quinta-feira, agosto 31, 2006

Campanhas


Tem uns candidatos que, decididamente, não merecem mais do que os 12,4 segundos que tem no horário eleitoral - uns nem isso...

A maioria dos veículos está abrindo espaço para entrevistar os candidatos e, independente de qualquer coisa, dado tempo idêntico a todos para suas idéias, propostas e colocações.
O grande erro do veículo é esse: quem disse que todos os candidatos tem idéias, propostas e colocações a serem feitas?

Outro dia mesmo, um deles, ao ter o relógio acionado para sua entrevista e ser informado: Começaram seus três minutos.... o cara simplesmente começou a chorar...
Verdade. Juro.

- Três minutos.... vcs não sabem a alegria que me dão... eu tenho tanto para falar, tanto para propor e só me dão míseros segundos... como é que pode ser isso... olha, eu não sei como agradecer a vocês por todo esse tempo, por todo esse espaço... nunca ninguém fez isso por mim.... minha campanha é pobre, faço praticamente sozinho... vocês são gente fina... não sei mesmo como agradecer... eu quase que nem sei o que falar em tanto tempo, me acostumei a falar rapidinho, a ter pouco tempo... preciso aproveitar bem.... olha, mas acima de tudo o que eu queria mesmo é agradecer a vocês aqui da emissora pela oportunidade...
Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
- Fim do tempo senhor candidato.

No dia seguinte, crente de que o candidato havia visto o programa anterior e saberia aproveitar o tempo aberto, nova surpresa.

- Bom dia, começaram seus três minutos para expor suas idéias, propostas, seus planos.
- Olha eu queria dizer que tenho sim idéias, que tenho sim propostas, que tenho sim planos, que sou um candidato completo, que tenho muito a dizer, que é um absurdo que tenha apenas 15 segundos na televisão para dizer tudo o que tenho e quero e vou fazer, pq esse tempo é muito curto e se eu tivesse mais poderia contar para a população o que pretendo fazer, pq me capacitei para oferecer o que de melhor essa cidade pode precisa e como está precisando, aqui falta tudo e eu tenho a solução e eu quero mostrar essa solução, mas o tempo que me deram foi pouco e eu não consigo mostrar a solução que queria mostrar e aí não consigo subir nas pesquisas e eu preciso de...
Piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
- Fim do tempo senhor candidato.

E como se não bastasse, no dia seguinte - ok, amigos, podem dizer, eu sou meio masoquista mesmo... ficar assistindo isso é pura falta do que fazer....

- Bom dia, começaram seus três minutos para expor suas idéias, propostas, seus planos.
- Bom dia, obrigado pela oportunidade.
_
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- É... as suas propostas para o cargo que pleiteia...
- Sobre qual delas a senhora gostaria de saber?
- Vamos começar pela sua área de atuação. O que o senhor acha que a cidade está precisando?
- De tudo.
- Mas, o senhor vai focar sua atuação em uma ação específica?
- Fica muito difícil falar uma só,.... são tantas...
- Na educação... o senhor vai investir em educação?
- E muito.
- O senhor tem propostas para o campo da saúde?
- Diversas.
- Seu eleitorado é composto mais por homens ou mulheres?
- Tem de tudo um pouco.
- Fim do tempo senhor candidato.
- Mas nem tocou a campainha?
- Não seja por isso: piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

E por falar em foco de eleitorado... é uma lástima.
Tem candidato que vai fazer tudo pelas mulheres, outro pelas crianças, pelos idosos, pelos negros, pelos índios, pelos gays, pelos nordestinos migrantes, pelos aposentados, pelos funcionários públicos, pelos esportistas, pelos diabéticos, pelos carecas, pelos deficientes físicos, pelos deficientes mentais, pelos deficientes emocionais, pelos cachorros de rua, pelos avestruzes, pelos jumentos, pelos camelôs, pelos garagistas, pelos anões,........

Por mim, acho que eles deveriam é fazer alguma coisa
PELO AMOR DE DEUS!!!!!

quarta-feira, agosto 30, 2006

A pitada - mais uma resposta

E não é que a pitada está rendendo....

Sou de uma geração onde as meninas faziam no então SESI, o mui concorrido curso de artes culinárias, coisa do tempo em que culinária era uma arte e no qual se aprendiam, também, as noções básicas de como cozinhar.

Na época, tal qual tocar piano, fazia parte da cultura de uma mocinha os dotes de forno e fogão.

Bem, foi justamente naquele tempo que comecei a transcrição de tudo o que fazia em vários cadernos que, ao passar do tempo foram mudando de forma. Quando cheguei à adolescência, a mudança maior: tudo ficou de lado, quase uma parte esquecida que depois de uns anos a gente percebe que não deve fazer parte do currículo profissional.

Era tempo em que cozinhar era coisa totalmente brega, fora de moda, e não uma linda forma de carinho e demonstração de amor para com quem é convidado a degustar o que normalmente quem faz acredita ser o manjar dos deuses.

Alguns anos depois veio a era da informática e eu, tal qual outras amigas, estávamos na fase inicial do casamento e querendo impressionar os maridos - ou como dizia a vovó, pegá-los pelo estômago - reviramos os armários e baús procurando aonde é que estavam aqueles cadernos que, um dia, tivemos o cuidado de escrever. Muitas de nós, até hoje não os acharam...

Mas, como eu, muitas encontraram e recomeçaram a sua utilização. Passamos as receitas das mães, tias, avós, receitas do açúcar União e do Dona Benta, tudo para o computador da época. Era época em que cada página equivalia a um arquivo e se imprimia uma página de cada vez.

Bom voltando as receitas, geramos um montão de arquivos que foram devidamente impressos e encadernados, e nos as meninas ficamos com uma cópia cada uma.

A informática evoluiu e nós, consciente ou inconscientemente, não fomos atualizando as versões do Caderno de Receitas. Os softwares foram mudando e nada de transformar os arquivos. Trabalho, filho, responsabilidades, outro filho, dores de cabeça, mais um filho - será que nunca vem menina?, separação (graças à Deus não a minha!), desquite, divórcio da Mara - Deus do céu? A Mara separou? Esse mundo está perdido!, a Graça ficou viúva, a Ju casou com o ex-da Mara e não se falam mais, nem tentei mais a menina... e o caderno de receitas, bem muitas vezes foi substituído pelo cardápio da pizzaria delivery, mas vira e mexe pego o dito cujo.

Sabe o que é pior? É que outro dia me deu uma vontade louca de atualizar tudo. Juntei nesse tempo umas receitas anotadas em folhas avulsas, recortes de revistas, anotações rápidas do programa da tv... bem, estava na hora de atualizar o caderno de receitas.

Num assombro de sorte achei o disquete com os arquivos, fui colocar no micro e....uai, o disquete não cabe no micro.

Era aqueles disquetes antigos, quadradões.

Ah, mas com certeza alguém da Informática lá da empresa saberia o que fazer. Souberam mesmo.

Acharam um micro que aceitava o disquetão e deram um "enter" e abriu... abriu... vai abrir....nada: o programa em que escrevi as receitas não existe mais, não é mais compatível. A Informática lá da empresa sabia realmente o que fazer: jogar aquele treco fora e digitar tudo de novo.

Qualquer dia vou começar a fazer... é bom, pois minhas sobrinhas já começaram a pedir as receitas da tia, minha secretária quer saber o segredo do empadão de palmito...

Ah, só para constar, o empadão de palmito era receita da minha avó, do caderno dela, que passou para o da minha mãe e que vai em frente, igualzinho... e lá alguém tem coragem de mudar aquela maravilha?

Da amiga, Cida Rivelli, claro que com umas "pitadas" minhas.

terça-feira, agosto 29, 2006

A pitada - uma resposta


Meu caro Sérgio;
Agora posso morrer em paz: já sei como fazer "uma pitada" de alguma coisa.
Nunca tinha lido (nunca mesmo) um procedimentos de como fazê-la.
Vou levar pra minha mãe colocar no caderno de receita dela.
Aliás, esse caderno tem história.

Meu pai - adepto incondicional de informática - decidiu introduzir minha mãe nas facilidades que o mundo virtual proporciona. Ele a convenceu passar para o "Word" as receitas escritas à mão em um caderno encapado com todo capricho que uma professora de primário tem.
Nem preciso falar da letra dela, né? Letra de professora que ensinou os outros a escrever, a entender o que estava escrito e que até hoje reclama que o filho, jornalista, tem uns garranchos que não sabe de onde saiu... coisas do destino.

Pois é, quando fiquei sabendo disto, foi difícil imaginar minha mãe intercalando o olhar entre o monitor e o liquidificador - para ser extremamente sincero, foi difícil imaginar que minha mãe (ou qualquer outra, na verdade) tivesse um computador na cozinha, mas... que seja.

Depois de algumas semanas, em um daqueles almoços de domingo na casa dos pais, voltamos ao assunto e minha mãe foi buscar o caderno de receitas para me mostrar.

Mas, peraí. As receitas não eram para estar no computador? Será que ela estava tão avançada que tinha um laptop?

Então, chega minha mãe, com seu precioso caderno. Ela abre as primeiras páginas e nada de novo, somente aquela letra de professora impossível de imaginar como foi feita.
Até que chega ao ponto do assunto do almoço. Em determinada parte do caderno, as páginas escritas à mão começam a se transformar em folhas impressas em "Arial 12, Títulos em Negrito, Sublinhado" recortadas e coladas nas páginas do caderno.

A expressão de meu pai foi impagável. Uma espécie de "não teve jeito" ou "desisto" ou até "nunca mais me meto nisso".
Depois que consegui recuperar o fôlego por causa das gargalhadas, peguei o caderno e fiquei lendo aquelas receitas (só a parte escrita à mão).

Sou obrigado a admitir que aquelas receitas ficam mais saborosas com a letra dela.

Vou levar a receita da "pitada" para colocar naquele caderno.


Texto do amigo, companheiro e jornalista Jorge Fernando Jordão - com algumas pitadas minhas.

segunda-feira, agosto 28, 2006

A pitada


Nesse final de semana decidi retornar ao forno.

Na verdade cozinhar é uma dos grandes prazeres da minha vida.
Posso não saber fazer um arroz decente (a não ser aqueles de saquinho que já vem prontos.,... e sinceramente acho uma delícia), mas em termos de molhos e assados, me viro muito bem obrigado.

Há algum tempo eu estava com vontade de fazer uma coisa que minha vó, que foi quem me ensinou a cozinhar, disse para nunca fazer - e a besta aqui, só pra contrariar, estava louquinho pra fazer...

Aliás, engraçado, como minha vó cozinhava extremamente bem, minha mãe não sabia fazer um ovo frito e eu, que ficava ajudando, acabei saindo com dotes de forno e fogão (além, claro, dos apetitais). E eu não sou o único exemplo disso, parece que as habilidades pulam uma geração em todas as famílias... qualquer dia pesquiso isso melhor...

Mas, voltando, uma coisa que minha vó dizia para nunca fazer era seguir receita. Ela dizia para dar uma olhada, respeitar as características de cada alimento, de cada ingrediente, de cada etapa do processo de preparação, mas nunca fazer exatamente o que a receita mandava.
Segundo ela, o grande risco estava no prato sair com gosto de receita e não com o gosto que você queria dar: afinal de contas, o grande segredo está no seu jeito de fazer.

E o pior é que ela estava absolutamente certa. Pois, mesmo me esforçando para seguir à risca a receita do que estava fazendo, chegou uma hora que mesmo que eu quisesse seguir o que estava escrito no livro, seria impossível.

Lá dizia: uma pitada de sal.
Oras, três ovos são três ovos, nem dois nem quatro, três. Meio litro de leite é meio litro, 500 ml. 700g de farinha são 700g, agora, meu caro, quanto é uma pitada?

No próprio dicionário (olha até onde vai a neura de uma pessoa: eu fui até o dicionário buscar a definição de pitada... fala a verdade, só internando e jogando a chave fora... tem cabimento isso?), pitada quer dizer pequena porção de alguma coisa.

A regra culinária diz que para obter-se a pitada, deve-se esticar o dedo indicador juntamente com o polegar, enquanto manten-se os dedos restantes levemente dobrados. Os dois dedos não devem estar rígidos, mas esticados com suavidade.
Introduza a ponta destes dois dedos no recipiente com a substância que deseja obter a pitada até um terço da unha - caso deseje uma pitada mais substancial, pode introduzir até metade da unha, mas aconselha-se a repetir a pitada de um terço caso a quantidade pitada na primeira vez venha a ser insuficiente.
Em seguida feche os dedos com uma leve pressão, assegurando que uma quantidade da substância tenha ficado presa entre eles.
Erga cuidadosamente a mão e leve os dedos com a substância presa até a vasilha aonde deseja despejar a pitada.
Lá chegando, esfregue, com movimentos constantes e suaves os dois dedos, de forma a espargir a substância pela superfície desejada.
Continue a seguir a receita.

Observações importantes:
- caso a pitada seja parte integrante da receita, tal como sal, açúcar ou outra substância, mescle com o restante do conteúdo até obter uma forma homogênea
- caso a pitada seja posterior à receita, tal como orégano, açúcar de confeiteiro ou chocolate granulado, assegure-se de conseguir um efeito visualmente uniforme, não deixando acúmulo sobre a superfície pitada.

Derivações:
- se, na receita estiver determinado que alguma substância deva ser "a gosto", pode-se utilizar a mesma técnica da pitada, apenas assegurando-se que a pitada seja, como descrito, a gosto.

Gostaria de deixar claro, para a posteridade que, finalmente entendi pq é que minha vó deixava o livro de receitas como peso de porta.

sexta-feira, agosto 25, 2006

Carta de Plutão à Terra


Lobji, Port Chjuxwlo.
Logbratrio Pliotrinujnkl Lopas Kjhgftos Coliori fre....

Klu?
Swghts?
Mjerta!

.... e agora?
Custava ter avisado antes? Olha o mico que tô pagando em rede interplanetária...
Tá bom... eu sei... eu sei....
Mulares.. ô racinha...

Hum..

Terráqueos, nossas saudações.
Sou Lopas, represente do povo de Coliori, o mundo que em sua língua nativa é chamado de Plutão.
Por meio desta vídeo-mensagem, gostaria de exprimir o descontentamento de meu povo mediante a decisão, recentemente anunciada, de não mais considerarem Plutão um planeta.
Durante milênios os coliorianos, mantiveram-se reclusos em um planeta que, para vossos padrões, é considerado inóspito e desprovido de vida.
Durante anos, fomos considerados o último planeta do assim denominado Sistema Solar e, com o único e claro objetivo de manter vossa sanidade, optamos por não vos contrariar.
Os coliorianos são um povo pacífico, que conta com um globo pequeno para suprir suas necessidades e que conseguiu desenvolver, ao longo de árduos períodos de tempo, formas de prover suas necessidades básicas e investiu fortemente no relacionamento com povos de outros planetas para que fosse possível progredir e prover desenvolvimento.
A base da relação de Coliori sempre foi pacífica e, por meio da paz - um conceito de paz razoavelmente diferente do conceito vigente em seu planeta - conseguimos encontrar a sobrevivência com dignidade - igualmente, com um conceito diferente do vosso.
Contudo, apesar dos inúmeros esforços, a curiosidade dos habitantes da massa planetária Raior, chamada de Gaya por todas as raças menos a vossa, que insiste em chamar seu mundo de Terra; uma curiosidade aliada a uma completa e totalmente inexplicável empáfia, nos leva a tomar um atitude inédita.
Esperamos que essa ação, expressa nessa mensagem, seja o suficiente para lhes conceder a conscientização e a conseqüente revisão de vosso conceito sobre Coliori.
Suportar as absurdas acusações de que nosso planeta não tem vida já nos é extremamente custoso. Se bem que, se o que entenderes por vida seja isso que praticais em vosso planeta, creio até que deveríamos agradecer.
Mas observar a falsa certeza com que falam às massas que são o único planeta que tem "capacidade de vida"... ora, quem pensam que são? o que entendem? ou melhor, o que compreendem da vida, de viver, se estar vivos? Seu conceito de morte é simplesmente... para usar uma expressão de seu parco vocabulário, de morrer!
Falar que o Plutão era o último planeta do Sistema Solar era algo que somente trazia alento aos habitantes dos demais globos situados depois de Plutão: pelo menos eles, sendo desconhecidos, não correm o risco de serem importunados por vocês.
Se bem que vossa irresponsabilidade já é tanto que, não bastando destruir vosso próprio planeta, lançam ao espaço uma quantidade inominável de lixo que, em sua ignorância, desconhecem o trabalho que dá a muitos povos para coletá-lo. Imaginem que não há muitos ciclos.... klu? mopçs lbgjow?... dias, não há muitos dias, se não fosse um de nossos sistemas de controle, teria colidido com nosso planeta.
E, por falar em planeta, como se nada disso fosse suficiente, agora vocês chegam ao cúmulo de não mais nos considerar um planeta. Somos o que, então? Uma poeira cósmica? Uma rocha largada no espaço? Um, como é que disseram, planeta-anão?
Oras, anã é vossa existência, vossa imaginação, vossa capacidade de viver, vossa riqueza, esta sim, uma riqueza anã, vil e tola.
Falta, por algum acaso, o que fazer em vossa Terra para que ficais se preocupando com quem, no Universo, é ou não é planeta?
Terminaram de prover comida a vossos famintos?
Já desenvolveram formas de cessar a degradação de sua subsistência ou optaram, enfim, pela existência degradante que sempre tiveram... Minto, aliás, houve época em que até chegamos a acreditar que vocês poderiam ser um povo forte.
Verdade. Vocês tiveram épocas maravilhosas. Chegaram mesmo a ser considerados uma das esperanças do Universo... mas quanto mais esperança lhes era concedida, menor era sua compreensão, mais limitada vossa visão ficava.
Parece que foi ontem que lhes foi enviada a mensagem da esperança. Uma mensagem simples, direta, clara e.... olha, sei que prometi a todos os daqui que não ia dizer isso, mas como é que vocês conseguiram ser tão tacanhas?
Uma mensagem tão cheia de sentido: Sê Um.
Me digam, onde é que vocês conseguiram se confundir? Uma mensagem dirigida a todo o povo de um planeta pedindo que todos fossem o que na realidade são, um.
Mas não, vocês, os que eram a esperança do universo tiveram que entender errado e ao invés de todos serem um, cada um foi um por si.
Pô, e agora, depois de tudo, decidem olhar para nós e, entre um e outro charuto,
- O que você acha, Dr.?
- Não sei, restam-me dúvidas, Sir.
- Imagine, Monsier, a evidência é claríssima.
- Achas mesmo?
- Deveras? De forma alguma é um planeta.
- Verdade, concordo. No máximo, um planetóide.
- Nem isso... muito menos, um anão.
- Sou obrigado a concordar. Decretemos, pois.
- Decretemos.
- Decretemos.
Quem são vocês para decretarem algo em relação a outro planeta? Nem de vosso jardim conseguem cuidar e vem querer ditar regras para o universo.
Bem, alongo-me mais do que o desejado. O que queria dizer foi dito.
Nem que seja para o bem de vossas próprias crianças que, já saturadas de terem que comprar Atlas Geográficos que, nem bem saem das gráficas já estão desatualizados, pois um de vossos países se partiu em dois (ou em vinte e nove) outros, a capital de outra país não é mais ou, como no caso daquela região que chamam de Oriente Médio, um país é simplesmente devastado por outro. Daí, o que acontece? Toca as crianças terem que reaprender Geografia e comprar Atlas novos - sinceramente isso cheira a lobby das editoras de mapas...
Agora, não satisfeitos, querem mudar a configuração estelar. Volta todo mundo para as escolas (bem, não vou comentar vossas escolas...) para reaprender que o Sistema Solar, que tinha nove planetas, agora tem oito planetas e um planeta-anão.
E quando descobrirem que tem mais, muito mais? O que vão fazer?
Volta todo mundo... Lembram quando dissemos que eram oito mais um anão? Brincadeirinha... pois é são oito planetas, sete planetas-anões, dezenove planetas-pigmeus, dois planetas-gigantes, quatro micro-planetas e esperamos a todos, novamente, no ano que vem, para a aula de atualização planetária.
E seus astrólogos? Bem, esses pobres coitados devem estar em completo pânico. Que vão fazer? Soltar um comunicado mundial:
"Devido às recentes redefinições astronômicas, solicitamos a todos os seres do planeta Terra a comparecer no cartório no qual foram registrados por ocasião de seu nascimento para a nova classificação de signo e ascendente. O prazo para comparecimento encerra-se dia 31 de dezembro, último dia deste ano que será o último, aliás, a ter dezembro. Tendo em vista que ainda não foi definido o novo calendário, todos os seres receberão um protocolo de nascimento, que deverá ser trocado pela certidão definitiva na data propícia. Alertamos que a emissão do protocolo será gratuita, contudo para a emissão da certidão definitiva será cobrado um valor ainda não definido. O não comparecimento ao cartório implicará na anulação do reconhecimento da existência do indivíduo, ficando este proibido de continuar a praticar a vida em todos os seus sentidos. Da mesma forma, serão aplicadas sanções aos que interagirem com os não-reconhecidos existencialmente. Contamos com a colaboração de todos."
Fica aqui o desejo de todos os habitantes de Coliori, por vós chamado de Plutão e de muitas outras raças, para que revejam sua decisão. Pois saibam que, se para vocês não somos um planeta, para nós, vocês não são dignos de serem chamados de seres.
Aqui falou Lopas, represente do povo de Coliori, para o povo de Raior, chamada de Gaya todas as raças menos a vossa, que insiste em chamar se denominar Terra.

Ufa.. acabou... que saco.. essa gentinha de Raior é;;;
O que? O tradutor tá ligado?
Pô, que mico intergalático... seu Mular de lkjg poljklas sadfiasd.

quinta-feira, agosto 24, 2006

O fim do mundo


Após anos de estudos e observações metafísicas, foi possível determinar, com algum grau de exatidão, a data do fim do mundo.

Na verdade, devido a flutuações no espectro tempo-espacial, o grupo dedicado a esta importante tarefa conseguiu reunir quatro grandes grupos de probabilidades.
Desta forma, podemos ainda não afirmar categoricamente qual a data do fim do mundo, com absoluta certeza será alguma dessas opções.

Solicitamos que os mais afoitos, por obséquio, retirem-se do recinto, deixando a leitura deste texto apenas para os espiritual e gastricamente preparados à fortes emoções.

Primeiro grupo de possibilidades do fim do mundo: Sextas-feiras
Neste grupo encaixam-se todas as sextas-feiras de todas as 52 semanas do ano solar terrestre.
Chegou-se a esta brilhante conclusão, observando-se os pedidos dos executivos com algum tipo de cargo que, sabe-se lá pq cargas d'água, pedem todos os trabalho para até sexta-feira - até parece que vão ler os ditos cujos no final de semana...
O risco do mundo acabar em uma sexta-feira pode ser alongado para os dois dias subseqüentes, sendo que se o calendário chegar na segunda-feira, o perigo está adiado para a próxima sexta.
Para os mais afoitos, o estudo demonstra que por mais dolorosa que seja uma segunda-feira, as chances do mundo acabar neste dia são praticamente nulas.... pra que? desgraça pouca é bobagem.

Segundo grupo de possibilidades do fim do mundo: Dias 30
Neste grupo encaixam-se todos os dias 30 do ano, independente do dia da semana.
Já respondendo aos mais descrentes, não, se coincidir dia 30 com uma sexta-feira não aumenta a chance do mundo acabar.
A estupefante conclusão foi alcançada pois o sofrimento que todo trabalhador tem até chegar o dia 30 é imenso e, levando-se em consideração que a ordem é judiar, no dia 30 a gente recebe e aí, ao invés de poder aproveitar, o que pode acontecer é acabar o mundo.
Os dias 30 podem se estender para os dias 31, quando houver e o perigo permanece até chegar o dia primeiro. Nesse período, após o raiar do dia primeiro, o mundo não irá acabar, ao contrário o que deve acabar é seu saldo bancário com as contas e cartões de crédito.

Terceiro grupo de possibilidades do fim do mundo: Dezembros.
Encaixam-se neste grupo todos os meses de dezembro de todos os anos.
Igualmente, se o dia 30 de dezembro for uma sexta-feira, não existe tripla possibilidade do mundo acabar, mas é bom um banho de sal grosso e uma folhinha de arruda na orelha.
Os meses de dezembro são especialmente propícios ao final do mundo pois já se iniciam com uma expressão de incredulidade: O que? Já estamos em dezembro? Não acredito!
Como logo em seguida o infeliz lembra que tem que enfrentar filas enormes para comprar presente de Natal e perus para a ceia de final de ano, fica sempre a esperança que o mundo acabe antes que o limite do seu cheque especial.
Geralmente nessa época o enteado do primo de Itaramambuca vem passar as férias escolares na sua casa e a Tia Petúnia, logo no dia 2, já avisa que irá passar o Réveillon com você. Nessa hora você praticamente reza para que o estudo esteja certo e o mundo acabe.
O perigo do fim do mundo se estende até o Carnaval, quando o primo de Itaramambuca vem buscar o capeta e a Tia Petúnia deixa você voltar para sua cama. Afinal, como tudo mundo diz, o Brasil só começa a trabalhar depois do Carnaval...

Quarto grupo de possibilidades do fim do mundo: os próximos governos.
Encaixam-se nesse grupo todos os novos governos devidamente eleitos, principalmente os que prometem ser a voz do povo finalmente alçada ao poder.
O problema desse grupo é que, como toda promessa de campanha, dificilmente o mundo, conforme previsto, irá acabar e todos seremos obrigados a agüentar quatro anos de arrependimento.
O período de risco do fim do mundo nesse grupo vai até a próxima campanha, quando ouvindo os discursos, debates e entrevistas, ficamos em dúvida se realmente o mundo não acabou, já que a frase mais ouvido pelo povo nesse período é: Isso é o fim do mundo.

para Malu Tiballi, que deu a (como tudo) genial idéia, que não sei se peguei direito.. mas fiz o que foi possível

quarta-feira, agosto 23, 2006

Goiabinha


Não sei quanto a vocês, mas uma das coisas que mais adoro nesse planeta é Goiabinha.
Sabem qual é? Aquele biscoito recheado com goiabada, que até há pouco tempo somente era fabricado pela Piraquê... aliás, vamos e venhamos, com toda a honestidade do mundo, com todo o respeito pelas empresas fabricantes de bolachas, biscoitos, salgadinhos e afins: Piraquê é Piraquê.
Digo que até há pouco tempo era fabricado pela Piraquê, não pq a Piraquê tenha deixado de fabricar a Goiabinha (ufa...), mas pq a Bauducco também lançou esse produto no mercado.
E como a Bauducco tem uma estrutura de distribuição e marketing muito maior que a Piraquê, é muito mais fácil encontrar a Goiabinha da Bauducco que a da Piraquê - o que não é nenhuma tragédia, pois a da Bauducco nada fica a dever para a Goiabinha da Piraquê... a não ser que... ora bolas, Piraquê é Piraquê.
Mas, como não podia deixar de ser, houve a já esperada ampliação da linha do produto. Ao lado da Goiabinha - a da Bauducco - hoje existe a Goiabinha de banana, de chocolate e de doce de leite.
Absolutamente nada contra - já experimentei a de banana e a de chocolate e são muito boas, podem comprar - mas, peraí gente boa: Goiabinha de banana não deveria ser Bananinha?
Opa, peraí, Bananinha já tem dono: aquele doce de banana passa (não confundir com uva passa), com açúcar cristal, vendido enrolado em papel celofane... então, a Goiabinha de banana não pode ser Bananinha.
Chocolatinho? Humm.... não é bom.
Docinho de Leite? Doce de Leitinho... argh, esquece.
Então, o que sobra?
Ora, sobra Goiabinha de Banana, Goiabinha de Chocolate e Goiabinha de Doce de Leite.
Mas, então a Goiabinha de goiaba (ou melhor, de goiabada) vai precisar da indicação Goiabinha de Goiabada? O pleonasmo vicioso gastronômico...: Sobe lá em cima e pega uma Goiabinha de Goiabada pra mim! - credo...

- Seu Asderbaldo?
- Sim.
- Cabô a Goiabinha de Goiabada, serve a Goiabinha de Jaca?
- Jaca?
- Tem também Goiabinha de Atemóia.... ah, e uma só de Jenipapo... quisé fala logo.

É, esquece.
Cria outro nome.... não, o nome Goiabinha é forte demais para ser desprezado e, igualmente, se for criado outro nome não vai dar a impressão de linha de produtos..
Bem, não sei como é que a Bauducco vai resolver esse imbróglio... sei é que enquanto tiver Goiabinha - a de goiaba... de goiabada - vou pegar e comer, pq, como diz meu amigo lá de Botucatu: ô coisa boa, sô
!

terça-feira, agosto 22, 2006

Pizzaria


- Pizzaria, boa noite.
- Boa noite, de onde falam?
- Da pizzaria.
- Sim, mas de qual pizzaria.
- Pizzaria San Genaro, Giuseppe falando.

Primeiro queria saber pq é que o maledeto não falou logo que era da Pizzaria San Genaro.. A gente tem tanto cardápio de pizzaria delivery em casa que nunca sabe se pegou o certo, portanto custa falar logo de cara?

- Genaro, queria fazer um pedido.
- Sin senhore... Qual o teléfono?

Coisa incrível a tecnologia. A gente dá o telefone e ele sabe todos os outros dados, endereço, nome, preferência... coisa de japonês, com certeza.

- Signore Asderbaldo... qual o pedido?
- Queria duas pizzas...
- Si..
- Uma meia muzzarela, meia muzzarela com alho.
- Alho só na metade?
- Isso e a outra...
- Mezza muzzerella, mezza muzzarella con aglio... e a outra?
- Sim, a outra é a moda.
- Inteira à moda?
- Sim inteira.
- Pai, pede de presunto
- Come signore Asderbaldo?
- Peraí, Giovanni...
- Genaro.
- Sim, que seja, peraí
- Pai, pede presunto.
- Já pedi, Jr, a moda deles tem presunto.
- Si o signore quiser tiro o presunto.
- Não deixa o presunto, não tira não.
- Pai não deixa tirar o presunto.
- A moda com presunto.
- Isso e também um...
- Amor pede uma meia de escarola?
- Quem é que como escarola nessa casa?
- A moda num tem escariola , signore Asderbaldo.
- Eu sei Giuseppe.
- Genaro.
- Desculpa
- Scusato.
- Eu estou louca para comer uma de escarola.
- Genaro, pode ser meia moda, meia escarola.
- Uma moda com escarola?
- Não, só moda
- E a minha escarola?
- Vocês fazem três sabores?
-...
..
....
...
- Genaro?
- Signore?
- Fazem?
- O que?
- Perguntei se fazem três sabores
- Ah, scuzza, num pensei che era comigo.
- Mas era.
- Si, má che quêre?
- Vocês fazem três sabores?
- Quais sapores?
- Com escarola?
- Na moda ou na muzzarella?
- Quantos pedaços vão vir de escarola.
- Você sabe que eu odeio pizza de escarola? Dois não tá bom?
- Anche io singore, no me gosto de escarola... num serve de aliche?
- Aliche?
- Pai num esquece a de presunto
- Chega!
- 42 reais.
- Que?
- As pizza, signore, ficam 42 reais.
- Mas... que pizzas.
- As que o signore pediu.
- Genaro, faz o seguinte, uma muzzarella, uma meia muzzarella com alho meia escarola e uma à moda.
- Mas aí dá mais de 42.
- E quanto dá.
- 68.
- Que seja.
- Grazzie signore, 40 minuto.

Não sei se na casa de vocês é diferente, mas na minha pedir pizza é sempre uma aventura. E, pior que isso, quando chegam as pizzas o menino pega a que tem presunto, a mulher ataca a de alho
- Se eu soubesse que ia pedir de alho, não precisava de escarola.
Em suma: a moda acaba, a muzzarela (tanto com ou sem alho) acaba e sobre a de escarola.

No dia seguinte..
- Pizzaria
- Guiseppe
- No , é o Genaro
- Genaro, é o Asderbaldo, dá pra mandar meio escondidinho uma meia calabreza meia moda com alho
- Si signore Asderbaldo, no esquema di sempre...
- Grande Genaro!!
- Grande Singnore Asderbaldo!

segunda-feira, agosto 21, 2006

Um bom seminário

Acabo de sair de um seminário. Daqueles de dia todo que mais parece todo o dia todo. Durante o dia, além claro do tema em questão que estava sendo debatido, pude pensar algumas coisas que fazem de um evento como esse ou um momento que vale a pena ser aproveitado ou um longo e eterno contar de minutos para ver se o tempo está passando.

Uma coisa importante é assegurar que todo o grupo - e enfatizo o todo - esteja comprometido com o objetivo.
Uma das coisas mais irritantes é um grupo no qual uma pessoa fica, a toda hora, levantando questões que por mais educado que o sujeitinho tente ser, todo mundo vê que sua única intenção é bagunçar o coreto.
Nem todo o grupo precisa estar alinhado com o conhecimento necessário para o debate, pois isso pode ser conseguido no decorrer do evento, mas é importante que você tenha absoluta certeza que não haja uma ovelha negra no palco.

Outra boa dica é: seja prático.
Aplique uma prática, um exercício, um debate, sei lá... qualquer coisa que faça o pessoal se mexer logo de cara. Isso, além de fazer com que o processo seja dinâmico, tem dois pontos muito positivos.
Primeiro dá a você, organizador, um balizamento do grupo em termos de informações e intenções.
Segundo, dá ao ovelha negra a oportunidade de falar não para o grupo todo, mas para um grupo menor e, se você conseguir perceber quem é o capeta, já pode enquadrá-lo ali mesmo, sem o desgaste geral.
Muitos, até mesmo, assumem o desconhecimento ou a falta de informações e, em grupos menores, existe mais comprometimento do que em plenário.
Ao saber o que o grupo sabe ou não sabe, você já pode medir o quanto de informações vai jogar.
Afora o fato que, uma prática logo de cara vai dar a impressão que o seminário será agitado e não simplesmente um monte de palavras ditas por um ou dois caras.

Depois da prática, vc está livre para passar a um momento de teorias e mensagens. Lembre-se de intercalar a teoria com mensagens de incentivo, de impacto ou com piadas, qualquer coisa serve para aliviar o ambiente.
Se tiver alguém querendo dormir, quando o grupo se manifestar ele voltará a prestar atenção e não irá, ao menos, querer perder a próxima piada.

Deixe claro os papéis. Tanto do grupo como de cada um no grupo, inclusive o seu. A pior coisa é sair de um seminário sem saber pra que é que você foi até lá.
Pior é que isso a gente percebe nos primeiros dez minutos, por isso, se a sua prática terminar recheada de dúvidas e questões, ótimo, você ganhou o dia, pois todos vão querer resolver o processo até o final do período.

As práticas podem (e devem) ser retomadas durante o dia, seja em menor ou maior intensidade, mas sempre que vc tiver uma mensagem importante, uma teoria nova ou algo que precise da concentração e do comprometimento, o melhor é aplicar uma prática. Deixe a teoria para equalizar conceitos, sabendo que vc jamais entrará da mesma forma na cabeça de todos, mas pode ter sucesso ao fazer com que cada um compreenda seu real papel naquele processo.

Seja como for, boa sorte - esteja você oferecendo ou participando de um seminário. Acredite, vai precisar.

quarta-feira, agosto 16, 2006

Saudades dos bons e velhos coquetéis


Uma das maiores disputas aqui do departamento era quem iria cobrir a área de eventos.
Longe do fato de alguém estar louco para trabalhar, ir a um dos eventos (fosse promovido pela empresa ou junto com a equipe da empresa) era a certeza de um farto coquetel, um fartíssimo jantar e boas risadas.
Mas como dizia o velho poeta... o tempo passa e... bem, pelo menos hoje em dia continuam as boas risadas.
Ou, como diz o grande e sempre presente Odair: saudade do tempo em que a gente ia a um coquetel e sabia o que estava comendo.
Já repararam como que, no afã de ser diferente, criativo e "fino", os buffets estão se especializando em oferecer aos convidados uns trecos muito bonitos plasticamente------------ e com sabor igualmente plástico.
E tudo, absolutamente tudo, minúsculo.
Pior é quando vc pergunta ao garçom (normalmente também feito de plástico, pois é incapaz de emitir uma expressão - saudade do Alemão, da Trataria.,... aquilo é que era garçom... "Parla Sergione, come stai caro mio", e vinha abraçando, em seguida já colocava na mesa uma cestinha de pão com alho e soltava "a mesma macarronada di sempre?" - e tinha como não ser? tinha?)... voltando
Pior é quando vc pergunta ao garço o que é aquilo. O andróide te responde com alguma combinação de letras que, muito provavelmente, somente aquela espécie entende
- Luchéte au rofin
- Ah.... e isso - pergunta vc apontando para a outra coisa cor de laranja na bandeja.
- Genrerré di Lop

Quando isso acontece na primeira vez, vc até tem paciência para agradecer e dispensar.
Contudo, na trigésima nona, o estômago já está roncando mais alto que sua educação.

- Meu caro, quiquiéisso?
- Maketa Frattolli
- O que?
- Maketa Frattolli
- Que catso é isso?
- Lascas de dorso de marreco, marinadas no vinho do porto, salpicadas com alecrim virgem, dispostas no damasco ao vapor.

Esse acaba sendo o problema: a explicação é sempre pior que o fato em si. A única pergunta lógica que vc teria a fazer é se aquela coisa é de comer, mas como o dito cujo já se retirou, melhor deixar para lá.

E as bebidas então... outra grande surpresa. O segredo é dar um tempo com uma água para ver que tipo de bebidas serão servidas. Daí, vc se ferra de verde e amarelo pois tudo o que vem são coquetéis azuis.

- Coquetel do que, meu caro?
- É Blue Stovas, sr.
- Blue Istova?
- Blue Stovas. Um coquetel de .............. bem, tem mais bebida misturada naquele cálice do que vc sabia que existia. Como vc já viu dois caras torcendo o nariz, melhor ficar na água.

E chega o jantar. O ponto alto da festa.
O orador faz o discurso de abertura, o convidado especial fala algumas poucas palavras dispostas estrategicamente em 48 minutos e é servido o jantar.
Normalmente, nas mesas, tem um cartão com os pratos servidos. Acreditem em mim, melhor não ler.
Daí vem um prato de folhas e um treco que parece uma esponja de lavar pratos. Você olha ao prato, ao cartão e duvida que aquilo disposto à sua frente seja aquilo expresso no cartão - veja bem, não que vc tenha alguma idéia do que vem a ser qualquer um dos dois itens, mas que um não é o outro, isso é quase certo.
Azeitinho, vinagrete, salzinho, nem pensar.

E vem o prato principal. Pq é que o pedaço de carne da bacana sentado a seu lado é sempre maior que o seu, isso é uma daquelas coisas que nem Freud explica, é uma das imutáveis leis do universo, entenderam? Não adianta questionar, achar que o cara ao lado deu uma caixinha para o garçom, nada adianta: o dele é maior e ponto final.
Se bem que assim que você espeta o garfo na carne acaba achando que a sorte grande foi sua pelo pedaço menor.

E quando tentam servir macarrão? Uma verdadeira lástima.
Macarrão bom ou vc faz em casa ou vai na Taverna di Salerno. Fora isso, esquece cara, não existe.
Se te servirem macarrão fala que é contra sua religião comer massas às terças-feiras.
- Mas hoje é quinta, senhor
- Aqui no Brasil, mas em Shetalla, meu planeta natal, é terça. Desculpe, em honra à Shettibo, não posso colocar massas em meu organismo nas terças.
Ele até vai acreditar... muito provavelmente vai, afinal de contas, esquisitice por esquisitice....

Daí, hora mágica: a sobremesa que é uva entalhada com ricota - uma uva - UMA, disposta em um prato enorme manchado com calda de hortelã.

É nessas horas que vc lamenta não ter armazenado o telefone da pizzaria na agenda de seu celular. Será que eles entregam aqui?

É Oda, saudade do tempo em que, pelo menos, a gente sabia o que estava comendo.... mas, pelo menos as boas risadas continuam.

segunda-feira, agosto 14, 2006

Sem resposta certa... sem razão certa

Poucas vezes algo mexeu tanto com o Jornalismo como o seqüestro do colega Guilherme Portanova, da TV Globo, juntamente com o técnico Alexandre Calado. Uma ação que, mais do que um crime, foi uma demonstração do pouco caso que se está tendo com a vida, afinal de contas eles foram, tão e simplesmente, uma moeda de troca para a exibição de uma mensagem dos marginais pela televisão.
Ou seja, durante algumas horas, bastava pegar a tabela comercial de inserções da TV Globo para saber o valor da vida de um profissional, de uma pessoa - pelo menos, a tabela da Globo não é barata...
Hoje, após a divulgação da fita e, o mais importante, a libertação de Portanova, a opinião pública se dividiu. Muitos, até mesmo alguns editorialistas de jornais, criticaram fortemente a Globo por ter cedido e divulgado a matéria. Outros disseram não apoiar o fato, mas diante das circunstâncias concordam em afirmar que a emissora não tinha escolhas.
A decisão da Globo era efetivamente complexa, mas eles decidiram por um fator: tinham que assegurar a integridade de seu repórter e trazer ele com vida.
Até mesmo pq, com a visão aguçada que um jornalista tem, a chance de se realizar um reconhecimento dos bandidos era enorme - tal qual já foi feito e alguns nomes já foram identificados.
É o jornalismo contribuindo com a segurança, tal qual pode e deve ser feito.
Na linha dos que criticaram a ação, chegam argumentos de que ao ceder uma vez, agora todos os profissionais de jornalismo estão sujeitos ao risco de se tornarem moedas de troca.
"Ah, pega um jornalista qualquer e manda eles divulgarem a fita"

E, quem garantiu que, ao mostrar a fita, eles soltariam o refém?
E, mesmo exibindo a imagem, quem garantiria que eles não fariam o pior com o refém?
Ah, então era melhor não ter mostrado? Arriscar com uma vida?

Impossível saber. Impossível uma resposta certa.

Muitos hoje me perguntaram o que eu faria.
Creio ser impossível dar uma resposta correta.
De bate-pronto, assim de sopetão, creio que chamaria a reportagem, mas - em um ato tresloucado - pediria aos telespectadores que mudassem de canal, que não assistissem ao que iria ser exibido tão somente por exigência de bestas feras que dão tanto valor à vida, quanto a um DVD muito mal gravado.
Diria que sim iria exibir, pq queria ter meu amigo de volta, mas que durante aqueles minutos, por favor, que a sociedade de São Paulo desse sua resposta e mudasse a sintonia para a Cultura, SBT, Record, RedeTV, Gazeta, Bandeirantes, Rede Vida, MTV, Rede Mulher ou qualquer canal de tv a cabo, que fossem ler um livro, curtissem a família, o luar, sei lá, que fossem fazer xixi, mas que por favor, dessem a menor audiência da história da televisão mundial - preferencialmente zero, absolutamente zero.

Pior é que, como o ser humano é eminentemente curioso, capaz do tiro sair pela culatra e todo mundo sintonizar somente para ver o que era.....

quarta-feira, agosto 09, 2006

Uma lei para a Comunicação


Realmente o Brasil é um país diferente de todo o restante do mundo.
Enquanto aqui jornalistas de redação brigam com jornalistas de assessoria, que brigam com relações públicas, que não se entendem com publicitários, que não gostam dos marqueteiros, em Angola o Governo prepara uma lei de incentivo à comunicação social.

Uma lei de incentivo à comunicação social que tem o objetivo de melhorar as condições de trabalho dos profissionais de comunicação em todos os seus campos de atuação. Fontes locais afirmam que será uma lei que, quando aprovada, irá criar condições para que o governo apoie a comunicação social em todas vertentes, para que seja possível promover avanços como a modernização dos órgãos de imprensa no país, das ações do governo, a qualificação dos quadros da comunicação social, empresarial e de toda a cadeia de prestação desse serviço.

A esperança é que, com a legislação, seja incentivado o desenvolvimento de novas tecnologias nos órgãos de comunicação social, criação de novos estúdios de produção e de emissão de informações, melhoria nas universidades e no ensino da comunicação como um todo, como um processo de educação da sociedade, além das condições de trabalho de todos os profissionais que atuam no mercado da comunicação.

A notícia continua dizendo que um dos maiores benefícios será a divulgação da verdade. Uma verdade que irá assegurar à sociedade melhores condições de vida, de segurança, de qualidade da vida - a cada momento da vida.

Enquanto isso, por essas bandas - bem, essa história conto amanhã

terça-feira, agosto 08, 2006

Marca em serviços públicos


Premissa Primeira da Comunicação: criar, estabelecer e fortalecer a confiança do cliente na marca

Esse tema, Gestão de Marcas é fascinante... tenho lido muito sobre isso e estou 100% convencido que é a saída para as empresas prestadoras de serviços públicos é o fortalecimento de suas marcas, da confiança que a marca desperta no cliente e no relacionamento da marca para com o mercado.
As maiores e mais significativas
empresas de todo o mundo (e cito sem medo Johnson, Nestlé, Coca, Pepsi), podem até falhar, mas a força dessas marcas - o desapertar de sentimentos é muito maior que qualquer possível e eventual falha. Isso é força de branding.

É isso que é preciso criara para o setor de serviços, ainda os públicos, muito mais ainda para os ligados às estruturas governamentais. Quem foi que disse que pq é público tem que necessariamente ser ruim?

Em pesquisas (.... bem, sem comentários) é normalíssimo aparecer que tal segmento não confia na água que recebe em suas casas pela rede de abastecimento, para dar um exemplo ao qual estou mais ligado.
Mas, pq a desconfiança? Isso não é dito, não é explicado - e raramente perguntado.... digamos de passagem.
Nessas mesmas pesquisas vira e mexe aparece que a empresa precisa mostrar mais suas tecnologias, sua engenharia.
Concordo, mas - tirando vc Lais - alguém aí sabe como é que a J&J consegue enrolar algodão na ponta do Cotonete?
Tirando vc Regina, alguém aí sabe a fórmula da Pepsi?
Descontando vc Daniel, alguém aí sabe como é que a papinha de banana com aveia da Nestlé é tão gostosa? Ou quanto de chocolate em no Nescau?

Não precisam saber. Basta estampar a marca que vc dá para seu bebê, que enfia na orelha, que mete boa abaixo... Confiança.

Agora, se eu contar a imensidão de análises, o tanto de tubo que tem na cidade, o trabalho que dá trazer água de mais de 100km e levá-la a cada casa, muitos dirão que é legal, mas isso, mas aquilo

Serviço público sempre tem um mas.
Talvez o único serviço público que tinha um valor de marca interessante era os Correios - tinha... conseguiram acabar até com isso... se bem que ainda sou amigo do carteiro lá de casa que, coitado, não tem nada a ver com o angu que fizeram, não é verdade
Aliás, meu avô já dizia, a gente deixa falar mal da mãe, mas não do carteiro ou do bombeiro.

Fazer os serviços públicos serem sinônimo de confiança e valorar as suas marcas...não é fácil, não é rápido, mas é necessário.

segunda-feira, agosto 07, 2006

Premissa da Promessa da Comunicação


Qual deve ser a base da estratégia de comunicação de uma empresa de prestação de serviços públicos? Qual a mensagem que ela deve passar em suas ações?

Verdade? Transparência? Qualidade?

Sinceramente acho isso muito pouco. Para falar a verdade, até hoje não encontrei nenhuma empresa - e nem precisa, necessariamente, ser de serviços - que prometesse o contrário.
Qual empresa anuncia que mente? Mas, qual efetivamente não mente?
Qual empresa assume que esconde? Mas, qual efetivamente não esconde alguma coisa?
Qual empresa fala que seus produtos e serviços não tem qualidade? Mas, qual efetivamente não solta absolutamente nenhum produto dentro da chamada "margem de aceite"?

Se tudo fosse assim tão maravilhoso, hoje não teríamos mais necessidade de serviços de atendimento, de Procon ou de outros que tem, em suma, a função de fazer com que as empresas cumpram o que prometeram.
Aonde, então está a falha?
Na empresa? Nos produtos e serviços? No atendimento? No cliente?

A maior das falhas está na promessa.
Promete dizer a verdade, somente a verdade, nada mais que a verdade?
Não, não prometo.
Não prometo, até mesmo pq a verdade é uma das questões mais relativas e pessoas de toda a humanidade. O que é a verdade? O que é ser verdadeiro?

Prometo sim, dar aos clientes, pelas ações de comunicação, a informação que leve à compreensão do produto, ao entendimento do mercado, à satisfação de suas necessidades e às formas de como ele pode fazer parte do processo de formação de uma empresa melhor, que faça um produto melhor, que preste um serviço melhor.

A comunicação eficaz é aquela que constrói a relação com o cliente, que o respeita e o faz respeitar a empresa.
A comunicação eficiente é aquela que solidifica a imagem da marca do produto no cabedal de valor do cliente, de forma a construir confiança e, desta forma, fazer com o cliente se torne um parceiro da empresa.
- E assim fica estabelecido, eu produzo, você consome. Tudo bem?
- Claro, mas você vai produzir direitinho o que eu preciso, heim... se não... olha que eu não consumo.
- Fica frio, vou produzir direitinho sim, tudo o que você precisa e da forma como vc precisa. Mas vc também vai me ajudar, vai me dizer o que quer, como quer...
- Claro, e justamente por isso, vou pagar o que cobrar... mas não exagera...
- Certo... até parcelo, tá bom.

Premissa Primeira da Comunicação: criar, estabelecer e fortalecer a confiança do cliente na marca.

sexta-feira, agosto 04, 2006

Tipos de relacionamento oficialmente reconhecidos


Efetivamente eu não entendo a Justiça...
Notícia do Diário de São Paulo conta que a Justiça passa a reconhecer 4 tipos de relacionamento entre as pessoas.

O primeiro é o bom, velho e cada vez menos valorizado Casamento.
Casamento é aquela união reconhecida, registrada, para a qual vc pagou cartório, igreja, festa... Aliás, faz tempo que não vou a alguma festança de casamento.. sabe aquelas italianas, que começa as 7 da noite e termina com spaguetti servido às 5 da matina, dançando tarantella a noite inteira...

O segundo tipo de relacionamento é a cada vez mais comum União Estável.
União Estável tem tudo que o casamento tem, menos o registro. É um relacionamento fixo, duradouro, moram juntos, ajudam-se nas despesas e nos lucros. Todo mundo sabe, não tem nada de escondido. Falta única e exclusivamente a certidão.
E precisa? Unidos estavelmente repartem melhor as alegrias e as tristezas. Sinceramente falando, a falta do papel timbrado no cartório mais próximo, faz as pessoas mais próximas.

O terceiro tipo de relacionamento é o Amante.
Amante é aquele relacionamento caracterizado pela terceira pessoa... não Amando, não é a terceira pessoa junto, isso é suruba, que oficialmente não é reconhecida por lei...
Amante não tem vínculo, não tem responsabilidade financeira ou obrigação. Segundo a notícia é o relacionamento caracterizado pelo cunho preferencialmente sexual.
Como coisa que os casados oficialmente e os unidos estavelmente não tivessem ou sentissem desejo sexual por seus parceiros....

O quarto e mais surpreendente tipo de relacionamento reconhecido é a Aventura.
Aventura é o relacionamento caracterizado pelo único e exclusivo objetivo de desempenho sexual, não contínuo ou seqüencial (se bem que, na minha idade, desempenho sexual contínuo e seqüencial já faz tempo......)
A Aventura não tem vínculo sentimental, pela lei. E é aí, justamente, que a lei se chafurda no absurdo: como é que vc consegue ter o desempenho sexual sem o vínculo sentimental.
Não Amando, não precisa explicar.

De meu lado, mais do que comentar os tipos de relacionamento oficialmente reconhecidos, creio que vou fundar um movimento para o reconhecimento de outros relacionamentos que não foram, por ora, privilegiados.
Começo agora a luta pela oficialização da Pulada de Cerca, do Escapadinha Básica, do Quem É Você? e do Meu Deus do Céu, O Que Foi Que Eu Fiz.

O pessoal aqui da repartição se dividiu. Uns acham que o fato da Justiça reconhecer Amante e Aventura como relacionamento e, desta forma, dar direitos legais às partes envolvidas, vai fazer com que as pessoas pensem melhor antes de se envolver umas com as outras.
Já outros acham que falta serviço para a Justiça. Ponto com o qual discordo. Relembro uma mensagem que recebi sobre leis, assim digamos estranhas sobre o tema em pauta;

- No Líbano, os homens podem legalmente ter relações sexuais com animais, mas têm que ser fêmeas. Relações sexuais com machos são puníveis com a morte.
- No Bahrain, um médico pode legalmente examinar a genitália feminina, mas ele é proibido de olhar diretamente para ela durante o exame. Ele pode apenas olhar através de um espelho. Por a mão pode, olhar não!
- Os muçulmanos não podem olhar os genitais de um cadáver. Isto também se aplica aos funcionários da funerária... Os órgãos sexuais do defunto devem estar sempre cobertos por um tijolo ou por um pedaço de madeira. Pq tijolo, desconheço.
- A penalidade para a masturbação na Indonésia é a decapitação.
- Há homens em Guam cujo emprego em tempo integral é viajar pelo país e deflorar virgens, que os pagam pelo privilégio de ter sexo pela primeira vez. Razão: Pelas leis de Guam, é proibido virgens se casarem.
- Em Hong Kong, uma mulher traída pode legalmente matar seu marido adúltero, mas deve fazê-lo apenas com suas mãos. Em contrapartida, a mulher adúltera pode ser morta de qualquer outra maneira pelo marido.
- A lei autoriza vendedoras a ficarem de topless em Liverpool, Inglaterra, mas somente em lojas de peixes tropicais.
- Em Cali, na Colômbia, uma mulher só pode ter relações com seu marido, quando na primeira vez que isso ocorrer, sua mãe estiver no quarto para testemunhar o ato.
- Em Santa Cruz, na Bolívia, é ilegal um homem ter relações com uma mulher e a filha dela ao mesmo tempo.
- Em Maryland preservativos podem ser vendidos em máquinas somente em lugares onde são vendidas bebidas alcoólicas para consumo no local.

Diante disso, gostaria de saber dos ilustres leitores: alguém sabe como é que mando meu currículo para Guam?

quarta-feira, agosto 02, 2006

Relaxar....


Uma das melhores formas de relaxar é fazer alguma coisa.
Quem disse essa grande besteira foi um consultor que um dia veio fazer uma palestra aqui na empresa. Como é que o imbecil fala que a melhor forma de relaxar é fazer alguma coisa? Quando eu quero relaxar eu quero é ficar quieto, parado, se possível até dormindo.
Onde já se viu... relaxar fazendo alguma coisa. Que absurdo.

Pois nesse último final de semana, depois de uma semana que teve efetivamente 25 dias cada um de seus 8 dias... como não dá? olha se dá para um dia ter 25 horas e uma semana ter 8 dias úteis eu não sei... o que sei é que o que a gente teve de trabalho e pepino pra resolver não daria para ser feito em 5 dias de 24 horas.
Pois é, depois dessa semana eu queria mais é relaxar e daí lembrei do tonto do consultor. "Para relaxar, faça alguma coisa"... ha, eu? que nada, vou é colocar um DVD de algum filme daqueles que não precisa ficar prestando muita atenção, que a trama se desenrola e que se cochilar não tem problema,... quero é minha cabeça sem nada... fazer alguma coisa... que absurdo.
Fui buscar o DVD. Bem, na verdade, fui tentar achar o DVD, pois faz algum tempo que não colocava os discos em alguma ordem... e, sabe que seria um bom momento pra fazer isso.
Vamos lá então... separa, arruma... xi, olha aqui tem um repetido. Quem manda não catalogar... Aliás, não estou fazendo nada mesmo...
Liga o micro, vai passando discos, escrevendo nomes... será que vale a pena colocar gênero? e também elenco... afinal de contas não é sempre que a gente lembra o nome do filme. Como é mesmo aquela comédia com o Sean Connery? E aquele romance com a Jane Fonda?
É.. é melhor colocar nome, gênero, elenco... pô cara, faz o serviço completo e bem feito...

Algumas horas depois todos os DVDs estavam devidamente arrumados e catalogados. Pronto, agora vou poder relaxar.
Na verdade relaxar pra que? Na verdade nem estou assim tão cansado... humm vou fazer uma surpresa pra criançada. Um café da tarde. Será que dá tempo?
Corre para a garagem, pega o carro, vai até a padaria, compra uns bolos, uns pães, uns frios, umas tranqueiras, volta pra casa, arruma a mesa, coloca os pães na mesa, coloca os frios numa tábua, vai cara dá tempo de fazer uma bricaderinha com os frios, vai enrola o presunto, deixa a muzzarela esticada, põe o salame na borda, vai eles vão chegar, esquenta a água para quem quer chá, deixa o chocolate quente para quem quiser, será que alguém vai tomar suco? deixa pronto, copos, cadê aquelas canecas coloridas?, ufa deu tempo....

- Pai, vc está a milhão hoje? Que houve?
- Nada filhão, que tal um jogo de Detetive depois do lanche?
- Querido, você não estava cansado, precisando relaxar?

Pois é gente, o raio do consultor estava é com toda razão. Para gente como a gente, que vive no 220, relaxar não é ficar parado, muito pelo contrário: relaxar é dar uma variada no cardápio e fazer alguma coisa, no nosso ritmo, mas uma coisa diferente, uma coisa que seja pra gente, do nosso jeito, da nossa forma, para o nosso povo.
Passei o dia fazendo um milhão de coisas, mas todas com o máximo de prazer e assim, ao final daquele dia, estava sim relaxado, pronto pra dormir... mas não sem antes anotar que, na segunda, deveria ligar para o bendito consultor e agradecer à consulta.