segunda-feira, outubro 30, 2006

O vilão chamado tomate azul


Senhoras e senhores leitores,
Prezados colegas escritores, cronistas, poetas e organizadores de textos,
Companheiros jornalistas, rps, publicitários, marketeiros e comunicadores,
Estimados comensais e apreciadores da arte da boa mesa,

O texto de hoje é um apelo a todos os que se encaixam nas categorias acima descritas e a todos os que tiverem um mínimo de bom senso na vida (não necessariamente nessa mesma ordem...).
Mais que um apelo, se pudésseis me ver, observariam um ser em súplica, em total resignação por uma causa.
Diziam os antigos profetas e centuriões romanos que, sem uma causa a ser defendida, a vida perde todo o sentido. Pois bem, se até a data de hoje não tinhas uma causa para entregar-te, eis que agora dou-te uma.

Uma injúria tal e tamanha que revolta a mais distinta alma, que faz efervescer o sangue nas veias do mais gélido dos seres... vilania atroz, cuja simples existência faz o coração encher-se do desejo de destroçar quem teve a infeliz e imunda ação pecaminosa.

Pecaminosa sim, pois que outra qualificação (passível de ser escrita nesse horário) teria o ato de terem inventado um tomate da cor azul.
Pois foi justamente isso que uma horda de cientistas espanhóis fizeram ao desenvolver uma espécie geneticamente modificada de tomate, de cor azul.

Inveja pura do país vizinho, a nobre e sempre altiva Itália (nostra bella Itália), ao qual tentam acabar com o molho de tomate, azulando a matéria-prima.
Devem ter imaginado que ninguém mais apreciaria uma boa macarronada se ao invés do rubro caldo, despejassem sobre a massa uma aguada papa azulada. Boa jogada, sou obrigado a admitir, boa mas extremamente baixa... um lance que contraria todos os tratados históricos e internacionais de paz e convivência, jogo limpo a partir de hoje, nunca mais.

Até tentaram justificar. Disseram os espanhóis que o novo tomate tem uma série de proteínas que não podem ser encontradas na variedade comum e poderia ser usado com fins terapêuticos, mantendo características de sabor inalteradas.
Ma che sapore? Quem é que acha que vamos aceitar calados fuzzilli com molho azul... azzurra somente nostra vitoriosa selecione de calcio... Tetra Campeone del Mondo - aliás, lembrando, a marrada do francês na Copa do Mundo já deveria ser coisa patrocinada pelos toureiros espanhóis... certamente!

Pois a partir de agora, está lançada internacionalmente a campanha contra o tomate azul espanhol.
Dio Santo, aonde vamos parar desse jeito? Imagina a mamma...
- Figlio.... viene che a lazanha tá na mesa...
E quando vc chega na mesa dá de cara com um treco azulado fumegante... não dá para comer de forma alguma.

No supermercado tem lata de molho de tomate tradicional, com manjericão, com alho e o lançamento da temporada: molho azul. Não... não dá para aceitar.

Estão todos autorizados a aprontar o maior barraco caso entrarem em algum restaurante e o garçom perguntar se a bracciola é com molho vermelho, branco, rose, azul ou roxo - sim, mistura do vermelho com azul que dá um roxo... seria um rose meio sei lá... capisce?

sexta-feira, outubro 27, 2006

Coincidências


Hoje é dia da Confraria de Crônicas, Contos e Causos do Cotidiano

Coincidências - Sérgio Lapastina

Se existem ou não, na verdade não sei e também não faz a menor diferença, o que sei é que coincidências acontecem e ponto final.
Uns chamam de destino, outros de karma... o que sei é que cada vez que acontecem, ou a gente tem muita calma ou literalmente pira.
Pois vejam: hoje a noite alguém tem algo para fazer? Não? Pois então, eu também não. Mas sexta que vem não somente tenho um, mas três eventos para ir.
Custava marcarem um em cada dia... não tem que ser tudo junto, tudo para atrapalhar.
Qual rapaz que não ficou maluco buscando convencer a menina a sair no sábado a noite e justamente quando consegue, aquela colega linda do colégio, a amiga da prima, a prima da vizinha e a vizinha da irmã...todas juntas...uma a cada vez... ligam querendo "pegar um cineminha". Coincidência?
Claro.... pura coincidência.
O pior é que a vida da gente é feita de coincidências. O desafio que temos é percebê-las e aproveitá-las.
Vejam por exemplo uma menina que passou a infância toda na Pompéia... mas que eu, nascido e crescido lá, nunca a vi.
A mesma menina que, coincidentemente, passou um ano na mesma faculdade que este escriba que - preocupado com outras coisas - não a viu, nunca a viu.
A mesma menina que passou férias no mesmo hotel em pelo menos duas oportunidades, que eu poderia ficar aqui contando uma meia centena de coincidências nunca aproveitadas... Mas que, pelo menos, antes tarde do que nunca, um dia, cansado o destino deu(me) um chute e disse: dá para olhar para a frente?
E eu? Fiz o que?
Ah, dessa vez não bobeei... olhei. Olhei e peguei.
Peguei e não solto mais.
Coincidência ou não... ela conta a mesma história, dizendo que quem me pegou foi ela.
Admitir não vou jamais,... mas ela tem toda razão.
Coincidentemente, como sempre tem....
Fazer o que né?

Coincidências - Wagner Mekaru

Coincidências não existem, esta é a minha opinião.
O tema deste texto surgiu quando o Manfredini comentou que a esposa dele, que é professora, foi apresentada a uma trilogia de Crônicas (Meu Bairro), por um colega de trabalho: o Professor Paulo Lopes.
O Paulinho foi meu professor de Sociologia no colégio e é leitor das crônicas.
Eis que um dos autores da trilogia era um tal de Manfredini e a colega de meu ex-professor é casada com um cara que tem o mesmo sobrenome e quis saber se o autor do texto era parente dele. Mundo pequeno: era o próprio.
Entendo que o modelo lógico-racional o qual insistimos em seguir é sempre interessante (e controlado – esta é a intenção), contudo, entendo que não se possa negar o universo simbólico contido nas "coincidências."
Não se trata de esoterismo (engraçado, no dicionário essa palavra está grafada com "x"), ou algo místico, mas sim uma conexão perceptível a algo que é invisível, mas que sabemos, está lá; algo que talvez não caiba mesmo explicação, que permeia um nível de consciência mais profundo ao qual não estamos acostumados.
Tem gente que fala em premonições, surgem os deja-vus, enfim, não desconsiderando absolutamente nada, acredito que exista alguns traços no destino de cada um, não exatamente maktub como dizem os árabes (estava escrito), mas alguns fenômenos ou acontecimentos que tem de ocorrer na vida de determinada pessoa, talvez até para que esta aprenda ou absorva algo dessa experiência.
Neste ponto talvez uma intersecção com a concepção de Karma que o Budismo nos ensina, que por sua vez o "amai-vos uns aos outros", idéia presente no Cristianismo, a meu ver fala de idéias muito semelhantes, afinal, aprendemos a não fazer ou desejar aos outros o que não queremos a nós mesmos. Coincidência? Responda você.
Ainda para tentar ilustrar essa idéia, vou pegar um exemplo que vi outro dia num curso sobre atendimento ao cliente que participei, onde a consultora falava de uma situação de trânsito, onde o marido da mesma reclamava e buzinava de um carro mais lento a frente e ela de maneira assertiva começou a indagá-lo sobre o motorista a frente que parecia com o pai de seu marido (descrevendo e comparando fisicamente o motorista com o sogro), ou seja, se numa situação dessas fosse realmente o pai do motorista reclamante o sentimento seria outro? (os palavrões com certeza) Certamente que sim; então porque não mudar o foco da projeção?
Nada acontece ao acaso.
Vou procurar não me alongar muito nesse texto, até porque todos temos histórias de "coincidências" pra contar, só vou relatar basicamente duas bem curtinhas.
A primeira é que descobri há alguns anos que o irmão de meu avô havia nascido no mesmo dia e mês que eu (e por um dia quase meu sobrinho nasceu na mesma data). Bom aí você me pergunta: e daí? Daí nada, é apenas um fato, mas acredito que haja um plano maior para todos nós e que assim como influencia em acontecimentos e pessoas que passam pela nossa vida, também ajuda a determinar em que família nascemos, apoiado talvez em questões astrológicas (daí a história das datas).
A segunda história refere-se a uma pessoa que conheci no mundo corporativo, mas que por duas vezes ocorreu de a gente ter se esbarrado. A primeira e mais próxima foi durante o colégio, ou melhor, quando eu estava terminando e ela chegando, nessa época inclusive sua melhor amiga namorava com um grande amigo meu: o Caio, mas não chegamos a nos conhecer. A segunda oportunidade foi na faculdade, a mesma faculdade, com um diferença de alguns anos. Por fim vim encontrá-la aqui. Ops, quer dizer, já não a encontro porque ela saiu.
Essa história, ironicamente me faz lembrar o título daquele filme da Sofia Coppolla: Encontros e Desencontros.
Bom, enfim, o tema é longo e dava para escrever muito mais, mas o poder de síntese é algo que as vezes se faz necessário vou encurtar.
O fato é que no Cotidiano vivenciamos muitos acontecimentos que atribuímos o nome de "coincidências", mas que por vezes nos deixam com uma ponta de desconfiança, exatamente por achar que há um "quê" a mais (traídos e atraídos pela racionalidade).
Não vejo o "destino" como algo escrito e imutável, talvez até escrito no rascunho a lápis, mas ao passarmos a limpo com a caneta do livre arbítrio podemos escrever diferente.
Ninguém é vítima das circunstâncias e como disse também aquela mesma consultora do curso que mencionei, há caminho e há trilho, sendo este último fixo e levando apenas a um lugar, já o caminho é você que faz.
Tudo muda, até a árvore já foi muda.
Não é hora, a hora é agora.



Coincidências - Carlos Manfredini

O que são coincidências?
Segundo o dicionário, identidade ou igualdade de duas ou mais coisas. Ocupação do mesmo espaço; sobreposição; simultaneidade de dois ou mais acontecimentos.
Não gosto de nenhum desses significados como resposta à questão! Lhe tiram o encanto, a magia.
Será que o Todo Poderoso, ao verbalizar a criação do universo previu as situações coincidentes, ou elas são mera coincidência?
Vejamos!
Não deve ser coincidência o fato de a infância ser a época de maior energia da nossa espécie. Já pensou um homem maduro com todo aquele vigor físico infantil, não querendo mais brincar, nem pular e correr todo o tempo, sem temer a autoridade materna?
Provavelmente todo seu potencial seria canalizado para a violência.
Um caos!
Será acidental ocorrer a maior produção de hormônios na juventude, onde mesmo os mais feiosinhos representantes dessa fase são considerados fisicamente belos, principalmente quando comparados com as pessoas idosas – as quais, particularmente, acho todas lindas?
E a natureza, quando se prepara para receber os filhotes dos pássaros e animais, os brotos das árvores e plantas, será por acaso que isso ocorra exatamente no momento em que o clima é mais ameno e favorável aos organismos frágeis que despontam para a vida?
Devemos imputar à casualidade o encontro entre um homem e uma mulher que decidem, após breve troca de olhar, seguir juntos por toda a vida construindo uma história?
Podemos considerar mero acidente do destino a Lua, satélite árido e sem vida, inspirar romances, amores e paixões, tornando-se centro de belas canções, poesias e odes ao amor?
De outro modo, coincidência poderia ser um conjunto de causas imprevisíveis e independentes entre si, que não se prendem a um encadeamento lógico ou racional, e que determinam um acontecimento qualquer.
Como por exemplo, quando você, solitário no meio da multidão, cisma de olhar para um ponto determinado e enxerga, misturado a muitos estranhos, o amigo que não via há anos.
Ou, quando, ao mudar o rotineiro caminho de volta ao lar, chega, liga a TV e fica sabendo que lá, no exato momento e no local onde você deveria passar, ocorreu um acidente fatal.
Sabe aquela prova, cuja data havia esquecido e minutos antes de fazê-la, em desespero dá uma olhada num único ponto e ele é o objeto das perguntas?
E nas vezes em que, ao conversar com um desconhecido, identifica alguém com idéias e ideais semelhantes aos seus.
Recorde daquele dia, você tristonho por uma coisa qualquer, ao abrir o e-mail recebe uma mensagem cheia de energia e otimismo repassada por engano por um desconhecido.
Que sorte ter recebido a inesperada promoção justamente no momento em que planejava se casar, não é mesmo?
Acontecimentos fortuitos, acidentes de percurso, eventualidades?
Penso que não!
Nada acontece por acaso!
Encontros e desencontros são circunstâncias previamente conspiradas em algum lugar e tempo desconhecidos por nós, por quem nos conhece e compreende profundamente, e que domina os processos criativos com precisão.
Contudo, o acionamento somente ocorre e só pode ser efetuado por nossa mente, quando ela está em paz.

terça-feira, outubro 24, 2006

E lá se foi o limbo....

Para quem não sabe, limbo não é aquele verdinho que fica sobre as pedras de um laguinho, no qual vc escorrega toda vez que tenta bancar o engraçadinho e tenta se equilibrar, invariavelmente fraturando algum osso de seu esqueleto. Esse é limo.
Limbo, caro leitor, é... ou melhor, era - conforme a religião - o local para onde as almas dos que faleciam se dirigiam para um período de descanso até a decisão (sabe-se Deus de quem... muito provavelmente Dele mesmo) se tinham a entrada permitida no Paraíso ou eram lançadas ao Inferno ou encaminhadas à reencarnação ou alguma outra coisa semelhante - o que dá tudo meio na mesma.
Variações sobre o mesmo tema à parte, o que importa agora é que, como disse, o limbo era isso aí. Sim, era, pois a Eminência Papal, Bento XVI, suprimiu a existência limbal.
Ou em outras palavras: o Papa acabou com o limbo.
Apesar de muitos acharem que o Sumo Pontífice não leu o início do meu texto e confundiu limbo com limo e ao querer limpar algumas pedras do lago do Vaticano, acabou acabando com a sala de espera das almas, integrantes da assessoria papal dizem que o sucesso de João Paulo II obteve informações seguras de que não mais havia necessidade do limbo e, assim, em um claro processo de reengenharia espiritual, houve por bem eliminar o degrau.
Com isto, analisam alguns, o homem mesmo que ainda encarnado, fica mais próximo do Paraíso, pois não precisa limbar (ato de ficar no limbo) para ir tocar harpa. Ou "pegar o elevador para baixo", que a opção fique clara!
Seja como for, o ato papístico criou um enorme problema para o vocabulário mundial, que já havia incorporado ao linguajar cotidiano a expressão "deixar no limbo". Especialmente o universo empresarial utilizava de forma freqüente o termo:
- Sabe aquele projeto que vc apresentou na última reunião?
- Sei, saiu?
- Não, ainda está no limbo.

Para bom entendendor, isso quer dizer: esquece!

Claro que ficam algumas indagações em relação ao ato de Bento. Teria ele tido uma visão das almas indo direto ao Paraíso ou ao outro lado e, desta forma, estando o limbo ao léu, achou melhor desativá-lo? Ou estaria ele apenas testando o homem, pois sem ter aonde esperar ou vivemos com retidão e vamos aos Céus ou caímos no abismo infernal.
Se isto for, Bento teve boa intenção. Boas intenções das quais, segundo dizem, o inferno está cheio.
Enquanto o Papa nos deixa no limbo sobre como tomou a decisão ou, melhor dizendo.....aliás, vejam bem, os dicionários terão que ser alterados.
Ahá, descoberto o segredo: é tudo lobby da indústria de dicionários.
"Nova edição atualizada. Versão com CD e sem limbo"

segunda-feira, outubro 23, 2006

A Jumentinha Pintada e a Zebra - macho


Nos jornais de hoje, uma notícia simplesmente acabou com o meu dia. E, entendam, caros leitores, a gente lê o jornal pela manhã e isso quer dizer que o dia acabou logo cedo. E sendo uma segunda-feira, acabou a semana...
Li, uma notícia que me tirou o pouco de esperança que ainda tinha na dignidade do ser humano e afirmou a certeza de que, por melhor que seja a intenção, não adianta, somos uma espécie fadada ao apodrecimento moral, ético e espiritual. Se o Papa Bento XVI não tivesse acabado com o limbo (aliás, alguém ai me lembra de escrever sobre isso amanhã.... já viram absurdo maior?) todos iríamos padecer até o final dos tempos.
A notícia à qual me refiro é a de que em um zoológico, em cuja cidade recuso-me a dizer, uma pobre jumentinha teve a pele pintada com carvão, imitando listras a fim de enganar uma pobre zebra (no caso um zebro ou melhor zebra-macho) que sentia-se abandonado e não conseguia encontrar motivo para ater-se à vida.
Sem saber o que fazer os tratadores apelaram ao desespero e ao se depararem com a jumentinha ali, pastando, calma e serena, não tiveram dúvida, riscaram-lhe o couro fazendo com que, desta forma, a pobre tomasse contornos de uma zebra e, com isso, a zebra - o macho - visse a zebra - a jumenta pintada - e voltasse a desejar ter relações com outra da mesma espécie - ainda que falsificada.
Até o final da edição desta manhã, o coito não havia ocorrido, pois a jumenta pode ser parenta da burra, mas também não é assim qualquer zebra - macho - que chega e ela vai logo deixando ter intimidades. Os tratadores apostavam no velho ditado que diz que, de noite, todos os gatos são pardos, e esperam para essa noite o primeiro intercorso zebral.
O filhote deste curioso cruzamento, caso ocorra, será o primeiro caso mundial de zebrumento pintado ou jumenzebra (lembram de uma coleção de figurinhas de chiclete que fazia essa brincadeira de misturar animais?).
Contudo os tratadores temiam que devido ao esforço empregado durante o ato, a jumenta transpire demais e as listras de carvão escorram, deixando-a sem maquiagem. A reação da zebra - macho - neste caso, é um mistério. Irá ele parar e relinchar (zebra relincha?): mas o que é isso? que palhaçada é essa? uma jumenta travestida?
Ou irá o zebroso animal, mesmo enganado, apaixonar-se pela jumentinha, mesmo despintada, e entregar-se aos prazeres da carne, em um despreendido: não tem zebra, vai na jumenta mesmo.
Bem, seja como for, apenas me resta, confirmar a frase da Dna. Izildinha, vendedora de cosméticos que ia na casa da minha tia em Ribeirão Pires: uma boa maquiagem resolve tudo.
E, para findar, desejar ao casal que sejam felizes e superem as diferenças, que compreendam um ao outro, que encontrem, na companhia de suas patas entrelaçadas.... não, isso deixa prá lá; no aconchego dos ombros...lombos amigos e que não sejam meras listras do destino que espacem o sentimento de união que floresceu na savana zoológical.

sexta-feira, outubro 20, 2006

A Nova (?) Moda dos Seriados de TV

A Nova (?) Moda dos Seriados de TV - Sérgio Lapastina
Um dia um amigo que entende do riscado afirmou categoricamente que existe uma razão muito lógica para o mundo ser redondo. Segundo o sábio: tudo volta.
Pior é que se na hora não acreditei, agora tenho que voltar à lembrança para dar a mão à palmatória. Tudo volta, absolutamente tudo.
A nova moda é adorar seriados de TV. Nova? Nova aonde?
A única diferença das séries de hoje em dia - tirando, claro a questão da tecnologia de produção - é que você não precisa assistí-las: basta esperar um pouco em comprar em DVD para assistir tudo como a um longo filme.
Mas, em verdade nem isso é novo, pois todas as séries antigas já estão em DVD. De Jeannie é um Gênio e A Feiticeira à Jornada nas Estrelas e Havai 5.0, tem tudo em DVD.
Isso somente faz a gente pensar em uma coisa: o mundo é redondo.
Contudo, meus caros, sabem o que efetivamente mais gosto nas séries é da trilha sonora. Já que citei a dita cuja, quem não lembra da música do Havai 5.0? Do tema da Jennie, do Jornada nas Estrelas.... fala a verdade, não que a gente assistisse pela música, mas eram muito melhores do que as de hoje em dia.... que primam pelo roteiro, pela tecnologia, mas em termos de trilha são bem fraquinhas.
Eu adorava as séries que passavam na Record. Segunda era Bonanza, terça Laramie, quarta Chaparral, quinta Laredo, sexta era..... que que era sexta mesmo? Mas sábado era James West.
E antes disso tinha a série da melhor das trilhas já criada:
No velho oeste ele nasceu
E entre bravos se criou
Seu nome em lenda se tornou
Bat Marstenson,.... Bat Marsterson.

A série em si era meio fraquinha, mas ô letrinha legal... inspirada os moleques de 10, 12 anos que queriam ser heróis do velho oeste, entre bravos índios serem criados e ter o nome em lenda.... Pena que depois de tudo, a gente fica sabendo que o nome, para se tornar em lenda, a gente tem que morrer antes.... Tô fora.



A Nova (?) Moda dos Seriados de TV - Wagner Mekaru
Quando o Lapastina sugeriu o tema desta crônica fiquei preocupado, afinal minhas referências de seriado reportavam-se aos anos oitenta.
De fato, não acompanho muito as séries atuais, mas pensando bem, vejo algumas coisas sim, talvez não tão atuais, mas...
Lembro de um grande número de séries que passavam nos 80’s, entre elas: Belami, Bareta, Esquadrão Classe A, Miami Vice, Profissão Perigo, Kojak, Mulher Biônica, O Homem de não sei quanto bilhões de dólares, etc (algum, claro, oriundo dos anos setenta).
Tinha como sempre, para todos os gostos, aí incluídos o gênero Faroeste: James West, Bonanza, passando pela ficção: Elo Perdido, Perdido no Espaço, Além da Imaginação (até mesmo o Acredite se Quiser com o Jack Palace, aliás não era ele que fazia aquela série A Ilha da Fantasia? Olha o Avião....)
Não poderia deixar de mencionar os seriados de super heróis como Batman (isso, com Adam West, um Batman que precisava malhar) Homem Aranha, O Incrível Hulk, O Besouro Verde, este último co-estrelando Bruce Lee no papel de Kato; a crítica dizia ser um papel menor para o mestre do Kung Fu, eu particularmente nunca fui fã de artes marciais (sim sou do Paraguai), gostava da série.
Calma, sei que ao citar Super-Heróis, não podia ficar apenas na esfera americana. Fez parte do imaginário de muita gente os enlatados japoneses: Goldar, Robô Gigante, A Família Ultra (Ultra Seven, Ultramen, Ultramen Go, etc), Nacional Kid (este não assisti) e no fim dos anos oitenta os Changerman e Jaspions que particularmente não tinham a mesma graça dos "latões japoneses".
Cabe aqui outro parêntese, já que essas séries de Super-Heróis, a exceção desses dois últimos que citei são produções da década de sessenta. Como no Brasil o advento da popularidade de canais de televisão demorou um pouco mais, houve um atraso na aparição dessas séries por aqui.
Apenas para fechar essa sessão nostálgica vale mencionar uma produção latina que há mais de duas décadas faz sucesso no Brasil: O Chavez, pensando pela precariedade e pelos parcos recursos com que foi rodado é admirável essa série mexicana manter-se viva no imaginário do público até os dias atuais.
Bom, mas chega de tirar teias de aranha do baú. Falemos dos novos seriados.
Tenho percebido que alguns seriados atuais têm que ser acompanhados na íntegra desde o primeiro capítulo, caso contrário não se entende nada da história. (caso do Lost), particularmente acho isso ruim, porque não te permite chegar atrasado para acompanhar, em suma você tem que ser fã de carteirinha da série.
Acho que seriado bom é aquele que contém uma história nova a cada capítulo e que te permita entender o que acontece apesar de não assistir a todos os capítulos.
E por falar em história, houve um boom a partir da década de noventa onde se passou a focar bastante os comportamentos e relacionamentos de uma maneira geral (Friends, Barrados no Baile, até mesmo algumas produções nacionais como Os Normais e Aspones).
Alguns amigos criticaram Sex and City (que nem é uma série tão nova) dizendo ser voltado para o público feminino, preconceitos à parte, já que, apesar de enfocar a vida de um grupo de amigas fala sobre angústias pertinentes ao dia a dia das moças (que bem poderiam ser da família de qualquer um), descobri há pouco tempo um seriado que seguindo a lógica seria voltado para o público masculino: Fantasias de Homem Casado, (sim, o nome é esse mesmo - com novelas de nome Bety a feia, Pícara Sonhadora e Café com aroma de mulher porque não esse?) um seriado que enfoca um grupo de amigos alguns casados (claro), onde um tenta pular a cerca, mas não consegue, outro que vive pulando a cerca, mas as vezes se questiona a respeito e os solteiros que não entendem os casados. Quem tiver interesse é uma série que passa no SBT de madrugada, mas não tenho certeza o dia.
Acho que é uma nova maneira de encarar o público, pois continua existindo (e nunca vai faltar público pra isso) quem queira apenas entretenimento, diversão, etc.
Nesse campo há boas produções, mas de modo geral não sei o nome já que em sua maioria conservaram seus nomes em inglês ou em siglas, assim para não ficar em branco destaco apenas CSI que foca investigações criminais baseado na ciência forense.
O que gostaria de destacar mesmo é a abordagem que se faz no dia a dia das pessoas, ou seja, passamos a ser "personagens" das tramas, seja num Plantão Médico, ou no Escritório (Aspones), ou com os filhos que estão crescendo (Confissões de Adolescente/Anos Incríveis – na verdade todos adultos hoje), nos relacionamentos de um casal (Os Normais – tudo bem, de maneira bem humorada), enfim, um grande número de séries para todos os gostos.
Não dá pra dizer que os seriados hoje são melhores que antigamente ou vice-versa, acredito que houve evolução, mas para cada momento da história da humanidade cabe sua maneira de manifestação artística.
Novos tempos, novas temporadas, novas séries, novos comportamentos. Tudo muda, até você muda, ou muda de canal, ou dá uma zap, desliga e vai ler um livro.
Não deixe a Carga Pesada demais, vá se divertir, se distrair, porque essa é a hora. Hora de relaxar.
Boa diversão!

A Nova (?) Moda dos Seriados de TV - Carlos Manfredini

Você deve ter achado estranho este título, não é mesmo?
Eu também, mas não havia outro mais apropriado.
Além disso, para quem gosta de escrever – mesmo que não domine o ofício muito bem – o processo ocorre de um jeito característico.
Surge um tema ou uma idéia na mente e não há como fugir, tem que desenvolver aquilo e colocar no papel, para aliviar a tensão estabelecida.
Entretanto, para que possa falar dessa nova moda, devo esclarecer algumas coisas para os prezados.
Primeiramente, a invasão de seriados que ocorre atualmente na televisão brasileira, em especial nos canais por assinatura, não é novidade. Quando garoto – e olha que já faz tempo – eles existiam em quantidade considerável.
Rapidamente consigo contabilizar meia centena deles e lembrar de alguns:
- Lassie, Rin Tin Tin, Os Waltons, Papai Sabe Tudo, Ivanhoé, Star Trek, Columbo, A Feiticeira, James West, Bonanza, Combate, Missão Impossível, Rota 66, Kung Fu, Daniel Boone, A Noviça Voadora, etc.
É certo que tínhamos duas diferenças significativas naquela época: só existiam alguns poucos canais de TV, todos de sinal aberto e as séries em voga eram muito, mas muitíssimo diferente das atuais.
Se melhores ou piores, não sei. É uma questão de gosto, de visão de mundo, de foro íntimo, de valores, de opinião, sei lá.
Espero conseguir fazê-los entender este meu ponto de vista singular, sem que aparente saudosismo ou me tomem por retrógrado, embora não pretenda que concordem com ele.
Aqueles seriados antigos a que me refiro eram singelos, calmos, serenos e seus temas giravam em torno da família, do amor, da amizade, do dever, do heroísmo, da própria superação humana em prol dos valores morais e éticos.
Mesmo os de ação, de aventura, ou criminais, passavam pela devassidão ou pelas mazelas humanas somente para a contextualização da história, de seu percurso narrativo, para ressaltar que o bem tem que vencer o mal.
Quando ocasionalmente o roteiro exigia o ato sexual, este surgia espontâneo, em complemento à trama e, muita vez, insinuado, o que, convenhamos, é até mais excitante do que sua explicitação.
Os cenários podiam não ser bem planejados e não existiam efeitos especiais, mas a fotografia e os enquadramentos eram geniais, as paisagens deslumbrantes, o ritmo adequado e as seqüências bem elaboradas.
Fazendo uma analogia, pense numa boa música e noutra péssima.
Compare, por exemplo, o Bolero de Joseph Maurice Ravel com um funk qualquer. As duas tem som, ritmo, mas só a primeira possui a harmonia musical, a disposição bem ordenada de suas partes, com acordes bem encadeados segundo as leis da tonalidade e do cromatismo, mesmo primando pela simplicidade.
Tudo bem que "funqueiros" não tenham a menor idéia do que vem a ser isso, mas quem tem não consegue se sujeitar ao barulho.
Com os seriados acontece algo similar!
Os atuais não buscam uma harmonia entre tema, história, diálogos, cenas, etc.
Mesmo deixando de lado a forma e atendo-me ao conteúdo, noto que nenhum deles procura transmitir à audiência uma mensagem, qualquer que seja ela.
É só sexo por sexo, violência por violência, terror por terror, com o intuito único de chamar e prender a atenção dos incautos telespectadores.
É a tal da ligeira Indústria (anti) Cultural.
Muitos acham que está tudo bem, mas a exposição contínua a isso não parece ser saudável para mentes em formação ou em desenvolvimento.
Depois não adianta reclamar da criminalidade, da desagregação familiar, da postura da juventude, das inversões de conceitos, do desequilíbrio, da depressão, da solidão.
Ao final da exibição de um desses novos filmes seriados, um sujeito normal deve ficar com uma sensação de vazio, de perda de tempo, de inutilidade, de futilidade.
Será que se divertiu?
Duvido!
No máximo gastou suas horas!
Ainda bem que existe o controle remoto, mas sinceramente, penso que faltam opções de mediana qualidade.
Aí desligo a TV e vou passear, ou ler, ou ouvir boa música, ou conversar, ou dormir.
Sendo assim, não tenho como enumerar, nem citar os nomes, nem comentar os seriados atuais.
Representam-me uma mesmice sem par e quem viu alguns já viu os demais.
Seletivamente apaguei da lembrança as frustrantes experiências que tive com os atuais seriados.
Desculpem a involuntária acidez!

quarta-feira, outubro 18, 2006

A causa do córrego azul


Ontem relatei a corrida que tivemos aqui na assessoria da Sabesp por causa do líquido azul que acabou sendo lançado no Córrego Ipiranga..... esse mesmo, o que fica ao lado de onde outrora D. Pedro aliviou-se após ter erguido a espada..... para proclamar a Independência, gente!
Terminei em um momento crítico, nem tanto por causa da correria, mas por ainda não saber a origem do produto anil.
Justamente por isso, decidi retomar o assunto hoje, afinal de contas não é adequado para um cronista deixar seu público em dúvida, sem uma resposta. A técnica pode até ser muito utilizada pelos romancistas policiais ou de livros de mistérios: será que o assassino é realmente quem foi acusado? Jason voltará?
Mas, para uma simples e modesta crônica, deixar uma pergunta no ar não é algo usual e não é o que eu faria.
E sendo assim, em assim sendo, como todos já devem ter percebido estou enrolando o máximo que posso para tentar chegar ao final da crônica de hoje sem precisar dizer qual a fonte da substância cian que ousou invadir o curso d'água localizado na zona sul da cidade de São Paulo.
Pq? Simples, nobre leitor que me privilegia todos os dias neste exercício de literatura...... para! fala logo, criatura. Fala que por mais que se tentasse você ainda não tem a menor idéia de onde é que veio essa birosca....

Mas, acalma-te ó leitor que até agonizou. Posso ainda desconhecer a fonte, contudo tenho sim uma explicação - obtida com a ajuda do confrade Manfredini.
Assim como ele, recebi alguns emails nos últimos dias que relatavam a ocorrência de uma raríssima, extraordinária e poderosa "conjunção cósmica" na data de ontem. Esta, apesar de perdurar por todo o dia, teria especial concentração por volta das 17h10 e seria representada por um fenomenal raio de luz azul, oriundo das esferas superiores, convergindo para o planeta.
A mensagem orientava que as pessoas aproveitassem a oportunidade para formular pensamentos positivos, desejos e aspirações - ações que somente intensificariam as já enormes benesses da manifestação.

Diz Manfredini: "Vai ver, alguém lá do Ipiranga, mais repleto de satisfações do que os demais e não tendo muito a desejar, olhou para o riacho não gostando da cor original e pensou: oras bolas, já que o raio do raio é azul...."

Verdade amigo, verdade.
Independente de vcs acreditarem no Raio Azul ou em emissões energéticas de esferas superiores, ter pensamentos positivos é sempre uma boa idéia, uma ótima proposta.
Quem sabe, mais vezes pudéssemos nos unir em um mutirão de pensamentos positivos, mais vezes receberíamos o Raio Azul, mais vezes seríamos felizes, mais vezes as águas estariam azuis.... naturalmente azuis como o manto de Iemanjá.

terça-feira, outubro 17, 2006

Córrego Azul

No final dessa noite de terça, o Córrego Ipiranga - aqui em SP - foi invadido por um líquido azul.

Independente do fato dele, esteticamente ter ficado até mais bonito, o fato é ecologicamente, socialmente, economicamente e comunicacionalmente uma tragédia.

Ecologicamente pois, apesar da minha preferência, na natureza a cor azul não é a mais utilizada. Enfim, se a água do Córrego do bairro no qual foi proclamada a Independência do Brasil, azulou-se foi pq nela lançaram alguma coisa que não deveria ter sido jogada. Enfim, poluição.

Socialmente pois o fato apenas demonstra que está longe o dia em que as pessoas terão consciência de que tudo que é jogado nas ruas vai parar nos rios e córregos da região. É como diz meu amigo Romane, o Brasil é um país no qual de nada adianta desenvolver ações de educação ambiental, enquanto o povo não tiver educação sanitária.

Economicamente pois os prejuízos financeiros do ato são elevadíssimos. Quais? Somente a mobilização dos órgãos governamentais para evitar a proliferação e detectar o ponto de lançamento custa sim aos cofres públicos - Ah, mas essa é a função deles..., Será? Tenho cá minhas dúvidas.... É como digo, é muito fácil colocar câmeras de vigilância para pegar o ladrão: difícil é evitar o roubo.

Comunicacionalmente pois deu qualquer problema com água, mesmo com a água do Córrego Ipiranga, é culpa da Sabesp. E se não for? Bem, aí eles mandam a nota, dizem que não é culpa deles, fazem alguma coisa. É como o padre sempre diz: na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença.... parece que a relação da Sabesp com a Imprensa é um casamento.... vamos lá, antes assim.

Mas como? De onde é que veio o raio do líquido azul?

Sei lá.... estamos pesquisando, averiguando, serviço de caçador.... quando descobrirmos eu conto quem foi o vilão da história... Por enquanto deixa em desmentir o que as rádios estão dizendo..

licença.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Manual em português


Chega a ser absurdo o que algumas empresas fazem hoje em dia.
Semana passada, em um espasmo de bondade (e por já não ter mais uma calça com barra descosturada ou uma camisa com todos os botões) comprei uma máquina de costura para minha sogra - para que vcs vejam o que não faz o desespero de um homem que até sabe cozinhar, mas não tem a menor idéia de como se enfia linha em uma agulha.
Máquina de primeira linha, com tudo que tem direito - ou, pelo menos, tudo que estava escrito na caixa que ela fazia e eu estava precisando.
Festa daqui, obrigados dali, desconfianças dacolá, tudo certo: máquina entregue, sogrinha contente e calças no porta-malas do carro para, oh que coincidência, serem costuradas...
Daí abrimos juntos a caixa da dita cuja e com todo o cuidado do mundo vamos tirando peça por peça, pacotinho por pacotinho, tudo devidamente embalado para enfrentar a mais séria intempérie. Arrumos o espaço, a mesa para colocar o trambol... aquela máquina linda, linha para um lado, agulha para outro e.... e aonde é que coloca o óleo?
- Óleo? Vai óleo na máquina de costura?
- Claro, a máquina tem que trabalhar azeitada
- Mas é óleo ou azeite?

Depois que todos pararam de rir, alguém teve a brilhante idéia de pegar o manual de instruções. Afinal de contas, para que é que serve o manual se não para ser lido e tirar as dúvidas?
Pegamos o manual... ou melhor a enciclopédia de aproximadamente trezentas e setenta e oito páginas.
- Vai direto no índice...
Esse foi o gênio do meu cunhado...
Mas, para não brigar, fui.
- Pag. 7... inglês.... pag 67... francês.... pag 96... deve ser chinês.... pag 117... alguém sabe que que é isso?
- Alemão?
- Que nada é russo!

Bem, rusgas lingüísticas familiares à parte, o importante é que no raio do manual tinha explicação em tudo que era idioma, exceto em português.
Mas na embalagem, na caixa, estava escrito em português... vai entender.
- Procura no inglês "oil" e lê... vc não sabe falar inglês? Ou no italiano... diz que sabe...
Por pouco a máquina não voa na cabeça da cunhada, mas até que ela tinha razão.
Tinha até o ponto em que descobri que por óleo na máquina de costura em inglês é qualquer coisa menos algo com "oil", palavra que não existia no manual.

Resumindo, entramos no site da empresa e para nossa enorme surpresa, todas as explicações da máquina estavam lá, em português, inclusive com uma versão em total português do manual para download.
Bem, pensei, vai ver que não tem o manual na internet em outros idiomas.
Tinha... tem.

Agora, se tem o manual na internet em inglês, em espanhol, em italiano, em alemão, russo, chinês e em tudo que é idioma, pq é que não tem impresso em português?

Por essas e outras que ainda vejo seriados antigos de televisão: só para nunca esquecer da frase:
Isto é, incrível!

quarta-feira, outubro 11, 2006

Meu bairro


Hoje é dia de textos da Confraria dos Cronistas.
Tema do dia: Meu bairro.


Meu bairro - Sérgio Lapastina
Não sei se alguma outra cidade do Brasil ou do mundo tem tanto o sentimento de bairro como São Paulo. Pelo que vejo em filmes, parece que Nova Iorque tem, mas sei lá... São Paulo é especial.
Uma outra coisa que tem SP é que quem nasce em uma região pode até mudar, mas não adianta: as raízes ficam. Não digo nem o bairro, mas a região como um todo, pq em São Paulo onde começa um bairro e termina outro é uma coisa que nem o pessoal que faz o guia de ruas sabe direito.
Eu, por exemplo, diferente dos confrades deste espaço (aliás, diga- se de passagem, um de nossos compromissos é não ler o texto um do outro antes de publicá-lo, é melhor... dá mais emoção e ou um fala completamente o contrário do outro ou concorda ou muito pelo contrário... e falando nisso, a Confraria é aberta viu gente, quem quiser entrar para mandar textos sobre o mesmo tema basta avisar... a gente não é um grupo fechado não, basta uma singela contribuição semanal - normalmente em espécie comestível ou bebericável - e um pequeno triplo teste: perder um set de tênis do Wagner, assistir uma aula do Manfredini e fazer o Lapastina parar de falar em uma palestra... conseguiu isso capaz até de virar líder da Confraria)... mas disse isso mesmo pq? ah, sim, só para dizer que - cumprindo as regras - não li os textos dos confrades, mas apenas vi de quais bairros eram oriundos... voltando então.
Eu, por exemplo, diferente desses outros aí, sou da Zona Oeste, nasci em Perdizes, mas logo com 4 anos fui para a Pompéia. Uma diferença de poucas quadras que apenas me fez assumir que Zona Oeste é Zona Oeste.
Alguém aí já ouviu alguma relação com o Antigo Leste? Com o Ancião Sul? Com o Acabado Norte? Pois todo mundo gosta de filmes do Velho Oeste... uma prova de que é a melhor região da cidade.
Sou da época da Pompéia (aliás, nome épico, que remete à antigas glórias...) em que para se dar o endereço se falava o nome da rua, quantas quadras ficava da Av. Pompéia e depois o número da casa.
Melhor, da Pompéia que se falava que sua casa ficava ao lado da Adega do Seu Joaquim ou do Bazar do Toninho, perto dos Armarinhos Bovero que antigamente era a Casa do Sérgio - pasmem, esse Sérgio era eu, pois a minha mãe tinha um armarinho e colocou o nome do filho... daí veio minha irmã, minha mãe mudou de ramo mas a Casa do Sérgio até hoje é ponto de referência vital da Zona Oeste..... como? menos? ah, tá bom vai...
Da Pompéia da Banca do Léo, da Papelaria Caraibas (que nunca ninguém soube se era Caráibas ou Caraíbas... o que também nunca fez a menor importância) - que foi a papelaria que minha mãe montou depois da Casa do Sérgio que era.... tá bom.... ô gente...
Da Pompéia do Zuleica, do Miss Brownie, do Sagradão... ah e me deixa explicar: sou da parte de cima da Pompéia, da parte que odeia que se fale que na Pompéia fica o Parque Antártica... fazer o que né, nenhum bairro é perfeito...
Da Pompéia que guardou muito de sua história, de seus amigos, mas que tal qual toda Zona Oeste e toda SP, perdeu muito. Perdeu a Adega, o Bazar, a Papelaria, o Armarinho. A Banca ainda está lá, mas não é mais do Léo e os colégios ainda existem com os mesmos nomes, mas sem o mesmo brilho.
Da dó de ver a Pompéia hoje ser indicada invariavelmente por rua tal, número tal, apartamento tal. Se quando derrubaram a casa do meu avô doeu fundo, quando foi a casa do Augusto, do Henrique, do Paulão... foi algo diferente. Foi a certeza que se tinha acabado a época de vender pipa no portão do jardim, do Sérgio... esse o carteiro que era nossa amigo, do moço do gás, dos lixeiros que meu avô mandava deixar o portão aberto toda terça e quinta para que pudessem entrar e beber água na torneira do jardim.
Não sei se os jovens de hoje tem esse sentimento de bairro ou de região que a gente que já está na idade terminada em "enta" (ou melhor "enta e") teve e ainda tem.
Sinto que eles não vão ter a Adega, a Banca, a Papelaria, o Armarinho ou mais um monte de coisas muito legais que o tempo fez esquecer. Mas duro mesmo não é saber o que eles não terão: é ter a dúvida do que é que eles vão ter.


Meu Bairro - Wagner Mekaru

Sou paulistano, nasci na Zona Leste lá era uma terra de bravos.
Quando meus pais chegaram no Parque Santa Madalena havia só mato. Eles foram bandeirantes desbravadores, montaram um pequeno comércio onde nada havia.
Com o tempo outras famílias passaram a habitar o bairro e também surgiram as favelas além de outros comércios. Hoje quem passa por lá vê um cenário muito modificado, com grandes varejistas e rede bancária, infra-estrutura que atraiu muita gente ocasionando em uma explosão demográfica que empurrou os que eram menos favorecidos para bairros mais distantes como Cidade Tiradentes ou Terceira Divisão (alguém sabe onde fica?), invadindo inclusive áreas de proteção ambientais e mananciais.
Em 1996, após uma transação imobiliária mudamos para Zona Sul, na Saúde, lugar mais chique e com infra-estrutura bem apoiada, contudo sem o ar provinciano da Zona Leste.
Nesse bairro tudo fluía (literalmente) mais fácil já que havia uma estação de metrô, que facilitava muito os deslocamentos (para se ter uma idéia, quando morávamos na região do Sapopemba, a estação mais próxima de metrô, que era o Belém ficava a 50 minutos de ônibus!), aliás, a questão de deslocamento geralmente é um item que afeta muito o valor imobiliário nos bairros (veja as propagandas de grandes empreendimentos imobiliários: Ex.: a 5 minutos da Via Imigrantes).
Hoje resido na Zona Norte (quando houver possibilidade mudo para Pinheiros e completo meu tour pela cidade), mais precisamente na Cachoeirinha, um bairro periférico da capital, mas com boa estrutura, necessitando, claro, como todo bairro de algumas melhorias. Apenas para citar: via pública e passeio estão horríveis e o segundo nada uniforme. Ainda neste ponto não é apenas uma questão estética, mas sim de segurança, já que alguém pode vir a se acidentar (veja como alguns bairros tem a calçada mais uniforme e não necessariamente cartões postais como a Av. Sumaré, visite por exemplo Pirituba e verá que em alguns pontos a calçada não é uma "colcha de retalhos").
Acho que seria muito interessante que nossa cidade fosse melhor planejada para não haver discrepâncias populacionais, nem, conseqüentemente estruturais, já que quando determinada região começa a ficar "inchada", os serviços passam a ficar mais precários, necessitando uma ampliação de sua estrutura.
Uma grande iniciativa, principalmente de bairros mais pobres: as associações de bairro, que quando sérias, podem ajudar, em parcerias com órgãos governamentais, ou até mesmo empresas privada com programas sociais, que venham a contribuir em relação a educação, lazer (neste caso também esportes, mantendo crianças em atividades físicas que não malabares no semáforo) programas de saúde preventiva entre outros. Trata-se da valorização do bairro, que sempre é benéfico a coletividade.
Por falar no que é coletivo, lembro de algo muito importante que me parece oportuno mencionar: o que é público é de todos, portanto todos têm responsabilidade e deveriam ter zelo, mas sabemos que não funciona assim.
Como num passe de mágica, o rapaz que acaba de abrir uma bala, joga o papel que a embrulhava para fora do carro, transformando a via pública num grande lixão e, se questionado vai dizer ironicamente que está gerando emprego ao gari.Completando o ciclo do papel, sabemos que se todos assim pensarem, os lixos vão se acumular, entupir as bocas de lobo e em conseqüência, numa chuva um pouco mais forte teremos uma enchente certa, gerando grandes perdas materiais, quando não humanas, além é claro das inúmeras doenças trazidas pelo lixo devido a ratos e baratas.
Há outros inúmeros exemplos a mencionar, como os telefones públicos, reatores de energia (que muitas vezes sobem no poste para roubar o cobre para vender, arriscando a vida para tal), banheiros, etc.
No bairro também há a peculiaridade dos pequenos comércios onde o dono conhece a vizinhança, chamando pelos nomes, muitas vezes acompanhando gerações de famílias a se transformar, o famoso fiado, (anotado devidamente na caderneta), demonstrando um aspecto mais humanizado que muitas vezes é difícil encontrar nos hipermercados (fiado com certeza não, mas parcelado no cartão...).
Enfim, todo bairro tem seus aspectos bons e por outro lado pontos a melhorar, mas sua valorização e melhoria, como tudo na vida, dependem muito do esforço de cada um, seja cobrando ações do governo, ou unindo-se a outros moradores ou junto à iniciativa privada.
Se gostas, vista a camiseta: Amo meu bairro.



Meu bairro - Carlos Manfredini

- Oh, meu!
- O qui é que tem na Mooca?
- ...?
- É com você mesmo, pô, não adianta olhar pros lados!
- Comigo?
- Isso mesmo, cê mora lá, não mora?
- Moro!
- Então, cês ficam falando que lá é bom, diferente, especial, coisa e tal, então explica isso aí!
- Bom especial é mesmo, tem algumas coisas nela que são bacanas, que diferem dos outros bairros, a começar por sua origem e constituição, por seu nome, pela característica dos seus primeiros habitantes, concluindo com o atual estágio em que se encontra.
- ...? Agora fui eu que fiquei confuso! Do que cê ta falando?
- Calma, explico melhor!
- De início saiba que ela completou 450 anos e o fato foi comemorado com muitas festas e com a oficialização, pela Lei 14.170, da bandeira do bairro contendo seu brasão, que já era adotada informalmente desde 1991.
- O nome Mooca e de origem indígena ao qual se atribui dois significados: faz casa ou ares secos, enxutos.
- Aliás, sua grafia correta deve ser feita sem acento, segundo o mooquense prof. Pasquale.
- Meu, cê fica falando, mas pelo que sei, lá "os caras" são metidos a "italiano" e só fazem ir comer pizza e tomar vinho no sábado à noite!
- Bom, nisso, em parte, você tem razão! Temos dezenas das melhores pizzarias e, mesmo quem não é "oriundi" nem nasceu no bairro, ao se mudar para ele vai adquirindo, aos poucos, os costumes, um jeito característico de falar e gesticular com as mãos, a pessoa "pega" o nosso sotaque.
- Mas me deixa seguir contando um pouco mais da nossa história.
- Sabe a razão da Rua do Hipódromo ter esse nome? É que ali foi criado o Clube Paulista de Corridas de Cavalo, hoje Jóquei Club, aonde chegava, pela Rua dos Trilhos, um ramal da recém inaugurada estrada de ferro.
- O desenvolvimento agrícola e industrial de São Paulo trouxe para o bairro os colonos italianos, depois os espanhóis, portugueses e hungareses.
- Aqui ficava a "Imigração", atual Memorial do Imigrante, ou Museu da Imigração, que recebia e hospedava os recém chegados do mundo.
- Aos poucos, as muitas chácaras existentes por aqui foram dando lugar às nascedouras fábricas e indústrias e, por minha conta própria, destaco a criação, em 1891, da Cia. Antártica Paulista. Maravilha!
- Diversas e importantes tecelagens iniciaram suas atividades por aqui e como empregavam grande quantidade de mão-de-obra feminina, nas saídas de cada turno de trabalho suas portas eram os melhores locais para a "paquera", onde se apinhavam os marmanjos em busca das beldades operárias.
- Dentre essas empresas cito o Cotonifício Crespi que possuía o Clube Crespi do qual se originou o atual Clube Atlético Juventus, nosso "moleque travesso".
- Por falar em molecagem, lembro da "Escuderia Pepe Legal" que azucrinou a vida de muita gente nos outros bairros. Aonde a turma ia o lugar fervia e o "pau quebrava", por puro prazer de folia.
- O êxodo industrial da cidade faz com que, atualmente, os locais das fábricas cedam espaço para novos e modernos empreendimentos imobiliários, mudando totalmente nossa característica predominância industrial, que passa a ser fortemente residencial.
- A Mooca é quase uma cidade do interior, temos nossos próprios políticos, jornais, revistas, teatros, clubes, igrejas, festas de padroeiros, atividades culturais, sociais e esportivas, shoppings, hospitais, livrarias, restaurantes, churrascarias, barzinhos e as melhores casas de chope, além de ambiente alegre, aconchegante, acolhedor e apaixonante.
- Não é preciso sair daqui para se divertir e ter vida social. Tudo é uma beleza!
- Ser da Mooca é algo difícil de explicar, é um estado de espírito, um jeito característico de ser e de viver.
- Orra meu! Me diz pra mim! Cê tá me entendendo agora bello
?

terça-feira, outubro 10, 2006

O verdadeiro valor de uma marca: a sensação


- Que lata é essa Asderbaldo?
- Molho de tomate.
- Nunca vi.
- Também não, mas o preço está muito bom. Vou experimentar.
- Você está maluco? Você acha que vamos levar para casa uma lata de molho de tomate azul? Nem morta.
- Que é que tem a ver a cor da lata com o molho?
- Tem tudo a ver, Asderbaldo. Pode largar essa porcaria aí e faça o favor de pegar o meu molho que amanhã mesmo vou fazer uma macarronada maravilhosa para você.

Enquanto voltava a lata para a prateleira (ou para a gôndola, como preferem os supermercadistas) lembrava a frase de um dos livros de gestão de marcas que havia lido recentemente: o brand equity ou o valor da marca (valor no sentido amplo, valor como sustentação da existência) é baseado no cliente, é o diferencial que o conhecimento de marca tem sobre a atitude do consumidor em relação àquela marca.
Na fila do caixa do supermercado, colocando as latas do molho de tomate "da minha mulher" na esteira, por um lado lamentava o fato de estar pagando quase o dobro só pq minha mulher havia preterido uma marca que tinha a lata azul e, por outro, imaginava o quanto o designer da embalagem daquela marca havia sido infeliz: o que é que molho de tomate e azul tem a ver? absolutamente nada.
O pobre diabo, muito provavelmente, havia escolhido a cor azul após um estudo profundíssimo e baseado toda sua defesa no fato de que todas as marcas de molho de tomate tem a embalagem eminentemente vermelha, com detalhes em verde, arriscando no máximo um amarelinho, um laranja e chega.
Daí, o gênio pensou: nesse mar vermelho esverdeado, minha embalagem azul vai simplesmente saltar aos olhos do consumidor... e, só para fortalecer, ainda mais barato que os concorrentes... impossível dar errado.
Deu.
Na semana seguinte, voltando ao supermercado para comprar um produtinho que havia esquecido (engraçado como ainda caio nessa desculpa: Vamos lá que só faltou comprar fósforo.... Invariavelmente o porta-malas volta lotado... é o milagre da multiplicação dos fósforos... só pode ser...) a tal lata azulada ainda estava na prate.. na gôndola. Tinha ido mais para o canto e perdido alguns centímetros, mas ainda estava lá e, pasmem, a cada três latas o cliente levava uma esponja de palha de aço.

Ou seja, o gênio não contente em destacar a embalagem e ter o menor preço, agregou uma promoção.
Agora o molho de tomate tinha uma embalagem azul, era barata e te dava uma palha de aço.... Algum dia ainda vou entender o que é que a palha de aço tem a ver com tomate, com macarrão, com risoto... como? ah, claro... depois de preparar a comida tem que lavar a panela.... claro... isso é o que eu chamo de pensar a longo prazo, no futuro, no processo completo.... quem sabe na próxima promoção eles dão um abridor de cartas.
Pra que?
Ora, pensa bem, você prepara o almoço, a macarronada com o molho e como sobremesa faz um pudim de leite condensado que, juntando três embalagens, você manda para o fabricante e ganha um livro de receitas que vai vir pelo correio e você vai precisar do abridor de cartas para abrir o pacote... ô gentinha que pensa curto...

Não voltei, ainda, ao supermercado, mas sinceramente duvido que a tal lata azulada esteja ainda na prateleira. Vai saber, até que o produto podia ser bom, o molho saboroso, realmente de qualidade... o que nesse e em absolutamente nenhum outro caso, faz a menor diferença.

- Amor?
- Oi, querida?
- Acabou a crônica?
- Quase, pq?
- É que acabou a pasta de dente e queria dar um pulinho no mercado...

segunda-feira, outubro 09, 2006

Hoje valeu a pena ser Jornalista, ser Assessor de Imprensa


É como dizia minha vó: num mexe com quem tá quieto.
Na semana passada escrevi sobre a questão dos serviços públicos e "reclamava" que essas coisas só apareciam na Imprensa quando falhavam... pois bem: não é que justamente hoje me estoura uma rede de 1000 milímetros de diâmetro... opa, aqui não preciso falar assim, aqui posso dizer 1 metro (me lembrem de escrever, qualquer dia, pq no ambiente empresarial é preciso dizer de forma mais complicada... isso é, se eu descobrir pq).
Pois bem, nem bem a semana começa e logo as 4h30 da manhã, toca a rede arrebentar. Mas, não é só isso, tal qual uma promoção barata, ela estoura no topo de uma avenida e a água, caprichosa, escolhe o lado mais íngreme da rua para descer - só para se ter uma idéia, a tal avenida é tão pirambeira que é conhecida como tobogã.
Mas não é só isso, quem prestar atenção vai ver que, no caminho, a enxurrada acabou entrando em algumas casas (felizmente só sujeira e transtorno).
Enfim, tirando os comentários políticos do debate e os gols da rodada do Brasileirão, não tinha absolutamente mais nada para que se falasse em uma manhã de segunda-feira e, bonzinho que somos, decidimos dar uma ajudazinha para os telejornais.
Acho que é por isso que as redações gostam tanto da Sabesp: precisou de matéria, basta procurar que a gente arruma - se não fosse trágico, seria engraçado.

Contudo, fato relatado, o que ficou (além de um cansaço tremendo de tanto que atendemos a Imprensa...) foi um sentimento de dever cumprido, um agradecimento pela forma como 99,9% dos veículos noticiou o fato: informando, mostrando que sim o que tinha acontecido tinha sido grave, mas que não não era o fim do mundo, não tinha como a Sabesp se precaver e sim - o que foi o principal - a empresa estava trabalhando para resolver o problema. Posso pedir mais?
Mas teve mais. Na luta pela informação diferenciada (não amigos não estou falando da velha guarda da imprensa, do jornalismo de investigação - é a imprensa de hoje, outubro de 2006) cada emissora buscou uma pergunta própria, um aspecto diferente do fato. Quantos km de adutoras e redes tem na cidade? Como é feita sua manutenção? Quando há um vazamento como a empresa procede? Como o cidadão deve proceder quando percebe um vazamento? Qual será o apoio dado às famílias que tiveram suas casas invadidas pela água? Pq acidentes como esse ocorrem?

Gente: para absolutamente todas essa perguntas há uma resposta lógica, coerente, há uma prestação de serviços da imprensa para a sociedade que a empresa pode ajudar e construir, há muitas mãos, uma força de trabalho para o bem de São Paulo.

Hoje, mesmo cansado, estou a fim de ficar aqui mais umas horas e atender mais, pois hoje deu gosto de ser jornalista, de ser assessor de imprensa, de prestar serviços e fazer valer a pena cada palavra e... como?
Não amor, não vou ficar... é forma de falar.... tô indo pra casa... me dá mais dez minutinhos? cinco? deixa eu só passar o texto para o pessoal.... é rapidinho... não, dormir na varanda não! pô colabora!

sexta-feira, outubro 06, 2006

Fim de Semana

Não sei se vcs estavam sentindo falta, mas nós estávamos e, desta forma....
A Confraria dos Cronistas Crônicos orgulhosamente apresenta: Fim de Semana


Fim de Semana - Sérgio Lapastina

Tchau, até segunda.
Como assim, até segunda? Você não vem amanhã?
Amanhã? Ficou maluco homem de Deus, amanhã é sábado!

Peraí, se amanhã é sábado, quer dizer que hoje é... hoje é sexta-feira!
Bem, depois dessa maravilhosa e genial descoberta, a melhor coisa que tenho a fazer é continuar a escrever na esperança de tirar a impressão de que este escriba é um completo imbecil. Afinal de contas, desde a hora que acordei, o dia todo, durante todo o dia, fiz um montão de coisas sabendo que hoje era sexta-feira e agora, só pq, o Jorge veio dar até logo, caiu a ficha que a semana acabou.
Se bem que "acabar a semana" é um conceito extremamente relativo: quer dizer, tão somente que não vou (muito provavelmente) ter que vir até o escritório para atender aos telefonemas do chefe e das redações - eles vão ligar no meu celular ou lá em casa.
Mas, sempre vale a pena. Engraçado que isso me lembrou o dia em que eu, o Serjão e o Cosmos, completamente inconformados com o tanto que tínhamos que trabalhar (começo de carreira é assim, depois piora... mas a gente acostuma) inventamos um novo calendário: semana de 9 dias, com 6 úteis e 3 de descanso, sendo que se trabalhava 3 dias, descansava 1, trabalhava mais 3 e descansava 2. A teoria é que todo mundo agüenta legal 3 dias de trabalho, que a gente começa a ratear no quarto e está completamente esgotado no quinto. Sendo assim, 3 dias de labuta e um pequeno descanso, mais 3 dias de pegar no pesado e um belo descanso...O que acharam? Juro que na época tinha uma lógica incrível...Pensando bem, até que ainda tem, mas como não sabíamos para quem mandar a proposta - dilema que, admito, ainda não foi resolvido - decidimos esquecer a idéia.
Ah, lembrei, o outro problema também foi que até chegamos a achar um nome para o sexto dia útil: sétima-feira (genial, fala a verdade), mas faltou inspiração (ou cerveja) para o nome do dia de descanso no meio da semana. Depois de muita filosofia e argumentação, decidimos deixar o calendário como está e pedir outra rodada.
Mas, já que amanhã é sábado é hora de começar a aproveitar. Dormir até mais tarde... não, isso não vai dar. A criançada não tem esse discernimento e logo cedinho já está de pé (dizem que isso muda quando tiverem seus 16 anos... daí não é que acordam cedinho, às 6 ou 7 horas... vão chegar nessa hora em casa e como você vai estar acordado esperando ou foi a sua vez de ir buscar a turma na balada, não mudou absolutamente nada).
Vou assistir aquele filme que todo mundo já viu, menos eu... assim que tirar a saboneteira do banheiro que quebrou, que instalar o varal na área de serviço e levar a bicicleta para trocar o pneu.
Vou almoçar na Taverna di Salerno.... se tiver sorte e a votação entre McDonald's e Burger King acabar empatada e o desempate for meu....
De noite vou sentar na sala, abrir uma garrafa de vinho e....Como assim tem que levar a Juliana na casa da amiga?
Mas sempre tem o domingo... ah o domingo, dia que começa e termina da mesma forma: com o fantástico. Começa com o fantástico som da moto do namorado da filha do vizinho acordando metade do bairro (ainda mato esse capatosto) e termina com o Fantástico, o da Rede Globo - que se perguntarem na segunda se vc viu, claro que nega (assim como todo mundo), mas cinco segundos depois admite que viu só um pouquinho, coisa de relance, mas conta detalhadamente todos os quadros e matérias... não se preocupe, vc é normal.
Mas, espera um pouco... eu disse "se perguntarem na segunda"? Isso quer dizer que já acabou o final de semana? Não acredito, não vi o filme, não tomei o vinho, não comi na Taverna... e já estou de volta no escritório... bem, tudo bem, antes assim,.,....
Pensa bem... não foi tão ruim,.... o chefe nem ligou!


Fim de Semana - Carlos Manfredini

Ando meio confuso.
Quando é que ele começa? E quando termina?
Bom o de vocês eu não sei, mas lá em casa o fim de semana pode começar na sexta feira de noite, no sábado ou no domingo, ou simplesmente não existir efetivamente, o que até é comum.
Depende de como a semana se desenrolou, ou melhor, se enrolou.
Sim, pois eu e a patroa – ela fica invocada quando a chamo desse modo, mas afinal de contas é ela quem manda mesmo – além dos afazeres normais, nos dedicamos a refinada arte de educadores, onde o mais re-afinado de fato é o minguado salário.
Ela fazendo-o em período integral e eu somente (?) à noite, todas as noites, depois de cumprir o expediente na companhia.
Tenho um primo que costuma comentar que nós os professores temos a maior moleza, pois não trabalhamos, só "damos" aula.
Fico com vontade de explicar que além de "dar" aulas, precisamos planejá-las, prepará-las, pesquisar, nos atualizar, elaborar lista de exercícios, criar apresentações pirotécnicas no Power Point para manter a atenção da turma, desenvolver atividades em grupo para que a aula não se torne "maçante", preparar provas e o pior, depois devemos corrigi-las, tentando entender o que o prezado aluno quis dizer na sua ilegível e incompreensível resposta que, muita vez, não guarda nenhuma relação com a pergunta formulada.
Isso quando não nos deparamos com coisas bem piores escritas ali.
Sem falar dos famigerados diários de classe que devem ser rigorosa e pontualmente preenchidos com anotações das faltas, ocorrências, datas, conteúdos ministrados e etc.
Pior ainda é quando somos convocados para trabalhar no sábado ou para colaborar, "voluntariamente", nas indefectíveis festinhas das escolas, programadas a cada efeméride ou nas datas comemorativas – se a instituição for religiosa a coisa "pega".
Embora muitos não imaginem e por mais incrível que isso pareça, os professores, como a maioria dos mortais, têm família, se alimentam, necessitam dormir, mesmo que umas poucas horas, precisam ir ao supermercado, ao dentista, ao médico – alguns fazem até terapia – ao barbeiro, à feira, ao mecânico – pois normalmente e não por opção, seus carros são de modelos antigos.
Agora, experimenta o docente faltar numa aulazinha sequer para ver o rolo que os discentes, indecentemente armam ou, ainda, a própria diretoria.
Mesmo que todos os alunos fossem faltar naquele dia, não admitem nossa falta.
Querem-nos lá, sempre prontos para o martírio em nome do conhecimento, do saber, mesmo quando ele não pode ser transmitido pela ausência da audiência.
Feito este pequeno intróito, passo a tratar do título em epígrafe.
Se tudo correu bem no trabalho e com as aulas, podemos enfim nos dedicar à família e às outras tarefas domésticas, sempre relegadas a segundo ou terceiro planos durante o decorrer da semana.
Contudo, quando a sexta feira se aproxima fico, ingenuamente, me imaginando desfrutando alguns momentos de descanso, os quais cumpro rigorosamente, Tão logo chego em casa e sento na sala para relaxar uns minutos, em seguida pego exausto no sono.
O sábado voa com a execução de todos os afazeres que sobraram para esse dia e confesso que ao concluí-los não resta energia nem para "pegar" um cineminha.
Melhor "chamar" uma pizza e ficar em casa mesmo, longe das filas dos shoppings, dos restaurantes e dos congestionamentos típicos da Paulicéia.
Um conhecido do interior me falou assim: - Tenho inveja de vocês da capital que têm tudo fácil, cômodo, ao alcance da mão, teatros, museus, shows. Veja, nós de Piracicaba tivemos que vir de ônibus (leito e com ar condicionado que os apanhou em casa e deixou-os, em segurança, exatamente na porta do teatro Abril) para assistir o espetáculo e teremos que ir todos juntos jantar no restaurante que a agência de turismo reservou (jantar dançante no Terraço Itália, coitadinhos).
O sujeito pode até se dar ao luxo de "tomar umas a mais" passando dos limites, pois não terá de dirigir de volta e o motorista certamente vai ajudá-lo a descer do coletivo e vai levá-lo até a porta da sua residência na cidade interiorana.
Melhor deixar para lá (ema, ema, ema...) e voltar ao assunto principal!
Domingo dá para acordar um bocadinho mais tarde e tomar café tranqüilamente com a esposa, já que nos demais dias apenas temos tempo para engolir o desjejum, entre um bom dia e um até a noite.
Ainda de pijama, aproveito para tentar iniciar a leitura daquele romance que comprei faz três meses, mas que não pude abrir devido ao período de provas e posterior recuperação. Procuro saborear com calma o CD com os solos de cello que, para não profaná-lo, me recusei ouvir no carro, entre um deslocamento e outro – quanto tempo gasto inutilmente no trânsito insuportável de todas as horas.
Bem, depois, tudo dando certo, escrevo um pouco, até a Lú me chamar para irmos à feira buscar algumas frutas frescas – a alimentação saudável e adequada é pré-requisito para a saúde não falhar. Mestre doente, ninguém acredita ou aceita, vão dizer que estamos "dando um nó".
O almoço tardio decorre sem maiores novidades e após lavar a louça e arrumar a cozinha vamos ver um pouco de TV, tirando antes as teias de aranha que por desuso se acumularam sobre ela.
Já notaram que irritante e sem graça é a programação nesse dia?
Zapeio um pouco e desligo o aparelho injuriado por ter gasto tanto dinheiro numa tela tão grande e na assinatura do cabo que não passa nada de bom.
Repentinamente, lembro que esqueci de molhar as plantas que vão ter de resistir sozinhas a mais uma semana e passo o crepúsculo fazendo isso e ajeitando os vasos, enquanto a Lú repassa os itens da reunião que fará com sua equipe de professores na segunda.
Ouço, vindo da casa do vizinho o prefixo do Fantástico e caio na real.
Lá se foi mais um final de semana.
Quem sabe no próximo consigamos ir passear um pouco.
Ou, pelo menos, saiamos fora dessa rotina que qualquer hora vai me deixar maluco.
Você duvida?
Há, há, há, há, há!



Fim de Semana - Wagner Mekaru

Aqui no Brasil dizem que sexta é o dia nacional da cerveja, fazendo referência a celebração da chegada do tão aguardado final de semana, regado a uma das bebidas mais consumidas no país.
Véspera de feriado também não é diferente. A expectativa cresce conforme chega o momento de descansar e, não é que sejamos um povo que não gosta de trabalhar, pelo contrário, até porque o trabalho faz parte da constituição da identidade do indivíduo.
Acredito que a questão gire em torno do trabalho em relação ao tempo e a forma como o primeiro é organizado, mas isso é assunto para outro dia.
O termômetro de um final de semana pode ser como "começa" a sexta, se há uma boa balada, ou alguma ocasião especial.
Qualquer dia da semana podemos fazer o que fazemos nos finais de semana, o que difere é que a "ocupação do tempo" é mais flexível.
Sábado é dia de namoro, dia de compras no Shopping, comemorações de aniversário (muita gente não gosta de comemorar na data quando cai em dia útil, temendo grandes ausências), também é dia de faxina em casa e arrumações de um modo geral. É um dia que tem cara de dia "útil" (aliás que palavra mal empregada), mas nascido para o descanso.
Diz uma música do Lulu Santos que todo mundo espera um pouco mais de um sábado a noite, pode ser, pois é o dia em que há o pico da adrenalina, consumo desenfreado de álcool e outros genéricos alteradores de humor, onde os gatos são pardos, mas podem ser de outras cores também, o vestido dá lugar a mini-saia e quem não tiver a cabeça no lugar perde-se facilmente.
Sábado parece ser um dia em que uma certa energia represada durante a semana encontra vazão.
Já o domingo tem sua característica peculiar, tem cara de dia molenga, de sorvete de massa em dia de Sol, é um dia para as crianças brincarem no parque, de almoço com a família, churrasco, futebol pela manhã, dia de missa, a tarde até um cinema.
Era um dia marcado pela inventividade da TV, de Silvio Santos o dia todo, de Trapalhões (que particularmente depois da morte do Zacharias e do Muçum perdeu totalmente a graça) e de Fantástico no fim da noite.
Aliás a famosa musiquinha da revista eletrônica assusta e incomoda muita gente até hoje, já que anuncia que o final de semana está acabando e o dia que chega é de enxada. Não é um dia ruim, é um dia como um dia qualquer, não dá pra viver somente aos finais de semana, afinal é esperar demais para poder sentir a Vida é um pouco penoso. E quando o trabalho se torna um fardo está na hora de repensar algumas coisas.
Neste ponto sempre cabe a reflexão do que estamos fazendo com o tempo que nos foi dado, se somos escravos ou se conseguimos viver bem, senão atingindo, pelo menos trabalhando de maneira prazerosa em busca da felicidade.
Final de semana é ponto de descanso, de arejar a cabeça, trocar o sapato pelo tênis ou chinelo, é o período que fecha o ciclo de sete dias reservado para renovação de energia. É o período reservado para soltar as amarras do balão e deixar ele circular entre as nuvens e montanhas, pairar sobre belas paisagens e nesse panorama, avistar os alqueires do terreno da vida que precisam de melhores cuidados.
Relaxamento, diversão, descontração, desconectar-se, dar risadas, etc.
Bom final de semana!

quinta-feira, outubro 05, 2006

Imprensa : eterna amiga


Repassando uma notícia que mostra exatamente o que acontece, muitas vezes mascaradamente, muitas vezes sem tanta transparências, em muitos casos, em muitos momentos

"BOLÍVIA DIVULGA LISTA COM JORNALISTAS 'INIMIGOS DO GOVERNO: A ABI, agência de notícias estatal boliviana, divulgou ontem uma lista de "inimigos do governo", com nomes de jornalistas e proprietários de meios de comunicação que fazem oposição a Evo Morales. A divulgação da lista marca mais um episódio da difícil relação entre o presidente e grande parte da imprensa do país. Segundo a agência, os jornalistas citados "criticam as 'tentações totalitárias' de governos populares que enfrentam o império", em uma referência aos EUA".

Será que no dia-a-dia da necessidade da informação, simplesmente ser contra é motivo para ser considerado inimigo?
Tenho constantemente escrito que me deixa triste o fato de que a Imprensa dá mais espaço para o negativo, para o problema do que para o positivo, do que para a solução. E completo afirmando e reafirmando que não aceito como desculpa disso "ah, mas se essa é a verdade, ela tem que ser dita".

Verdade - concordo 100% com ela - é o que?
Verdade é que está faltando água? Ora, basta abrir a torneira e ver. Não preciso da rádio, da tv ou do jornal para me informar disso.
Preciso sim da Imprensa e do Jornalismo para me informar pq é que está faltando água ou melhor, que tivesse me informado antes que iria faltar água e quando é que ela vai voltar. Isso é informação, isso é serviço, isso é formação da sociedade através da informação. Isso é responsabilidade.
Se faltar água sem aviso, sem motivo, pode - por favor - descer a lenha, pode criticar. Era obrigação da empresa informar que naquele dia, naquele horário, por tal motivo, o abastecimento teria que ser interrompido - uma obrigação partilhada com a Imprensa para informar e completada pela Sociedade em se manter informada.
Nada de achar que a notícia tem que ir até o leitor/ouvinte. Este também tem que se mexer oras...

Agora, rotular este veículo é amigo, este é inimigo, este é legal, esse é feio.... aonde estamos? em que mundo chegamos a viver?
Me lembra alguns momentos da história recente em que pessoas que ocupam cargos outorgados pelo povo optaram por não atender a imprensa simplesmente pq achavam (e provavelmente ainda acham) que os jornalistas não iriam agradá-lo... que podia vir alguma crítica.
Quem tem medo de críticas? Quem não gosta de críticas?
Ora, por favor...

Mas, já que o modelo pode vir a pegar desse lado da fronteira, permitam que me adiante.
Da minha parte a lista da imprensa inimiga é e sempre será igual a um conjunto vazio - tem uns ou outros que abusam.... que exageram... que podiam colaborar um tiquinho mais,.... mas, até aí, a serem colocados como inimigos, tem uma enorme diferença.

Até mesmo pq, se não fossem as páginas dos jornais e das revistas, as emissoras de tv e de rádios e as telas dos sites, me contem: como é que a gente ia se informar? Com o carro do Pamonha de Piracicaba?

quarta-feira, outubro 04, 2006

Acreditar. Serviço Público é São Francisco.


Trabalhar em serviço público é como acreditar que algo é possível, mesmo na contramão da história.
No serviço público a confiança e a dedicação devem maiores do que as dificuldades que se impõe no dia-a-dia.
Nosso desafio é conseguir mostrar que o serviço público só existe e dá certo se cada um, se cada pessoa acreditar, colaborar e fizer sua parte.
Nossa alegria se realiza em pequenos momentos... momentos que se não fosse o gigantesco trabalho realizado, não aconteceriam. Pena que muita gente não sabe, não vê, não entende... mas, de verdade?.. tudo bem, a gente se chateia, mas não desanima. A gente segue em frente.
Talvez não nos entendam nunca. Talvez não sejamos para ser entendidos. Talvez tenhamos que ser realmente incompreendidos, para sermos sempre combativos e, no combate, sermos vencedores.

Neste 4/10, neste Dia de São Francisco, suas palavras que servem para todos os que acreditam, mesmo diante do abismo, que para superar, basta abrir as asas e voar.


Senhor,
Fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver duvida, que leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre,
Fazei que procure mais consolar, que ser consolado;
compreender que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que vive para a vida eterna.

terça-feira, outubro 03, 2006

Secretárias em serviços públicos


Dia 30/9 foi comemorado o Dia da Secretária.
A Sabesp, reconhecendo o valor dessas profissionais (sem preconceito com os secretários heim... é que, pelo menos até onde eu sei, por aqui não tem nenhum macho secretariando alguém..., se tiver, 1- desculpa a ignorância, 2 - avisa que faço a correção e colocamos na próxima edição do jornal interno que esse, dependendo do chefe, decididamente, precisa ser macho) aliou a oportunidade para mais do que simplesmente presentear, contribuir para o aprimoramento profissional e pessoal de todas.
Mas não foi simplesmente o livro (um presente sempre útil, interessante e valiosíssimo), era preciso que acompanhasse o livro uma carta, uma mensagem da Diretoria da empresa para as secretárias.
Transcrevo abaixo a mensagem que foi enviada - com os parabéns a todas pelo dia (mesmo atrasado, mas sempre válido), com os parabéns à área de Recursos Humanos pela iniciativa, com os parabéns à Diretoria pela mensagem passada e, já avisando aos acham que sai do tema proposto (serviços públicos), lembro que não sei se em todas as empresas comemorou-se o Dia da Secretária (ou se essas datas são valorizadas), mas por essas bandas são essas profissionais que muitas vezes seguram a barra.
Em muitas empresas, se o cliente liga direto para um executivo, é simplesmente orientado a buscar a Central de Atendimento, o SAC, o bispo.... O serviço público não pode (na verdade ninguém deve, mas por aqui não se pode mesmo!) fazer isso: caiu o telefonema, é cliente, se vira, atende, resolve, nada de passar para o departamento do lado, para a área, fingir que caiu na linha.
E sabem pq? Por simples dois motivos.
Primeiro pq é nossa missão, de cada um que batalhou para estar no serviço público, atender o cliente e oferecer-lhe uma solução. Quem não sente isso, a porta da rua é serventia da casa.
Segundo pq é assim que sentimos que estamos fazendo a nossa parte para proporcionar uma qualidade de vida melhor para todos.
Quem não acredita nisso, está na lugar e na hora errada.
E mesmo assim, tem gente que diz que quer coisa melhor do que a gente. Juro que, algumas vezes, dá vontade de dizer então vai, vai buscar, quero ver achar alguma empresa que tenha um grupo de secretárias que te atenda tão bem como aqui, que tenha a preocupação pelo que vc tem a falar como as daqui tem e te orientem à solução do problema, como as daqui fazem.
Dizem que é preciso que todos em uma empresa acreditem no que fazem. Em serviço público é preciso mais do que acreditar: é preciso fazer valer a verdade.
Valeu meninas.... (e se tiver algum, menino...rs)

Esta foi a mensagem de 2006 da Sabesp, para o Dia das Secretárias:

A Sabesp deseja a todas as secretárias, neste ano de 2006, muito sucesso e agradece a colaboração demonstrada......
Opa, espera aí. Pode parar. Essa mensagem já foi usada em 1978 e, mesmo que não tivesse sido, tenha paciência: com absoluta certeza dá para ser mais criativo do que essas mensagens prontas.
Até mesmo porque, neste ano, o Dia da Secretária vai cair em um sábado e aí sempre fica aquela dúvida se os parabéns devem ser dados na sexta-feira anterior ou esperar até a segunda-feira. Tem gente que não gosta de comemorar antes, diz que dá azar. Em compensação, se não falar nada e o chefe da outra secretária der os cumprimentos antes.... como é que fica?
Na verdade, o mais engraçado vai ser imaginar como é que vai ser o final de semana. Aquela frase, que todo mundo que tem a bênção de ter uma secretária sempre diz – "não vejo a hora de chegar segunda-feira para a Luciana resolver isso para mim" – vai ganhar um outro sentido. Afinal de contas, vai ser um final de semana agitado, com eleição, final de mês, enfim, tudo para que realmente se deseje chegar a segunda-feira e, nesses dois dias, em que normalmente todos descansam, os chefes terão a oportunidade de ficar pensando no que dizer para a secretária. Vai dar para ser criativo...
Será que vai ser preciso comprar um presente? "Mas, para quem é que eu vou pedir ajuda, idéias, se o presente é justamente para quem me ajuda, para quem me dá idéias, para quem sempre tem uma sugestão de como fazer aquilo que precisa ser feito e da melhor forma possível para ser feita?"
Ora, vamos.... é possível. Basta comprar alguma coisa que você tenha certeza que ela precise. Algo assim como uma.... ou como um...
Como?
Como se precisa dela. Como sua presença, sua amizade, seu profissionalismo, sua dedicação é especial e essencial.
Como aquela boa e velha mensagem de 1978 ou de qualquer outro ano que, mesmo já tendo sido usada várias e várias vezes, mudada um pouco, mas sempre termina da mesma forma: com um muito obrigado.
E assim é que vai ser. "Nesta segunda-feira, um pouco mais do que nas outras segundas-feiras, vai ser muito bom chegar no trabalho e ganhar o meu presente: o presente de ter a certeza que você vai estar lá e que é isso, mais do que tudo que eu preciso para ser quem sou e, juntos, fazermos dessa empresa o que ela é".
Sendo assim....
A Sabesp deseja a todas as secretárias, neste ano de 2006, muito sucesso e felicidade, agradece a colaboração demonstrada a cada dia e a parceria em cada momento.
A todas as secretárias, nosso muito obrigado.

segunda-feira, outubro 02, 2006

Comunicação no serviço público é um desafio


ao Romagnol, na certeza cada vez mais forte de que alguma coisa muito importante deve estar acontecendo lá do outro lado... pois o que tem de gente boa indo para lá....,

Trabalhar em uma empresa de prestação de serviços já é uma coisa diferente de estar empregado em uma que tenha um produto para vender. É mais ou menos como chegar com o filho no supermercado e ela te perguntar: Pai, onde é que tem alguma coisa da tua empresa.
Daí você olha para ele com uma cara de "veja bem" e dá uma resposta do tipo: o que o papai faz não está em prateleiras, está em todo lugar...
Daí ele chega em casa todo arranhado pq brigou com o colega na escola pq foi defender o pai: Ah, pai, nem quis saber, eu disse pra ele que é vc que faz o ar e ele disse que era mentira...

Trabalhar em uma empresa de prestação de serviços públicos já é um outro nível de problema. Além de não ter como "mostrar" o que vc faz, tem que explicar para a sua mãe pq é que vira e mexe tem algum problema e, por exemplo, falta água na casa dela.
Daí, vc diz que o índice de regularidade no abastecimento da tua empresa é o melhor do mundo, que tem controles em tempo real de qualidade, que tem um novo sistema de monitoramento via células de fibra ótica e que o processo de capacitação está dando um novo impulso na tua carreira e que esses momentos de intermitência são inerentes ao processo, pois é preciso cuidar dos reservatórios a fim de assegurar a total qualidade do produto entregue.
Ela te olha com uma cara de "tá bom, mas pq é que não tem água".... é que tem uma coisa que vem embutida no conceito de serviço público: para lembrar que existe, só quando ele falha.

Trabalhar em empresas de prestação de serviço público e na área de comunicação, então, é coisa pra macho.... ou para maluco, como preferirem. Além de não poder falhar, quando o serviço falha é vc que tem que dizer o que é que foi que aconteceu.
Daí é como se a sua filha perguntasse, na frente da sua avó, como é que os bebês são feitos: se vc inventa a vó te desce uma bengalada e diz para não mentir para a criança, se vc fala a verdade a vó te desce uma bengalada e diz para não falar essas coisas na frente da criança.

Quantas vezes por dia vocês apertam aquele botão na parede, vulgarmente chamado de interruptor, e a luz no teto acende?
Quantas vezes vcs abrem a torneira e sai água? Ou apertam a descarga e o xixi vai embora?
Pq é que, então, basta uma vez isso não acontecer para começar a xingar a empresa que fornece luz ou água?

Será que é pq uma coisa que está implícita na prestação dos serviços públicos, mais do que em qualquer outro e muito, muito mais do que na comercialização de produtos, seja um fator muito mais importante do que toda a tecnologia empregada naquele processo, do que todos os certificados ganhos, do que tudo é um fator tão imensurável quanto o próprio serviço.... é a confiança.

A população reclama quando abre a torneira e não sai água, não pq não tem o produto para lavar o rosto, para escovar os dentes.
Reclama que apertam o interruptor e a luz não acende não pq ficaram no escuro.
Apenas lamentam pq confiaram nas empresas e estas, naquela hora, justamente naquela hora, não correspondeu.

Esse é justamente o desafio do profissional de comunicação em serviços públicos: promover o processo de informação para que, na necessidade - existe, lógica e necessária - da quebra da confiança, o que fique não seja o desânimo, mas sim a nova confiança de que muito em breve, tudo voltará ao normal.

Se comunicação é como religião, em serviço público é como ser a oração: é bom chegar no santo certo.