. De barulho de tempestade a ronco de estômago, de freada de carro a bronca de chefe, de barulho de oficina mecânica até a última chamada para embarque no aeroporto e até mesmo uma aeromoça gentilísisma pedindo para desligar o celular.Pena que as desculpas pré-gravadas envolvendo voz ainda são em inglês, o que se por um lado dá um ar de importância à desculpa, pode lhe trazer problemas do tipo:- Asderbaldo, desculpa, não sabia que você estava nos Estados Unidos. Vou desligar agora, mas assim que o avião pousar me liga que preciso fechar aquele contrato com você.... pôxa cara, e eu só ia te cobrar aquele tiquinho... justo para você, figura internacional.., Tá podendo, heim...
Daí, até explicar que você continua no país do real e que tudo não passava de uma desculpa gravada... dançou, o contrato foi quadruplicado.
Ou outras situações.- Dna. Petúnia, a senhora me desculpa, mas meu chefe tá me chamando...e daí, ao invés de apertar o botão "bronca do chefe", aperto o "aeromoça gentil" e a tia da tua mulher, que ia escutar uma voz máscula berrando, ouve um voz sensual dizendo "pleeease"..- Chefe o que seu safado, pensa que não escutei essa biscate que tá com vc... vou ligar agora mesmo para minha sobrinha e confirmar o cafajeste que você é.
- Olha Carlão, não dá para falar agora que eu tô dirigindo e...aperto o botão de "freada", mas sai o som de "última chamada"- Dirigindo no aeroporto?
Legal deve ser barulho de ronco de estômago.- Olha cunhado, até ...... ronc... falaria, mas estou num momento delicado .... ronc... dá para a gente.... ronc... conversar daqui a pouco....ronc.
Com certeza, a evolução tecnológica vai colocar alguns novos sons na versão 2.0 do Excuse Box. Infelizmente não tenho o endereço para sugestões, mas creio que poderíamos criar algumas tais como o barulho de parque de diversões com seu sobrinho "tiô, quero mais algodão-doce"; um mais erótico do tipo "ah.... desliga isso chuchuzinho e vem cá.... para não..." (se bem que chuchuzinho é para acabar com qualquer clima, não somente com a ligação); uma desculpa tipo militar, algo como "seeentido" (se bem que ninguém atenderia celular perfilado, mas vai saber...); o banheiro é ideal- Claro Dna Amélia, a senhora tem toda razão.... toc.toc... tem gente!... Como, a sra. dizia mesmo o que?... ah, claro é que .... toc.toc.. tem gente.... Senhora... é estão querendo usar o toilete. Claro...

Criatividade


Hoje é dia de Confraria de Crônicas, Contos e Causos do Cotidiano

Criatividade - Sérgio Lapastina
Criatividade não é uma qualidade: é uma exigência.
Criatividade não é um desejo: é uma necessidade.
Seja para trabalhar, para amar, para viver enfim. Ou se é criativo ou não se é nada.
A base da criatividade é a inconformação. Verdade: quem se conforma, aceita, para e o tempo passa.
E para se inconformar é preciso coragem, é preciso motivo, é preciso motivação. Enfim, para ser inconformado é preciso ser criativo e para ser criativo é preciso ser inconformado.
O que pode parecer algo oriundo da teoria do caos, é na verdade uma grande verdade (lindo, isso ficou lindo).
O ser criativo inova e para inovar é preciso não se estar contente com alguma situação atual, com o status quo, com a mesmice... é preciso querer o novo, querer melhorar e para melhorar é preciso se olhar adiante, é preciso ter coragem para mudar e mudar para melhor. O melhor só se consegue sendo criativo.
Se alguém tiver idéia de fazer algo novo, que pelamordedeus, o faça direito. Fazer por fazer, fazer da mesma forma que todos fazem, sem acrescentar... meu caro, desocupa a moita que tem gente querendo usar.
Informar-se é fundamental. Acreditar que a informação gera desejo de conhecimento, que gera mudança que promove a evolução. Tudo isso é muito bonito, mas se for para piorar, deixa como está.
Ou melhor, se for para deixar como está, sai da frente que eu quero passar.
Criatividade era o que muitos profissionais da minha geração ofereciam quando se candidatavam a algum emprego. Engraçado... é como uma empresa vender qualidade, transparência e segurança.
Nunca vi empresa alguma vender má qualidade, admitir que não fala o que precisam saber sobre ela e que seus produtos são inseguros. Assim como nunca vi profissional nenhum admitir que trabalha sem ser criativo.
O que temos que ter cuidado é para sermos criativos sem sermos mentirosos. Eu sou criativo, mas para exercer minha criatividade preciso disso, disso e de mais isso.
Ter idéias todos tem, o que faz a diferença do profissional criativo é que ele as coloca em prática tendo ou não as condições.
O chato de ser criativo é que vc também precisa aprender a não se deixar derrubar a cada barreira que encontra pela frente.... e como se encontram... pois nada mete mais medo em alguém do que a criatividade.
Temos é que ser criativos para superar todas as barreiras à criatividade e, voltando à teoria do caos, saber mudar.



Criatividade - Wagner Mekaru
Criatividade é uma qualidade que todos nós temos, uns em maior expansão, outros, manifesto de maneira mais tímida.
Acho inclusive que se não fosse a capacidade inventiva de alguns seres humanos o progresso em si não existiria.
Graças a preguiça, associada a criatividade, o homem criou a roda, tirou os pés do chão, pode alcançar sonhos, o céu, o espaço e o controle remoto para zapear a programação televisiva.
Brincadeiras a parte, a criatividade e a capacidade cognitiva dos humanos já nos trouxe tão longe que mal percebemos.
Vamos tentar exemplificar com uma pequena história:
"Você acaba de desligar seu computador e com uma pequena flexão de joelhos afasta a cadeira giratória para trás, pega sua mala, caminha em direção ao estacionamento, onde seu veículo está guardado; com um toque na chave o alarme é destravado e permite que você abra a porta. Você não se deu conta, mas não fechou corretamente a porta e um alarme dispara no painel avisando que além do cinto faltou mais alguma coisa a ser feito".
Seguindo para casa já está escuro e as luzes da rua começam a se acender; no semáforo vermelho você passa a contemplar as inúmeras vitrines da avenida. O luminoso do Bingo todo colorido anuncia que em algumas horas chegarão pessoas para tentar a sorte.
O trânsito não anda e entre uma buzinada e outra você aperta um botão que sobe os vidros das duas portas, depois aciona o ar condicionado, liga o som e na discografia completa da Enya contida no seu I-pod, seleciona o último álbum dela: Amarantine, assim o ambiente fica mais tranqüilo.
Passado 15 minutos e 50 metros num para e anda constante você resolve mudar para o rádio, numa música mais agitada, provavelmente música eletrônica que confudem estilos e instrumentos musicais.
Após mais 50 minutos finalmente chega em casa. Entra no apartamento cujas luzes acendem-se devido a sua presença. Na secretária eletrônica o apito avisa que há uma mensagem a ser ouvida: "Asderoldo (sim, o primo de segundo grau de Asderbaldo, personagem do criado pelo Lapastina), chegarei mais tarde, tem lasanha no congelador, é só colocar no micro-ondas."
Diante dessa informação de sua esposa você pega uma cerveja na geladeira liga a TV no canal que está passando o VT de Flamengo de Guarulhos X Radium de Mococa e vai tomar um banho, deixando tudo na sala."
Bom, poderia continuar a narrar o desenrolar da história, mas fica para a próxima. O intuito é apenas que pensemos como seria essa cena toda sem o progresso, fruto da criatividade e da necessidade humana.
Impensável, não é? Pois é e não precisamos ir muito longe. Imagine apenas sua vida sem energia elétrica, não é um caos quando "acaba a força?"
Ou quando falta a água? Até que você tenha água na caixa ou no galão tudo bem, mas depois que acaba o estoque complica.
Nada disso chegou a nossa casa se não fosse a necessidade a capacidade de criação do homem.
É interessante notar que essa engenhosidade que o homem tem, apesar de trazer grandes benefícios trouxe também seus efeitos e aspectos colaterais. Já ouvi falar que a pólvora inicialmente fora inventada para fins que não os de destruição. Reza a lenda também que a depressão que culminou no suicídio de Santos Dumont foi devido a sua desilusão ao saber que sua invenção (o avião, não o relógio de pulso) seria usada para fins bélicos, (cuja palavra não tem nada de belo).
Claro que tudo tem dois lados, mas creio que a imaturidade espiritual do homem leva-o a ser predador dele mesmo.
Como diz a música: "o homem criava e também destruía, homem primata..."
O ser humano é capaz de realizar coisas fantásticas, mas não pode esquecer que é a imagem e semelhança dos outros também e portanto tem responsabilidades tanto no que diz respeito a si mesmo quanto em relação ao outro.


Criatividade - Carlos Manfredini

A capacidade de dar existência a algo novo, único e original, atendendo a determinado objetivo, denomina-se criatividade e pode ocorrer de duas maneiras:
- Pela invenção, a partir da associação de dois ou mais elementos, por vezes díspares;
- Pela descoberta, ou seja, por meio da percepção de algo existente de que não se tinha noção e que, uma vez encontrado, concretiza-se.
Simples, não?
Não mesmo!
Contudo, o processo criativo pode ser tranqüilamente equacionado e normalmente segue quatro estágios:
- A preparação, que consiste em rever o conhecimento e organizá-lo em função do objetivo;
- A incubação, onde processamos tudo que sabemos, de modo inconsciente;
- O insight, o surgimento da nova idéia;
- A manifestação, onde se produz a transformação exigida pelo insight.
Quando o insight não surge, deve-se repetir todo o processo.
Ficou mais fácil?
Não?
Realmente não é!
As pessoas não gostam muito de esquematizações, até por que existe a suspeita de que, quando alguém se propõe criar seguindo esses passos pode ser que fique travado e não consiga gerar coisa alguma.
De outro modo, muitos consideram que a atividade, assim conduzida, rouba toda a magia, o misticismo e o encanto que supõem envolver a obra dos seres criativos.
Assumem uma postura confortável, utilizando subterfúgios, falsos paliativos, saídas rápidas, expedientes escusos, com a desculpa que estão buscando "inspiração".
Nada de estudar, compreender e trabalhar com afinco, com dedicação para gerar algo novo e bom.
O resultado, regra geral, é o oposto do engenho, dando abertura à invasão da mediocridade que assola os mais diversos setores da vida, onde se toma por inventividade coisas completamente sem relevo, ordinárias, vulgares.
Exceção feita a alguns poucos gênios – pois a maioria deles conseguiu seus resultados positivos depois de enorme esforço – os demais mortais devem seguir, mesmo que de forma não planejada, o roteiro produtivo descrito de início.
Só quem está preparado, conhece e sabe, consegue enxergar coisas que os outros não vêem, avaliando-as com critério, compreendendo intuitivamente a situação, a solução do problema, a nova oportunidade.
Depois, é preciso bastante disciplina, força de vontade, perseverança e trabalho para concluir a gestação, transformando a idéia nascitura em algo real, plausível.
O amadurecimento da mente, adquirido pelo pensamento treinado na análise de proposições para questões não solvidas, em qualquer área do conhecimento, sejam elas quais forem, é o único sustentáculo da criatividade.
Quem sabe faz!
Nós outros devemos procurar aprender a fazer, não nos contentando mais com o "nivelamento por baixo" imposto pelo modernoso, que fica por aí expelindo contracultura, má política, administração incompetente, arte de péssima qualidade, música sem harmonia, textos sem conteúdo, mensagens vazias, falsa pesquisa, insipiente produção científica, saber duvidoso, conduta amoral, comportamento antiético, etc.etc.